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EA | Uma rede informal de apoio à inclusão de migrantes e refugiados

PRAÇA DAS REDES | 8 de dezembro 2020 | Conclusões de Relatório

 Clara Costa Oliveira, Professora Associada com Agregação, irradia no seu contexto de intervenção imensas energias e incentiva aqueles que a acompanham a realizarem voos audazes, com destaque para os interventores na área da educação de adultos. Depois de um período sabático sistematizou no seu Relatório de Sabática as suas experiências e reflexões. Transcrevemos aqui as conclusões que incorporam ensinamentos relevantes para os atores da educação-aprendizagem ao longo da vida.

Este ano sabático mudou a minha vida profissional e consolidou epistemologicamente a investigação-acção que sempre empreendi, desde o meu mestrado. A importância de ser um entre pares na pesquisa quando se trabalha com pessoas, foi extraordinariamente reforçada, especialmente junto de população migrante e refugiada. Vali-me sempre da minha vinculação epistemológica e epistémica ao paradigma de complexidade, que aprofundei e desenvolvi face à educação não formal e informal, como alguns artigos demonstram, bem como os trabalhos científicos por mim supervisionados.

A vinculação ao paradigma da complexidade e à metodologia de investigação-acção suportam a inserção neste relatório académico de métodos aparentemente não académicos de pesquisa, mas que se revelaram fundamentais para a inclusão dos públicos acima mencionados, principal foco da concretização da investição-acção do ODS Educar para a Paz. Os documentos por mim produzidos, bem como textos de público-alvo, e de orientandos por mim  supervisionados, assim demonstram na avaliação desse tipo de actividades, promotoras de alegria e bem-estar, base da saúde de qualquer pessoa.

Seguindo Antonovsky (1987), descobri, reinventei e socorri-me de competências que possuía para poder intervir e formar quem comigo actuou junto daquele tipo de população-alvo. Nesse sentido, a formação certificada em dança e coreografia, bem como a não certificada em yoga e meditação de yoga (que pratico há 30 anos) foram assumidos como recursos de resistência para ajudar a que pessoas sem sentido de identidade, sem tecto, discriminadas, sem literacia, etc, se auto-organizassem autopoiticamente, ao seu próprio ritmo (Oliveira, 1999). De igual modo me foi muito útil ter começado a minha experiência como docente como professora do 2º ciclo de francês (com habilitações certificadas pelo curso completo da Alliance Française).

Trabalhar com migrantes e refugiados exigiu uma pesquisa que aqui não pode ser demonstrada; estudar com pormenor diferenças intra religiosas (para além da inter religiosa, obviamente), compreender a situação geo-política de zonas do mundo que me pareciam distantes, pesquisar danças com cariz antropológico e religioso, é algo que foi continuamente sido feito, e ainda continua. Coordeno, após o ano sabático, uma rede informal de apoio à inclusão de migrantes e refugiados, onde todos agimos como voluntários, em todas as áreas que nos é solicitada ajuda. Esta rede comunica continuamente com pesquisadores nacionais e brasileiros da mesma área, bem como ji«unto da EPALE, cujos resultados deveriam ter sido apresentados no âmbito desta sabática, no Congresso Internacional do CEHUM, acima mencionado, e que por duas vezes teve que ser adiado, estando agora previsto para Abril de 2021.

A dimensaõ artística foi utilizada em todas as actividades mencionadas como relacionadas com a Educação para a Paz, bem como na supervisão e formação de técnicos superiores de educação em danças circulares; veja-se em especial os relatórios 1,2,8,9, do Quadro 1.

Aquando do Congresso do CEHUM acima mencionado, espero ter já escrito um artigo em co-autoria com um dos refugiados dos quais fui mentora do ACM sobre a filosofia da educação de Gulen, assim como ter adiantado um livro digitalizado sobre precursos de fuga de algumas das pessoas com as quais partilhei a pesquisa empreendida neste ano sabático; vários testemunhos estão já recolhidos, mas o ano lectivo com COVID 19 veio atrasar a sua concretização.

Ainda no âmbito dos ODS, o conhecimento por dentro de algumas instituições ditas de acolhimento, integração e inclusão deste tipo de população revelou-surpresas dignas de documentários de terror, uns, e de boa vontade sem formação adequada, noutros casos. Algumas das publicações acima enunciadas descrevem estas situações, com manutenção de anonimato das instituições, de acordo com as regras deontológicas de investigação académica.

Outros ODS foram também alvo da investigação-acção empreendida neste ano sabático, como pode ser verificado nas publicações e comunicações orais, bem como nas colunas 3 e 5 do Quadro 1, no que respeita a teses de ME-EAIC, e na supervisaõ do pós-doc acima mencionado.

A falta de formação de agentes sociais no âmbito social não formal e informal deu origem a vários cursos breves, solicitados por vários grupos e organizações, acima mencionados. Com efeito, a débil formação em educação não formal e informal, sobretudo de adultos, em Portugal é grave, reconhecido ao nível europeu (AAVV, 2020) e  no qual a UMINHO deve continuar a apostar, revendo, no meu entendimento, os conteúdos da formação ministrada, num esforço de actualização inevitável e contínuo, se queremos continuar a ser credíveis.

Por fim, salientar que há muitos anos que todas as actividades de formação científica e de extensão universitária são ministradas em regime de voluntariado.

Monsul, 7 de Setembro de 2020, Clara Costa Oliveira; Professora Associada com Agregação

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