O vôo das experiências locais para um global mais solidário

No âmbito do projecto Alternativas e com uma organização da COOLABORA na Covilhã realizou-se ontem dia 30 de Outubro a sessão “Experiências Locais e Transformações Societais” que assentou em várias dinâmicas de reflexão, debate e sistematização de ideias e de propostas para o futuro, tendo em vista a progressão dos movimentos de base comunitária na sua intervenção local.

Numa primeira fase foram apresentadas comunicações relacionadas com experiências locais alternativas em Espanha e Portugal e foram ainda lançados novos temas de reflexão tidos ou indicados como provocações.

Numa segunda fase o debate foi muito interactivo e marcado por experiências e visões muito diferentes dos intervenientes, mas com uma preocupação comum: como avançar tendo em conta as experiências vividas e em curso e, que barreiras ultrapassar para afirmar de forma mais efectiva, na sociedade portuguesa, uma outra visão do “viver juntos” marcado por valores soclidários.

João Ferrão encerrou os debates com várias ideias-força e sugestões de aprofundamento em torno de referências fundamentais, tais como: a normatividade intrínseca aos movimentos; a dicotomia utopia/urgência, o macrocontexto e as condições para a afirmação de alternativas, o local e o localismo, a geografia dos sintômas, das causas e das soluções, a visão multiescalar, o nível translocal, a informalidade e os seus limites e o imperativo da erradicação das visões dicotómicas para agir em favor da harmonia entre os vectores da economia, do ambiente e da comunidade, para favorecer o desenvolvimento.

CR/Covilhã 30 de Outubro 2018, fotos CR/Caixa de Mitos

 

Uma combinação criativa e inteligente.

A propósito do Dia Internacional da literacia. Debate no ESBN´s Speakers´Corner – EPALE.
Quando falamos das barreiras que encontramos na acção local para que exista uma maior e melhor educação de adultos temos que equacionar de forma clara que se as iniciativas não forem ao encontro das necessidades concretas, dos interesses imediatos e das motivações explícitas dos adultos, dificilmente elas terão sucesso. Mas a simples satisfação dos interesses individuais e participações em lógicas totalmente individualistas não se traduzem em real eficácia, isto no plano do sistema e do desenvolvimento. Situações pontuais e isoladas de participação e de envolvimento não podem ser consideradas referencias de sucesso. A educação de adultos tem que decorrer no registo da educação permenente se pretender contribuir para o desenvolvimento social.
É aqui que se impõe a introdução de objectivos colectivos e consequentemente uma abordagem colaborativa entre os participantes que os faça viver dinâmicas de auto-organização e que estabeleça uma ligação entre os interesses individuais e os interesses colectivos da comunidade.
Muitas vezes confunde-se a abordagem cidadã na educação de adultos com cursos de cidadania. Nada de mais errado. O que importa é co-construir, com os potenciais adultos participantes nas iniciativas locais essa combinação criativa e inteligente entre o individual e o comunitário.
Ultrapassar as barreiras. Esta abordagem fundamental seria, em atletismo, numa corrida de 110m barreias, a primeira, aquela que os atletas enfrentam logo após o sinal de partida.

Carlos Ribeiro – Embaixador da EPALE para a educação de adultos informal e não – formal

7 de setembro de 2018

Transição ecológica: não podemos ser (só) nós a fazê-la!

Como levar uma vida mais sustentável? Essa questão suscita muito debate sobre o que as pessoas podem fazer para combater as alterações climáticas. Em muitos casos, as respostas são dirigidas aos indivíduos, pedindo que eles adotem um comportamento mais responsável, como comprar localmente, isolar suas casas ou utilizar a bicicleta em vez do carro … “Mas essas respostas individuais levantam a questão de sua eficácia na mudança de comportamento que precisa ser sistémica “, explica Kris de Decker, da Low-Tech Magazine (@lowtechmagazine).


Comment mener une vie plus durable ? Cette question génère beaucoup de débats sur ce que les individus peuvent faire pour combattre le changement climatique. Bien souvent, les réponses adressent surtout les individus, leur demandant d’adopter des comportements plus responsables, comme d’acheter localement, d’isoler leurs maisons ou de prendre leur vélo plutôt que la voiture… « Mais ces réponses individuelles posent la question de leur efficacité face à un changement de comportement qui nécessite d’être systémique », explique Kris de Decker sur Low-Tech Magazine (@lowtechmagazine). Reste du texte en français

Por Hubert Guillaud | Transition écologique : nous ne pouvons pas (seulement) la faire nous-mêmes ! Transcrito e traduzido de IntenetActu.Net


Como levar uma vida mais sustentável? Essa questão suscita muito debate sobre o que as pessoas podem fazer para combater as alterações climáticas. Em muitos casos, as respostas são dirigidas aos indivíduos, pedindo que eles adotem um comportamento mais responsável, como comprar localmente, isolar suas casas ou utilizar a bicicleta em vez do carro … “Mas essas respostas individuais levantam a questão de sua eficácia na mudança de comportamento que precisa ser sistémica “, explica Kris de Decker, da Low-Tech Magazine (@lowtechmagazine).

Existem três tipos de políticas públicas para combater as alterações climáticas: políticas de descarbonização (incentivo a fontes renováveis de energia, carros elétricos, etc.), eficiência energética (melhoria da relação de energia de eletrodomésticos, veículos, edifícios …) e mudança de comportamento (promoção de comportamentos mais sustentáveis). Os dois primeiros visam tornar os padrões de consumo existentes menos intensivos em recursos, mas muitas vezes confiando apenas na inovação técnica, eles esquecem o apoio social, o que explica por que eles não levaram a uma diminuição no consumo. emissões significativas de CO ou demanda de energia. O progresso na eficiência energética não tem em conta novos padrões de consumo e o efeito de relançamento. Da mesma forma, o desenvolvimento de energias renováveis não levou à descarbonização da infraestrutura energética, porque a procura de energia está a aumentar mais rapidamente do que o desenvolvimento de fontes de energia renováveis. Para Kris de Decker, isso reforça a necessidade de se concentrar mais na mudança social. Se quisermos que políticas eficazes de eficiência energética e descarbonização sejam efetivas, elas devem ser combinadas com a inovação social: daí a importância de políticas de mudança de comportamento!

Conflito entre visões

Apesar dos instrumentos de mudança de comportamento serem numerosos, todos eles são principalmente ou cenouras ou bastões, quando não são principalmente sermões. Mas esses instrumentos (incentivos económicos, normas e regulamentos, informação …) são baseados numa visão dos indivíduos como seres racionais: as pessoas assumiriam um comportamento pró-ambiental por razões de interesse próprio (porque é bom ou poupa dinheiro) ou por razões normativas. Mas muitas ações geram um conflito entre essas duas visões: o comportamento pró-ambiental é frequentemente considerado menos lucrativo, menos agradável ou mais longo, daí às vezes uma dissonãncia entre o que as pessoas pensam e o que as pessoas realmente fazem. Para responder a isso, podemos reduzir o custo de ações pró-ambientais ou aumentar o custo de ações prejudiciais ao planeta. Ou aumentar a dose dos comportamentos normativos.

Presos a estilos de vida

Verificamos que os resultados dessas políticas de mudança de comportamento, até agora, têm sido bastante limitados e decepcionantes. O problema, escreve Kris de Decker, é que essas políticas de mudança de comportamento baseiam-se no na constatação das pessoas fazerem o que fazem essencialmente por uma questão de escolha individual. Mas o fato de a maioria das pessoas comer carne, guiar viaturas ou estar conectado à rede elétrica não é apenas uma questão de escolha: as pessoas estão realmente presas a estilos de vida insustentáveis. O que fazem está condicionado, facilitado e limitado por normas sociais, políticas públicas, infra-estruturas, tecnologias, mercado, cultura … Como indivíduo, podemos, por exemplo, comprar uma bicicleta, mas não podemos desenvolver a infra-estrutura como as pistas cicláveis.. Se os dinamarqueses ou holandeses usam a bicicleta mais do que os outros, não é tanto por eles serem mais conscientes ambientalmente do que outros, é porque eles têm uma excelente infra-estrutura ciclável, porque é socialmente aceitável andar de bicicleta e porque os automobilistas são muito respeitosos das bicicletas, especialmente desde que o consutor de uma viatura é sempre considerado responsável em caso de acidente, mesmo que seja o ciclista que tenha cometido um erro. Sem essa infra-estrutura de suporte, podemos constatar que é mais difícil conseguir que um grande número de pessoas ande de bicicleta. Da mesma forma, os particulares não têm a possibilidade para modificar a velocidade da rede Internet ou de reduzir o fluxo energético com origem na central de que depende. “Se os indivíduos podem fazer escolhas pró-ambientais individuais com base em seus valores e atitudes, e inspirar os outros … eles não têm oportunidade de agir em estruturas que facilitem ou limitem suas opções.” As políticas comportamentais remetem os indivíduos para o nível da responsabilidade individual e para processos de culpabilização, exonerando as responsabilidades políticas e económicas das instituições.

Por Hubert Guillaud | Transition écologique : nous ne pouvons pas (seulement) la faire nous-mêmes ! Transcrito e traduzido de IntenetActu.Net

 

 

O que diz Giacomo?

O tema do decrescimento não é novo. Já nos anos 70 era mencionado “en passant” por alguns pensadores críticos da evolução do capitalismo num sentido cada vez mais “selvagem”. Mas Giacomo d´Alisa não trata o assunto para se dar ares de “alternativo”. O seu discurso e as suas propostas são para orientar reflexão mas também acção. Por isso vale a pena ir ao encontro de uma abordagem que apresenta uma faceta peculiar; segundo Giacomo o conceito de decrescimento não é capturável, no plano da linguagem mas também da  visão a ele associada, pelos decisores e ideólogos do capitalismo contemporâneo. Enquanto que o “desenvolvimento sustentável” e a própria “economia circular” se apresentam como referências que foram adaptadas e inseridas no discurso mainstream e na própria agenda do crescimento, para dar credibilidade à continuição de um processo de destruição dos recursos do planeta e do aprofundamento da pobreza a nível global, o conceito de “decrescimento” está blindado a processos de captação oportunistas porque se situa no ponto oposto da estratégia de fundo dos defensores do capitalismo actual.

Alguns questionam a consistência, no plano alternativo, de uma formulação negativa para agregar visões e vontades de mudança social. André Barata na “aula aberta” de Giacomo d´Alisa na UBI ontem dia 6 de Abril adiantava uma preferência por uma denominação de pós-crescimento. Outros permanecem fiéis ao conceito amplo e global de desenvolvimento.

Uma coisa é certa, a interpelação decrescimentista que nos foi  proposta por Giacomo d´Alisa, na Coolabora primeiro e na UBI na jornada seguinte,  é muito desafiadora, sendo agora necessário, para quem quer ir mais além, ultrapassar a fase da “crítica implacável ao crescimento” e do diagnóstico mais ou menos catastrofista, para uma análise sobre todas as questões essencias da nossa vida em comum, fazendo emergir no contexto desta “crise antropológica” segundo Morin ou “crise de civilização” na versão de Serge Latouche, um imaginário suficientemente aglutinador das inúmeras iniciativas e ideias que convergem para uma mudança social radical à escala local e global.

Carlos Ribeiro/Caixa de Mitos – 7 de Abril2018


  

AGENDA DE CAUSAS: debate sobre a legalização, ou não, da prostituição.

Com ou sem a opacidade de paredes, a prostituição sempre existiu e existe.
A Associação ComuniDária, no âmbito da sua missão, criou mais um braço na árvore da sua atuação e decidiu empenhar-se na delicada e controversa matéria que envolve o Trabalho Sexual em Portugal.
Assim sendo, a ComuniDária em parceria com o Centro InterculturaCidade , Lisboa, juntaram todas as condições para a realização do DEBATE III que visa exatamente a discussão da legalização, ou não, da prostituição* em Portugal.
Considerando que a sua presença é importante e atendendo a que este debate se pretende o mais plural possível e que integre as várias correntes opinativas sobre o assunto, convidamos todas as pessoas interessadas no tema a estarem presentes nesta iniciativa, a qual terá lugar no próximo de 11 de janeiro, quinta-feira, pelas 18h00, na
Travessa do Convento de Jesus, 16 A, (Calçada do Combro), Lisboa, cabendo aqui salientar que este espaço foi gentilmente cedido pelo Centro InterculturaCidade.
De modo a consolidarmos o DEBATE, consideramos de extrema importância a presença dos Partidos Políticos Portugueses, com ou sem assento na Assembleia da República.

Programação:
Apresentação e discussão do vídeo da entrevista intitulado “Putas sem paredes”;
Aceda à entrevista aqui:
https://youtu.be/yHXm4Oix2Hk,

Mesa de oradoras e oradores confirmadas/os:
• Moderação a cargo de: Maria Magdala, Presidente da ComuniDária, gestora pela FGV-Brasil, especialista em Desigualdade, Cooperação e Desenvolvimento Sustentável – Universidade Complutense de Madrid;
• Carlos Gamito, Jornalista;
• Joffre António Justino, Presidente da Associação Promotora do Livre Pensamento, cooperativista e interventor político social.
Em breve serão anunciados os nomes das restantes oradoras e dos restantes oradores.
• Pedro Anastácio, membro do Secretariado Nacional da Juventude Socialista com o pelouro da Igualdade e Inclusão.
Debate aberto a todas as pessoas presentes.
O Debate será seguido de jantar (facultativo)*, o qual inclui entrada, prato principal, sobremesa e café. Contribuição solidária de 15 Interculturas.
*Sujeito a inscrição prévia por e-mail ou telefone com 24 horas de antecedência.
INSCRIÇÕES:
E-mail: info.interculturacidade@gmail.com
Tel.: 21 820 76 57

Leia, reflita e assine a Petição: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT86274
Apoio: Mama Cash
Para mais informações:
https://www.facebook.com/todosusamemuitosabusam/
https://interculturacidade.wordpress.com/

Texto e imagem dos organizadores Associação ComuniDária

Imagem principal de capa da Matéria Incógnita

Campanha de 2012 http://www.materiaincognita.com.br/campanha-pela-legalizacao-do-trabalho-sexual-e-lancada-em-portugal/