Para que servem os projetos locais?

publicado 14 de outubro 2022 | Carlos Ribeiro

Os promotores e o desenvolvimento (1)

Foram anunciados novos apoios para a realização de projetos locais na área da educação e qualificação de adultos que remetem para protagonistas diversos nos territórios e cuja relação com as iniciativas a dinamizar importa analisar para avaliar as condições de implementação. A intenção prioritária deverá ser o sucesso dos empreendimentos a levar a cabo colocando os adultos aprendentes no centro dos objetivos e das práticas pedagógicas.

Numa tipologia estabelecida a partir de critérios relativamente simples podemos enunciar algumas categorias e definir a lógica central das atuações que lhes podem estar associadas.

Pragmáticos da gestão

Nesta categoria encontraremos todas as entidades que irão promover candidaturas com uma finalidade central, muito terra-a-terra, que consiste no aproveitamento de mais uma fonte de recursos financeiros para alimentar a estrutura em termos de tesouraria Consequentemente o objetivo principal será, custe o que custar, a aprovação dos projetos. Quanto ao impacto que os projetos poderão ter sobre o desenvolvimento das pessoas e dos territórios, essa matéria ver-se-á se sim ou não poderá ocorrer.

Os Boa figura

Um outro lote de promotores de projetos neste âmbito serão instituições que querem dar provas de cooperação e de pleno apoio às iniciativas dos poderes públicos, procurando assegurar a continuidade dos apoios às vertentes centrais da atividade que é realizada. Procuram por esta via de solidariedade forçada (podem contar connosco!) eliminar preventivamente interpretações de desconforto ou de discordância com o quadro que é formalmente proposta no concurso, em caso de não-candidatura.

Os Vão-a-todas

Algumas entidades participarão independentemente de uma análise rigorosa das condições que estão em cima da mesa. As questões do IVA, a entrevista inquisitorial, o número pré-estabelecido de participantes independentemente da região do projeto, a ausência de garantias nos fluxos financeiros, estas e outras questões serão secundarizadas. Acredita-se que “Vale sempre a pena” e consequentemente as dificuldades que poderão surgir serão encaradas na devida altura.

Os Externalizadores

Algumas entidades têm consciência que não existem condições para realizar ações com a escala que conduza à certificação de dezenas de adultos com níveis de qualificação muito baixos. Mas depositam confiança num parceiro mercenário que já deu provas de trabalhar bem as soluções de formação realizadas em lógica de granel. Nesses termos a parceria de vantagem mútua permite uma boa mobilização de adultos “carne para canhão” que irão viver mais uma experiência de frustração depois dos pacotes formativos de jardinagem, de informática para utilizadores, de cozinheiros, etc.

Um segundo grupo na tipologia

Esta tipologia integra um segundo grupo de entidades que procuram ver se é possível estabelecer uma ligação entre os projetos locais e os objetivos dos Centros de apoio à qualificação.

Encontraremos neste grupo os Parceiristas, os Comunitaristas e os Idealistas. Mas essa abordagem fica para uma próxima peça. Muito brevemente.

Carlos Ribeiro

Denmark, what’s up in digital media literacy education?

“The Scandinavian governments have been a major factor in moving generations towards digital communication.

For example, in Denmark as a citizen you must communicate with all official organs through digital channels. This has forced older generations to learn some basic skills, just to be able to read post from the hospital, for example, and has provided motivation for people to learn to help themselves.

Everyone should be able to participate in ever-changing modern society.

There are also more elderly people on social media channels such as Facebook, Instagram and Twitter taking part in the general discussion of the day.

It is necessary for all to use technology, especially communication technology and channels, which can give a strong voice to dedicated groups. It does not matter if it is a question of abusing women, beating children or not taking care of educating and caring for the older generation – everyone should be able to participate in ever-changing modern society.

Learning itself it is best done in small groups, in short sessions where you start by explaining that it is not dangerous to push the buttons and that talking together on a social media channel is essentially no different from talking on the phone or sending a postcard.

I have had very fulfilling experience of working with the group 65+, both women and men. When they realised how easy things were, they learned quickly and willingly. It is overcomplicating things that is the problem.

Learning itself it is best done in small groups, in short sessions where you start by explaining that it is not dangerous to push the button.

I have run courses at the Continuing Education Centre at the University of Iceland and Akureyri, for example, and I think it would be time to start producing online courses where learning would happen step-by-step. What is important is to “talk the same language” and not move too fast.

I have many personal stories as well. The best one is my mother. She turns 86 this year and communicates and participates on Facebook. Lace-making is one of her big passions. She started learning Spanish, using Duolingo, to be able to better understand her Spanish friends in the different lace-making groups she frequently visits on Facebook.

She also has her own YouTube channel where she has learned to create playlists for different interests, and she behaves like a teenager. She cannot go to sleep because she immerses herself in watching the videos. She has also become an excellent teacher for her 80+ friends, showing them how to use Facebook.”

Marianna Fridjonsdottir

  • is a producer, writer, director, channel executive and web entrepreneur;
  • has been in the media business for more than 45 years, active in television and web broadcasting and consulting and lecturing on web communications and social media;
  • is the founder of ToonTV, a non-violent children’s web channel. She comes from Iceland and lives in Copenhagen

Fonte: ELM Magazine, autora Marianna Fridjonsdottir, fotografia ELM Magazine

Uma combinação criativa e inteligente.

A propósito do Dia Internacional da literacia. Debate no ESBN´s Speakers´Corner – EPALE.
Quando falamos das barreiras que encontramos na acção local para que exista uma maior e melhor educação de adultos temos que equacionar de forma clara que se as iniciativas não forem ao encontro das necessidades concretas, dos interesses imediatos e das motivações explícitas dos adultos, dificilmente elas terão sucesso. Mas a simples satisfação dos interesses individuais e participações em lógicas totalmente individualistas não se traduzem em real eficácia, isto no plano do sistema e do desenvolvimento. Situações pontuais e isoladas de participação e de envolvimento não podem ser consideradas referencias de sucesso. A educação de adultos tem que decorrer no registo da educação permenente se pretender contribuir para o desenvolvimento social.
É aqui que se impõe a introdução de objectivos colectivos e consequentemente uma abordagem colaborativa entre os participantes que os faça viver dinâmicas de auto-organização e que estabeleça uma ligação entre os interesses individuais e os interesses colectivos da comunidade.
Muitas vezes confunde-se a abordagem cidadã na educação de adultos com cursos de cidadania. Nada de mais errado. O que importa é co-construir, com os potenciais adultos participantes nas iniciativas locais essa combinação criativa e inteligente entre o individual e o comunitário.
Ultrapassar as barreiras. Esta abordagem fundamental seria, em atletismo, numa corrida de 110m barreias, a primeira, aquela que os atletas enfrentam logo após o sinal de partida.

Carlos Ribeiro – Embaixador da EPALE para a educação de adultos informal e não – formal

7 de setembro de 2018

Finlandeses

Eu já o disse, outros antes de mim também e espero que muitos mais no futuro: não há nenhum problema em ser do (ou morar no) “interior”, relativamente a ser ou viver de/em áreas metropolitanas, ou nos espaços de mistura e forte presença industrial, como entre Aveiro e Coimbra ou Braga e Amarante.

Carlos Lage retratou a questão de modo sugestivo, em forma de pergunta: “Porque persiste uma estranha miopia sobre o mundo do interior, quase sempre descrito com as mesmas palavras e conceitos, num enfadonho imobilismo mental, fazendo dele um retrato passadista que acentua o lado negativo e subestima os grandes avanços conseguidos?”

Sim, porquê? Porque pensamos em velhos e agricultura de subsistência e recusamos ver o presente, onde a modernidade se mistura e tanto mudou? Alguns querem até convencer-nos que se vive pior em lugares magníficos como Vila Flor ou Trancoso, do que nalguns lugares das maiores cidades do país.

Será que o problema maior não será uma visão cascaisocêntrica ou fozocêntrica que remete os habitantes do interior a uma condição caricatural? Será disso que estes se tentam libertar, imitando, a ver se fica tudo igual? Talvez.

Penso que o que faz falta é simples, obrigando apenas a perceber que espaços diferentes precisam de políticas diferentes. Porque o fecho dum posto de correio em Mondim de Basto é muito mais grave do que na Areosa; o acesso à saúde não pode ser pensado da mesma maneira em Matosinhos e Vimioso; nem Boticas ou Pinhel podem alimentar a ambição de ter muita gente, grandes prédios e filas de turistas.

Será que, de tanto se falar em desequilíbrio territorial, se pensa que o equilíbrio é possível, por isso vendo em menos gente menos desenvolvimento? Vão contar essa aos finlandeses…

Autor: José Alberto Rio Fernandes, 25 de Julho de 2018 | Coluna de opinião do JN

Professor Universitário, geógrafo e Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos

O Animal

O Animal é daqueles putos broncos e estúpidos que faziam bullying , humilhavam e perseguiam os miúdos mais fracos, que gaguejavam ou eram deficientes.
O Animal teve uma adolescência exemplar com um célebre tutor intelectual, o ROY COHN, do MacCarthismo, inquisidor anti -comunista e advogado dos grandes chefes da Mafia.
E assim aprendeu que se negam sempre os erros, golpes e crimes, e que a resposta é SEMPRE exigir milionárias indemnizações ao Governo. Luta que ganhará sempre porque tem muito dinheiro para conseguir maravilhosas decisões dos tribunais.
Também aprendeu o truque das falências fraudulentas e dos empréstimos milionários que podem ficar incobráveis.
Quanto a mulheres, o Animal organizou concursos de beleza para ter carne acessível para prazer e troféus para exibição.
O Animal decidiu fazer política para aumentar a sua publicidade e conseguir mais negócios inesperadamente ( ou talvez não), ganhou a presidência, o concurso dos milhões.
Que o Animal aproveitou imediatamente para vendas de armas urbi et orbi para a sua gente de confiança – nazis e racistas.
O procedimento do Animal na relação com outros chefes de Estado é absolutamente indecoroso.
Enfim , o Animal é uma BESTA mas há muito boa gente que acha que ele é BESTIAL.

Helder Costa, 30 Abril2018

24 de Março 2018

Hélder Costa |

Nos Estados Unidos, os sobreviventes do massacre de Parkland convocaram manifestações para combater o negócio criminoso das armas. Foi um apelo correspondido por milhões de pessoas de todos os cambiantes: idade, sexo, raça e diferentes opiniões políticas. Mas havia uma enorme maioria de jovens de 15, 16 anos confraternizando com ” Veteranos pela Paz” ,restos de soldados das inúmeras guerras que essa curiosa democracia espalha sistemáticamente pelo mundo.
Emma González, iniciou o seu discurso com um silêncio de 6 minutos e 20 segundos, o tempo que durou o massacre de 14 estudantes e 3 professores. Exigiu novos regulamentos para as armas, e afiançou que este acontecimento não era o fim da luta, era o princípio.
Coincidência curiosa Na mesma data em 1962 , milhares de jovens estudantes portugueses lutaram contra a ditadura fascista e a guerra colonial. Há dias, na casa do Alentejo um jantar comemorativo juntou cerca de 400 activistas dessa época. Foi um Encontro afectivo, libertário e esperançoso.
Todos esperamos que a luta se desenvolva e que crie condições políticas para que os Estados Unidos limpem o lixo e se transformem num país decente.; aliás, o Papa já apelou a que os jovens se mobilizassem, e Bernie SAnders e outros, também aderiram a essa revolta.
Que essa data passe a ser assinalada como a marca fundamental do tão esperado caminho para a PAZ.

Autor: Helder Costa /26 de março 2018

Hélder Costa frequentou a o Curso de Direito na Universidade de Coimbra, integrando o CITAC (Círculo de Inicição Teatral da Academia de Coimbra), foi presidente do Grupo Cénico de Direito, que recebeu menções honrosas no Festival Mundial de Teatro Universitário de Nancy- 1966/67; estudou no Institut d’Études Théatrales da Sorbonne e foi fundador do Teatro Operário de Paris, em 1970. Encenador e Director artístico do grupo A Barraca (Prémio UNESCO em 1992), tem encenado e dirigido espectáculos em Espanha, Brasil, Dinamarca e Moçambique. Tem participado em numerosas acções de formação, em congressos e festivais em muitos países da Europa, de África e da América Latina. É autor de uma vasta obra dramática.
Foto: fonte rua de baixo/entrevista
Rejeição da instrumentalização da história da imigração portuguesa

Hugo dos Santos e Victor Pereira lançam, para efeitos de debate público, uma tomada de posição sobre a instrumentalização da história da imigração portuguesa. Nem bons, nem maus, porque a verdade sobre a chamada “imigração pacífica” e “mais ou menos submissa” dos portugueses é outra, não é esta que nos querem contar. Esta versão serve para diabolizar “outras imigrações” através de comparações absurdas e de conveniência, visando principalmente objectivos políticos.

Vitor Pereira já tinha escrito sobre o tema no BONDY BLOG.

“Ni bons ni mauvais

Réponse à ceux qui voudraient instrumentaliser l’histoire de l’immigration portugaise”.

O texto de Hugo dos Santos e Victor Pereira,  subscrito por imigrantes portugueses em França e descendentes, será publicado na sua versão final num jornal francês de referência muito brevemente e nós também o divulgaremos, como se impõe.

 

Foto Capa do Livro de Gerald Bloncourt “O Olhar de compromisso com os Grandes Descobridores”

Vida e morte do DLBC (4) – Redes colaborativas e autogeridas

Desde a sua fundação que a Rede DLBC Lisboa tem vivido um percurso relativamente atribulado, experienciado de forma muito diferenciada pelos seus membros e marcado por várias tensões internas e externas que têm condicionado a sua acção de Rede para O Desenvolvimento Local de Base Comunitária.As redes, as dinâmicas colaborativas entre organizações e as novas formas de trabalho

As redes, as dinâmicas colaborativas entre organizações e as novas formas de trabalho

Das tensões externas que influenciaram a actuação da Rede DLBC Lisboa nos últimos dois anos, a mais gravosa resultou do facto dos gestores dos fundos públicos alocados à implementação de estratégias de Desenvolvimento Local de Base Comunitária terem abandonado quer a própria “base comunitária” e as implicações que essa referência comporta quer ainda o potencial de inovação que esteve presente na reformulação do programa Leader que introduziu uma nova relação dos projectos a apoiar com a participação das populações locais.

Base comunitária, para inglês ver

A expectativa que o DLBC poderia ir além da “capacitação das organizações locais dos BIP – ZIP” e impulsionar uma lógica participativa a e de auto-organização das populações locais foi totalmente abalada aquando das negociações com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento e Coesão e foram totalmente arrasadas com o SI2E, primeira iniciativa a ser implementada pelos GAL não-rurais, que não passa de uma modalidade, entre outras, de financiamento convencional da iniciativa empresarial.

Rede, rede de redes, rede de membros e associação

As tensões internas no seio da própria Rede DLBC, que resultam de perspectivas e visões diferentes sobre os objectivos e o seu modo de funcionamento, perspectivas naturais e perfeitamente legítimas, têm sido geridas de forma a evitar que pelo menos no plano interno as expectativas iniciais que animaram dezenas de organizações fossem clarificadas. Como se pode depreender das práticas concretas verificadas nos últimos dois anos, as expectativas e as motivações foram elas também muito diferenciadas:

  • membros da rede cuja motivação principal foi o acesso aos fundos DLBC. Desta categoria podemos ainda distinguir os que se inscreveram e são membros da Associação que dá suporte legal à Rede numa base preventiva (os que acautelam a hipótese dos fundos serem reservados aos membros ou ser valorizada a condição de membro para a sua atribuição); de uma forma geral podemos admitir que se encontram desiludidos e numa atitude de espera pessimista;
  • membros da rede cuja motivação principal, tendo também expectativas no acesso vantajosos aos fundos, radica na possibilidade de encontrarem parceiros e metodologias de cooperação, na futura aplicação dos fundos DLBC. Estão interessados na lógica de rede, mas em torno do DLBC. Participam condicionando as interacções a essa lógica. Revelam algum desapontamento face ao investimento de tempo realizado e aos resultados obtidos;
  • membros da rede que independentemente dos Fundos DLBC, entendem que a Rede em si mesma constitui uma base de cooperação única, com elevado potencial e estabelecem redes dentro da Rede em torno de temas ou objectivos convergentes. Participam e acolhem propostas concretas de cooperação e de trabalho conjunto. Admitem que a cooperação realizada em âmbitos de interesse comum pode facilitar, atendendo à aprendizagem realizada em comum, formas de cooperação dinâmicas e criativas em torno dos Fundos DLBC.

Esta matéria é relevante porque a consciência dessas diferenças implicava na óptica de uma batalha para uma Rede forte, como rede, o envolvimento dos seus membros em todas as funções de co-animação do colectivo e consequentemente uma lógica de auto-organização de base matricial (ver proposta da Caixa de Mitos em 2016). Porque esta acabou por não ser adoptada por opção ou omissão, prevaleceu o modelo vertical e hierarquizado intrínseco ao perfil associativo (Direcção, Órgãos sociais, Assembleia Geral) que de instrumental, passou a estrutural nas formas de governança da rede.

No fundo, a par da progressão das relações e expectativas entre os membros, foi-se cimentando um quadro de poder e de responsabilidades que deveria ser apenas instrumental da gestão dos interesses comuns e que pretende agora consolidar-se através da instalação dos meios técnicos para o exercício da função GAL – Grupo de Acção local.

Seria pois a boa ocasião para reajustar o quadro de relações a uma perspectiva de desenvolvimento da Rede indo ao reencontro das expectativas iniciais

Uma Rede Colaborativa e Auto-gerida é possível

Para organizar os meios técnicos da função GAL há que ter em conta vários princípios, objectivos e métodos que nos fortaleçam como projecto de desenvolvimento sustentável e solidário:

  • a dinâmica central e prioritária deveria ser a animação de Rede e das comunidades locais e não os serviços técnicos aos financiadores. Os dois têm que coabitar, mas os recursos existentes são da Rede e para a Rede, para favorecer a sua missão e não para controlar a rede em nome dos financiadores. Desta visão resultam perfis profissionais e lógicas de animação mais exigentes e menos focados na lógica dos técnicos de projectos. O que seria desejável era uma Equipa de Animação criativa, diversificada, com capacidade de acrescentar mais – valias às entidades no trabalho com as populações locais;
  • sendo imposta a condição de assalariado aos membros da equipa técnica (não sendo possível no quadro do financiamento FSE a figura da prestação de serviços pelas entidades membros da Rede, que seria a relação ideal) importa que esta matéria seja gerida tendo em conta os novos desafios do trabalho assalariado, numa fase de “uberisação da economia” e de fronteiras muito difusas entre o trabalho assalariado e o trabalho independente. A precariedade que atinge os técnicos de muitas organizações que funcionam por projectos, não pode ser aqui replicada tout court. As modalidades alternativas que a Economia Social e Solidária pode proporcionar, não devem ser postas de lado. A referência participativa e colaborativa que está patente na denominação DLBC, pode também aqui ter aplicação fomentando soluções de trabalho colaborativo e de igualdade de estatutos e condições. A questão que se coloca, na sociedade em geral é antes de mais a de ajustar as novas relações e as dinâmicas do trabalho assalariado a uma perspectiva de sustentabilidade, de igualdade e de solidariedade. A proposta neo-liberal de privilegiar as relações de trabalho na base das funções competitivas, do trabalho independente e do empreendedorismo, não é pois aceitável. Em alternativa, já não falando das cooperativas de trabalho, das bolsas de técnicos para agrupamentos de empregadores da ESS e de outras hipotéticas soluções, pode-se solicitar aos membros da Rede que cedam mediante uma licença sem vencimento, técnicos que serão incorporados na Equipa DLBC, mantendo o vínculo com a entidade de origem e funcionando durante o período do projecto DLBC numa lógica de membro de Unidade de Missão. Ou seja, são membros de entidades que durante um período de tempo funcionam juntos com uma missão específica.
  • a visão global da organização de recursos da Unidade de Missão enquadra-se nos princípios da economia social e solidária ou seja, na equidade e transparência, pelo menos: salários iguais para todos os trabalhadores quando tal é possível e desejável (e que será aqui o caso); horizontalidade das funções e dos estatutos (homogeneidade e valorizações das especializações na equipa); direitos iguais, com direito a voto na base de uma mulher / um homem um voto; coordenação rotativa e em função da auto-organização da equipa; participação nas reuniões e nas actividades da Unidade de Missão de representantes dos “destinatários das acções” e auditorias colaborativas e entre pares com entidades do Intergal.

Um processo que nos orgulhe a todos

Do atrás enunciado que remete para o quem e para o quê resulta também, no que ao como diz respeito, que o processo de constituição da Equipa DLBC seja transparente e reforce a Rede como corpo solidário.

O processo e as suas fases:

1º constituição de um colectivo de associados para a gestão dos Recursos Humanos; este grupo pode funcionar para todas as questões relacionadas com técnicos, peritos, júris, avaliadores, colaboradores e não apenas para esta matéria específica da Equipa Rede DLBC Lisboa;

2º afirmação do princípio de que todo e qualquer recrutamento deverá ser realizado no quadro deste processo aberto e transparente;

3º divulgação de um apelo às entidades com possibilidades e interesse na cedência temporária de técnicos ao seu serviço para a Equipa Rede DLBC Lisboa, para indicação de nomes e de propostas;

4º avaliação prévia por um júri independente composto 3 pessoas identificadas por SORTEIO na seguinte base: 1 de entre os membros da direcção; 1 de entre os membros dos órgãos sociais e 1 de entre os membros da Rede (de entre os 3 membros poderá ser eleito um coordenador do júri). Ao júri caberá realizar uma avaliação curricular, entrevistas individuais e colectivas com os candidatos.

5º A proposta do júri será apreciada em reunião de direcção da Associação Rede DLBC Lisboa . Caso exista uma divergência profunda entre a proposta do júri e a posição da direcção o assunto deverá ser remetido para a Assembleia Geral.

Esta é a visão de continuidade da Caixa de Mitos que, mais uma vez, declara a sua disponibilidade para partilhar, aprender e agir para o fortalecimento da Rede DLBC Lisboa e das redes colaborativas de uma forma mais geral.

A propósito da Minuta de aviso aos associados para Contratação de espaço e equipa técnica. Posição assumida pela Caixa de Mitos a propósito da contratação da equipa Técnica na Rede DLBC Lisboa.

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos – 9 de Julho de 2017

Vida e morte do DLBC (3) – Como se trabalha em rede?

A dinâmica central do trabalho em rede é a interacção entre membros da própria rede para a acção. Agir de forma colaborativa para ter melhores resultados, aprender mutuamente e desenvolver competências colectivas.

Neste domínio a auto-organização é essencial e as relações democráticas determinantes.

Três casoa de PROCESSOS COLABORATIVOS no trabalho em rede impulsionados com membros da rede DLBC.

MEMBROS DA REDE DLBC LISBOA AUTO-ORGANIZADOS EM TORNO DE PROJECTOS – projectos europeus

O CASO DO PROJECTO URGENT

Como teve início?

O CONVITE À PARTICIPAÇÃO

CONVITE ENVIADO AOS MEMBROS DA REDE DLBC A 11 DE AGOSTO DE 2016
O Projecto URGENT que decorre com o apoio do Programa Europeu EUROPA PARA OS CIDADÃOS e é coordenado pela ALDA – ASSOCIAÇÃO EUROPEIA PARA A DEMOCRACIA LOCAL depois de uma primeira reunião em ESTRASBURGO na qual participaram três entidades membros da REDE DLBC Lisboa : a Câmara Municipal de Lisboa, o CEPAC  e o Centro Interculturacidade vai agora avançar para uma fase de concretização de alguns objectivos que desejamos partilhar com TODOS OS MEMBROS DA REDE com interesse e prática nas áreas das MIGRAÇÕES, REFUGIADOS E IMIGRAÇÃO.

O Programa vai sobretudo servir para uma partilha a nível europeu relacionada com as práticas e as orientações visando a promoção de estratégias inclusivas  e cidadãs na acção com os migrantes.

VIMOS CONVIDAR  todos os membros da Rede com estes interesses e ligações para uma REUNIÃO DE MEMBROS DA REDE DLBC LISBOA que se realiza no dia 15 de Março de 2017 `entre as 14h30 e as 16h30 no CAT – Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados de Lisboa, na Quinta das Camélias – no cruzamento da Alameda das Linhas de Torres com a Avenida Rainha D. Leonor.

Para aceder à documentação do projecto podem consultar a pasta do DRIVE https://drive.google.com/drive/folders/0B0WfDIElNHgVQVFjTjRJUHkwOEE?usp=sharing
Para esclarecimentos e outras informações podem dirigir-se a valentimribeiro@gmail.com.

CONTAMOS CONSIGO no dia 15!
Até lá
Carlos Ribeiro
Caixa de Mitos | Redes na Rede
(quinta-feira, 11 de Agosto de 2016 às 01:26:45 UTC+1, Carlos Ribeiro escreveu)

Quem está a participar?

CEPAC – Centro Padre António Correia

Câmara Municipal de Lisboa – CATR

Centro Interculturacidade

Caixa de Mitos

CPR – Centro Português para os Refugiados

Cruz Vermelha Portuguesa

Fundação Aga khan – K´Cidade

ALCC – Associação Lusofonia Cultura e Cidadania

EPAR

Culturfaceis

Teatro Umano

PROSAUDESC

Rede de Jovens Para a Igualdade de Oportunidades entre Homens e Mulheres

O Grupo Coordenador é constituído pelo CEPAC, pela CML (CATR,) pelo Centro Interculturacidade e pela Caixa de Mitos.

Quais foram as últimas decisões tomadas neste quadro de REDE e de AUTO-ORGANIZAÇÃO (18 de Outubro no CATR)?

  • Concretizar o Plano de ação Local através das Oficinas do Mundo
  • Participar na próxima reunião do projecto em MOSTAR na Bósnia com 3 representantes da Rede URGENT que desenvolvam as acções das Oficinas do Mundo na Ameixoeira e na zona de S.Bento/Poço dos Negros.
  • Estabelecer as ligações operacionais com o Plano Municipal de Integração de Imigrantes de Lisboa.
  • Dinamizar o site do projecto com a participação dos membros da Rede migrantesecidades.pt

Um segundo CASO

MEMBROS DA REDE DLBC LISBOA AUTO-ORGANIZADOS EM TORNO DE PROJECTOS

O CASO DO PROJECTO – WISE

 

Caros membros da Direcção e dos restantes Órgãos Sociais da Rede DLBC Lisboa

Dando continuidade aos esforços colectivos de muitos membros da REDE DLBC Lisboa para que exista um funcionamento em REDE, colabotrativo e de aprendizagem mútua e se dinamizem projectos  com interesse para as diversas organizações da REDE, venho informar que o projecto europeu WISE, cuja candidatura foi apresentada pela ALDA – Associação Europeia para a Democracia Local e que envolve uma REDE de CIDADES europeias FOI APROVADO (ver lista anexa) sendo a REDE DLBC Lisboa o parceiro nacional.

Anexo textos de informação. Brevemente será divulgado o projecto na sua totalidade e será realizado o APELO À PARTICIPAÇÃO NA REDE WISE-EUROPA  para que seja constituída a Rede do Projecto e sejam definidas as bases da sua AUTO-ORGANIZAÇÃO.

Entretanto fico à disposição para todo e qualquer outro esclarecimento.

Carlos Ribeiro
Caisxa de Mitos
Membros da Direcção da Rede DLBC Lisboa


Um terceiro CASO

MEMBROS DA REDE DLBC LISBOA AUTO-ORGANIZADOS EM TORNO DE PROJECTO

O CASO DO PROJECTO

Volunteer Management in Europe’s Youth Sector

COMUNICAÇÃO ENVIADA QUE DÁ NOTA DO PROCESSO COLABORATIVO E AUTO-ORGANIZADO, com a coordenação da Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade entre homens e mulhers.

Cara Catarina

Vice-Presidente

Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens

Caros restantes membros desta parceria, membros da Rede DLBC Lisboa

Foi com imenso prazer que recebi a informação da aprovação do projecto projeto Erasmus+ de capacity building, “Volunteer Management in Europe’s Youth Sector” que vai proporcionar novas oportunidades a vários membros da rede DLBC Lisboa que tiveram o sentido de cooperação e de partilhar riscos e trabalho neste processo de candidatura com outras organizações europeias.

O convite de organizações dos Balkans membros da ALDA – Associação Europeia para a Democracia Local que oportunamente divulguei na Rede DLBC Lisboa foi acolhido pela  Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens, pela Lusofonia Luso, pela CulturFACE – Associação Cultural para Desenvolvimento e pela A Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a Sida” que agora irão desenvolver o projecto em cooperação.

Julgo ser mais um bom exemplo da cooperação entre membros da Rede DLBC Lisboa que partilham interesses e motivações em área muito específicas (aqui a gestão do voluntariado no sector da Juventude)  e que consideram a rede como um espaço de DESENVOLVIMENTO E DE COOPERAÇÃO  e não apenas como um agrupamento de entidades para “usufruir de fundos públicos”.

Fico à disposição para, como membro da Direcção da Rede DLBC, para colaborar no que for conveniente com a toda a parceria e ainda com a entidade sua representante a Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens.

Cordiais saudações

Carlos Ribeiro

Caixa de Mitos

Membro da Rede DLBC Lisboa

 

Vida e morte do DLBC (2) – As redes

Uma condição para haja desenvolvimento local de base comunitária é a existência de redes locais, de pessoas, de organizações, de clubes , de colectividades, de autarquias, de centros culturais, de grupos informais de cidadãos, de associações de moradores, de jovens, de escolas e universidades, de empresas enfim, um quadro dinâmico e colaborativo que crie condições para que um objectivo comum seja atingido: agir de forma integrada e articulada no território para melhorar globalmente as condições de vida, de todos e dar passos no sentido de um desenvolvimento mais sustentável.

Mas as redes que devem ser base (e a condição) das iniciativas e acções de baixo para cima têm que ser redes autênticas. Redes com dinâmica de rede, com interacções abertas, não tuteladas nem condicionadas, com uma horizontalidade sem constrangimentos ou barreiras. O objectivo é tirar o máximo de partido das sinergias resultantes das interacções entre os membros da rede, mas é também a aprendizagem do poder partilhado, da auto-organização, da cooperação envolvendo sempre os destinatários das iniciativas que são levadas a efeito.

Os casos bem caricatos das redes que existem e alegadamente funcionam quando estão reunidos técnicos e dirigentes, ou seja, a rede ….é a reunião da própria Rede…deveriam inspirar uma alteração radical no sistema de governança e de dinamização da acção colectiva.

Nesse sentido o próprio sistema de organização e de funcionamento interno da rede tem de basear-se em princípios de flexibilidade, de informalidade, de espontaneidade e até de liberdade porque pode e deve aplicar-se nas redes a regra simples mas essencial para a gestão das questões de poder “entra-se e sai-se quando se quer”.

Mas não é esta a visão aberta, democrática e funcional que tem prevalecido na construção das redes que dão suporte ao DLBC. As redes são propositadamente confundidas com as lógicas associativas, instalam-se mecanismos de poder para perpetuar o domínio de alguns sobre muitos, retira-se aos membros a capacidade de se auto-organizarem e consolidam-se relações de poder baseadas no dinheiro e do direito de o distribuir.

Esta matéria está bem patente no processo interno da Rede DLBC Lisboa que paulatina e progressivamente foi adquirindo um perfil de associação dominada numa primeira fase por algumas organizações e numa segunda controlada por técnicos assalariados da própria instituição ou técnicos representantes de entidades dos órgãos sociais,

O debate e os resultados das sessões de trabalho em torno do modelo proposto pela Caixa de Mitos há mais de ano, quando o assunto se colocou ao núcleo de organizações que então participavam activamente na construção da Rede, foram progressivamente abafados e esquecidos. Através de pequenas objecções, sistemáticas, aparentemente inocentes, sobre este ou aquele domínio, foram remetendo para as calendas gregas as decisões sobre as áreas de auto-organização e foram introduzindo o seu modelo de paixão “o modelo da governação pelos técnicos”, modelo bem conhecido e bem representado em muitas das redes que funcionam de “cima para baixo”.

Será possível colocar debaixo da responsabilidade de grupos de associados todas as áreas assumidas na “Equipa Técnica” de forma individual? Claro que sim. Não há razão nenhuma para que os projectos, a animação territorial, a comunicação, a gestão financeira, etc não sejam geridos por grupos de associados, colectivamente e de forma colaborativa.

E, para além das áreas mais especializadas, a principal função de Animação da própria Rede poder ser desempenhada, de forma rotativa, por períodos até seis meses, por grupos de associados, auto-organizados para aquele efeito.

Outro modelo é possível e desejável.

Por isso a Caixa de Mitos se opôs ao modelo de recrutamento e de constituição da actual equipa técnica da Rede DLBC Lisboa.

Uma solução ideal, com um sistema hiperflexível, descentralizado e de base colaborativa também não seria compatível com a origem dos principais recursos financeiros que a Rede irá dispor nos próximos tempos. Mas seria desejável uma solução mista que desse sinal que uma nova abordagem ao sistema de governança estaria em curso. Mas na verdade não há nem sinais, nem intenções de o instalar.

Não é por acaso que a Rede DLBC Lisboa surge no esquema explicativo da Câmara Municipal de Lisboa na apresentação da estratégia BIP-ZIP nas Boas Práticas URBACT como uma ferramenta da Câmara e como apêndice num sistema de governação liderado, não pelas organizações que dinamizam o BIP – ZIP mas antes pela própria Equipa Técnica da Câmara.

Será difícil perceber que se impõe uma Assembleia das Organizações que dinamizam projectos BIP-ZIP com poderes sobre o Programa? E responsabilizar essas organizações pelas metas do desenvolvimento sustentável no território e não apenas no âmbito restricto da sua área de intervenção?

Não é uma questão fácil de gerir, mas é possível e desejável ir mais longe. Nas opções a tomar neste domínio há inegavelmente muitos riscos.

O pior é nem sequer os equacionar e fingir que se está a mudar, a mexer, para que tudo fique na mesma.