Olhares sobre a guerra colonial

@ Praça das redes | Reprodução do Público | Vasco Gil Calado

O tema da Guerra Colonial pode ser abordado a partir de ângulos muito diversos. Alguns já foram identificados como relevantes e têm sido objeto de estudos, artigos, sessões e debates.

Esta abordagem aos chamados comportamentos aditivos vem enriquecer o campo de pesquisa e desenvolvimento.

Patricia Carvalho (texto) e Daniel Rocha (Fotografia)

“Cannabis” e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial”

publico.pt

Vasco Gil Calado nunca se interessara pela Guerra Colonial (1961-1974) até se embrenhar na tese de doutoramento em Antropologia. A trabalhar na área dos comportamentos adictivos desde 2001, queria perceber se, como acreditava, o uso de drogas não pode ser entendido meramente como um acto individual, independente do contexto de quem consome. A guerra e os portugueses que nela combateram apresentaram-se como o cenário perfeito para o que pretendia — um contexto muito específico, com um grupo de indivíduos concreto e que não fora praticamente estudado. Recorrendo a entrevistas presenciais e a um questionário, falou com mais de 200 ex-combatentes, cruzou o que lhe disseram com relatos dispersos por livros e blogues e chegou ao fim convencido de que a sua premissa era verdadeira. Em Moçambique e em Angola, durante a Guerra Colonial, os soldados que saíram de Portugal para África tiveram por companhia a, para eles, praticamente desconhecida cannabis e o mais do que habitual álcool. Alguns terão sido mesmo responsáveis por, ao regressar a casa, darem os primeiros passos, ainda que incipientes, na transformação da cannabis num bem comercial, trazendo-a escondida entre os seus pertences e vendendo-a. A maior parte dos que assumiram o consumo desta substância na guerra afirma tê-lo abandonado assim que o medo e a tensão inerentes ao conflito ficaram para trás. O mesmo aconteceu com o consumo exacerbado de álcool. A tese de doutoramento que defendeu no ISCTE, em Lisboa, no ano passado, foi transformada no livro Drogas em Combate – A Guerra Colonial (Lua Eléctrica, Junho de 2020), e o autor chegou ao fim com uma certeza, que pode ser lida logo nas primeiras páginas da obra: “Descobri que uma guerra nunca é apenas um contexto onde acontecem coisas, ela é a própria causa das coisas que aí acontecem.

”Fonte: publico.pt

Rejeição da instrumentalização da história da imigração portuguesa

Hugo dos Santos e Victor Pereira lançam, para efeitos de debate público, uma tomada de posição sobre a instrumentalização da história da imigração portuguesa. Nem bons, nem maus, porque a verdade sobre a chamada “imigração pacífica” e “mais ou menos submissa” dos portugueses é outra, não é esta que nos querem contar. Esta versão serve para diabolizar “outras imigrações” através de comparações absurdas e de conveniência, visando principalmente objectivos políticos.

Vitor Pereira já tinha escrito sobre o tema no BONDY BLOG.

“Ni bons ni mauvais

Réponse à ceux qui voudraient instrumentaliser l’histoire de l’immigration portugaise”.

O texto de Hugo dos Santos e Victor Pereira,  subscrito por imigrantes portugueses em França e descendentes, será publicado na sua versão final num jornal francês de referência muito brevemente e nós também o divulgaremos, como se impõe.

 

Foto Capa do Livro de Gerald Bloncourt “O Olhar de compromisso com os Grandes Descobridores”