EPALE | Amanhã aprende-se nas prisões

PRAÇA DAS REDES | 16 de dezembro 2020 | INFO EPALE

EPALE discussion: Basic Skills Provision in Prisons 
Make the most of EPALE by logging into your account. This will allow you to rate and comment on content, and it will give you access to our full range of features. Dear EPALE colleagues, we are pleased to announce that on 17 December 2020 from 2 pm to 4 pm (CET) EPALE is hosting an online discussion that will address basic skills provision in prisons to elaborate on its potentials to support the social inclusion of adults in prisons.The discussion will have a brand new live streaming format with international experts who will share their experiences in the theme. Our guest speakers will be James King (Head of Learning & Skills from the Scottish Prison Service and new Secretary of the European Prison Education Association) and Maria Toia (EBSN’s expert in adult education and pedagogy).►Join the discussion and post your comments and questions for our experts here! EPALE’s Latest ContentHow digital arts can contribute to the social inclusion of elderly people (EN)Elderly people affected by dementia and other degenerative brain diseases can benefit from innovative practices, and the training of professionals is essential now more than ever.Social inclusion of the ageing population: summary of the discussion’s contributions (EN, SK, ES, CS, LV, ME)During the online discussion on the social inclusion of the ageing population and intergenerational learning EPALE hosted lots of interesting and relevant contributions from its community. Let’s have a look on what happened!EPALE OER collection and MOOC on Introduction to Adult Numeracy Training (EN, DE, ES, HU, SV, EL, ME)Although numeracy has always been an essential element in basic skills training programs, it is often not in the forefront for basic skills policies and practice. Therefore, our OER collection and MOOC made in collaboration with the European Basic Skills Network will aim to provide an introduction to adult numeracy training.EPALE interviews: Graciela Sbertoli – European Basic Skills Network (EN, ES, EL, DE) We talked with Graciela Sbertoli, General Secretary of the European Basic Skills Network, about how the adult learning provision sector is reacting to the current pandemic.Mining Memories. Mobile programmes for senior citizens (EN, DE)How can culture be brought to the elderly? Anja Hoffmann reports from the LWL Industrial Museum on how museums are managing the interplay between memory, imparting knowledge, and accessibility. Make the most of EPALE by logging into your account. This will allow you to rate and comment on content, and it will give you access to our full range of features.
EA | Uma rede informal de apoio à inclusão de migrantes e refugiados

PRAÇA DAS REDES | 8 de dezembro 2020 | Conclusões de Relatório

 Clara Costa Oliveira, Professora Associada com Agregação, irradia no seu contexto de intervenção imensas energias e incentiva aqueles que a acompanham a realizarem voos audazes, com destaque para os interventores na área da educação de adultos. Depois de um período sabático sistematizou no seu Relatório de Sabática as suas experiências e reflexões. Transcrevemos aqui as conclusões que incorporam ensinamentos relevantes para os atores da educação-aprendizagem ao longo da vida.

Este ano sabático mudou a minha vida profissional e consolidou epistemologicamente a investigação-acção que sempre empreendi, desde o meu mestrado. A importância de ser um entre pares na pesquisa quando se trabalha com pessoas, foi extraordinariamente reforçada, especialmente junto de população migrante e refugiada. Vali-me sempre da minha vinculação epistemológica e epistémica ao paradigma de complexidade, que aprofundei e desenvolvi face à educação não formal e informal, como alguns artigos demonstram, bem como os trabalhos científicos por mim supervisionados.

A vinculação ao paradigma da complexidade e à metodologia de investigação-acção suportam a inserção neste relatório académico de métodos aparentemente não académicos de pesquisa, mas que se revelaram fundamentais para a inclusão dos públicos acima mencionados, principal foco da concretização da investição-acção do ODS Educar para a Paz. Os documentos por mim produzidos, bem como textos de público-alvo, e de orientandos por mim  supervisionados, assim demonstram na avaliação desse tipo de actividades, promotoras de alegria e bem-estar, base da saúde de qualquer pessoa.

Seguindo Antonovsky (1987), descobri, reinventei e socorri-me de competências que possuía para poder intervir e formar quem comigo actuou junto daquele tipo de população-alvo. Nesse sentido, a formação certificada em dança e coreografia, bem como a não certificada em yoga e meditação de yoga (que pratico há 30 anos) foram assumidos como recursos de resistência para ajudar a que pessoas sem sentido de identidade, sem tecto, discriminadas, sem literacia, etc, se auto-organizassem autopoiticamente, ao seu próprio ritmo (Oliveira, 1999). De igual modo me foi muito útil ter começado a minha experiência como docente como professora do 2º ciclo de francês (com habilitações certificadas pelo curso completo da Alliance Française).

Trabalhar com migrantes e refugiados exigiu uma pesquisa que aqui não pode ser demonstrada; estudar com pormenor diferenças intra religiosas (para além da inter religiosa, obviamente), compreender a situação geo-política de zonas do mundo que me pareciam distantes, pesquisar danças com cariz antropológico e religioso, é algo que foi continuamente sido feito, e ainda continua. Coordeno, após o ano sabático, uma rede informal de apoio à inclusão de migrantes e refugiados, onde todos agimos como voluntários, em todas as áreas que nos é solicitada ajuda. Esta rede comunica continuamente com pesquisadores nacionais e brasileiros da mesma área, bem como ji«unto da EPALE, cujos resultados deveriam ter sido apresentados no âmbito desta sabática, no Congresso Internacional do CEHUM, acima mencionado, e que por duas vezes teve que ser adiado, estando agora previsto para Abril de 2021.

A dimensaõ artística foi utilizada em todas as actividades mencionadas como relacionadas com a Educação para a Paz, bem como na supervisão e formação de técnicos superiores de educação em danças circulares; veja-se em especial os relatórios 1,2,8,9, do Quadro 1.

Aquando do Congresso do CEHUM acima mencionado, espero ter já escrito um artigo em co-autoria com um dos refugiados dos quais fui mentora do ACM sobre a filosofia da educação de Gulen, assim como ter adiantado um livro digitalizado sobre precursos de fuga de algumas das pessoas com as quais partilhei a pesquisa empreendida neste ano sabático; vários testemunhos estão já recolhidos, mas o ano lectivo com COVID 19 veio atrasar a sua concretização.

Ainda no âmbito dos ODS, o conhecimento por dentro de algumas instituições ditas de acolhimento, integração e inclusão deste tipo de população revelou-surpresas dignas de documentários de terror, uns, e de boa vontade sem formação adequada, noutros casos. Algumas das publicações acima enunciadas descrevem estas situações, com manutenção de anonimato das instituições, de acordo com as regras deontológicas de investigação académica.

Outros ODS foram também alvo da investigação-acção empreendida neste ano sabático, como pode ser verificado nas publicações e comunicações orais, bem como nas colunas 3 e 5 do Quadro 1, no que respeita a teses de ME-EAIC, e na supervisaõ do pós-doc acima mencionado.

A falta de formação de agentes sociais no âmbito social não formal e informal deu origem a vários cursos breves, solicitados por vários grupos e organizações, acima mencionados. Com efeito, a débil formação em educação não formal e informal, sobretudo de adultos, em Portugal é grave, reconhecido ao nível europeu (AAVV, 2020) e  no qual a UMINHO deve continuar a apostar, revendo, no meu entendimento, os conteúdos da formação ministrada, num esforço de actualização inevitável e contínuo, se queremos continuar a ser credíveis.

Por fim, salientar que há muitos anos que todas as actividades de formação científica e de extensão universitária são ministradas em regime de voluntariado.

Monsul, 7 de Setembro de 2020, Clara Costa Oliveira; Professora Associada com Agregação

EPALE| A inclusão social da população em envelhecimento

A INCLUSÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO EM ENVELHECIMENTO E A APRENDIZAGEM INTERGERACIONAL (I)

por Carlos Ribeiro, Caixa de Mitos – EPALE

O que entendemos por inclusão social da população em envelhecimento é matéria relevante para entramos no desafio da EPALE que pretende que este assunto e o da aprendizagem intergeracional sejam objeto de debates e iniciativas ao longo do mês de dezembro 2020.

Da nossa parte na Comunidade de Prática desejamos contribuir com 10 CASOS, experiências ou práticas promissoras que alimentem a reflexão a nível europeu.

Podemos pegar no tema pelo seu inverso, ou seja, questionar de forma simples e clara: será que à medida que as pessoas envelhecem elas ficam mais expostas ao risco de exclusão social?

Indicadores

Que indicadores podemos associar a uma situação de exclusão social?

  • viver isolado, de forma solitária e sem interações sociais. Neste caso, excepto para as situações que resultem de opções da própria pessoa, podemos admitir que a vida à margem de uma dinâmica social mínima pode ser causa para sofrimento e para uma exposição a perigos, por ausência de retaguarda, que pode ser causa de acidentes de natureza diversa;
  • viver sem os recursos básicos e essenciais a uma vida digna por redução drástica nos rendimentos. Neste caso estamos a identificar a exclusão mais direta das necessidades de sobrevivência, mas também a exclusão de outros serviços e produtos relacionados com o bem-estar, desde a alimentação, ao lazer e à cultura;
  • viver com problemas sistemáticos de saúde em consequência da progressão da idade. Neste caso estamos a fazer apelo às questões da mobilidade, mas também à fraca disposição para a interação social. Também o tempo investido nas tarefas de manutenção da forma física e mental reduzem o tempo de uma organização quotidiana disponível para a vida coletiva e para se reequilibrar através dos outros;

Referimos três, apenas três para começar, campos de exclusão social: Logístico, económico e sanitário.

Que soluções existem?

Que soluções, que deram as suas provas, podemos tomar em conta no combate ao isolamento de pessoas que se encontram marginalizadas da vida da comunidade local?

Que experiências podem ser mobilizadas para fazer face às dificuldades económicos das pessoas em envelhecimento e apoiar o aumento de rendimento ou apoiar a superar carências concretas através de compensações?

Que soluções já foram experimentadas para dar mais tempo de vida efetiva a pessoas doentes e em agravamento do seu estado de saúde?

Carlos Ribeiro
EPALE – INFONET | Cooperar para inovar nos Centros Qualifica

PRAÇA DAS REDES | 4 de novembro | EPALE – INFONET Comunidade de Prática | Um ponto de situação das diversas atividades levadas a efeito no quadro da CoP procurando simultaneamente desenhar as bases de atuação que se oferecem a cada membro nos próximos tempos.

por Carlos Ribeiro, facilitador da CoP – Comunidade de Prática

O funcionamento da CoP assenta em pontos de interesse individuais e colectivos que mobilizam os membros da Comunidade de Prática para a ação.

Os ponto de interesse que foram sendo dinamizados desde o início da atividade da CoP foram os seguintes:

A – Pontos relacionados com toda a temática da ADAPTAÇÃO DO FUNCIONAMENTO dos Centros Qualifica à nova realidade provocada pela pandemia COVID-19 – chamemos-lhe ADAPTAR-F para nos organizarmos melhor;

B – Iniciativas ou ideias em novos domínios de desenvolvimento relacionados com a INOVAÇÃO para além do ADAPTAR-F; chamemos-lhe para o mesmo efeito PINIV (Pequenas Iniciativas de Inovação nos Centros Qualifica;

C – Ideias para novos projetos, com potencial de candidatura a fundos públicos, no âmbito do ESTALEIRO DE PROJETOS.

Listando, tanto quanto possível, os temas, subtemas, ideias, iniciativas , projetos até agora apresentados no âmbito da CoP podemos sistematizar as listagens nos seguintes termos:

A – NO ÂMBITO ESPECÍFICO DO ADAPTAR-F

I – COORDENADORES E EQUIPAS DOS CENTROS

1 – Apoiar as Equipas dos Centros nas mudanças provocadas principalmente pelo teletrabalho

2 – Dinamizar a participação e a mobilização da inteligência colectiva nas Equipas dos Centros através de acções concretas de envolvimento e de trabalho colaborativo

3 – Partilhar ferramentas digitais entre membros da Equipa do Centro

II – FORMADORES

Iniciativas de base formativa para Aprender

  • 4 -De forma lúdica
  • 5 – Com os outros
  • 6 – Através de projectos
  • 7 – Indo à descoberta
  • 8 – Com as artes
  • 9 – Através de causas locais
  • 10 – Com experiências do passado
  • 11 – A aprender

III – TORVC

12 – Captar novas inscrições através dos diversos meios e formas de comunicação menos utilizadas

13 – Acolher novos participantes sem ser presencialmente

14 – Organizar o funcionamento colectivo da Equipa do Centro para uma abordagem do Referencial de Competências – chave ao longo do processo de elaboração da História de Vida e não apenas no início;

Esta três áreas de auto-organização das Equipas dos Centros foram pulverizadas em Pequenos Laboratórios e o convite foi dirigido para que todos os membros da CoP escolhesse pelo menos UM LABORATÓRIO para poder trocar ideias e realizar experiências, por sua  vez a serem partilhadas para dar origem a novas construções para cada um dos temas.

B – NO ÂMBITO ESPECÍFICO DO PINIV – Pequenas Iniciativas de Inovação

15 – Os PINs da certificação informal de Competências | Uma abordagem experimental aos OPEN BADGES
16 – Autoformação na CoP | formação entre pares | Como organizar um Webinário a partir de relatos de experiênciasC –

C – NO ÂMBITO DAS IDEIAS PARA NOVOS PROJETOS VISANDO CANDIDATURAS A FUNDOS PÚBLICOS

17 – Webinário Erasmus+ – Criatividade
18 – Candidatura da CoP ao Erasmus* – KA2
18 – Webinário Estaleiro de Projectos
19 – Microprojeto “Nada sobre Nós sem Nós” – criação de um clube de adultos
20 – Microprojecto “Novos modelos de governança partilhada” Os adultos aprendentes nas reuniões da Equipa do centro
21 – Microprojecto “Aprender em espaço público” Percursos pela localidade e história local (editado) 

ATIVIDADES DE ANIMAÇÃO DA COMUNIDADE DE PRÁTICA

  • WEBINARS TEMÁTICOS
  • CADERNOS EPALE – INFONET
  • PLATAFORMA SLACK
  • POSTAIS – ENIGMAS
  • HISTÓRIAS PARA A EPALE EUROPA
  • REUNIÕES – SESSÕES ZOOM

COORDENADORES TEMÁTICOS E FACILITADORES DA COMUNICADE DE PRÁTICA

  • Rosa Vieira – Coordenadores
  • Francisca Borges – Formadores
  • Júlia Bentes – TORVC
  • Carlos Ribeiro – Facilitador
  • Colaborações de: Etelberto Costa; Acir Meireles, Paulo Dias e José Lagarto

Carlos Ribeiro, 4 de novembro 2020

NEET | Conferência Internacional da rede RNYN

PRAÇA DAS REDES | 12 de outubro 2020 | AGENDA | A rede RNYN (Rural NEET Youth Network) irá realizar uma conferência internacional online dedicada ao tema Education: What’s next? Formal education & training and the transition from school to work in rural areas.

O evento irá decorrer integralmente online nos dias 27 e 28 de Janeiro de 2020 e a admissão é gratuita.

A conferência pretende ser um espaço de partilha e discussão sobre a importância da educação formal e formação na transição para o mercado de trabalho dos jovens em contextos rurais.

Todos os investigadores, técnicos de juventude, técnicos de intervenção social, professores e outros profissionais da área da educação e juventude, estão convidados a submeter propostas de comunicações orais.

A submissão de resumos foi alargada até ao dia 31 de outubro.

Para maiores informações sobre o evento visite o site da Conferência, aqui.

Vídeo promocional

É possível ser professor e rejeitar o imperativo da autoconstrução do saber?

Praça das Redes | 5 de outubro 2020 | Carlos Ribeiro | Hoje Dia Mundial do Professor, escrevo duas palavras, corrijo, três ou quatro. A grande angústia do professor é que ele já não é que o que era dantes e não sabe o que é ser depois. Mas com isto pode ele bem.

Problema, problema é a mentira da transmissão.

Disseram que era a essência da profissão, transmitir conhecimentos e sentidos para as coisas e afinal, não é nada disso.

No plano sociológico, há hoje uma clarificação do ser social para o qual a transmissão foi pensada que afasta toda e qualquer atuação que não tenha em conta a subjetivação e o homem plural e, consequentemente, coloque o processo das aprendizagens do lado do aprendente exigindo uma nova relação pedagógica absolutamente ajustada aos mecanismos individuais da apropriação ativa. Mesmo o habitus de Bourdieu, que legitimava tanta coisa nesta esfera, evaporou-se e as abordagens estruturalistas, que emprestavam ao assunto um ar de seriedade inquestionável, caíram em desgraça. Tornou-se impossível ignorar o imperativo da auto-construção do saber.

No plano psicológico, as teorias monolíticas tais como o freudismo e o comportamentalismo (infelizmente para os comportamentalistas já não se pode afirmar que em relação à mente só se consegue medir os stimuli , ou seja as entradas e as saídas, o resto seria uma caixa negra indicifrável), que fazem da aprendizagem um processo principalmente dependente de elementos externos, importa reafirmar que o mecanismo complexo da construção activa dos conhecimentos desenvolve-se de forma exigente no processamento sistemático da informação (percepção, atenção, representações, memorização, problematização, organização cognitiva e metacognição) o que torna o sujeito aprendente muito mais desafiador e coloca os processos de tiro ao alvo do conhecimento transmitido, como algo enfadonho e numa linguagem produtivista, taylorista.

E não são as metodologias activas que alteram a essência da questão. Ser muito dinâmico num processo de transmissão resulta apenas numa transmissão mais animada e menos violenta para o alvo do processo educativo ou formativo.

Mas se as abordagens pela mediação pedagógica são muito mais apaixonantes  e se a desvalorização dos processos prescritivos, de controlo social e de condicionamento que estão associados à transmissão na ação formativa emerge como pouco ou nada interessante, porque é que os professores não rasgam definitivamente o Manual da Transmissão que tanto os angustia?

Carlos Ribeiro, Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social.

Ana Vale, uma humanista facilitadora de inovação

PR | 28 de setembro de 2020 | Informação

por Carlos Ribeiro

Deixou-nos Ana Vale e com ela desaparece a referência central da Inovação Social em Portugal cuja expressão máxima residiu na Iniciativa Comunitária EQUAL que funcionou entre 2001 e 2007.

As marcas do Programa foram de tal ordem que a sua eliminação pura e dura depois do primeiro ciclo de execução representa o primeiro grande sinal da imposição do neoliberalismo nas políticas da União Europeia e o fim das expectativas de um Estado Social com outras vertentes que não as destinadas à mera remediação.

Exigência e flexibilidade

Ana Vale era conhecida pelo rigor e pela persistência nos objetivos e nos rumos definidos. Combinava exigência com flexibilidade. Ouvia e incentivava a escuta activa em todos os sistemas de inovação.

Com ela alguns conceitos fundamentais como discriminação, empoderamento, participação, comunidade de prática, interculturalidade, responsabilidade social, inclusão, parceria, rede, empreendedorismo social, e muitos outros, passaram a ter um novo significado e uma nova abordagem no processo de mudança e inovação social no país.

Nada sobre nós, sem nós!

Nada sem nós, sobre nós! Foi o grande Manifesto dos discriminados e desfavorecidos deste país que tiveram palco, presença e participação activa nos seus destinos durante os anos de vigência da IC Equal e da liderança facilitadora de Ana Vale.

Quando o primeiro ciclo da IC Equal terminou foi proposto que 5% das verbas do FSE fossem dedicadas à Inovação Social para intensificar o esforço colectivo realizado e fornecer uma nova escala às experiências bem-sucedidas daquela fase inicial. A recusa desta proposta em nome de uma futura abordagem transversal da inovação social bloqueou um autêntico Movimento de esperança e de potencial reforço da coesão social, da criatividade colectiva e da justiça social.

O assassinato deliberado

Depois deste assassinato, Ana Vale nunca mais acreditou na possibilidade de uma mudança social a sério no país.

Recentemente quando surgiu o Programa DLBC – Desenvolvimento Local de Base Comunitária no qual antevi elementos muito próximos das estratégias da IC Equal e envolvi-me nas iniciativas de dinamização do programa, contactei a Ana Vale para ela participar numa sessão sobre Inovação Social e ela respondeu-me “Ó Carlos você ainda acredita nessas coisas!”.

Para além da Equal

Foi esta amargura e de alguma forma a desilusão que levou uma pessoa discreta por natureza a retirar-se do espaço público e a colocar-se numa posição reservada, privando o país de saberes e uma experiência absolutamente únicos.

Ana Vale não foi só IC Equal. Foi muito mais que um Programa Europeu. Foi a todos os títulos uma mulher defensora de novos direitos e de novas condições sociais.

Uma facilitadora de inovação com profundas convicções humanistas e com uma visão única do sentido de comunidade.

Marcou-nos. Marcou-me para sempre.

© foto IC Equal .

O Presidente que fez um processo RVCC, Então eu passei?

Praça das Redes | 19 setembro 2020 | Jorge Sampaio e a educação de adultos | Na foto com o seu Dossiê RVCC.

A propósito dos 81 anos de Jorge Sampaio e das formas de estar no espaço público recordo um aspeto muito peculiar deste ex-Presidente da República que foi para muitos portugueses uma inspiração e um exemplo em matéria de posicionamento ético e de defesa do pluralismo que estrutura a própria democracia.

Recentemente um ato institucional e de comunicação que levou Marcelo Rebelo de Sousa a uma operação de valorização do slogan “nunca é tarde para aprender” que é alimentado pela Agência Nacional para as Qualificações e o Ensino Profissional e que procura mobilizar os adultos com baixas qualificações para processos formativos e de reconhecimento e validação de competências, traduziu-se numa sessão realizada em Belém que envolveu Nelson Semedo um jogador de futebol.

Sampaio colaborou no dossiê

De fato podemos falar de estilos e de relacionamento muito diferentes do mais Alto-Magistrado da nação e sobretudo de preocupações bem distintas com a participação em eventos de projeção e interesse nacional. Uma coisa é a mediatização das ações, as selfies, os abraços e os beijinhos,

outra é a compreensão sobre o funcionamento dos sistemas, partilhar as potencialidades e as dificuldades e acompanhar a reflexão produzida sobre o impacto das políticas públicas na sociedade.

Jorge Sampaio, para o mesmo objetivo que o citado para Marcelo, passou uma jornada numa aldeia situada a Norte do país, colaborou antecipadamente à sua visita num processo de RVCC relativo às suas próprias competências realizado por adultos da localidade em apreço e presidiu a um Júri tendo assistido e participado em todas as fases daquela atividade tida por avaliativa.

Interesse pelo futuro dos adultos

Depois do júri de RVCC Sampaio preocupou-se com os projetos das pessoas e das consequências concretas que teria o investimento que cada adulto realizou nesta atividade de educação de adultos.

O dossiê com as evidências e a relação com o Referencial de Competências foi apresentado ao Presidente que reconheceu alguns dos contributos que deu nos meses que antecederam a sua visita e do então Ministro da Educação David Justino.

Jorge Sampaio não foi à aldeia onde ocorreu esta dinâmica para fazer discursos. Tinha sempre uma pergunta para fazer e sobre o seu processo RVCC teve a humildade de perguntar “então e eu, passei?“.

Carlos Ribeiro

OPINIÃO | Libertem as competências da prisão neoliberal

PR | 15 setembro 2020 | OPINIÃO

Por Carlos Ribeiro, Caixa de Mitos

Nas atividades formativas que não se inscrevem nos processos lineares da formação inicial e da formação contínua e que se inscrevem no registo da educação a escolha é simples: ou se forma para a competitividade ou para a pessoa e para a sua liberdade.

Não, não! As meias tintas não valem! O argumento de ser inevitável também formar para o emprego, para a dita empregabilidade, para aquilo que “as empresas necessitam” serve apenas para autovalorizar os processos formativos e contornar o que é essencial em educação.

Precários e formação

Não iremos tanto pelo lado das teorias do precariado “porquê formar se os empregos disponíveis são precários e mal remunerados” ou dos “empregos de merda -título de David Graeber) afinal “que formação é necessária para empregos tendencialmente pouco qualificados?”, mas mais pelo lado da desocultação de um conceito feito prisioneiro pelo neoliberalismo ascendente na Europa em meados dos anos 90 do século passado e que, nos tempos que correm, está cada vez mais consolidado, para mal dos nossos pecados.

Isto a propósito das capacidades e dos saberes dos adultos que alguns teimam, propositadamente, em denominar competências.

Conceito não admite fragmentação

O conceito que na sua dimensão plena, leboterfiana, desenha um quadro de desenvolvimento e integra uma dinâmica criativa no processo de combinação das três vertentes estruturantes, o conhecimento, o desempenho técnico e a atitude adotada na situação concreta de mobilização das duas outras, foi propositadamente capturado pelo mundo empresarial e pelas estratégias desenvolvimentistas para simular inovação e uma nova abordagem (dita não-taylorista) da formação.  

As formulações foram sendo cada vez mais ambíguas, mas os resultados esperados mantiveram-se os mesmos: formar para a qualidade/produtividade na vida profissional e exigir o “zero defeitos” através de estratégias colaborativas e punitivas de formação em torno das denominadas competências.

A motivação de pacotilha

Importa destacar o aproveitamento realizado pelos “formadores de competências” que destacaram as abordagens “atitudinais” de forma isolada das outras dimensões da competência e situarem os quadro formativos principalmente das dimensões motivacionais o que justificou o surgimento dos subprodutos como os Team Buildings, os Out-doors motivacionais, as dinâmicas de equipas baseadas nas ditas competências sociais, etc.

Mas o contrabando não consegue fazer esquecer que houve o Relatório da UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI “Educação: um tesouro a descobrir” que Jacques Delors coordenou e que desta reflexão de fundo sobre o futuro da Europa emergiram 4 pilares com quatro tipos fundamentais de educação: 

  • aprender a conhecer (adquirir instrumentos de compreensão), 
  • aprender a fazer (para poder agir sobre o meio envolvente), 
  • aprender a viver juntos (cooperação com os outros em todas as atividades humanas), e finalmente 
  • aprender a ser (conceito principal que integra todos os anteriores).  

Estas quatro vias do saber, na verdade, constituem apenas uma, dado que existem pontos de interligação entre elas., eleitos como os quatro pilares fundamentais da educação.

Delors existiu, mesmo

Os 10 anos de Delors à frente da Comissão Europeia, até 1995, lançaram as bases de  uma nova visão para a educação na Europa. Entretanto surgiu Mastricht, Santer colocou-se ao leme de um barco que pessoas sinistras como Durão Barroso veio a comandar e que atualmente tem a sua continuidade com Von der Leyen do mesmo grupo ideológico.

A abordagem pelas competências se é desligada da sua dimensão libertadora e criativa reduz-se à eficácia e à eficiência útil aos negócios. Estar a funcionar numa ótica neo-talorysta do conceito deve ser triste e enganador. Mas o pior é não saber ou nem sequer pensar no assunto. Ou então aplica-se o provérbio “O pior cego é aquele que não quer ver”.

Carlos Ribeiro

OPINIÃO | O Lixo

Por Helder Costa, dramaturgo

O Lixo, aquela coisa desagradável, feia, ordinária e repelente, causador de doenças e epidemias, invade – desde sempre – os nossos dias.

Péssimas condições de vida, saúde e habitação ajudam ao seu aparecimento e desenvolvimento.

Mas a questão fundamental é que somos nós quem cria esse lixo.

Mais grave ainda, é que existem o Lixo físico e o mental.

O que é o Lixo mental? é um desânimo que se acumula, que nos paralisa e faz com que a nossa auto -confiança nos abandone. Porque olhamos à nossa volta, e vemos crescer incompetências, crimes e impunidades.

Os exemplos são diários e permanentes. Falando do nosso Presidente, não, não sejam ingénuos , não é o Marcelo, chama –se Trump, dono e senhor da guerras, dos roubos e falências, um genocida que apela à morte de gente que reage contra o racismo e contra a miséria a que são reduzidos milhões. Um exemplo grave do Lixo mental? Estão a sair vários Livros que denunciam os crimes, as mentiras e a manipulação do sujeito…

Ao mesmo tempo, as suas sondagens sobem!

O que é que isto prova? Que os milhões de fanáticos que o apoiam ou não sabem, ou não querem ler. Porque têm medo de “ abrir os olhos” e mudar de opinião. O grande manipulador tem milhões para corromper e comprar votos, e já provou que está disposto a tudo para boicotar as eleições.

Quando chegamos a este ponto …em que o Lixo avançou e te submergiu…

 Que fazer, senão intensificar a luta, acreditando na força das ideias?

Eu sei que o problema é grave – HOJE, infelizmente Mundial, com culpas acrescidas para a nossa Europa – de quem se fala da grande herança cultural.

Há realmente motivos para querer defender essa herança – o brilhante século XVI com Da Vinci, Durer, Maquiavel , Erasmo, Thomas More, e tantos outros que  ajudaram a criar um novo mundo longe das trevas inquisitórias da Idade Média e do fundamentalismo Islâmico. Pagando com perseguições, exclusão social e a morte 

Mas no século XIX  comentando essa época , alguém elogiou “ essa gente com a plenitude e força de caracter que os faziam homens completos. Mas acrescentou…” Os sábios de gabinete são excepção. Ou se trata de gente de segunda e terceira ordem, ou de filisteus prudentes que não querem queimar os dedos —Engels – “ Dialéctica da Natureza”