À generosidade só podemos responder com gratidão

A propósito da COP Comunidade de Prática – Educação de Adultos

por Carlos Ribeiro

Sentimos, uns mais do que outros, mas apesar de tudo de uma forma generalizada, que o sistema no qual realizamos a nossa ação profissional não assegura um acompanhamento técnico nem garante as bases mínimas para um desenvolvimento profissional que nos permita estabelecer uma ligação dinâmica com a progressão das nossas competências e, consequentemente, sentirmos alguma realização profissional.

Constatámos esta grave lacuna de forma mais dramática por ocasião da pandemia de COVID-19 e foi essa a razão que nos levou a impulsionar a COMUNIDADE DE PRÁTICA que hoje procuramos que tenha a mesma utilidade de sempre: realizar com os adultos que participam no sistema processos que tenham qualidade e que sirvam o seu desenvolvimento, viabilizando simultaneamente o nosso que, como adultos, apesar das funções que desempenhamos, somos tão aprendentes quanto eles.

Está claro para todos nós que a abordagem que é realizada no sistema sobre os processos que procuramos implementar é burocrática ou seja não tem ligações intrínsecas com o desenvolvimento das pessoas, dos grupos, das comunidades e dos territórios.

Apesar de termos consciência desta realidade fomos decidindo trabalhar nas margens possíveis. Somos realistas nas tarefas principais que se relacionam com as metas, mas não deitamos a toalha ao chão em matéria de desenvolvimento profissional. Naquilo que for possível e compatível com as responsabilidades das equipas, procuraremos ajudar-nos mutuamente, tentaremos inovar e partilhar soluções e iniciativas que comprovadamente resultam.

Nesses termos torna-se imprescindível que o relacionamento neste quadro da COP seja considerado num plano totalmente horizontal, sem hierarquia e sobretudo com uma clara opção de interagir entre pares com uma finalidade única: o apoio mútuo em processos de desenvolvimento profissionais totalmente informais.

Todos podem avançar com iniciativas baseadas em problemas reais que possam ser reconhecidos por terceiros dentro da Comunidade e consequentemente realizarem-se tentativas de resolução / evolução.  

Todos os intervenientes nesta dinâmica de cooperação realizam as suas ações de forma totalmente voluntária. Aqueles e aquelas que procuram dinamizar e todas e todos aqueles que têm dado contributos nas várias iniciativas que foram levadas a cabo.

A participação neste quadro colaborativo deverá antes de mais partir da interrogação inicial: como posso, com a minha experiência concreta, contribuir para que sejam encontradas soluções?

Quando outros partilham experiências e ideias trata-se de generosidade pura. E, à generosidade só podemos responder com gratidão.

Aprender línguas a partir de metodologias de educação não-formal

À descoberta de projetos e experiências inspiradoras

Aprender línguas a partir de metodologias de educação não-formal

As experiências e os projetos neste domínio da aprendizagem das línguas estrangeiras na base de metodologias e estratégias de educação não-formal são muitas e diversas. O que poderá ter interesse é estabelecer relações operacionais entre essas referências positivas e o contexto específico dos Centros Qualifica na sua relação com os adultos e e com os processos de Reconhecimento e Validação de Competências.

Na prática sabemos que estaremos no campo da formação e não no do RVCC. Isto significa que os objetivos situam-se principalmente em novas aprendizagens e não na descoberta e valorização de competências desenvolvidas nos percursos de vida pessoal, profissional ou social.

O esforço poderá consistir em dinamizar processos formativos que se inscrevam em experiências vividas pelos adultos em situação de aprendizagens diversas, no caso focando as metas nas capacidade de comunicação em línguas estrangeiras.

Ir à procura de boas referências neste domínio da educação-formação não-formal, para apoiar estratégias de desenvolvimento, eis a meta deste Bloco À descoberta de projetos e experiências inspiradoras.

Comecemos pelo Teatro e pela experiência dinamizada por uma parceria europeia na qual o Grupo de Teatro ASTA, da Covilhã, teve um papel relevante,

Uma primeira base documental o MANUAL que foi produzido no quadro do projeto TELL ME.

Voltaremos ao assunto, muito brevemente.

Carlos Ribeiro

O que fizemos na COP em 2022?

É preciso resistir à pressão burocrática e procurar, na margem possível, soluções compatíveis com o desenvolvimento

O que fizemos na COP em 2022?

2022 está a terminar. Fecha-se um ciclo de atividades e com ele regressa a interrogação que no ano transato já tínhamos colocado em cima da mesa: terá sentido continuarmos a impulsionar formas de cooperação informais entre atores da educação de adultos e consequentemente mantermos viva a atividade na COP – Comunidade de Prática no próximo ano?

O contexto de lançamento e dinamização da COP mudou. Quando arrancámos, logo em março 2020 com o surgimento da pandemia, a nossa preocupação foi criar um espaço de entreajuda e de apoio mútuo face às novas dificuldades que surgiram com muitas das atividades a serem realizadas online. Fomos aprendendo juntos. Tínhamos nessa fase uma ligação à EPALE – Plataforma Eletrónica para a Educação de Adultos e procurávamos nos contactos europeus fontes de inspiração e de resolução de problemas.

O contexto agora é outro

Hoje as necessidades de cooperação são outras, já não se encontram principalmente no enfrentar de novas situações e a relação com a EPALE desapareceu por decisão liquidatária da ANQEP que considera esta ferramenta de cooperação europeia como absolutamente inútil e consequentemente “despediu” os embaixadores por mail à boa maneira Tusk no seu Twitter.

Temos noção que a decisão de mantermos este espaço de cooperação situou-se em primeiro lugar no campo afetivo.  Tínhamos experimentado durante um largo período processos de partilha e de criação coletiva que criou laços. No fundo precisávamos de estar juntos porque sabíamos que valia a pena, nem que fosse para conversar sobre pequenas coisas, coisas banais mas importantes para quem os enunciava.

Cúmplices voluntários

Importa aqui mencionar os nossos cúmplices. Todos os nossos convidados que de forma totalmente voluntária vieram disponibilizar a sua visão e as suas abordagens, científicas, técnicas e práticas de forma totalmente aberta, foram centrais na co-produção realizada na Comunidade.

Tínhamos noção que aprendíamos todos nestes percursos erráticos (a Aprendência) que, por vezes, até eram audazes. Chegámos a admitir que poderíamos inverter radicalmente a dinâmica dos Júris de Certificação (Júri Invertido) e apontámos como central na atividade de trabalho com os adultos a Criação de Contextos de Aprendizagem (Paulo Dias, José Lagarto), com os adultos e não para os adultos.

Para que servem os Centros Qualifica?

No último ano demos um passo em frente e assumimos que a nossa partilha também deveria ir para campos mais reflexivos sobre o sistema e subsistemas nos quais estamos envolvidos como profissionais da Educação de Adultos.  Mas não abandonámos as abordagens mais práticas e consequentemente fomos mantendo a intenção de fornecer pistas para quem o entendesse generalizar propostas de trabalho local. Não nos esquecemos das “Meninas da Rádio”, e de outras situações operacionais que foram propostas.

No plano organizativo adotámos uma coordenação das atividades mais alargada e admitimos que a repartição do esforço que representa animar a Comunidade, agora com mais elementos, facilitará a organização de iniciativas futuras.

O silêncio dos inocentes

É sempre complicado estabelecer metas e objetivos quando os profissionais envolvidos na COP estão amarrados a programas e contratos que são de natureza comercial. O financiamento público (pagamento de um serviço) dos Centros Qualifica e de outras estruturas da Educação de Adultos impõe a vontade do cliente-pagador (a ANQEP) e dificilmente se admitirá que a relação comercial contratualizada possa ser beliscada, por ideias ou por lógicas de organização do serviço ao cliente final (o adulto) com a caraterística peculiar do ADULTO poder assumir a condução do seu próprio processo e desenvolver consequentemente uma estratégia de autonomia e de desenvolvimento , ultrapassando a mera finalidade da certificação.

Admitimos sempre que poderá existir um pequeno espaço de manobra para fazer mais e melhor em favor do desenvolvimento, mas para tal necessitamos de nos apoiar mutuamente, de reforçar as nossas bases teóricas e técnicas e de envolver, conscientemente, os adultos nas zonas de risco que podemos eventualmente desejar ocupar.

Registos de algumas atividades realizadas em 2022

por Carlos Ribeiro

Projetos locais. Navegar…é preciso!

18 de outubro, 2022

Como funcionam as caravelas?

Nós somos caravela. Há quem prefira ser patinador num ringue de 2×2. Andar às voltas, rodopiar, regressar ao ponto de partida depois de umas voltas, curtas, mas que dão o ar da sua graça. A caravela abre caminhos, faz paragens, aprovisiona-se para a meta seguinte.

Um território imaginário

Imaginemos um território com quatro instituições que desenvolvem ações para os seus utentes/utilizadores/adultos participantes, São iniciativas que estão a decorrer porque elas são úteis para quem nelas participa. Não são “projetos” inventados para “dinamizar projetos”. O apoio domiciliário em alimentação, limpezas, acompanhamento a adultos que necessitam desse serviço; a saúde comunitária, com visitas ao domicílio de diagnóstico e apoio informativo sobre as terapias, as conversas partilhadas na Casa do Povo ou na associação, as atividades de primeiros socorros / suporte à vida ; o desporto no parque com encontros regulares para caminhadas, exercícios coletivos, as partilhas com as nutricionistas; a universidade sénior e os seus cursos gerais, os seus temas sobre história local, as suas iniciativas de visitas e cooperação….A interrogação é a seguinte: neste contexto concreto, real, cujas atividades funcionam com regularidade e que dão respostas a necessidades específicas dos adultos nos territórios ONDE, COMO e QUANDO poderá ser articulada com os adultos envolvidos uma abordagem formativa que reforce o sentido de participação nas ações que já realizam e que se traduzam em mais-valias em matéria de aprendizagens relacionadas com a vida quotidiana?

Espaços Partilhados de Aprendizagem

Espaços partilhados de aprendizagem não é principalmente uma abordagem logística. Trata-se de uma co-construção entre parceiros que nos territórios desejam reforçar-se mutuamente. Nesses termos a CIRCULAÇÃO DA CARAVELA pelos diversos ESPAÇOS consiste em primeiro lugar na circulação por NOVOS CONTEXTOS DE APRENDIZAGEM.

Essa é a mais-valia para as entidades locais, para os adultos e para os centros de formação e educação de adultos.

Territórios Aprendentes

No fundo é o desenvolvimento de estratégias de TERRITÓRIOS APRENDENTES. Um início tímido é verdade, mas ….um início!

E como funcionam as Caravelas? Ah! Perguntem ao Fernão Magalhães do Stefan Zweig….e a resposta está lá! Mas podemos no futuro entrar na nossa Vasco da Gama…não custa nada!

Carlos Ribeiro

Projetos locais, nem tudo o que vem à rede é peixe

As categorias coletivistas

Estamos de acordo. O projeto pelo projeto, nem pensar, não vale a pena. São muitos recursos mobilizados e energias despendidas, para pouco ou nada. Então coloca-se a questão da sua utilidade ou do seu sentido, para quem?

Se a utilidade não deve ser para a entidade promotora na ótica egoísta da mera gestão dos seus recursos, então deve ser para quem?

Os adultos em primeiro lugar

Certamente para os adultos em primeiro lugar e ainda para o sistema de educação-formação local pensado como um conjunto de atores que procuram promover e implementar estratégias de desenvolvimento sustentável nos territórios.

No segundo grupo de uma tipologia rudimentar sobre as formas de agir face aos projetos locais encontramos um segundo grupo de entidades que não tendo uma perspetiva utilitarista e até mercenária dos projetos acabam por cair na lógica do projeto pelo projeto, isto apesar de não ser a sua intenção inicial. Vejamos algumas categorias a título de exemplo:

Os parceiristas

Desde o início do século XX, e sobretudo depois das experiências em larga escala que a Iniciativa Comunitária EQUAL proporcionou em todo o país, a ação nos territórios passou a ser assumida de forma generalizada em parceria. Uma nova metodologia com um formato colaborativo passou a dominar os projetos locais. O ciclo de aprendizagem do funcionamento em parceria foi realizado em ritmos bastante diferentes e houve mesmo enriquecimento das práticas colaborativas com novas figuras como as Comunidades de Prática, as Redes de Cooperação, entre outras.

O tempo veio no entanto firmar no terreno modelos dominantes de parceria que de alguma forma se tornaram até hegemónicos. Estes modelos baseiam a sua dinâmica de funcionamento na colaboração e não na cooperação. Ou seja, estabelecem nas parcerias relações hierárquicas que no fundo acabam por colocar vários parceiros, tidos por secundários, ao serviço de um parceiro-líder que não coopera (no sentido da não-partilha de conhecimentos, da não-rotatividade nas lideranças operacionais, da não-integração das mais-valias das diferenças e das diversas culturas de intervenção, da não-inclusão das organizações tradicionalmente discriminadas, etc.). ,

As parcerias, se não forem elas próprias um processo co-construído, entre pares, em pé de igualdade, como podem ser úteis para o desenvolvimento sustentáveis dos territórios?

Os parceiristas são tradicionalmente gente de braços abertos, pena é que tenham a cabeça fechada à verdadeira cooperação e que se sintam felizes com atividades nas quais os outros “colaboram”!

“É muito difícil trazê-los para o trabalho em parceria. São muito fechados. Só com muita insistência admitem fazer uma ou outra coisa que os interesse!!!!!” assim desabafam os nossos parceiristas. “Ao menos forneceram-nos uma lista de formandos, já não foi mau! Mas agora somos nós que temos que fazer o trabalho todo!” completam com muita lamentação à mistura.

Os comunitaristas

Os comunitaristas, na sua relação com os projetos, funcionam em funil. Começam por anunciar que o projeto é de toda e para toda a comunidade local, de seguida substituem a comunidade por parcerias soit-disant alargadas, em fases mais avançadas do projeto trabalham com um núcleo restrito de entidades locais e, finalmente, concretizam os objetivos específicos do projeto em formato de parceria clássica com duas ou três entidades a realizarem as tarefas que deveriam ter sido levada a efeito “pela comunidade”.

No fundo, no mesmo estilo de afirmações esclarecedoras do Rei Sol, Luis XIV de França, sobre o Estado, assumem sem querer que “A comunidade sou eu!”. Ou seja a comunidade são aqueles que “estão á minha volta”.

Por isso as intenções de envolver as comunidades locais em processos de educação-formação coloca a exigência de uma grande objetivação do conceito de comunidade e sobretudo estabelecer relações de poder no projeto que coloquem a gestão do projeto nas mãos dos adultos e das entidades nas quais estes se enquadram. Se o projeto visa promover a leitura na comunidade local devem ser os adultos com ligações às Bibliotecas, às Livrarias, aos Clubes de poesia e leitura, a organizar as atividades e a assumir a condução das iniciativas. Não se trata pois de organizar uma “visita de cidadãos adultos à biblioteca local”. O protagonismo terá que estar do lado dos adultos que decidirão auto-organizar-se numa lógica mais restrita ou dirigir-se de forma mais ampla a toda a comunidade. Nesta matéria deve funcionar um processo democrático de decisão que deve respeitar os interesses específicos da situação. A banalização da chamada dinâmica comunitária leva muitas vezes a passar por cima das regras elementares da democracia, promovendo uma lógica de “comunidade de massas” que surge muitas vezes como plataforma de uma identidade propositadamente inventada.

Os idealistas

O grande handicap dos idealistas é a sistemática confusão entre passado, presente e futuro. Alimentam o seu quadro de referências em Educação de Adultos com as teorias e experiências mais incríveis que podem ser identificadas na literatura, nos anfiteatros das universidades, nas experiências consultáveis no Youtube.

Quando surge a oportunidade de um novo projeto afirmam com prazer e alegria “Vai ser desta!”. Recuperam o essencial da matéria escrita para candidaturas realizadas no passado. “Esta parte está com plena atualidade!” afirmam numa primeira releitura. “Mas esta também!” prosseguem de forma entusiástica. Até que chegam à conclusão que todo o projeto tem uma atualidade inquestionável.

E avança uma iniciativa, que mais uma vez, irá “mudar o paradigma” da EFA em Portugal.

O problema dos idealistas não é terem idealismo a mais. Antes pelo contrário. sem idealistas, sistemas que funcionam ao som de tambor da “competitividade da economia” e do “serviços ao emprego e às empresas” seriam plataformas normalizadoras da sociedade com tendência a consolidarem dinâmicas cada vez menos humanas e com menos preocupações sociais.

A questão que se coloca também é do lado da sociedade civil com as suas dificuldades em funcionar em bases de autonomia e incentivar processos de contaminação através das várias correntes e formas de agir face aos projetos. A simples pergunta, porque é que as entidades que têm os seus projetos aprovados não criam redes autónomas de partilha e ficam à espera que o topo centralizador tome alguma iniciativa nesse sentido, pode encontrar explicação nas relações de poder instituídas, nas velhas relações com o Estado do tempo do regime salazarista e na forma como os financiamentos comunitários são olhados, na maior parte das vezes desligando as suas origens dos impostos dos cidadãos e empresas europeias.

Afinal haverá alguma forma de dinamizar projetos locais com utilidade social?

Essa será a base do debate que iremos realizar brevemente. Da minha parte participarei com ideias e sugestões sobre uma categoria que denomino Navegadores e que se movem nos espaços dos Territórios Aprendentes e que funcionam na base dos ESPAÇOS PATILHADOS DE APRENDIZEGEM-

Mas isto é matéria para outra abordagem escrita. Muito brevemente.

Carlos Ribeiro

Para que servem os projetos locais?

publicado 14 de outubro 2022 | Carlos Ribeiro

Os promotores e o desenvolvimento (1)

Foram anunciados novos apoios para a realização de projetos locais na área da educação e qualificação de adultos que remetem para protagonistas diversos nos territórios e cuja relação com as iniciativas a dinamizar importa analisar para avaliar as condições de implementação. A intenção prioritária deverá ser o sucesso dos empreendimentos a levar a cabo colocando os adultos aprendentes no centro dos objetivos e das práticas pedagógicas.

Numa tipologia estabelecida a partir de critérios relativamente simples podemos enunciar algumas categorias e definir a lógica central das atuações que lhes podem estar associadas.

Pragmáticos da gestão

Nesta categoria encontraremos todas as entidades que irão promover candidaturas com uma finalidade central, muito terra-a-terra, que consiste no aproveitamento de mais uma fonte de recursos financeiros para alimentar a estrutura em termos de tesouraria Consequentemente o objetivo principal será, custe o que custar, a aprovação dos projetos. Quanto ao impacto que os projetos poderão ter sobre o desenvolvimento das pessoas e dos territórios, essa matéria ver-se-á se sim ou não poderá ocorrer.

Os Boa figura

Um outro lote de promotores de projetos neste âmbito serão instituições que querem dar provas de cooperação e de pleno apoio às iniciativas dos poderes públicos, procurando assegurar a continuidade dos apoios às vertentes centrais da atividade que é realizada. Procuram por esta via de solidariedade forçada (podem contar connosco!) eliminar preventivamente interpretações de desconforto ou de discordância com o quadro que é formalmente proposta no concurso, em caso de não-candidatura.

Os Vão-a-todas

Algumas entidades participarão independentemente de uma análise rigorosa das condições que estão em cima da mesa. As questões do IVA, a entrevista inquisitorial, o número pré-estabelecido de participantes independentemente da região do projeto, a ausência de garantias nos fluxos financeiros, estas e outras questões serão secundarizadas. Acredita-se que “Vale sempre a pena” e consequentemente as dificuldades que poderão surgir serão encaradas na devida altura.

Os Externalizadores

Algumas entidades têm consciência que não existem condições para realizar ações com a escala que conduza à certificação de dezenas de adultos com níveis de qualificação muito baixos. Mas depositam confiança num parceiro mercenário que já deu provas de trabalhar bem as soluções de formação realizadas em lógica de granel. Nesses termos a parceria de vantagem mútua permite uma boa mobilização de adultos “carne para canhão” que irão viver mais uma experiência de frustração depois dos pacotes formativos de jardinagem, de informática para utilizadores, de cozinheiros, etc.

Um segundo grupo na tipologia

Esta tipologia integra um segundo grupo de entidades que procuram ver se é possível estabelecer uma ligação entre os projetos locais e os objetivos dos Centros de apoio à qualificação.

Encontraremos neste grupo os Parceiristas, os Comunitaristas e os Idealistas. Mas essa abordagem fica para uma próxima peça. Muito brevemente.

Carlos Ribeiro

A AGENDA DA ASSOCIAÇÃO KELVOA

publicado 18 setembro 2022 | CR

AGENDA KELVOA


A Associação KELVOA que reúne peritos, investigadores e operacionais nos temas do ACOMPANHAMENTO. a pessoas, grupos e comunidades, regressa com as suas iniciativas anunciando desde já as atividades programadas até final do ano.

Sendo uma entidade aberta e colaborativa, dirigida principalmente a profissionais, o seu modo de expressão corrente é no entanto a língua francesa.
Se estás interessado em envolver-te em alguma atividade programada ou até juntar-te de forma regular às iniciativas da KELVOA podes contactar um dos seus fundadores em Portugal – Carlos Ribeiro​ através de projetos@caixademitos.ou através das redes sociais.


André Chauvet que é perito da EPALE E Coordenador da KELVOA está a preparar alguns artigos sobre as ligações do conceito APPRENANCE e os sistemas de aprendizagem em alternância. Se o tema te interessa contacta .

Promover a diversificação das aprendizagens

INOVAÇÃO | Mesa Redonda em Barcelos – SCMB, 29 de junho 2022

A Santa Casa da Misericórdia de Barcelos organizou uma Mesa Redonda com o tema Formação e Inovação por ocasião do lançamento do seu projeto de Academia de Formação que se enquadra numa rede de estruturas formativas dinamizada pelas instituições de natureza e identidade similares. A Caixa de Mitos participou no segundo painel da sessão tendo sido acompanhada por entidades com experiências relevantes no domínio centra do painel.

A preocupação dos oradores e dos envolvidos nesta iniciativa consistiu antes de mais em afirmar que o mais importante de todos os elementos de uma estratégia de desenvolvimento de uma entidade formadora é aquele que coloca no centro de todos os processos AS PESSOAS.

Sabemos que esta visão, profundamente humanista, incorpora elementos de inquestionável potencial para o desenvolvimento humano, mas carece de ser explicitada. De alguma forma é a partir da própria clarificação dos mecanismos previstos para assegurar esta abordagem estrategicamente determinante que se pode, ou não, validar as intenções declaradas.

No caso, desde o início da sessão, surgiram sinais evidentes de coerência e consistência com o propósito enunciado, mesmo sendo principalmente de natureza simbólica. De fato, como tivemos oportunidade de destacar na nossa comunicação, não é fácil encontrar dirigentes de organizações que na apresentação de resultados façam questão de personalizar os protagonistas dos êxitos obtidos, nominalmente e relacionando opções e contributos dos colaboradores e das colaboradoras que asseguraram a coordenação e a dinamização das ações. Quando os êxitos ocorrem, tendencialmente, os dirigentes gostam de se armar em Louis XIV e esquecem as formiguinhas que são as obreiras dos processos e dos resultados. Não foi aqui o caso e esse sinal deu-nos alento para arriscar algumas abordagens sobre a citada explicitação da estratégia “as pessoas no centro”.

Um posicionamento claro

Desde logo o posicionamento face aos destinatários das ações a empreender e à natureza dos serviços a realizar:

  • Prevalece uma atuação baseada na procura ou na oferta?
  • Os serviços são pré-definidos e procuram-se os potenciais e eventuais utilizadores ou a relação é de negociação e de ajustamento na conceção e desenvolvimento de soluções formativas que respondam a diversas especificidades em presença?
  • O conceito orientador dos processos formativos é a competência na sua estruturação multidimensional e exigente em termos de integração de variáveis, e consequentemente associada a experiências e a demonstrações na ação, ou os conhecimentos, as habilidades e as atitudes são campos separados de “formação” muitas vezes encobertos por denominações com as famosas variações hipermodernas das skills?
  • Os processos de apoio ao desenvolvimento de competências incorporam um subsistema de acompanhamento que lida com a poder de agir dos intervenientes?
  • Resumidamente, o que se denomina por formação situa-se no terreno do “aprender sobre” ou no de “aprender com”.

Um arsenal metodológico adequado

Neste terreno que tem mais a ver com a cultura e a experiência de cada organização importa sinalizar os campos de progressão em primeiro lugar dos próprios dinamizadores das ações que serão implementadas:

  • Um perfil de facilitadores e de mediadores de aprendizagens como ponto de partida para metodologias adequadas ao posicionamento adotado;
  • Uma dinâmica de auto-formação e de aprendizagem colaborativa dos profissionais que pode em última análise situar-se no campo das Comunidades de Prática ou de modelos baseados na inteligência coletiva em detrimento da formação estruturada pelo modelo escolar.

Estes apontamentos são mera bases de reflexão o seu aprofundamento e desenvolvimento implicam abordagens mais consistentes:

  • ao conceito de formação
  • ao conceito de competência
  • ao desenvolvimento do tema da inteligência coletiva
  • às experiência de Comunidades de Prática no campo de desenvolvimento de competências dos profissionais
  • às dinâmicas de cooperação e de rede estruturadas para o desenvolvimento e a inovação.

Carlos Ribeiro 30 de junho de 2022

Carlos Ribeiro
Debate sobre os Centros Qualifica e a educação de adultos. Vamos a isso?

EDUCAÇÃO DE ADULTOS | Convenção dos CQ Norte | Profisousa | 2 de junho 2020 Paços de Ferreira

Três notas relacionadas com o rescaldo da IIª Convenção dos Centros Qualifica da Região Norte realizada em Paços de Ferreira, no dia 2 de junho 2022.

NOTA 1 – O evento e o modelo participativo

DEPOIS DA CONVENÇÃO DA PROFISOUSA SERÁ LEGÍTIMO DECLARAR “CONFERÊNCIAS PARA IR OUVIR GRANDES DISCURSOS NUM ANFITEATRO, NUNCA MAIS!”

UM MODELO FACILITADOR DA PARTICIPAÇÃO

Os passos e as caraterísticas do modelo aplicado na Convenção, na qual tivemos o prazer de participar, a convite da Profisousa, como dinamizadores de debate no painel ou Mesa Redonda.

1 – Recolher junto dos inscritos dos temas e assuntos concretos a serem tratados pelos dinamizadores temáticos da sessão;

2 – Sistematização das solicitações enviadas com as inscrições por um Moderador;

3 – Envio pelo moderador, para os dinamizadores da sessão – painel / Mesa Redonda – da sua sistematização destacando os temas críticos;

4 – Na sessão UM discurso institucional é suficiente para enquadrar os grandes temas e atualizar informação (no caso a Filipa de Jesus da ANQEP fê-lo muito bem, de forma sóbria mas precisa);

5 – O arranque do debate realiza-se em Mesa Redonda, com um papel fundamental do moderador e, logo de seguida, a palavra é dada aos participantes para reagirem (papel desempenhado com eficácia por Germano Borges);

6- O debate desenvolve-se de forma interativa Mesa / Participantes;

7 – A composição da Mesa redonda é sempre a mesma até ao final da Sessão, com esta opção o aprofundamento do debate é assegurado;

8 – Uma intervenção institucional de encerramento.


Voilá. Simples como tudo. Os inscritos e participantes NÃO SÃO ESPETADORES!!!

Bravo à Equipa PROFISOUSA : Jorge Diogo de Oliveira E TODOS OS RESTANTES ELEMENTOS (Germano Borges, Manuel Leão …e outros nomes que não consigo citar).

E claro, valorização dos elementos da Mesa Redonda – Filipa de Jesus, Paulo Feliciano, João Carlos Caramelo, Olívia Santos Olivia Santos Silva, Clara Ferraz – que facilitaram muito a concretização de um modelo arriscado mas profundamente respeitador de que vem e participa numa sessão temática com questões práticas à mistura.

NOTA 2 – Primeiras reações

CONVENÇÃO DOS CENTROS QUALIFICA EM PAÇOS DE FERREIRA

Há um novo quadro de atuação que as portarias mais recentes vieram configurar. O campo não-meramente certificador vai alargar-se um pouco.

Em que medida será possível trabalhar num registo mais territorializado e articulado com o desenvolvimento local? E a formação dos profissionais será desenvolvida na base de comunidades de prática e em torno dos problemas concretos das equipas?…

NOTA 3 – O grande debate.

O DEBATE SOBRE O FUTURO DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS PRECISA DE SER PARTICIPADO POR TODOS OS ATORES DO SISTEMA

– Profissionais da educação de adultos

– Equipas locais

– Associações nacionais, regionais e locais

– Instituições relevantes da educação – formação

– As estruturas promotoras das políticas públicas

– As entidades europeias da sociedade civil com ligações à educação

Talvez a primeira tarefa deva ser a formulação das 4 ou cinco perguntas desafiadoras, ligadas às questões críticas e determinantes.

ApprEUnance, projeto para melhorar a formação em alternância

PROJETOS EUROPEUS | 16 de maio de 2022

O projeto ApprEUnance enquadra-se no Programa Erasmus+ na vertente parcerias estratégicas e reúne 6 parceiros europeus com a finalidade de melhorar a formação em alternância, quer em escolas profissionais, quer ainda em centros de formação com as diversas nuances que podem ser tidas em conta nesta relação formativa que se apoia nas práticas de terreno para implementar programas de formação com sentido profissional.

A diversidade de estruturas formativas poderá ser uma mais-valia para encarar as metodologias e as técnicas que são aplicadas nos diversos países, no caso, na Bélgica, na Irlanda, na Eslovénia, em França e em Portugal.

A especificidade do modelo das MFR – Maisons Familiales Rurales em França e no mundo surge também como um ponto forte do projeto. A instituição com sede em Paris que dinamiza pólos do seu modelo pedagógico em aproximadamente 700 escolas, das quais 400 em França, apresenta uma profunda ligação com o mundo rural e uma forte relação com as práticas concretas das atividades agrícolas ou locais ligadas às tradições familiares . As MFR são um caso a estudar!

A Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos, por sua vez, surge como um exemplo de flexibilidade pedagógica e organizativa, sendo princípio da instituição respeitar a autonomia e as opções do jovem formando e consequentemente realizar um acompanhamento ao ritmo do próprio jovem. A escolha e a liberdade de optar e de mudar de enquadramento temático são variáveis centrais de uma relação pedagógica que se encontra em permanente negociação e gestão da instabilidade.

Os restantes parceiros europeus desenvolvem modelos com fortes dinâmicas de adaptação e de apoio aos percursos formativos dos seus formandos ou alunos, o que constituirá matéria fundamental no desenho de novas soluções que tenham em conta uma maior abrangência do processo educativo em termos individuais, coletivos, organizacionais e territoriais.

A AppreEUnace assenta nesta variedade de fontes e processos de aprendizagem sendo necessário aprofundar os sistemas de interseção e de acompanhamento para otimizar as novas formas de aprendizagem.

O projeto

Alguns elementos sobre o projeto europeu e de forma mais específica sobre o Encontro de Matosinhos nos passados dias 2,3 e 4 maio.

Está a decorrer um Inquérito sobre o funcionamento destes subsistemas de alternância para colher dados sobre as práticas de terreno e sobre as opções metodológicas de cada país, escola ou centro de formação.

Um dos objetivos das atividades a serem realizadas num futuro próximo consistirá no aprofundamento, através de entrevistas e de focus grupos, das informações colhidas através de questionário.

Uma outra meta a ter em conta é o envolvimento dos jovens e dos alunos neste processo de auscultação, matéria que será tema de um dos encontros de parceiros num dos países de origem dos parceiros.

O perfil de quem acompanha

Uma das vertentes mais exigentes deste processo de pesquisa e desenvolvimento prende-se com as funções e atividades dos profissionais que acompanham os jovens nas escolas de segunda oportunidade, nas escolas profissionais ou nos centros de formação

Um ponto de partida para esta abordagem reflexiva será o Relatório Anual de Atividades dos atuais técnicos de acompanhamento ou monitores que podem revelar não sá as ações levadas a efeito como também apontamentos sobre as modalidades de acompanhamento e sobre situações peculiares às quais foram dadas respostas adaptadas.

As funções destes profissionais neste contexto de acompanhamento surgem como muito diversas e até podem cobrir áreas surpreendentes de grande responsabilidade institucional como é o caso dos juízes sociais.

Um laboratório de Inovação para a alternância

Neste processo de investigação Importa trabalhar as relações entre a escola e os espaços existentes noutros contextos formais, informais e não-formais, que surgem como facilitadores das aprendizagens, de forma a que sejam os próprios jovens a determinar o potencial de cada modelo e que forneçam elementos para os ajustamentos ou mudanças que possam surgir como necessárias e serem ativos nos processos de co-construção que serão levados a efeito..

A Associação Kelvoa, que desenvolve uma ação de facilitadora nos processos reflexivos, de redes de profissionais e de comunidades de prática sobre o acompanhamento a pessoas , organizações e comunidades desempenhará um papel de apoio ao projeto procurando contribuir para que as soluções que vierem a ser sistematizadas constituam uma mais-valia nos subsistemas que incorporam a alternância, ou seja um regime dual, na sua estrutura pedagógica e de apoio ao desenvolvimento dos alunos ou formandos.

ENCONTRO DE MATOSINHOS

Reunião de parceiros | Encontro temático

Carlos Ribeiro | KELVOA, 16 de maio de 2022

Carlos Ribeiro | KELVOA