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O balanço do regresso parcial às aulas

O EDULOG DA SEMANA | 18-22 de maio 2020 | elaborado pela Fundação Belmiro de Azevedo | Foto Rodrigo Antunes LUSA

Previsões para o próximo ano letivo
O ano letivo de 2020/2021 pode não começar em setembro, mas em outubro ou novembro. Quando arrancarem as aulas, serão num misto de ensino presencial e à distância. Numa entrevista à Rádio Renascença, o ministro da educação avança cenários para o próximo ano letivo. Neste ensino misto, serão necessários mais professores? Tiago Brandão Rodrigues não sabe quantos, mas deixa uma garantia: “Se no próximo ano precisarmos de um corpo docente robusto ele existirá”. Na forja está ainda um novo programa tecnológico, para dotar as escolas de recursos e os alunos de conetividade.

Para 300 foi fácil, para 1200 logo se verá
Lugares marcados para garantir as distâncias de segurança. Regras para cumprir, mesmo nos intervalos. Papéis nas paredes, portas e no chão a indicar os percursos. Medições da temperatura, máscara e álcool-gel. A somar: uma grande estranheza por não se poderem tocar. Foi o cenário que os alunos do 11.º e do 12.º anos encontraram no regresso às aulas na Escola Secundária de João da Silva Correia, em São João da Madeira. A reportagem é do Jornal de Notícias.

Na Escola Secundária Frei Gonçalo Azevedo, em Cascais, o Expresso encontrou alunos saudosos do ensino presencial. “A matéria explicada pelos professores não tem nada a ver com as aulas em casa”, admite uma aluna. “É mais fácil perceber assim e podemos tirar logo as dúvidas”, reforça uma outra. Ainda assim, houve quem preferisse continuar em casa. David Sousa, diretor do agrupamento, admite que foi fácil reorganizar os horários e preparar tudo para 300 alunos. O que o preocupa é o próximo ano letivo, em que terá de repetir a proeza para 1200.

A Associação Nacional de Dirigentes Escolares diz que entre 75% e 80% dos estudantes dos 11.º e 12.º anos de escolaridade que tinham de voltar esta segunda-feira às escolas fizeram-no. O primeiro balanço do regresso às aulas feito à Lusa.

O primeiro-ministro António Costa está convencido de que estas semanas de regresso parcial à escola não são apenas importantes para concluir este ano letivo, mas “sobretudo para treinar o próximo”. As escolas abriram com auditórios e pavilhões transformados em salas de aula. Assim, garantem a distância de segurança entre os alunos. Recorrendo a estes espaços, os diretores evitam reduzir a carga horária ou desdobrar turmas, o que implicaria ter de contratar novos professores e quebrar a continuidade pedagógica, lê-se no Jornal de Notícias.

Demasiado cedo?
88% das creches reabriram esta segunda-feira, mas em média com quatro a seis crianças, confirmou à agência Lusa a presidente da Associação de Creches e de Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, Susana Batista. 12% das creches não receberam qualquer criança porque os pais “não quiseram arriscar já esta semana com receio [da pandemia de covid-19], mas mesmo assim houve uma abertura administrativa”. Dados com base no inquérito realizado junto dos seus associados.

A maioria dos portugueses considera “muito” ou “algo arriscado” o regresso das crianças e jovens ao ensino presencial, mesmo com as medidas de segurança estabelecidas. É o que mostra uma sondagem realizada pelo ISCTE e ICS para o Expresso e a SIC. Dos 622 inquiridos, 72% e 62% afirmam que é demasiado cedo para abrir creches e pré-escolar a 18 de maio e 1 de junho, respetivamente. 58% consideram que os alunos do 11.º e do 12.º anos também não deviam regressar à escola. 81% estão de acordo com a decisão do Governo em manter os restantes alunos em casa.

Os receios dos pais em relação aos riscos de contágio são naturais, mas os benefícios sobrepõem-se, diz o pedopsiquiatra Pedro Strecht. A psicóloga Inês Almeida Ramos considera que regressar às creches e jardins de infância é, sobretudo, benéfico para as crianças que não têm irmãos e estiveram só com os pais nestes dois últimos meses. Resta saber se as condições em que vão reabrir estes estabelecimentos não põem em causa o que de melhor têm para oferecer às crianças. Questões que se leem no Expresso.

A presidente da Federação Portuguesa para a Deficiência Mental diz que as escolas de Ensino Especial e os Centros de Recursos para a Inclusão não têm condições para abrir este mês. E que os alunos com necessidades especiais só devem regressar à escola no próximo ano letivo. “A escola inclusiva está muito longe de ser a realidade que todos queremos e, neste momento, piorou porque a maior parte destes jovens com múltiplas problemáticas não podem usufruir das tecnologias e por exemplo da telescola”, explica Helena Albuquerque à TSF.

Competências no pós-covid
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, diz que as instituições têm de ser capazes de usar a pandemia como “oportunidade para inovar”. Declarações feitas no lançamento do Skills 4 pós-Covid – Competências para o futuro, que decorreu terça-feira na Reitoria da Universidade do Porto. A iniciativa pretende identificar constrangimentos e oportunidades que a pandemia introduziu nas atividades de ensino superior e na sua relação com a ciência e mercado de trabalho.

Notícias de outros mundos da educação
83% dos professores brasileiros dizem não estar preparados para ensinar online, revela o estudo Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil do Instituto Península, que inquiriu 7.734 docentes do ensino público e privado, entre 13 de abril e 14 de maio, e vai continuar a fazê-lo até ao fim da crise. Os professores admitem estar “ansiosos” e “nada realizados” com o trabalho no momento atual. Quase 90% relatam nunca ter tido experiência com ensino à distância e 55% dizem não ter formação para lecionar assim. Detalhes no portal Terra.

Em França, passou uma semana desde a reabertura de cerca de 40 mil escolas do pré-escolar e 1.º ciclo. No entanto, muitas voltaram a fechar devido ao registo de novos casos de covid-19. Desde o dia 11 de maio, foram identificados 70 infetados, informou o ministro da educação francês, Jean-Michel Blanque, considerando ser uma evolução “inevitável”, mas também “um exemplo” do rigoroso protocolo sanitário seguido pelos estabelecimentos de ensino. A notícia lê-se no jornal luso-luxemburguês Contacto.

Que lições pode retirar o Reino Unido da estratégia dinamarquesa para a reabertura das escolas? O plano foi negociado ao pormenor entre o vice-presidente do Sindicato de Professores Dinamarquês, o ministro da Educação, as autoridades de saúde e outros sindicatos de professores, escreve o The Guardian. O objetivo: garantir que todos ficassem satisfeitos com as medidas de segurança adotadas para o “regresso ordenado” dos mais novos a 15 de abril. Até agora, a abertura das escolas não teve impacto negativo, diz o Governo dinamarquês.

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