Aprender línguas a partir de metodologias de educação não-formal

À descoberta de projetos e experiências inspiradoras

Aprender línguas a partir de metodologias de educação não-formal

As experiências e os projetos neste domínio da aprendizagem das línguas estrangeiras na base de metodologias e estratégias de educação não-formal são muitas e diversas. O que poderá ter interesse é estabelecer relações operacionais entre essas referências positivas e o contexto específico dos Centros Qualifica na sua relação com os adultos e e com os processos de Reconhecimento e Validação de Competências.

Na prática sabemos que estaremos no campo da formação e não no do RVCC. Isto significa que os objetivos situam-se principalmente em novas aprendizagens e não na descoberta e valorização de competências desenvolvidas nos percursos de vida pessoal, profissional ou social.

O esforço poderá consistir em dinamizar processos formativos que se inscrevam em experiências vividas pelos adultos em situação de aprendizagens diversas, no caso focando as metas nas capacidade de comunicação em línguas estrangeiras.

Ir à procura de boas referências neste domínio da educação-formação não-formal, para apoiar estratégias de desenvolvimento, eis a meta deste Bloco À descoberta de projetos e experiências inspiradoras.

Comecemos pelo Teatro e pela experiência dinamizada por uma parceria europeia na qual o Grupo de Teatro ASTA, da Covilhã, teve um papel relevante,

Uma primeira base documental o MANUAL que foi produzido no quadro do projeto TELL ME.

Voltaremos ao assunto, muito brevemente.

Carlos Ribeiro

O  certificado é a lei, porque se quer escolarizar a educação permanente 

OS CENTROS QUALIFICA DO FUTURO OU COMO O PODER DE AGIR DOS ADULTOS PODE ACABAR COM O ESPÍRITO MEDIEVAL NA EDUCAÇÃO PERMANENTE 

O  certificado é a lei, porque se quer escolarizar a educação permanente (Postal nº1) | Carlos Ribeiro 

Os mais jovens andam angustiados com o sentido da escola. Como escreveu José Matias Alves num texto incontornável cuja leitura aconselho:  

(https://www.facebook.com/photo?fbid=10227251904662888&set=a.1270184474194

“Tenho 15 anos. De casa para a escola. Da escola para casa. Diariamente percorro o caminho de ida e volta. E vagueio à volta de mim. Ando no 10.° ano. Humanidades. Numa turma de 33 alunos. Na escola, o professor de Filosofia diz que a educação é a alavanca do progresso social, da emancipação do homem, que é o investimento certo para o futuro. E a professora de História garante que, desde a sua criação, a escola foi um instrumento de mobilidade social; que os títulos académicos democratizaram a vida e vieram substituir a estratificação de sangue. Grande invenção, a escola, disse ela. E acrescentou que o passado nos ensina que a escola é uma passagem, o tempo de preparação para a vida ativa, para o futuro risonho e feliz. E que, por isso, era necessário o sacrifício, o esforço. Nada dessas modernices da compreensão crítica. 

(….) Tenho 15 anos. Tenho 10 anos de escola. Esmagado pelo vazio da incerteza. Pelo tédio de não perceber” 

INTERROGAÇÃO  DIAGNÓSTICA 

Podem os Centros Qualifica ser forçados a IMITAR A ESCOLA, com participantes adultos, quando os mais jovens, e com razão, apresentam tantas reservas e colocam tantas dúvidas sobre este modelo de Aprendizagens e de Viver em Comunidade de Aprendentes? 

ACELERADOR | As partículas

Desde sempre que, no RVCC, as interações me interessam e até me intrigam. As interações entre as três componentes que estruturam a competência, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que, para produzirem o efeito desejado na ação, precisam de ser combinadas de forma adequada num processo agregador e criativo principalmente orientado para a eficácia.

Trata-se de um processo combinatório dinâmico, ou seja, realizado em contexto concreto e relacionado com a necessidade de agir. Desta forma a operação “demonstrar competência” é sempre um resultado que só pode ser evidenciado na ação.

Vem esta abordagem a propósito do Acelerador que aí vem e que podemos imaginar como um grande LHC, um acelerador de partículas, cuja intenção poderá ser provocar colisões positivas.

Se as partículas forem as componentes da competência e elas vierem a ser aceleradas, em processos combinatórios diversos e na ação então poderemos imaginar um NOVO MODELO para que as interações das “partículas” evidenciem a competência. A História de Vida e Balanço de Competências devidamente articulados dariam agora lugar a um grande ESPAÇO DE ACELERAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS em contexto real.

Tratar-se-ia de produzir evidências, em processos ativos com capacidade para revelar exteriormente as combinações utilizadas, sendo o ponto de partida a base declarativa do “candidato”.

Se for nesta linha, ou nesta zona de investigação-ação, poderemos ir ao encontro das virtudes de um Acelerador que pode vir a revolucionarizar o RVCC em Portugal.

Declaração, Aceleração e Ação e que mil colisões floresçam!

Carlos Ribeiro, 26 de maio 2021

Foto destaque: Experimento Atlas, do LHC – Foto: Maximilien Brice/CERN

O Presidente que fez um processo RVCC, Então eu passei?

Praça das Redes | 19 setembro 2020 | Jorge Sampaio e a educação de adultos | Na foto com o seu Dossiê RVCC.

A propósito dos 81 anos de Jorge Sampaio e das formas de estar no espaço público recordo um aspeto muito peculiar deste ex-Presidente da República que foi para muitos portugueses uma inspiração e um exemplo em matéria de posicionamento ético e de defesa do pluralismo que estrutura a própria democracia.

Recentemente um ato institucional e de comunicação que levou Marcelo Rebelo de Sousa a uma operação de valorização do slogan “nunca é tarde para aprender” que é alimentado pela Agência Nacional para as Qualificações e o Ensino Profissional e que procura mobilizar os adultos com baixas qualificações para processos formativos e de reconhecimento e validação de competências, traduziu-se numa sessão realizada em Belém que envolveu Nelson Semedo um jogador de futebol.

Sampaio colaborou no dossiê

De fato podemos falar de estilos e de relacionamento muito diferentes do mais Alto-Magistrado da nação e sobretudo de preocupações bem distintas com a participação em eventos de projeção e interesse nacional. Uma coisa é a mediatização das ações, as selfies, os abraços e os beijinhos,

outra é a compreensão sobre o funcionamento dos sistemas, partilhar as potencialidades e as dificuldades e acompanhar a reflexão produzida sobre o impacto das políticas públicas na sociedade.

Jorge Sampaio, para o mesmo objetivo que o citado para Marcelo, passou uma jornada numa aldeia situada a Norte do país, colaborou antecipadamente à sua visita num processo de RVCC relativo às suas próprias competências realizado por adultos da localidade em apreço e presidiu a um Júri tendo assistido e participado em todas as fases daquela atividade tida por avaliativa.

Interesse pelo futuro dos adultos

Depois do júri de RVCC Sampaio preocupou-se com os projetos das pessoas e das consequências concretas que teria o investimento que cada adulto realizou nesta atividade de educação de adultos.

O dossiê com as evidências e a relação com o Referencial de Competências foi apresentado ao Presidente que reconheceu alguns dos contributos que deu nos meses que antecederam a sua visita e do então Ministro da Educação David Justino.

Jorge Sampaio não foi à aldeia onde ocorreu esta dinâmica para fazer discursos. Tinha sempre uma pergunta para fazer e sobre o seu processo RVCC teve a humildade de perguntar “então e eu, passei?“.

Carlos Ribeiro

É uma maneira de sentir-me normal dentro de toda esta anormalidade

Carlos Ribeiro | Praça das Redes | Com a colaboração de Ana Cacho |31 de Março de 2020

Sonia Lopes desenvolve o seu processo RVCC Escolar de nível básico no Centro Qualifica Arrábida e revela-nos que relacionar-se com outras pessoas neste quadro marcado pelo isolamento e pelo distanciamento social é particularmente importante para o seu equilíbrio. E a sua actividade no Centro Qualifica, apesar de decorrer a distância, fá-la sentir-se “normal”. Ana Isabel Miguel, coordenadora do Centro Qualifica Henriques Nogueira de Torres Vedras, afirmava no início desta situação provocada pelo COFID-19, “o importante é manter as pessoas ligadas” e tinha toda a razão.

As palavras iniciais de Sonia são motivadoras “Nesta fase tão complicada e inesperada da minha/nossa vida(s) é importante continuar, olhar em frente e sobretudo não desistir!”

Normalidade

“Continuo com força e incentivo para avançar neste processo que tenho como objetivo e sinto que é uma maneira de sentir-me “normal” dentro de toda esta “anormalidade” que vivemos” revela, convicta, quanto é indispensável para ela própria continuar e persistir na sua entrega ao processo.

Garantias acabaram

“Dávamos tudo como garantido e hoje vemos que as coisas mais simples da vida, como ir ao café da esquina ou cumprimentar um amigo foi-nos roubado. Mas este trabalho pode continuar, temos uma alternativa. Eu vou agarrá-la, e tu?” lança em tom de desafio.

“Vamos continuar…vamos todos ficar bem!” conclui.