Aprender línguas a partir de metodologias de educação não-formal

À descoberta de projetos e experiências inspiradoras

Aprender línguas a partir de metodologias de educação não-formal

As experiências e os projetos neste domínio da aprendizagem das línguas estrangeiras na base de metodologias e estratégias de educação não-formal são muitas e diversas. O que poderá ter interesse é estabelecer relações operacionais entre essas referências positivas e o contexto específico dos Centros Qualifica na sua relação com os adultos e e com os processos de Reconhecimento e Validação de Competências.

Na prática sabemos que estaremos no campo da formação e não no do RVCC. Isto significa que os objetivos situam-se principalmente em novas aprendizagens e não na descoberta e valorização de competências desenvolvidas nos percursos de vida pessoal, profissional ou social.

O esforço poderá consistir em dinamizar processos formativos que se inscrevam em experiências vividas pelos adultos em situação de aprendizagens diversas, no caso focando as metas nas capacidade de comunicação em línguas estrangeiras.

Ir à procura de boas referências neste domínio da educação-formação não-formal, para apoiar estratégias de desenvolvimento, eis a meta deste Bloco À descoberta de projetos e experiências inspiradoras.

Comecemos pelo Teatro e pela experiência dinamizada por uma parceria europeia na qual o Grupo de Teatro ASTA, da Covilhã, teve um papel relevante,

Uma primeira base documental o MANUAL que foi produzido no quadro do projeto TELL ME.

Voltaremos ao assunto, muito brevemente.

Carlos Ribeiro

Ó João!

OPINIÃO |

por Carlos Ribeiro

Ó João! 

Agora é a tua vez.  

Ministro é ministro. Tem poder, para além de querer. 

Nos Copos Prá Viva, e compreende-se porque és uma pessoa afável, ninguém ousava fazer a pergunta: 

Então João, depois do que assististe e partilhastes por aqui, as políticas públicas para a Educação de Adultos vão levar uma reviravolta? 

E tu adiantavas, como podias, as respostas evasivas, as frases amigáveis sobre as muitas batalhas que estão pela frente, sobre os recursos limitados, a importância da certificação para as empresas contratarem, as exigências da OCDE de aumentarmos os níveis médios de qualificação, enfim, sobre a reviravolta, pouco ou nada. 

Cá entre nós pensávamos, o João é apenas Secretário. Ele deve pensar que a educação de adultos deve ter outro rumo e deixar de ter esta função de segunda linha que é Certificar, certificar e finalmente ….certificar, mas….

Os Secretários são autónomos até um certo ponto.

Mas os Ministros…. 

Ah! Os Ministros, esses sim podem. Mas têm que querer, é verdade! 

Ó João, muda lá o paradigma! 

O João de certeza que quer que a Educação de Adultos seja uma alavanca para a transformação social. Ele sabe que a escolarização dos processos de educação para adultos impede o desenvolvimento de competências e inviabiliza reais aprendizagens porque não se baseiam em princípios andragógicos que colocam no centro das atividades formativas a experiência e o desejo de resolução de problemas que os adultos transportam com eles e que são o principal capital para concretizar o seu “poder de agir”. Certificar na base de dinâmicas formativas transformadoras é um imperativo. Desenvolver dinâmicas formativas só para certificar é um desrespeito pelo adulto. 

Ó João, acaba lá com o precariado! 

O João de certeza que quer acabar com o financiamento precário dos Centros de Educação de Adultos – Centros Qualifica, etc – porque não é justo!  

Mas então estes centros não são estruturantes de TERRITÓRIOS APRENDENTES? É possível imaginar um município que só pensa educação em função das escolas, dos transportes escolares, da segurança rodoviária para os alunos, etc e que não constrói uma visão do desenvolvimento das competências e das qualificações de forma integrada no seu território? Compreende-se esta postura face a estruturas precárias e descartáveis.

Um financiamento de estruturas educativas em função do cumprimento de metas é razoável. Mas dentro de regras de jogo marcadas pela estabilidade mínima. Ver um financiamento reduzido ou ajustado, em função do cumprimento de determinados objetivos, não fere ninguém. As Unidades de Saúde Familiar também funcionam assim. E são da área delicadíssima da saúde. Mas são estruturas permanentes. Mas isso faz toda a diferença! 

Ó João! o RVCC não é pau para toda a colher! 

O ponto de partida são as competências desenvolvidas pelos adultos ao longo da vida. O centro do processo realizado nos Centros é a VALIDAÇÃO, ou seja, trata-se de uma relação entre um Referencial de Competências e a identificação de competências desenvolvidas na vida, na ação prática, realizada através de uma Metodologia que desenvolvemos em Portugal (sim, em Portugal desenvolvem-se coisas boas e criativas, não temos que ser finlandeses para ter soluções para a educação) que combina Balanço de Competências com Histórias de Vida. Esta combinação é muito exigente, mas é apaixonante. Como investigador irias gostar de viver uma experiência desta área do desenvolvimento educativo. Então porque não instalar um ACELERADOR PARA ANIMADORES DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS (e não apenas para os adultos) para melhorarmos a qualidade dos Centros naquilo que é essencial? 

A verdade é quanto mais o RVCC é contaminado pela formação, menos potencial ele desenvolve no adulto de transformação social. Se o RVCC se posiciona nos problemas e nas situações de vida do adulto então a sua aproximação é espontânea porque têm a ver com as suas prioridades pessoas, familiares e profissionais imediatas. O risco que está a emergir com o “RVCC Pau para toda a colher” é que nem uma, nem outra. Quere-se tudo e fica-se com pouco, ou quase nada (em matéria de transformação social, claro).  

Ó João, juntos somos mais fortes! 

Isto é um slogan desportivo por excelência. Mas aplicado aos Centros de Educação de Adultos tem todo o sentido aqui e agora. O isolamento dos centros e a lógica punitiva dos sistemas de acompanhamento deve dar lugar a dinâmicas de rede de cooperação, de promoção da inteligência coletiva no sistema e de autoformação através de Comunidades de Prática e outras formas de auto-organização dos profissionais da educação de adultos. 

Ó João! não queremos acreditar que seja entendido centralmente que os modelos de gestão autocráticos sejam os mais adequados para cumprir os os objetivos de desenvolvimento na educação de adultos.  

Construir Comunidades Aprendentes implica cooperar e desenvolver parcerias em trabalho colaborativo. 

Bem Ó João, temos confiança em ti!  

Sabemos que vais ser Ministro a sério, e nós cá estamos para colaborar. 

Como cidadãos e como profissionais do desenvolvimento dos territórios. 

Carlos Ribeiro, 28 de março de 2022

O  certificado é a lei, porque se quer escolarizar a educação permanente 

OS CENTROS QUALIFICA DO FUTURO OU COMO O PODER DE AGIR DOS ADULTOS PODE ACABAR COM O ESPÍRITO MEDIEVAL NA EDUCAÇÃO PERMANENTE 

O  certificado é a lei, porque se quer escolarizar a educação permanente (Postal nº1) | Carlos Ribeiro 

Os mais jovens andam angustiados com o sentido da escola. Como escreveu José Matias Alves num texto incontornável cuja leitura aconselho:  

(https://www.facebook.com/photo?fbid=10227251904662888&set=a.1270184474194

“Tenho 15 anos. De casa para a escola. Da escola para casa. Diariamente percorro o caminho de ida e volta. E vagueio à volta de mim. Ando no 10.° ano. Humanidades. Numa turma de 33 alunos. Na escola, o professor de Filosofia diz que a educação é a alavanca do progresso social, da emancipação do homem, que é o investimento certo para o futuro. E a professora de História garante que, desde a sua criação, a escola foi um instrumento de mobilidade social; que os títulos académicos democratizaram a vida e vieram substituir a estratificação de sangue. Grande invenção, a escola, disse ela. E acrescentou que o passado nos ensina que a escola é uma passagem, o tempo de preparação para a vida ativa, para o futuro risonho e feliz. E que, por isso, era necessário o sacrifício, o esforço. Nada dessas modernices da compreensão crítica. 

(….) Tenho 15 anos. Tenho 10 anos de escola. Esmagado pelo vazio da incerteza. Pelo tédio de não perceber” 

INTERROGAÇÃO  DIAGNÓSTICA 

Podem os Centros Qualifica ser forçados a IMITAR A ESCOLA, com participantes adultos, quando os mais jovens, e com razão, apresentam tantas reservas e colocam tantas dúvidas sobre este modelo de Aprendizagens e de Viver em Comunidade de Aprendentes?