19 de Março, 2024

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O que fizemos na COP em 2022?

É preciso resistir à pressão burocrática e procurar, na margem possível, soluções compatíveis com o desenvolvimento

O que fizemos na COP em 2022?

2022 está a terminar. Fecha-se um ciclo de atividades e com ele regressa a interrogação que no ano transato já tínhamos colocado em cima da mesa: terá sentido continuarmos a impulsionar formas de cooperação informais entre atores da educação de adultos e consequentemente mantermos viva a atividade na COP – Comunidade de Prática no próximo ano?

O contexto de lançamento e dinamização da COP mudou. Quando arrancámos, logo em março 2020 com o surgimento da pandemia, a nossa preocupação foi criar um espaço de entreajuda e de apoio mútuo face às novas dificuldades que surgiram com muitas das atividades a serem realizadas online. Fomos aprendendo juntos. Tínhamos nessa fase uma ligação à EPALE – Plataforma Eletrónica para a Educação de Adultos e procurávamos nos contactos europeus fontes de inspiração e de resolução de problemas.

O contexto agora é outro

Hoje as necessidades de cooperação são outras, já não se encontram principalmente no enfrentar de novas situações e a relação com a EPALE desapareceu por decisão liquidatária da ANQEP que considera esta ferramenta de cooperação europeia como absolutamente inútil e consequentemente “despediu” os embaixadores por mail à boa maneira Tusk no seu Twitter.

Temos noção que a decisão de mantermos este espaço de cooperação situou-se em primeiro lugar no campo afetivo.  Tínhamos experimentado durante um largo período processos de partilha e de criação coletiva que criou laços. No fundo precisávamos de estar juntos porque sabíamos que valia a pena, nem que fosse para conversar sobre pequenas coisas, coisas banais mas importantes para quem os enunciava.

Cúmplices voluntários

Importa aqui mencionar os nossos cúmplices. Todos os nossos convidados que de forma totalmente voluntária vieram disponibilizar a sua visão e as suas abordagens, científicas, técnicas e práticas de forma totalmente aberta, foram centrais na co-produção realizada na Comunidade.

Tínhamos noção que aprendíamos todos nestes percursos erráticos (a Aprendência) que, por vezes, até eram audazes. Chegámos a admitir que poderíamos inverter radicalmente a dinâmica dos Júris de Certificação (Júri Invertido) e apontámos como central na atividade de trabalho com os adultos a Criação de Contextos de Aprendizagem (Paulo Dias, José Lagarto), com os adultos e não para os adultos.

Para que servem os Centros Qualifica?

No último ano demos um passo em frente e assumimos que a nossa partilha também deveria ir para campos mais reflexivos sobre o sistema e subsistemas nos quais estamos envolvidos como profissionais da Educação de Adultos.  Mas não abandonámos as abordagens mais práticas e consequentemente fomos mantendo a intenção de fornecer pistas para quem o entendesse generalizar propostas de trabalho local. Não nos esquecemos das “Meninas da Rádio”, e de outras situações operacionais que foram propostas.

No plano organizativo adotámos uma coordenação das atividades mais alargada e admitimos que a repartição do esforço que representa animar a Comunidade, agora com mais elementos, facilitará a organização de iniciativas futuras.

O silêncio dos inocentes

É sempre complicado estabelecer metas e objetivos quando os profissionais envolvidos na COP estão amarrados a programas e contratos que são de natureza comercial. O financiamento público (pagamento de um serviço) dos Centros Qualifica e de outras estruturas da Educação de Adultos impõe a vontade do cliente-pagador (a ANQEP) e dificilmente se admitirá que a relação comercial contratualizada possa ser beliscada, por ideias ou por lógicas de organização do serviço ao cliente final (o adulto) com a caraterística peculiar do ADULTO poder assumir a condução do seu próprio processo e desenvolver consequentemente uma estratégia de autonomia e de desenvolvimento , ultrapassando a mera finalidade da certificação.

Admitimos sempre que poderá existir um pequeno espaço de manobra para fazer mais e melhor em favor do desenvolvimento, mas para tal necessitamos de nos apoiar mutuamente, de reforçar as nossas bases teóricas e técnicas e de envolver, conscientemente, os adultos nas zonas de risco que podemos eventualmente desejar ocupar.

Registos de algumas atividades realizadas em 2022

por Carlos Ribeiro

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