TEMA DE MARÇO NA COP | Fazer o pino e mudar de perspetiva

PRAÇA DAS REDES | 2 de março 2021 | Animação da Comunidade de Prática EPALE – INFONET | Carlos Ribeiro

AS PISTAS DE MARÇO (I)

A indicação que a Ana Isabel Miguel, coordenadora do Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas Henriques Nogueira de Torres Vedras, nos fornece sobre “o convite aos adultos do território para virem participar em atividades que o Centro Q. dinamiza ou nas quais se envolve ativamente por via de parcerias com entidades locais” como via para captar novos públicos e incentivar à participação na Educação de Adultos e em particular nas ações dos Centros Qualifica, é como uma chave de ouro para uma abordagem orientada para a EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA.

Ou seja, o Centro Qualifica, ou o Centro de educação de adultos local, em vez de se colocar na ótica da OFERTA (que produtos e que serviços tenho para vender ou divulgar) posicionam-se numa perspetiva inversa, a da PROCURA (que necessidades têm os adultos locais em matéria de interesses básicos ou, no seu oposto, de interesses culturais).

Tanto é possível ligar a primeira vertente a uma Oficina de Gastronomia e de alimentação saudável, como é possível promover uma ida ao Cinema ao Ar Livre que a associação cultural local organiza uma vez por mês.

Mudar de perspetiva. PROCURA em vez da Oferta. Pode ser um bom ponto de partida.

JÚRI PARA QUE TE QUERO | O Júri invertido

PRAÇA DAS REDES | 16 de fevereiro 2021 | Comunidade de Prática EPALE – INFONET

CONSTRUIR AS BASES DO “JÚRI INVERTIDO” um desafio à nossa inteligência coletiva.

Carlos Ribeiro, 16 de fevereiro 2021

O objetivo da iniciativa “Júri para que te quero”, que se desenvolve no quadro de uma  Comunidade de Prática agregadora de profissionais da educação-formação que também atuam no campo do reconhecimento, validação e certificação de competências, consiste antes de mais em incentivar melhorias no dispositivo em favor do adulto que se envolve num processo RVCC.

A figura do Júri é ela própria ambígua porque no RVCC o conceito dominante é o da validação e não o da avaliação. A etapa final do processo assenta, no entanto, neste quadro avaliativo que o Júri representa para atribuir valor à certificação.

Os clientes do júri

Ou seja, são utilizadas figuras da Avaliação Convencional (está implícito no cenário e na operação propriamente dita da Sessão do Júri uma lógica de exame) para satisfazer vários “clientes”:

  • o sistema RVCC, credibilizando-o no quadro de um paradigma avaliativo principalmente escolar;
  • o adulto participante no processo, que vê confirmado o valor do seu certificado através da “prova” podendo reivindicar a noção de equivalência sem quaisquer reservas;
  • e finalmente o dispositivo certificador que se credibiliza, no plano do serviço prestado, através desta realização, que conta geralmente com a presença de instituições do território.

Outras missões

Outras missões podem ser atribuídas a esta figura de consenso:

  • servir para a avaliação da qualidade do processo e não principalmente para avaliar o adulto;
  • servir para celebrar, uma espécie de Happy End em final de percurso (sim porque já se conhece o resultado do jogo, antes de ele começar);
  • servir para dar a conhecer disponibilidades de contratação profissional para adultos à procura de emprego;
  • servir……para inúmeras outras estratégias que serão certamente muito legítimas e interessantes.

Mas o que podemos assumir é que o dispositivo ENCERRA uma dinâmica, um ciclo, um processo.

Encerrar ou abrir

O que poderíamos admitir, nesta reflexão coletiva, seria a inversão da lógica do JÚRI para a ABERTURA de uma nova relação com a educação permanente e a aprendizagem ao longo da vida servindo para planear ações futuras, articular com instituições e pessoas iniciativas da fase seguinte e comprometer interlocutores com apoios e disponibilidade para acompanhamento futuro.

No fundo colocar o ADULTO no centro do seu futuro, reforçando o seu poder de AGIR em detrimento de uma relação de julgamento e de encerramento vitorioso de ciclo que só o beneficia parcialmente.

Geocaching da certificação

Imaginemos o júri como um conjunto de atividades, um roteiro, uma espécie se GEOCACHING DA CERTIFICAÇÃO fora da “sala de aulas” com pivôs da comunidade disponíveis para acolher, acompanhar (comandante dos bombeiros, dirigente de empresa, farmacêutico local, diretor desportivo, atleta prestigiada, autarca, bibliotecário, diretor do teatro, …..) e no final o adulto capitalizar esta operação em favor das suas prioridades futuras.

O júri abriria portas para o futuro e lançaria sementes para um Território Aprendente, ou seja com o envolvimento da comunidade na construção de competências coletivas

O que ainda poderá ser um JÚRI INVERTIDO….eis a questão.

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos | Animador da Comunidade de Prática EPALE-INFONET Educação de adultos

JÚRI PARA QUE TE QUERO | Não deitar a criança fora com a água do banho

PRAÇA DAS REDES | 12 de fevereiro 2021 | Comunidade de Prática EPALE – INFONET

Se tivermos em conta que o JÚRI DE CERTIFICAÇÃO se situa num terreno de profunda ambiguidade, quanto à sua função e natureza, porque surge como desfecho de todo um processo dominado pela lógica da validação, então teremos que domar os seus impulsos avaliativos e retemperar a sua dinâmica para o lado da ratificação, da homologação, da consagração.

Direito à experiência

A relação entre competências identificadas, porque demonstradas na ação, e um Referencial, seja qual for a fase do processo RVCC, é sempre de VALIDAÇÃO e nunca de avaliação. Injetar avaliação nos adquiridos pelo adulto participante é interferir na sua autonomia e no seu “direito à experiência” para desenvolver, de forma contextualizadas, competências específicas.

Reafirmamos então que o processo RVCC tem por centro da sua dinâmica a validação e que o essencial da operação radica nas ações preparatórias e facilitadoras de auto-organização por parte do adulto participante para que seja possível, a um dado momento, relacionar Competências Identificadas (porque desenvolvidas em experiências anteriores) com um Referencial de Competências pré-definido.

A validação, ponto de encontro central deste processo, é suficiente e adequada para a consistência do próprio sistema.

Mas…

Acontece que as ações de “revisitar experiências passadas” e “descodificar o conteúdo do Referencial, para o poder relacionar com competências específicas” surgem simultaneamente como processos de aprendizagem por parte dos adultos em presença – o candidato a uma certificação e o técnico facilitador (que são vários) -. A questão da auto-avaliação das aprendizagens realizadas nesta dinâmica colaborativa coloca-se porque ela fica sempre numa zona oculta e não é contabilizada pelos seus protagonistas. Ela pode ser “afirmada” como tendo existido, mas não é tornada nem visível e nem qualitativamente útil.

Como poderia ser encarada esta tarefa de auto-avaliação ou de avaliação cruzada entre adultos, numa dinâmica focada na Validação das Competências?

Carlos Ribeiro, 12 de fevereiro Caixa de Mitos | Epale-Infonet

JÚRI (II)| Falar de reconhecimento é falar de avaliação?

PRAÇA DAS REDES | 10 de fevereiro 2021 | Júri de Certificação (II) | carlos Ribeiro

Avancemos pois na clarificação de ideias sobre os conceitos-chave que estão associados ao percurso cujo desfecho é o JÚRI DE CERTIFICAÇÃO. No caso podemos ir ao encontro das ações que nos diversos momentos transportam na sua dinâmica alguma forma de “julgamento”.

Julgar, ponderar, indagar, sancionar, concordar, discordar….muitas são as situações que podem ser encontradas na interação entre o adulto em processo e os técnicos em animação. Não podemos afirmar que globalmente estamos perante lógicas principalmente avaliativas. Mas desenvolvemos uma ação de mediação na qual o adulto desenvolve, ele sim, uma abordagem auto-avaliativa. O risco aqui é de contaminação.

Reconhecimento

Consideremos a título de exemplo o campo do RECONHECIMENTO.

Reconhecer não tem que ser avaliar mas pode ser transformado num ato de avaliação, ou seja, posso reconhecer e valorizar os saberes e /ou competências pela constatação da sua existência ou posso exercer uma lógica comparativa e colocar-me numa posição avaliativa de medida, de ponderação sobre o valor que é atribuído, de sancionar a partir de um quadro de referências subjetivo.

O RECONHECIMENTO apresenta várias linhas de exploração temática, mantendo no entanto o foco no “reconhecimento dos saberes e das competências”:

O reconhecimento pelo próprio adulto. Uma operação de exploração realizada com algumas ferramentas-chave que permitem uma identificação concreta associada a situações e a experiências também muito específicas e bem delimitadas;

O reconhecimento pelos técnicos. Uma partilha de percurso revisitando várias experiências com o adulto, criando condições para fazer emergir saberes e competências que precisam para serem identificadas de um olhar mais integrador;

O reconhecimento aberto como processo comunitário e de cidadania. A valorização de ações sem existir um mecanismo hierárquico sancionatório através dos OPEN BADGES que se baseiam numa dinâmica flexível, auto-organizadas e para níveis muito diferenciados de reconhecimento e valorização. Os OB funcionam na base da emissão eletrónica dos PINS.

Aprofundar a nível europeu

EXPLORAR O TEMA A NÍVEL EUROPEU

FUTURO PROJETO SOBRE O TEMA NA COMUNIDADE DE PRÁTICA

Apresentação de uma candidatura ao ERASMUS+ sobre a certificação flexível e aberta (OPEN BADGES). Contactar Coordenação da Comunidade de Prática | Rosa Vieira EPATV.

Carlos Ribeiro | Caixa de mitos | CoP EPALE – INFONET

EDUCAÇÃO | Para que serve o júri de certificação?

PRAÇA DAS REDES | 9 de janeiro 2021 | EPALE – INFONET Comunidade de Prática | Carlos Ribeiro

Júri de certificação. O tema não é novo. O formato atual de funcionamento nos processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências resulta da sistematização da experiência acumulada ao longo dos anos, desde o início do sistema. Foram estabelecidos procedimentos cuja dinâmica e substância poderá ser útil revisitar atendendo ao novo quadro de realização, imposto como dominante pela pandemia de COVID-19, o JÚRI DE CERTIFICAÇÃO ONLINE.

A intenção de debater o tema no quadro da Comunidade de Prática EPALE – INFONET não se circunscreve ao objetivo de melhorar aspetos técnicos, uniformizar tecnologias ou ajustar outros recursos que o júri a distancia exige por razões óbvias.

Revisitar o JÚRI DE CERTIFICAÇÃO poderá ser um roteiro teórico, metodológico, instrumental e operacional para melhorar a relação dos adultos participantes em processos RVCC com os seus próprios resultados na participação que tiveram ao longo de meses de atividade ligada a educação-formação.

Iremos tentar, coletivamente, desenvolver alguns temas para fomentar o debate e a reflexão para produzir algumas recomendações que poderão estar na base da adopção de melhorias desta atividade.

Conceitos

1- Clarificar ideias e referências. Quando mobilizamos os conceitos de reconhecimento, validação, avaliação, qualificação e certificação, de que estamos a falar?

Justificação

2- Que razões assistem à existência de um júri de certificação se a validação é intrinsecamente a fase de conclusão de um processo baseado na demonstração e na organização-produção de evidências?

Experiências

3- Que experiências de júri online podem ser mobilizadas para indicar novas abordagens ao tema e a formulação de novos objetivos?

Alternativa

4- A realização de uma sessão a distância, que obedece na sua concretização a um modelo escolar, poderia ser substituída por outras atividades, com o mesmo resultado no plano formal, mas com maior impacto na continuidade da relação dos adultos com outros processos de aprendizagem ao longo da vida?

Ao longo do mês de fevereiro procuraremos percorrer estes e outros temas. A participação no debate dos profissionais e dos adultos aprendentes desta área de desenvolvimento é essencial.

Carlos Ribeiro, 9 de fevereiro 2021, Caixa de Mitos | EPALE

EA | Uma rede informal de apoio à inclusão de migrantes e refugiados

PRAÇA DAS REDES | 8 de dezembro 2020 | Conclusões de Relatório

 Clara Costa Oliveira, Professora Associada com Agregação, irradia no seu contexto de intervenção imensas energias e incentiva aqueles que a acompanham a realizarem voos audazes, com destaque para os interventores na área da educação de adultos. Depois de um período sabático sistematizou no seu Relatório de Sabática as suas experiências e reflexões. Transcrevemos aqui as conclusões que incorporam ensinamentos relevantes para os atores da educação-aprendizagem ao longo da vida.

Este ano sabático mudou a minha vida profissional e consolidou epistemologicamente a investigação-acção que sempre empreendi, desde o meu mestrado. A importância de ser um entre pares na pesquisa quando se trabalha com pessoas, foi extraordinariamente reforçada, especialmente junto de população migrante e refugiada. Vali-me sempre da minha vinculação epistemológica e epistémica ao paradigma de complexidade, que aprofundei e desenvolvi face à educação não formal e informal, como alguns artigos demonstram, bem como os trabalhos científicos por mim supervisionados.

A vinculação ao paradigma da complexidade e à metodologia de investigação-acção suportam a inserção neste relatório académico de métodos aparentemente não académicos de pesquisa, mas que se revelaram fundamentais para a inclusão dos públicos acima mencionados, principal foco da concretização da investição-acção do ODS Educar para a Paz. Os documentos por mim produzidos, bem como textos de público-alvo, e de orientandos por mim  supervisionados, assim demonstram na avaliação desse tipo de actividades, promotoras de alegria e bem-estar, base da saúde de qualquer pessoa.

Seguindo Antonovsky (1987), descobri, reinventei e socorri-me de competências que possuía para poder intervir e formar quem comigo actuou junto daquele tipo de população-alvo. Nesse sentido, a formação certificada em dança e coreografia, bem como a não certificada em yoga e meditação de yoga (que pratico há 30 anos) foram assumidos como recursos de resistência para ajudar a que pessoas sem sentido de identidade, sem tecto, discriminadas, sem literacia, etc, se auto-organizassem autopoiticamente, ao seu próprio ritmo (Oliveira, 1999). De igual modo me foi muito útil ter começado a minha experiência como docente como professora do 2º ciclo de francês (com habilitações certificadas pelo curso completo da Alliance Française).

Trabalhar com migrantes e refugiados exigiu uma pesquisa que aqui não pode ser demonstrada; estudar com pormenor diferenças intra religiosas (para além da inter religiosa, obviamente), compreender a situação geo-política de zonas do mundo que me pareciam distantes, pesquisar danças com cariz antropológico e religioso, é algo que foi continuamente sido feito, e ainda continua. Coordeno, após o ano sabático, uma rede informal de apoio à inclusão de migrantes e refugiados, onde todos agimos como voluntários, em todas as áreas que nos é solicitada ajuda. Esta rede comunica continuamente com pesquisadores nacionais e brasileiros da mesma área, bem como ji«unto da EPALE, cujos resultados deveriam ter sido apresentados no âmbito desta sabática, no Congresso Internacional do CEHUM, acima mencionado, e que por duas vezes teve que ser adiado, estando agora previsto para Abril de 2021.

A dimensaõ artística foi utilizada em todas as actividades mencionadas como relacionadas com a Educação para a Paz, bem como na supervisão e formação de técnicos superiores de educação em danças circulares; veja-se em especial os relatórios 1,2,8,9, do Quadro 1.

Aquando do Congresso do CEHUM acima mencionado, espero ter já escrito um artigo em co-autoria com um dos refugiados dos quais fui mentora do ACM sobre a filosofia da educação de Gulen, assim como ter adiantado um livro digitalizado sobre precursos de fuga de algumas das pessoas com as quais partilhei a pesquisa empreendida neste ano sabático; vários testemunhos estão já recolhidos, mas o ano lectivo com COVID 19 veio atrasar a sua concretização.

Ainda no âmbito dos ODS, o conhecimento por dentro de algumas instituições ditas de acolhimento, integração e inclusão deste tipo de população revelou-surpresas dignas de documentários de terror, uns, e de boa vontade sem formação adequada, noutros casos. Algumas das publicações acima enunciadas descrevem estas situações, com manutenção de anonimato das instituições, de acordo com as regras deontológicas de investigação académica.

Outros ODS foram também alvo da investigação-acção empreendida neste ano sabático, como pode ser verificado nas publicações e comunicações orais, bem como nas colunas 3 e 5 do Quadro 1, no que respeita a teses de ME-EAIC, e na supervisaõ do pós-doc acima mencionado.

A falta de formação de agentes sociais no âmbito social não formal e informal deu origem a vários cursos breves, solicitados por vários grupos e organizações, acima mencionados. Com efeito, a débil formação em educação não formal e informal, sobretudo de adultos, em Portugal é grave, reconhecido ao nível europeu (AAVV, 2020) e  no qual a UMINHO deve continuar a apostar, revendo, no meu entendimento, os conteúdos da formação ministrada, num esforço de actualização inevitável e contínuo, se queremos continuar a ser credíveis.

Por fim, salientar que há muitos anos que todas as actividades de formação científica e de extensão universitária são ministradas em regime de voluntariado.

Monsul, 7 de Setembro de 2020, Clara Costa Oliveira; Professora Associada com Agregação

EPALE| A inclusão social da população em envelhecimento

A INCLUSÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO EM ENVELHECIMENTO E A APRENDIZAGEM INTERGERACIONAL (I)

por Carlos Ribeiro, Caixa de Mitos – EPALE

O que entendemos por inclusão social da população em envelhecimento é matéria relevante para entramos no desafio da EPALE que pretende que este assunto e o da aprendizagem intergeracional sejam objeto de debates e iniciativas ao longo do mês de dezembro 2020.

Da nossa parte na Comunidade de Prática desejamos contribuir com 10 CASOS, experiências ou práticas promissoras que alimentem a reflexão a nível europeu.

Podemos pegar no tema pelo seu inverso, ou seja, questionar de forma simples e clara: será que à medida que as pessoas envelhecem elas ficam mais expostas ao risco de exclusão social?

Indicadores

Que indicadores podemos associar a uma situação de exclusão social?

  • viver isolado, de forma solitária e sem interações sociais. Neste caso, excepto para as situações que resultem de opções da própria pessoa, podemos admitir que a vida à margem de uma dinâmica social mínima pode ser causa para sofrimento e para uma exposição a perigos, por ausência de retaguarda, que pode ser causa de acidentes de natureza diversa;
  • viver sem os recursos básicos e essenciais a uma vida digna por redução drástica nos rendimentos. Neste caso estamos a identificar a exclusão mais direta das necessidades de sobrevivência, mas também a exclusão de outros serviços e produtos relacionados com o bem-estar, desde a alimentação, ao lazer e à cultura;
  • viver com problemas sistemáticos de saúde em consequência da progressão da idade. Neste caso estamos a fazer apelo às questões da mobilidade, mas também à fraca disposição para a interação social. Também o tempo investido nas tarefas de manutenção da forma física e mental reduzem o tempo de uma organização quotidiana disponível para a vida coletiva e para se reequilibrar através dos outros;

Referimos três, apenas três para começar, campos de exclusão social: Logístico, económico e sanitário.

Que soluções existem?

Que soluções, que deram as suas provas, podemos tomar em conta no combate ao isolamento de pessoas que se encontram marginalizadas da vida da comunidade local?

Que experiências podem ser mobilizadas para fazer face às dificuldades económicos das pessoas em envelhecimento e apoiar o aumento de rendimento ou apoiar a superar carências concretas através de compensações?

Que soluções já foram experimentadas para dar mais tempo de vida efetiva a pessoas doentes e em agravamento do seu estado de saúde?

Carlos Ribeiro
EPALE – INFONET | Cooperar para inovar nos Centros Qualifica

PRAÇA DAS REDES | 4 de novembro | EPALE – INFONET Comunidade de Prática | Um ponto de situação das diversas atividades levadas a efeito no quadro da CoP procurando simultaneamente desenhar as bases de atuação que se oferecem a cada membro nos próximos tempos.

por Carlos Ribeiro, facilitador da CoP – Comunidade de Prática

O funcionamento da CoP assenta em pontos de interesse individuais e colectivos que mobilizam os membros da Comunidade de Prática para a ação.

Os ponto de interesse que foram sendo dinamizados desde o início da atividade da CoP foram os seguintes:

A – Pontos relacionados com toda a temática da ADAPTAÇÃO DO FUNCIONAMENTO dos Centros Qualifica à nova realidade provocada pela pandemia COVID-19 – chamemos-lhe ADAPTAR-F para nos organizarmos melhor;

B – Iniciativas ou ideias em novos domínios de desenvolvimento relacionados com a INOVAÇÃO para além do ADAPTAR-F; chamemos-lhe para o mesmo efeito PINIV (Pequenas Iniciativas de Inovação nos Centros Qualifica;

C – Ideias para novos projetos, com potencial de candidatura a fundos públicos, no âmbito do ESTALEIRO DE PROJETOS.

Listando, tanto quanto possível, os temas, subtemas, ideias, iniciativas , projetos até agora apresentados no âmbito da CoP podemos sistematizar as listagens nos seguintes termos:

A – NO ÂMBITO ESPECÍFICO DO ADAPTAR-F

I – COORDENADORES E EQUIPAS DOS CENTROS

1 – Apoiar as Equipas dos Centros nas mudanças provocadas principalmente pelo teletrabalho

2 – Dinamizar a participação e a mobilização da inteligência colectiva nas Equipas dos Centros através de acções concretas de envolvimento e de trabalho colaborativo

3 – Partilhar ferramentas digitais entre membros da Equipa do Centro

II – FORMADORES

Iniciativas de base formativa para Aprender

  • 4 -De forma lúdica
  • 5 – Com os outros
  • 6 – Através de projectos
  • 7 – Indo à descoberta
  • 8 – Com as artes
  • 9 – Através de causas locais
  • 10 – Com experiências do passado
  • 11 – A aprender

III – TORVC

12 – Captar novas inscrições através dos diversos meios e formas de comunicação menos utilizadas

13 – Acolher novos participantes sem ser presencialmente

14 – Organizar o funcionamento colectivo da Equipa do Centro para uma abordagem do Referencial de Competências – chave ao longo do processo de elaboração da História de Vida e não apenas no início;

Esta três áreas de auto-organização das Equipas dos Centros foram pulverizadas em Pequenos Laboratórios e o convite foi dirigido para que todos os membros da CoP escolhesse pelo menos UM LABORATÓRIO para poder trocar ideias e realizar experiências, por sua  vez a serem partilhadas para dar origem a novas construções para cada um dos temas.

B – NO ÂMBITO ESPECÍFICO DO PINIV – Pequenas Iniciativas de Inovação

15 – Os PINs da certificação informal de Competências | Uma abordagem experimental aos OPEN BADGES
16 – Autoformação na CoP | formação entre pares | Como organizar um Webinário a partir de relatos de experiênciasC –

C – NO ÂMBITO DAS IDEIAS PARA NOVOS PROJETOS VISANDO CANDIDATURAS A FUNDOS PÚBLICOS

17 – Webinário Erasmus+ – Criatividade
18 – Candidatura da CoP ao Erasmus* – KA2
18 – Webinário Estaleiro de Projectos
19 – Microprojeto “Nada sobre Nós sem Nós” – criação de um clube de adultos
20 – Microprojecto “Novos modelos de governança partilhada” Os adultos aprendentes nas reuniões da Equipa do centro
21 – Microprojecto “Aprender em espaço público” Percursos pela localidade e história local (editado) 

ATIVIDADES DE ANIMAÇÃO DA COMUNIDADE DE PRÁTICA

  • WEBINARS TEMÁTICOS
  • CADERNOS EPALE – INFONET
  • PLATAFORMA SLACK
  • POSTAIS – ENIGMAS
  • HISTÓRIAS PARA A EPALE EUROPA
  • REUNIÕES – SESSÕES ZOOM

COORDENADORES TEMÁTICOS E FACILITADORES DA COMUNICADE DE PRÁTICA

  • Rosa Vieira – Coordenadores
  • Francisca Borges – Formadores
  • Júlia Bentes – TORVC
  • Carlos Ribeiro – Facilitador
  • Colaborações de: Etelberto Costa; Acir Meireles, Paulo Dias e José Lagarto

Carlos Ribeiro, 4 de novembro 2020

É possível ser professor e rejeitar o imperativo da autoconstrução do saber?

Praça das Redes | 5 de outubro 2020 | Carlos Ribeiro | Hoje Dia Mundial do Professor, escrevo duas palavras, corrijo, três ou quatro. A grande angústia do professor é que ele já não é que o que era dantes e não sabe o que é ser depois. Mas com isto pode ele bem.

Problema, problema é a mentira da transmissão.

Disseram que era a essência da profissão, transmitir conhecimentos e sentidos para as coisas e afinal, não é nada disso.

No plano sociológico, há hoje uma clarificação do ser social para o qual a transmissão foi pensada que afasta toda e qualquer atuação que não tenha em conta a subjetivação e o homem plural e, consequentemente, coloque o processo das aprendizagens do lado do aprendente exigindo uma nova relação pedagógica absolutamente ajustada aos mecanismos individuais da apropriação ativa. Mesmo o habitus de Bourdieu, que legitimava tanta coisa nesta esfera, evaporou-se e as abordagens estruturalistas, que emprestavam ao assunto um ar de seriedade inquestionável, caíram em desgraça. Tornou-se impossível ignorar o imperativo da auto-construção do saber.

No plano psicológico, as teorias monolíticas tais como o freudismo e o comportamentalismo (infelizmente para os comportamentalistas já não se pode afirmar que em relação à mente só se consegue medir os stimuli , ou seja as entradas e as saídas, o resto seria uma caixa negra indicifrável), que fazem da aprendizagem um processo principalmente dependente de elementos externos, importa reafirmar que o mecanismo complexo da construção activa dos conhecimentos desenvolve-se de forma exigente no processamento sistemático da informação (percepção, atenção, representações, memorização, problematização, organização cognitiva e metacognição) o que torna o sujeito aprendente muito mais desafiador e coloca os processos de tiro ao alvo do conhecimento transmitido, como algo enfadonho e numa linguagem produtivista, taylorista.

E não são as metodologias activas que alteram a essência da questão. Ser muito dinâmico num processo de transmissão resulta apenas numa transmissão mais animada e menos violenta para o alvo do processo educativo ou formativo.

Mas se as abordagens pela mediação pedagógica são muito mais apaixonantes  e se a desvalorização dos processos prescritivos, de controlo social e de condicionamento que estão associados à transmissão na ação formativa emerge como pouco ou nada interessante, porque é que os professores não rasgam definitivamente o Manual da Transmissão que tanto os angustia?

Carlos Ribeiro, Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social.

O Presidente que fez um processo RVCC, Então eu passei?

Praça das Redes | 19 setembro 2020 | Jorge Sampaio e a educação de adultos | Na foto com o seu Dossiê RVCC.

A propósito dos 81 anos de Jorge Sampaio e das formas de estar no espaço público recordo um aspeto muito peculiar deste ex-Presidente da República que foi para muitos portugueses uma inspiração e um exemplo em matéria de posicionamento ético e de defesa do pluralismo que estrutura a própria democracia.

Recentemente um ato institucional e de comunicação que levou Marcelo Rebelo de Sousa a uma operação de valorização do slogan “nunca é tarde para aprender” que é alimentado pela Agência Nacional para as Qualificações e o Ensino Profissional e que procura mobilizar os adultos com baixas qualificações para processos formativos e de reconhecimento e validação de competências, traduziu-se numa sessão realizada em Belém que envolveu Nelson Semedo um jogador de futebol.

Sampaio colaborou no dossiê

De fato podemos falar de estilos e de relacionamento muito diferentes do mais Alto-Magistrado da nação e sobretudo de preocupações bem distintas com a participação em eventos de projeção e interesse nacional. Uma coisa é a mediatização das ações, as selfies, os abraços e os beijinhos,

outra é a compreensão sobre o funcionamento dos sistemas, partilhar as potencialidades e as dificuldades e acompanhar a reflexão produzida sobre o impacto das políticas públicas na sociedade.

Jorge Sampaio, para o mesmo objetivo que o citado para Marcelo, passou uma jornada numa aldeia situada a Norte do país, colaborou antecipadamente à sua visita num processo de RVCC relativo às suas próprias competências realizado por adultos da localidade em apreço e presidiu a um Júri tendo assistido e participado em todas as fases daquela atividade tida por avaliativa.

Interesse pelo futuro dos adultos

Depois do júri de RVCC Sampaio preocupou-se com os projetos das pessoas e das consequências concretas que teria o investimento que cada adulto realizou nesta atividade de educação de adultos.

O dossiê com as evidências e a relação com o Referencial de Competências foi apresentado ao Presidente que reconheceu alguns dos contributos que deu nos meses que antecederam a sua visita e do então Ministro da Educação David Justino.

Jorge Sampaio não foi à aldeia onde ocorreu esta dinâmica para fazer discursos. Tinha sempre uma pergunta para fazer e sobre o seu processo RVCC teve a humildade de perguntar “então e eu, passei?“.

Carlos Ribeiro