Cuidar dos fins e não apenas dos meios

Carlos Ribeiro | Praça das Redes, 7 de Abril 2020 | baseado no texto do Centro Qualifica de Alenquer – Artur Vieira

CUIDAR DOS FINS E NÃO APENAS DOS MEIOS

Aqui está uma pista bem interessante inscrita na informação adiantada pelo Centro Qualifica de Alenquer e que importa explorar e aprofundar. Depois da primeira fase de organização dos recursos humanos, materiais e logísticos importa não perder o rumo e não eleger os meios e soluções tecnológicas como centro do processo de adaptação em curso.

FERRAMENTAS

Utilizar a capacidade instalada. Relembrando algumas ferramentas: Google Calendar, Meet, Drive, Classroom e Forms.

PRIORIDADE

Manter equipa activa e unida e os grupos em formação activos e ligados

MENSAGENS SIMPLES MAS ESSENCIAIS

Há dúvidas e reflexões a fazer e refazer.

Não perder de vista a especificidade do RVCC.

Aprender com os outros. Reaprender o que se julgava saber.

Enfim, cuidar dos fins e não apenas dos meios

E O TEXTO DO CENTRO QUALIFCA – ARTUR VIEIRA

Nós, por cá…
… não estamos parados. Passado o primeiro embate com a nova realidade, foi tempo de adaptação e reação rápida, mas sem deixar de gastar tempo a pensar…Uma opção: aproveitar as sinergias da capacidade já instalada quanto a ferramentas de comunicação e interação a distância: as Apps do universo do nosso domínio: Google Calendar, Meet, Drive, Classroom e Forms, para já. Requisitos de eficácia.Prioridade: manter ativa e unida a equipa, em contacto quase permanente; manter ativos e ligados os grupos em formação e os candidatos em estados adiantados dos seus processos. Não parar.Reuniões da Equipa, treino das ferramentas, formação interna marcada para amanhã. A FCI de nível básico interrompida já está reativada. Sessões de validação e certificação remarcadas. Em 22 de abril, mais três candidatos em certificação (estava marcada para 25 de março). Validação em 15 de abril. FCI do grupo NB8 já recalendarizada, reiniciando este mês. O grupo da itinerância do Sobral de Monte Agraço (teve sessão de informação sobre o Programa Qualifica no dia 11 de março) termina o Acolhimento e avança para diagnóstico, já esta semana. Tudo sobre rodas?Não! Há dúvidas e reflexões a fazer e a refazer, é necessário não perder de vista a especificidade do RVCC e do seu público… Cuidar dos fins, não apenas dos meios. Atentos à nuvem e a Juno…E aprender com os outros… Há tanta gente a reaprender o que já julgava saber. Assim nós. Saúde e recolhimento!

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Dispositivos de educação de adultos fecharam. Mas nós não!

Carlos Ribeiro | Praça das Redes | Caixa de Mitos 1 de Abril de 2020

É justo que se valorizem os professores.

Arregaçaram as mangas e mesmo sem orientações precisas das instituições supervisoras avançaram para o essencial no primeiro dia do encerramento das escolas: manter o contacto com os alunos e abrir novos canais de comunicação e de interacção com as turmas.

Como afirma Ana Água no Publico de hoje “A educação tinha de permanecer viva, mesmo a respirar debaixo de água”.

Isso mesmo a educação. E não apenas as escolas.

Mãos à obra

Em todo o território nacional foram centenas de profissionais da educação de adultos, dos Centros Qualifica, da Rede Valorizar nos Açores, nas associações dinamizadoras de processos de alfabetização e de outras entidades que trabalham na proximidade com adultos que meteram mãos à obra. Contactos por mail, telefonemas, envios de documentos pelo WhatsApp, autobiografias partilhadas no Drive, primeiras reuniões no Skype, sessões alargadas de equipa no ZOOM. Aconteceu tudo e mais alguma coisa. Um turbilhão de iniciativas e tarefas que envolveram praticamente toda a gente.

Estes são apenas uns casos ao acaso

Nos Açores arrancam novas turmas, novos grupos em ilhas diferentes, que irão funcionar a distância. Em Tomar concretiza-se um primeiro júri de certificação recorrendo ao Zoom, em Torres Vedras no RVCC Pro já se partilham vídeos para validação de UCs , em Setúbal os adultos apoiam-se uns aos outros e valorizam a nova situação e em Vila Verde quem já passou no processo de validação e está a aguardar pelo júri afirma que é mais um desafio a vencer. Estes são apenas uns casos ao acaso. Mas a energia que ressalta destas experiências concretas só confirma o potencial humano e de desenvolvimento da educação de adultos.

Vírus da amizade

E querem saber mais? Imaginem um Clube de Velhos Amigos. Gente que se encontra para a boa conversa uma vez por semana e que tece ligações de aprendizagem com amizade e boa disposição. Pois neste contexto, em Vila Nova de Poiares o clube foi apanhado pelo Vírus da Amizade, ou seja, não desistiram de se encontrar e continuam através de meios de comunicação a distância a contactar com iniciativas de educação-formação.

A adaptação está a decorrer com grande mérito, mas também com inúmeras dificuldades. É mais uma batalha entre as inúmeras que o país está a travar.

Mas porra, digam alguma coisa desta gente que faz das tripas coração para que “A educação permaneça viva, mesmo a respirar debaixo de água”.

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Qualificar a distância de um clique

Angelina Macedo, Coordenadora do Centro Qualifica Templários | editado por Carlos Ribeiro | Praça das Redes | 30 de Março de 2020

No Centro Qualifica Templários o primeiro júri de certificação realizou-se com êxito na semana passada. Foi uma aventura cujos pormenores são aqui recuperados pela sua Coordenadora Angelina Macedo que faculta, por esta via aos diversos Centros do país, os primeiros apontamentos sobre a organização e funcionamento de uma das etapas centrais do processo RVCC, desta feita realizada a distância.

Um dos candidatos, cujas competências se encontravam validadas presencialmente, possuía os recursos para uma certificação de competências a distância. Foi necessário preparar, antecipar e dinamizar um processo cujos novos moldes constituíram uma verdadeira aprendizagem para todos.

Preparação

O Skype foi testado num primeiro pequeno grupo (coordenadora e TORVCs) e de seguida com alguns formadores. A TORVC também o usou com o candidato. Assim que todos se sentiram confortáveis a usar o Skype, foi marcada a sessão de Júri. 

A sessão

A sessão foi cuidadosamente planeada tendo em mente que a CMC (Comunicação Mediada por Computador) é necessariamente diferente da presencial. 

Abertura

A Coordenadora abriu a sessão 

  • explicou o motivo desta sessão a distância uma vez que estavam participantes externos ao Centro Qualifica,  
  • Informou que a sessão estava a ser gravada, 
  • apresentou os membros do júri,
  • deu as orientações de natureza prática para a gestão da CMC definindo regras claras de comunicação e netiqueta.

O candidato

De seguida, a TORVC apresentou o candidato e deu-lhe a palavra. Este fez a sua apresentação, apoiando a sua comunicação com um suportes visuais (Power Point) e audiovisuais (vídeos  principalmente do Youtube).

Os membros do júri, todos invariavelmente a distância, colocaram algumas questões e teceram algumas considerações e comentários avulsos.

Deliberação

Enquanto que o júri deliberava, foi possível manter a trocas de impressões entre alguns participantes e o candidato que continuou a responder a questões numa base muito informal.

Após deliberação do júri, o candidato viu as suas competências serem certificadas e foi incentivado a continuar a apostar na sua valorização quer pessoal quer profissional.

Balanço

Para primeira sessão, e depois de ultrapassadas as dificuldades iniciais de comunicação, a sessão correu bem e verificou-se uma grande mobilização e capacidade de adaptação da equipa para responder a estes novos desafios.

No entanto, é de salientar que temos outros/as candidatos/as que também poderiam ser certificados/as na mesma modalidade, mas que ainda não reúnem as condições para serem certificados nesta base. 

Os filhos, esses tesouros

Uma candidata, por exemplo, referiu que está sozinha com o filho pequeno sendo previsível que este acabe por interromper a videoconferência tal como acontece quando a candidata está a falar com o marido. Desta forma terá que se aguardar que seja oportuno.

Barreiras a ultrapassar

No entanto, e apesar de se continuar a trabalhar com quem tem os recursos para isso, há trabalho que não é passível de se fazer porque também existem muitos/as adultos/as que, ou não possuem os recursos (computador e internet) ou os equipamentos estão obsoletos ou ainda não são proficientes na sua utilização.

Temos a esperança que esta crise não implique uma nova descontinuidade da política pública de educação e formação de adultos em Portugal e que esta situação contribua para sua implementação incentivando a aquisição de computadores e o acesso à Internet  a baixo custo. Importa referir que existem alunos na escolaridade obrigatória sem computador nem acesso à Internet, normalmente são os filhos dos adultos que procuram os Centros Qualifica. 

No entanto, continuamos a trabalhar e a tentar chegar o mais possível aos/às nossos/as adultos/as e dar-lhes a melhor resposta possível no atual contexto.

Algumas perspetivas sobre o júri a distância

O que nos diz o então candidato? José Nunes 

Quando iniciei este processo, nunca imaginei que teria que efetuar a sessão de certificação a distância, pela plataforma Skype. Infelizmente devido à epidemia atual em que vivemos, todos temos que nos adaptar e foi isso mesmo que a equipa que me acompanhou e ajudou neste processo fez.

Após o planeamento da mesma, a equipa foi-se adaptando no decorrer da sessão, quando surgia algum impedimento. Penso que dentro do panorama atual a sessão correu bem, sem problemas de maior, que resultaram na minha certificação.

Quero agradecer a todos os participantes, Professores e membros do Júri pela disponibilidade demonstrada face a situação em que vivemos e o apoio que me deram neste processo.

Obrigado.  

O que nos diz a TORFV?   Mónica Silva 

Enquanto Técnica de Orientação, Validação e Certificação de Competências, não me foi difícil, com o José Nunes organizar e treinar a sessão de júri via Skype. Considero que rapidamente consegui absorver uma forma diferente de trabalho, aqui o que mudou foi apenas a sessão em si, isto porque é fundamental ao nosso trabalho do dia a dia com os adultos privilegiar as redes digitais para comunicar, apesar de habitualmente apenas utilizar o e-mail. 

O José também não era o adulto comum, já possuía uma licenciatura e formação avançada na área das TIC. Por norma os nossos candidatos não têm esta destreza informática, e isso é o que mais me preocupa na continuidade do nosso trabalho, claro que tudo faremos para fornecer as ferramentas informáticas de que os alunos necessitam. Mas é um facto, os nossos adultos apresentam na sua generalidade pouca literacia digital, apesar de muitos terem e-mail e conta de Facebook, a grande maioria pouco mais sabe, e o que sabe faz no telemóvel. Muitos dos nossos adultos não têm um PC deles, recorrem aos dos filhos, ou dos netos, e até mesmo à nossa sala de trabalho com os adultos, que hoje está fechada. Além da falta de um computador, outro problema é o acesso à Internet. 

Neste momento estou a acompanhar dois candidatos que me preocupam muito, apesar de muito motivados, uma tem um PC emprestado por uma das nossas professoras (será que agora não lhe faz falta a ela?), não tem acesso à Internet, o outro tem PC mas também não tem Internet, ambos estão desempregados. Acompanho outros candidatos dos quais não tenho feedback, sei que será certamente o acesso à Internet que os impossibilita de continuar, mas é a realidade que vivemos. Com os recursos que nos forem permitidos tudo faremos para continuar a motivar e a incentivar a formação de adultos.

E a avaliação do Formador? Carlos Ribeiro (formador de STC)

Da Sessão de Certificação ressaltam três aspetos importantes:

– Grande capacidade de adaptação dos professores, neste caso, às novas tecnologias;

– Os alunos, neste caso, o formando como centro do processo ensino-aprendizagem;

– Retorno/aquisição de conhecimentos e valores por parte dos professores, ou seja, os docentes mais do que transmitirem conhecimentos, de uma forma enriquecedora, assimilam outros saberes, realidades e valores a partir dos seus formandos.

Um Centro Qualifica na batalha da  adaptação

O atual contexto da pandemia COVID-19 suscitou o reforço da adoção das ferramentas digitais a que os Centro Qualifica não podem ser alheios. Neste âmbito e para continuar a dar resposta aos/às adultos/as que procuram o Centro Qualifica Agrupamento de Escolas Templários, a equipa organizou-se para explorar novas formas de comunicação, colaboração e interação mediadas por computador.

Desde o dia 16-03-2020 que a equipa técnico-pedagógica se encontra a trabalhar a partir de casa em isolamento conforme orientações emanadas pelo atual governo, dando-se continuidade a práticas já instituídas (além das presenciais), a saber:

  • os contactos entre os vários membros da equipa, a Direção do Agrupamento, os parceiros e os/as adultos/as (…) faz-se com o recurso ao telemóvel pessoal e ao email institucional;
  • As Histórias de Vida e apresentações (a apresentar durante a sessão de Júri de Certificação de Competências) são objeto de análise e de orientações através do google drive. Existe uma pasta por adulto/a que é partilhada com o/a adulto/a, a TORVC, os/as formadores/as e a coordenadora;
  • Também temos estado a testar as plataformas digitais: optamos pelo Microsoft Teams para as reuniões da equipa e o Skype para as sessões com os/as adultos/as (que possuem os recursos).

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A alegria de Melissa

Carlos Ribeiro | Praça das Redes | Com a colaboração de Ana Cacho | 30 de Março 2020

No Centro Qualifica Arrábida, em Setúbal, todos os adultos envolvidos nos diversos processos de RVCC ou de formação estão a ser mobilizados para darem continuidade às suas actividades. Melissa Alegria que participa nas iniciativas do RVCC escolar básico adianta “Num momento como este, acho que o trabalho do Centro Qualifica Arrábida é muito gratificante para todos nós. É um método diferente do qual estávamos habituados, contudo, é sentir que apesar do caos instalado podemos continuar a fazer aquilo que nos propusemos há uns meses atrás”.

Apoio diário

E o seu testemunho evidencia legítimas expectativas exprimidas forma convicta “Continuamos a ter o apoio e o empenho diário dos nossos professores para concluirmos o ensino e quiçá esta oportunidade nos venha a ajudar no mercado de trabalho quando tudo isto terminar”.

Alento

“Os tempos que se seguem não se avizinham fáceis, esta oportunidade dá-nos o alento que necessitamos. Obrigada por continuarem a fazer este trabalho connosco” conclui em tom de valorização e reconhecimento.

Teletrabalho com crianças em casa é um mito

Carlos Ribeiro | Praça das redes | 27 de Março 2020

Sónia Fernandes não tem mãos a medir. Formadora no Centro Mais de Fafe, o Centro Qualifica que abarca as várias frentes de trabalho da AEFAFE- Associação Empresarial de Fafe, de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto e de vários parceiros locais, Sónia deu-nos nota da sua atitude antecipatória face às iniciativas a promover no novo contexto de actuação do dispositivo fafense. Revelou-nos que a condição de formador na actual situação está longe de ser pera doce. Os desafios são muitos.

Gerir o tempo

“Já estamos a antecipar e a problemática do COVID-19 está a ser trabalhada pelos meus adultos em vários domínios/núcleos geradores” afirmou, logo no primeiro contacto que estabelecemos com a Equipa Qualifica há uma semana. Alguns dias passados debate-se agora com a gestão do seu tempo atendendo ao facto de estar em casa com os filhos que mobilizam permanentemente a sua atenção. 

Desmoralizar, nunca!

“Para além do meu trabalho tenho que estudar com o meu filho mais velho e necessariamente brincar com ele e com o mais novo. E, importa referi-lo, restam ainda as tarefas domésticas que é preciso realizar no dia-a-dia” desabafa, numa constatação que não a desmoraliza, nem a diminui no seu desempenho, mas a coloca numa posição de procurar as melhores soluções para enfrentar todos os desafios a que está sujeita.

Situação paradoxal

 “Não reduzi as minhas tarefas profissionais, pelo contrário, tenho que orientar os meus grupos do Qualifica, preparar materiais para a escola, realizar avaliações, participar em reuniões, orientar e acompanhar os meus alunos dos meus 2 ATL/centro de estudos, tudo online e com duas crianças. São vários campos de actuação que devo agora realizar a partir de casa. Confesso que estou a chegar à conclusão que o teletrabalho, com crianças em casa, é um mito, é um sentimento constante de que não estou a dar o apoio necessário aos meus filhos porque tenho de trabalhar e, por outro lado, que no trabalho não consigo ser produtiva porque tenho de dar atenção às crianças“ conclui, numa auto-avaliação muito em cima do acontecimento e que poderá ser aprofundada em tempos mais próximos, quando tiver algum tempo para parar, respirar e pensar.

Dez dias que abalaram os Centros Qualifica

Carlos Ribeiro | Embaixador EPALE para a educação não-formal e informal | 22 de Março de 2020

Uma viagem “epaliana” através do contacto telefónico, das redes sociais e da comunicação por mail que reforçou a necessidade das redes e da cooperação entre os Centros Qualifica do país.

A semana que passou foi particularmente intensa para os Centros Qualifica que tiveram que adaptar o seu funcionamento aos novos moldes impostos pelas circunstâncias dramáticas do COVID-19.

É nestes contextos de adversidade e de dificuldade generalizada que vale a pena falar de redes e de cooperação. E sim, a disponibilidade para interagir e colaborar é muita e nós só confirmámos aquilo que sempre dissemos no passado: as redes valem a pena quando elas são indispensáveis para resolvermos problemas que não conseguimos resolver sozinhos. E na EPALE-INFONET metemos mão à obra, com as colaborações possíveis nesta primeira fase. Desde já o Etelberto Costa como adviser dos meios digitais empenhou-se na informação e na mobilização sistemática dos actores da educação-formação. O Acir Meireles, que está focado noutras batalhas açorianas ainda teve tempo para nos indicar as iniciativas da Rede Valorizar.

Nós viajámos por Fafe, Torres Vedras, Tomar, Alenquer, Setúbal, Ponta Delgada, Loulé e conversámos principalmente com coordenadores que partilharam de forma muito espontânea as suas iniciativas, mas também as suas dúvidas e necessidades de apoio.

A palavra de ordem foi comum. Encerrámos todas as actividades presenciais nas instalações dos Centros Qualifica mas o trabalho continua. Todos os adultos envolvidos em actividades de formação ou de RVCC foram convidados a continuar a desenvolver as suas tarefas a partir de casa. Entretanto as Equipas dos Centros iniciaram um processo de auto-organização a partir de meios digitais e, admitindo que o ritmo normal poderá ter um pouco abrandado, a continuidade das diversas acções foi assegurada.

Que ideias-força podemos destacar deste primeiro périplo “epaliano”:

A gratidão da partilha e a valorização do contacto directo e pessoal como elemento de estímulo e de compensação nos momentos difíceis.

Esta sensação de “não estamos sozinhos/as” torna-se particularmente importante quando a pressão é enorme e que as decisões que é preciso tomar não são tão evidentes quanto podem aparentar.

2º A definição do objectivo “de ligar as pessoas e de as manter em contacto”  como essencial nas acções a levar a efeito nos próximos tempos demonstra que os dispositivos de formação e de educação de adultos podem e devem assumir a sua natureza humanista e cidadã acima da dimensão administrativa e tecnocrática que lhes é sistematicamente imputada. 

3º Trata-se em alguns domínios de dar continuidade ao que já era praticado pelas equipas na sua actividade quotidiana. Por exemplo o contacto regular por mail com os adultos e algumas comunicações telefónicas ou através das redes sociais são pontos de partida seguros que importa agora aprofundar.

Reunir toda equipa a distância assume de facto um caracter experimental. Escolher a plataforma ou a o meio de comunicação colectivo é o primeiro ponto a resolver. Isto porque a escolha tem que ter o consenso dos diversos membros do grupo já que as condições tecnológicas de uns e de outros são bastantes diferentes. 

5º Os desafios de novas experimentações estão lançados, desde a realização de sessões de formação complementar à organização de júris online. Várias necessidades estão a aguçar o engenho. E a suscitar curiosidade em toda a comunidade dos Centros Qualifica.

6º É preciso tratar dos aspectos administrativos, registos, actas, formalizações de actividades levadas a efeito. E cuidar dos membros das Equipas que ficaram em situação de particular vulnerabilidade remuneratória face á situação criada. Cuida r do sistema, mas em primeiro lugar cuidar das pessoas.

7º Sugestões e propostas de actividades simples e claramente exequíveis são um sinal de bom-senso e de respeito por todos. Ou seja, neste caso, cuidar que ninguém fique para trás. Pode aqui ser mencionada a indicação da actividade para os adultos em processo RVCC de “lerem um livro”. Sim, simples, com a opção de escolha pelo próprio, mas com uma orientação de acompanhamento e de aprendizagem: realizar um resumo e sistematizar a experiência de leitura.

Estes são os primeiros apontamentos da viagem EPALIANA realizada ao longo da semana com alguns dos dinamizadores da inovação no sistema de qualificação e educação de adultos. Para semana, voltaremos.

Juntos

José Alberto Rio Fernandes, Professor Catedrático UP, Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos

Precisamos de nos afastar uns dos outros. Recomendam-nos que fiquemos em casa e, tendo de sair, que nos mantenhamos a uma distância de segurança. O resultado é desolador: as ruas e praças estão praticamente vazias e os equipamentos públicos fechados; não há pessoas nas esplanadas, nem nos jardins públicos e os turistas, que eram mais que os residentes, são agora raros, tendo até passado a ser vistos com estranheza.

MAIS JUNTOS QUE NUNCA
Todavia, estando nós afastados uns dos outros e alguns até completamente sós, é bom perceber-se que estamos, contudo, mais juntos que nunca.
Há insegurança no ar e é compreensível que alguns tendam a criticar (quase) tudo e todos, quaisquer que sejam as medidas, por serem poucas e tardias, ou em excesso. Todavia, importa confiar e, de forma geral, temos confiado nos políticos que nos dirigem, no governo, ou no nosso município – e obedecido!

PREOCUPAÇÃO COM A COLETIVIDADE

Além de reconhecermos a sua importância, importa-nos também a qualidade do serviço nacional de saúde e dos seus profissionais. E é excelente. Confiemos, pois! Porque não é este o tempo para o debate sem sentido, mas sim para o sentido de Estado e para a preocupação com a coletividade, para com os nossos mais próximos e todos os demais também, porque todos dependemos uns dos outros.

COMBATE À SOLIDÃO
Felizmente, por todo o lado há bons exemplos. É o caso de amigos, como o João, no Porto, que telefona a pessoas idosas e fala com os vizinhos, à distância, incentivando outros pelo facebook a mostrarem solidariedade e a serem gentis; ou da Inês que, em Braga, se disponibiliza a fazer compras a quem tenha necessidade de ficar em casa; ou ainda do José Carlos que, em Aveiro, criou uma rede virtual para combate à solidão que já tem mais de 7.000 seguidores. Três de muitos. Um abraço a eles. E a todos.
Estamos juntos!

Editado, texto original para subtítulo | Praça |CR