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Os Centros Qualifica e a comunidade local

Ontem dia 18 de Dezembro, com o ano 2018 quase a terminar, na visita e sessão informal de trabalho com a equipa do Centro Qualifica da Arrábida que funciona no Agrupamento de Escolas Lima de Freitas em Setúbal, realizámos colectivamente uma Volta ao Mundo EFA em 180 minutos, com uma abordagem muito ampla dos diversos temas em debate e com uma verdadeira motivação para ir mais longe sobretudo na relação do Centro com a Comunidade Local.

Tratou-se de uma conversa animada. Numa primeira fase desenvolvendo uma pesquisa interna para identificar os elementos distintivos da actuação do Centro, no fundo para encontrar uma formulação precisa para a vantagem comparativa do Arrábida face às práticas do conjunto dos Centros Qualifica da região e até do país. A sensação dominante foi da existência de um trabalho de qualidade mas a definição de um campo particularmente forte e até inovador não emergiu com facilidade. Ou seja há um trabalho a fazer e uma sistematização a realizar da própria dinâmica do Centro para que a sua expressão identitária surja com mais intensidade e seja mais partilhada por todos.

Mas a par das boas práticas não foi enjeitada uma reflexão sobre as  dificuldades e até mesmo sobre os constrangimentos associados a uma  actuação demasiado marcada por imperativos e regras que não facilitam uma abordagem  mais flexível e mais dinâmica à Educação de Adultos de base local.

E, inevitavelmente, vagueámos de forma entusiástica pelo processo de reconhecimento e validação de competências a partir de algumas interpelações que não tiveram resposta cabal tais como:

  1. o reconhecimento das competências só poder ser realizado pelo sujeito em processo e nunca por uma entidade externa;
  2. a produção e o registo autobiográfico terão que resultar de uma abordagem reflexiva sobre as experiências em torno das quais se fazem emergir competências demonstradas na acção, em acontecimentos concretos do percurso de vida, sendo portanto principalmente uma reflexão sobre a demonstração de competências nas situações retratadas e não tanto e apenas uma narrativa sobre acontecimentos passados;
  3. as actividades formativas isoladas das experiências concretas dos adultos não revelam potencial de desenvolvimento para os participantes. Se não estiverem ligadas a experiências de vida dos participantes nas acções de formação tornam-se num proforma e reforçam as abordagens escolarizadas que são contraproducentes precisamente para adultos que estão em processo de remediação face a percursos escolares interrompidos.

A matéria formação e ligação à comunidade local tornou-se numa plataforma de trabalho particularmente estimulante sabendo-se que existem associações e colectividades locais que estarão disponíveis para acolher iniciativas de educação comunitária, ligando os seus projectos à aprendizagem ao longo da vida.

Também em matéria de comunicação, sobretudo aquela que está  relacionada com as  iniciativas que envolvem os adultos com activiade no Centro, ficou estabelecida uma abordagem experimental à comunicação colaborativa que poderá dar voz aos diversos participantes quando forem dinamizados futuros eventos e projectos.

Uma coisa é certa os profissionais dos Centros Qualifica, muitos deles professores, estão disponíveis para rasgar novos horizontes na relação com os adultos que participam nas actividades de formação ou de reconhecimento e validação de competências. E a chave mestra para essa nova aventura está na ligação às comunidades locais, na disponibilidade individual e colectiva para contribuir para a resolução de problemas locais e no fundo assumir um papel de educadores transformadores.

Voltaremos ao Arrábida. Estas conversas nunca acabam.

dav

Carlos Ribeiro, 18 de Dezembro de 2018

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