Economia social e solidária: garante de democracia na transição para a sustentabilidade

Ana Margarida Esteves

As alterações climáticas podem levar a uma nova vaga de autoritarismo. A economia social e solidária propõe um modelo de transição para a sustentabilidade baseado no aprofundamento da democracia.

Entre os próximos dias 6 e 8 de novembro, o ISCTE-IUL irá receber uma conferência internacional sobre o tema. 

A série “O Conto da Aia”, baseada no romance homónimo de Margaret Atwood, ilustra como o colapso ambiental pode levar à morte da democracia: para manter o “status quo”, as elites não hesitam em promover uma interpretação moralista da crise, justificando um regime totalitário que lhes garante prioridade no acesso a bens escassos, neste caso úteros férteis e alimentação sadia. O sexto episódio indica que o regime reduziu 78% do carbono atmosférico em apenas três anos e implementou um modelo agrícola 100% orgânico. A visão distópica de Atwood não é mera ficção: a República de Gilead é uma síntese das derivas autoritárias que devastaram o Ocidente no século XX.

As alterações climáticas ameaçam a sobrevivência da nossa espécie, exigindo um modelo de governança que substitua o crescimento económico por modelos circulares de produção, distribuição e consumo. Como fazer mais com menos sem uma nova deriva autoritária? O discurso da “economia verde” desvia a atenção das estruturas de poder que destroem ecossistemas. Promove uma abordagem individualista e moralizante da sustentabilidade, sobretudo entre classes médias que veem no “consumo sustentável” uma forma de se distinguirem das “massas inconscientes”. Abordagem esta partilhada por alguns “projetos alternativos de sociedade”, nostálgicos de uma ruralidade pré-moderna, que veem na Razão e na Ciência a causa primordial da “destruição da Mãe Terra”. 

A urgência do aprofundamento democrático

De forma a prevenir derivas autoritárias, a transição para a sustentabilidade deverá neutralizar as atuais estruturas de poder e aprofundar a democracia. A economia social e solidária oferece tal perspetiva, ao encarar o tema como sendo do foro da economia política. O seu modelo de governança partilhada, baseado na gestão comunitária dos bens comuns e na valorização dos territórios e da diversidade de saberes, ancora a sustentabilidade ambiental na promoção da democracia participativa e justiça social.

A conferência internacional “Economia Social e Solidária e Movimento dos Bens Comuns”, cuja segunda edição terá lugar de 6 a 8 de novembro no ISCTE-IUL, reúne investigadores, ativistas, empreendedores sociais e gestores públicos para discutir a transição para a sustentabilidade como estratégia de aprofundamento democrático. Esta conferência, aberta ao público, é organizada pelo CEI – Centro de Estudos Internacionais, com o apoio do departamento de Economia Política do ISCTE-IUL, do Centro de Ecologia, Evolução e Mudanças Ambientais (CE3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e a Incubadora de Economia Solidária da Universidade Federal de Alagoas (Brasil).

Este evento insere-se num propósito maior: garantir que a transição para a sustentabilidade não mudará apenas o necessário para “que tudo fique na mesma”… ou pior. 

Socióloga, Investigadora no CEI – Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL

Artigo publicado no Jornal de Negócio transcrito na Praça das Redes com a autorização da autora

Une république réellement citoyenne!

Proposition déposée par Samuel Thirion dans le vrai débat (site des gilets jaunes)

Titre de la proposition : Pour une démocratie citoyenne permanente depuis les quartiers et villages jusqu’au niveau international

Description

La seule vraie démocratie est la démocratie directe organisée dans chaque lieu de vie. Cela peut prendre la forme d’assemblées citoyennes dans chaque commune, s’il s’agit d’une petite commune, ou au niveau de quartiers ou villages pour les communes plus grandes, de façon à permettre à TOUS les habitants d’y participer. Ces assemblées citoyennes gagneront à être formellement constituées, par exemple sous la forme d’une association de tous les habitants du lieu considéré. Elles peuvent se réunir par exemple une fois par mois, de façon à ce que chacun puisse y exprimer ses attentes et ses problèmes et qu’ils soient discutés collectivement pour trouver des solutions ensemble. C’est aussi le lieu de co-construction d’une vision partagée de la société que nous souhaitons et des politiques publiques que cela implique à d’autres niveaux. Les visions de chaque assemblée, sous forme d’une synthèse consensuelle des paroles de chacun (en respectant les principes de démocratie citoyenne – voir ci-dessous) peuvent être ensuite réunies dans des assemblées à des niveaux supérieurs (villes, arrondissements, départements, région, pays, etc). Pour que cela puisse se développer IL EST ESSENTIEL DE L’INSCRIRE DANS LE FONCTIONNEMENT DE LA REPUBLIQUE: Créer une république réellement citoyenne!

Principes de démocratie citoyenne :

  • Le respect des principes de démocratie directe : droit de parole égal pour tous, sans intermédiaire, libre expression de chacun par des questions ouvertes n’introduisant pas des réponses à priori, respect des temps de réflexion individuelle et collective.
  • Le principe de la représentativitéen s’assurant que tous ont eu l’occasion de participer, ou du moins toutes les catégories sociales, d’âge et de genre et la possibilité de le vérifier de manière transparente et accessible par tous.
  • Le principe de la traçabilité, permettant à chacun et à chaque groupe de voir comment sa parole a été prise en compte et se retrouve dans les synthèses. C’est un principe essentiel pour que la motivation à participer aille au-delà de la simple curiosité et ne se limite pas à ceux qui en ont le temps.

Bénéfices apportés

Ceci présenterait de multiples avantages:

1- Faire des synthèses des attentes et propositions des citoyens d’abord au niveau local puis ensuite aux niveaux supérieurs, évitant ainsi de faire une synthèse directement au niveau national comme cela se passe dans le grand débat, totalement dépendant d’algorithmes avec tous les inconvénients que cela présente.

2- Sortir de la verticalité pour une véritable horizontalité au plus proche des citoyens, porteuse de dynamiques de solidarité directement dans les lieux de vie.

3- Avoir une vraie légitimité pour interpeller les responsables politiques à différents niveaux puisque les visions partagées et synthèses seront construites à partir de la parole de tous. A terme les responsables politiques qui seront élus seront ceux qui sont le plus à même d’écouter et prendre en compte les attentes des citoyens.

4- Lancer un processus d’apprentissage de la démocratie citoyenne dans tous les lieux de vie, et permettre cet apprentissage dans les écoles.

5- L’existence formelle des assemblées de citoyens sous la forme d’associations d’habitants leur permettra de disposer de leurs propres moyens qui auront de ce fait le statut de biens communs. A termes ces bien communs pourront s’étendre à divers moyens de vie, gérés collectivement et mis à disposition de ceux qui en ont besoin le temps où ils en ont besoin.

A titre d’information cela existe déjà au Cap Vert (information non incluse dans la proposition)

Samuel Thirion, ex-perito do Conselho da Europa é um activista da democracia directa e do desenvolvimento local.