Palhaços Visitadores, um sorriso por dia!

APOIA O PROJECTO PALHAÇOS VISITADORES!

E tu? E a tua instituição? Como podes apoiar?

– através de um donativo (no final do vídeo existem indicações para o efeito)

– através do apoio financeiro e logístico a uma VISITA EXPERIMENTAL numa instituição da tua região

– através da divulgação junto de potenciais financiadores ou patrocinadores da existência do projecto

– através da indicação e sensibilização de eleitos que conheças para que exista um apoio regular e continuado por parte das autarquias locais

– através da indicação de pessoas e organizações que poderão ser apoiantes do projecto nos termos acima mencionados

– se queres “declarar” o teu apoio e ser um VISITADOR DO CORAÇÃO! então contacta

MAIS INFORMAÇÃO

A travessia do clown

Workshop A Travessia do Clown 
uma viagem de iniciação à arte do palhaço com Eva Ribeiro 18&19 de Janeiro | COIMBRA 
Sobre o workshop
A Travessia do Clown é uma oficina de iniciação ao estado e ao jogo do palhaço. O palhaço ou clown é um estado que vive e pulsa a partir de nós próprios quando aceitamos “ser” em essência e pureza, movidos pelo prazer de jogar  conexão com o público e com os nossos parceiros.    
 Numa visão do palhaço enquanto ser arquétipo, vivido a partir de um estado de autenticidade, loucura e generosidade, vamos investigar o riso e quais os seus gatilhos.
 Neste workshop procuramos deixar o corpo “falar” e tomar consciência de como este corpo pulsa e vive a partir da emoção e da fragilidade.  
Conectaremos com o Aqui e o Agora, com a nossa respiração e com a curiosidade inata que nos move.
 Navegando por mares desconhecidos, revisitamos nesta Travessia Clown, através de exercícios específicos desta arte, o prazer de brincar e a aceitação do erro como parte do elemento de jogo.
Duração 16h / nº minimo participantes: 6; nº máximo 20

ONDE TEUCassociação académica de Coimbra
HOráriO10h às 17h (com pausa para almoço)
público-alvotodas as pessoas que desejem aprofundar o conhecimento sobre si mesmo, o seu corpo e a sua presença diante de um públiconão é necessária experiência préviaprofessores, musicos, artistas performativos, atores, bailarinos, entre outros
valor 65 euros50 euros (estudantes/parceiros TEUC)

MAIS INFO/INSCRIÇÕES

00351926899394

Sobre Eva Ribeiro (1985)

palhaça, atriz cómica e formadora
Pesquiso as linguagens do circo, do teatro e das artes performativas desde 2004. Colaboro com grupo e outros artistas na criação de espetáculos e sou autora dos meus espetáculos solo: Madame Kill (2013) Chic! (2015) Pimpinella (2016) A Cerimónia (2019) The Tomate Show (2018). Tenho vindo a apresentar estas criações em diferentes contextos de encontros, festivais, mostras, etcDesde 2019 faço parte do projeto As Testemunhas duo cómico juntamente com Rafa Santos.
Em 2007 terminei a minha formação em Teatro na ESAP (Porto) e em 2009 em Teatro Físico na Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq em Paris (França). Tenho feito cursos regulares com vários mestres da palhaçaria mundial tais como Pedro Fabião (PT), Pedro Correia (PT), Adelvane Néia (BR), Silvia Leblon (BR), Ésio Magalhães (BR), Jeff Johnson (EUA\México); Johny Melville (Escócia), Tom Roos (BE), Red Bastard (ENG); palhaço Tomate (ARG), Matteo Cifariello (IT) Virginia Imaz (País Basco,ES) Jesus Jara (ES) Elise Ouvrier Deboufet (FR) entre outros.Faço igualmente investigação continuada nas áreas da música, da dança, do circo e das terapias não-convencionais como forma complementar de enriquecimento pessoal e artístico. Realizei vários trabalhos nas áreas do teatro social e comunitário dando formações ou criando exercícios teatrais com grupos e associações de caráter social.
Uno a paixão pela viagem e por conhecer diferentes culturas ao meu trabalho. Colaboro pontualmente com outros artistas e companhias na criação de espetáculos e na organização de cabarés, mostras e festivais de circo e palhaçaria.  Dou cursos e faço treinamento de Clown. Participo activamente em iniciativas de Clown social tais como Palhaços Visitadores, projeto de visitas regulares de palhaços a lares de idosos e centros de dia, do qual sou fundadora e coordenadora. 
www.evaribeiro.pt

Encontros Imaginários 21 de Outubro

Helder Costa – A Barraca

Oskar Schindler (Svitavy28 de abril de 1908 – Hildesheim9 de outubro de 1974) foi um industrial alemão sudeto, espião e membro do Partido Nazi, que teria salvo da morte 1200 judeus durante o Holocausto,[1] empregando-os nas suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas nas actuais Polónia e República Checa, respectivamente. Schindler recebeu a designação de Justos entre as nações pelo governo de Israel em 1963, e morreu a 9 de Outubro de 1974. José Rebelo, jornalista, interpreta.

Boris Vian (Ville-d’Avray10 de Março de 1920 — Paris23 de Junho de 1959), foi um engenheiroescritorPoetaTradutor e cantautor francês, identificado com o movimento surrealista e o anarquismo enquanto filosofia política. Escreveu muitas canções que alcançaram uma grande notoriedade como Le DéserteurLa Java des bombes atomiques. Chegou a ter uma banda Jazz formada por si e pelos seus dois irmãos que tocava no famoso clube de Jazz do Quartier Latin Le Tabou. Vian foi o responsável pelo lançamento de vários interpretes da canção Francesa, nomeadamente Serge Reggiani e Juliette Gréco. Interpretação do cantautor Rogério Charraz.

Martin Bormann (Wegeleben, 17 de Junho de 1900 – Berlim, 2 de Maio de 1945) foi um destacado oficial durante a Alemanha Nazi, com um poder muito significativo no Terceiro Reich ao usar a sua posição de secretário privado de Adolf Hitler para controlar o fluxo de informação e acesso ao Führer. Depois do suicídio de Hitler, Bormann e outros tentaram fugir de Berlim no dia 2 de Maio para evitarem ser apanhados pelos soviéticos. Bormann ter-se-à suicidado numa ponte perto da estação de Lehrter e o seu corpo foi descoberto anos mais tarde. Foi julgado in absentia pelo Tribunal Militar Internacional nos Julgamentos de Nuremberga de 1945 e 1946 e condenado à morte por enforcamento por crimes de guerra e contra a humanidade. Interpretação do economista Helder Oliveira.

                                         II PARTE

Canções por    Rogério Charraz.

ULTIMAS RESERVAS : por este mail ou 213965360

A Torre de Babel, teatro na A Barraca

Hélder Mateus da Costa | Texto e foto A Barraca | divulgação

Segundo a Bíblia, a Humanidade era uniforme a seguir ao Grande Dilúvio, e falavam um único idioma.Foram para o Oriente e decidiram construir uma cidade e uma torre muito alta para alcançar o céu.

Deus não gostou, misturou as suas vozes para que não se pudessem entender e dispersou-os por todo o mundo.

Surpreendidos e temerosos, os povos acobardaram-se e submeteram-se durante séculos à Fúria Divina.

Sem um ai, sem um queixume.

E aconteceu Portugal.

Invocando Deus, Deuses e implorando milagres, desfraldando bandeiras e brandindo a Cruz e a Espada, unimos o Oriente e o Ocidente.

Mas as catástrofes continuaram e perante o actual cataclismo, os países organizaram Abrigos para se defenderem e garantiram o Futuro.

Decidimos tratar esta tragédia em tom de sátira, linguagem que nos parece apropriada para o desvario humano e civilizacional que atravessamos.

Sucedem-se vários tipos de animação teatral e musical, o HUMOR é dominante, mas a comunicação internacional vai desaparecendo e o desespero instala-se.

Nesta distopia, o símbolo do ABRIGO- SALVADOR não funciona e termina em implosão.

Mas… renasce um forte sinal de esperança…

TEXTO E ENCENAÇÃO

Hélder Mateus da Costa

INFORMAÇÕES E RESERVAS 

tel. 213 965 360 | 5275 | 913 341 683 |968 792 495 | e-mail. barraca@mail.telepac.pt|

 bilheteira@abarraca.com |

A BARRACA

Largo de Santos, 2
1200-808 Lisboa
T. 213965360/213965275
F. 213955845
barraca@mail.telepac.pt
www.abarraca.com

Zé do telhado em Lousada

Helder Costa, dramaturgo. Foto ACERT

Assisti ontem a um espectáculo de rua, muito especial.Mais 70 actores e figurantes e mais de 500 pessoas convenientemente sentadas e outras muitas de pé.
O tema era a vida do Zé do Telhado, o bandoleiro social que terá sempre uma eterna fama de justiceiro enquanto a sociedade continuar neste imobilismo anti -partilha e totalmente classista.
O espectáculo é magnifico, recheado de situações de verdadeiro risco artistico , com humor, inteligente e até sábio!
Parabens a toda esta produção – verdadeiro exemplo da necessria geminação entre a Arte e a acção Social.
Caminho justo porque se a Cultura não se interessa pela Sociedade, é natural que a Sociedade vire cotas à Cultura,
Parabens aos grupos Jangada e Trigo Limpo, com destaque para o encenador José Rui e Xico Alves, verdadeiro mestre de cerimonias no final apoteótico.
Neste tipo de espectáculos não é normal destacar actores.
Mas quero referir o Leite e a sua máscara de louco de bom senso, o que ficou muito bem ao actor em questão. .  

TEXTO TRIGO LIMPO – ACERT sobre a peça.

Ficha Técnica. Textos do autor e encenador

Coprodução Jangada Teatro com Trigo Limpo teatro ACERT

O texto teatral “Zé do Telhado” de Hélder Costa, criado pelo dramaturgo para o Teatro A Barraca em 1978, vai ser recriado num espetáculo teatral de rua que, desde o início do ano, está em preparação. Os ensaios estão a decorrer em Lousada, sendo a construção do engenho cénico e cenografia realizada na Oficina das Artes Criativas de Tondela.

Uma narrativa inovada para se adequar às características próprias de um espetáculo de rua. Uma viagem pela vida do herói popular Zé do Telhado e por um período conturbado da História de Portugal. As Guerras Liberais que, no século XIX, opuseram os dois irmãos, Pedro e Miguel, enquadram historicamente as aventuras do bando de Zé do Telhado, sendo a narrativa marcada pela interação constante entre os feitos do bando comandado por o nosso herói e uma corte corrupta que seguia cegamente as instruções de alemães, franceses e ingleses, enfim, duma certa Europa da época.

Camilo Castelo Branco conviveu de perto e foi amigo de Zé do Telhado quando, ambos, estiveram presos na Cadeia da Relação, no Porto. Os seus testemunhos no livro “Memória do Cárcere”, tal como outros factos históricos, representam uma visão fantástica sobre Portugal num período igualmente marcado pela Revolução da Maria da Fonte. Uma revisitação histórica conduzida pela linguagem teatral, comprovando paralelismos surpreendentes com a atualidade.

Uma produção teatral propiciadora de mais uma aventura criativa que se adapta à arquitetura dos locais públicos, envolvendo dezenas de criadores das duas companhias e de intérpretes teatrais e musicais convidados.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Coprodução: Jangada Teatro e Trigo Limpo teatro ACERT
Texto: Hélder Costa
Versão Cénica e Encenação: José Rui Martins

Interpretação: António Leite, Bel Viana, Carla Campos, Daniel Silva, Diogo Freitas, Filipe Gouveia, Luiz Oliveira, Pedro Dias, Sónia Ribeiro, Vítor Fernandes e Xico Alves
Atores amadores: Ângela Mota, Albina Ribeiro, Américo Magalhães, Américo Pinto, Ana Peixoto, Antonina Neto, António Filipe Pinto, Bino Borges, Luís Falcão, Luís Peixoto, Manuela Teixeira, Nazaré Sousa, Ricardo Moreira, Rosa Magalhães, Samuel Pinto, Sandra Paiva, Tatiana Ferreira e Teresa Oliveira

Música: José Afonso
Direção Musical: Romeu Silva (Orquestra) e Tiago Sami Pereira (Precursões)
Músicos: Banda Musical de Lousada (1) e Lousad’arrufar (2)
Participação Especial: João Afonso (Voz)

Assistência de Encenação:  Pedro Sousa, Sónia Ribeiro, Xico Alves

Figurinos: Cláudia Ribeiro
Assistente de Figurinos e Aderecista: Filipe Pereira
Mestre Costureira: Alexandra Barbosa, Marlene Rodrigues
Assistente Aderecista: Cláudia Gomes

Cenografia: Sofia Silva e Zétavares
Execução de Cenografia: Oficina das Artes Criativas – ACERT

Assistência de Cena: Pedro Sousa
Desenho de Luz: Fernando Oliveira e Paulo Neto
Operação de Som: Fred Meireles Luís Viegas
Produção e Secretariado: Alejandrina Romero, Fred Meireles, Marta Costa e Susana Morais
Desenho Gráfico: Zétavares
Fotografia: Rui Coimbra
Vídeo: Maria Nunes
Serralharia: Araufer, António Viana, Filipe Lopes, Francisco Viana, Nuno Rodrigues, Samuel Ferreira
Carpintaria: Carmoserra
Equipamento Som e Luz: Audio Globo

(1) Carlos Carvalho, Cristina Baptista, Fábio Mota, Fábio Ribeiro, Gabriel Lopes, Inês Fernandes, Joana Ferreira, João Fernandes, João Neto, Paulo Mota e Sara Costa
(2) Ângela Botelho, António dos Santos, Beatriz Teixeira, Bruno Teixeira, Davide Teixeira, Eduardo Teixeira, Francisco Bragança, Guilherme Nunes, Inês Neto, João da Cunha, José da Cunha, José da Silveira, Judite Sampaio, Leandro Ribeiro, Liliana da Silva, Miguel Ribeiro, Miguel Teixeira, Tatiana Ferreira, Tiago Magalhães

Parceria e apoio especial à produção e comunicação: Câmara Municipal de Lousada

Agradecimentos
À Câmara Municipal de Tondela, Rosicar, Quinta de Lourosa e Viana & Filhos. A José Mário Carvalho, investigador de José Teixeira da Silva pela informação disponibilizada nos depoimentos publicados nos vídeos on-line e à equipa técnica da Audio Globo.

Patrocínios: Fepsa, Lameirinho, Quinta de Lourosa, Viana & Filhos Lda.


TEXTO DO AUTOR

O Regresso do Zé do Telhado

Quando existe um Herói popular – desses que era cantado nas feiras e nos mercados – célebre em papéis de cordel, histórias aos quadradinhos (hoje, diz-se banda desenhada, a BD), também em cinema e teatro, é natural que ele reapareça de vez em quando.
O meu primeiro contacto com este bandoleiro social foi através de um pequeno conto que a minha mãe me deu quando eu andava pelas primeiras letras, e tocou- me esse personagem parecido com os heróis do “Mundo de Aventuras”.
Os anos passaram e essa memória afectiva nunca desapareceu. E quando o Augusto Boal dirigia A BARRACA a seguir ao 25 de Abril, eu insistia que ele devia trabalhar com personagens portugueses…ele acabou por perder a paciência e desafiou-me a escrever a peça e depois se veria. Coisa que fiz em dois dias, aprovação e, felizmente, um grande êxito até assinalado com o grande prémio de teatro em Sitges, Barcelona.
Muitos anos depois, o grupo Jangada desafio-me para fazer a encenação desse texto e confesso que foi dos grandes prazeres que tive na minha carreira de encenador dada a qualidade, alegria e loucura do elenco.
E agora, mais uns anos e chega o desafio para esse herói popular ir abrilhantar as ruas de Lousada e Tondela! O êxito está garantido, é evidente.
E aí regressa um grande símbolo do imaginário popular, o Robin Hood português que foi militar ao serviço do Setembrista Sá da Bandeira (a quem salvou a vida e por isso conquistou a maior condecoração do Exército de Portugal), perseguido, exilado, e lutador que veio tirar aos ricos opressores miguelistas o pão que entregava ao povo.
Bem vindo, camarada Zé do Telhado!

Hélder Mateus da Costa
Junho 2019


TEXTO DO ENCENADOR

Nesta aventura criativa, o Trigo Limpo teatro ACERT percorreu afetuosamente trilhos e encontros que há muito desejava abraçar.
O primeiro deles, na companhia de Zé do Telhado, herói popular que, tal como os já visitados noutros espetáculos — João Brandão e Viriato — entram numa trilogia que tem consentido incursões dramatúrgicas pela história do imaginário português, explorando narrativas teatrais que têm o fantástico e o onírico como dialéticas imaginativas que se prestam a ter a rua como palco.

Por outro lado, um texto de Hélder Costa criado para “A Barraca” em 1978, permite um sinal de gratidão da Jangada Teatro e do Trigo Limpo teatro ACERT a um dramaturgo e a um grupo que, desde há muito, fazem parte de uma certa matriz criativa e afetiva das duas companhias que se associam para criar este espetáculo. Uma matriz que nada tem a ver com seguidismo artístico, mas que advém das referências que permitiram às duas companhias encontrar caminhos próprios desafiadores, na abordagem de dramaturgias originais. José Afonso, criou músicas originais para o espetáculo de A BARRACA. Mais de 40 anos depois, a música de cena criada pelo nosso querido músico, ganha atualidade pela “gentil” voz de João Afonso, pela mestria dos arranjos e originais do maestro Romeu Silva e a interpretação da sua distinta orquestra. Tiago Sami Pereira, o nosso “Homem do Bombo” criou com o “Lousada a Rufar”, momentos percussivos populares que, teatralmente, adquirem dimensão epopeica e humorística. Todos eles, são construtores de magias e andanças desafiantes que acarinham criativa e experimentalmente esta produção.


Uma vez mais, o Trigo Limpo teatro ACERT saboreia uma aventura comum com outro grupo com quem tem uma relação de partilha. A Jangada Teatro passa a figurar no altar teatral casamenteiro, tal como aconteceu com outras companhias, Mutumbela Gogo (Moçambique), Teatrosfera, Chévere (Galiza), Teatro de Montemuro, TAS, Theater tri-bühne (Alemanha), Fundação José Saramago, Flor de Jara (Espanha), entre outros. Este espetáculo é também um tributo aos atores Faria Martins e Xico Alves e a todos os “jangadenses”, num ano em que a companhia celebra 20 anos a resistir com paixão pelo teatro, revisitando inovadoramente um texto que marcou o seu histórico.
Por último, não pode deixar de referir-se a equipa de atrizes e atores amadores que, com ao seu profissionalismo — sim, porque profissionalismo, no teatro, não indica uma relação remuneratória, mas antes a qualidade do desempenho e dedicação —, se revelaram talentosamente na construção do espetáculo.
Este “José do Telhado”, nesta versão de teatro de rua, confirma, pela grande envolvência de artistas locais com o elenco da Jangada Teatro e as equipas do Trigo Limpo teatro ACERT que o teatro continua a ser uma arte confluente de diversas linguagens e um exercício que, para ser coerente e autêntico, deve ser resultante de uma relação coletiva de partilha.
Com assaltos e sobressaltos, com solidariedades e entreajuda permanentes, com uma intenção incessante de denúncia social, com irreverência e, sobretudo, com um desejo de que o público se reveja no sonho que juntos vivenciámos, respiramos nos trilhos nortenhos de Zé do telhado, procurando ser loucos como ele.

Sermos, enfim, todos Zé do Telhado!

José Rui Martins
Trigo Limpo teatro ACERT

Tu és arte

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos

O Teatro Umano desenvolveu nos últimos anos, no quadro das intervenções da CML – Câmara Municipal de Lisboa relativas à prevenção de situações de risco ( jovens com consumos elevados e excessivos de álcool), toda uma metodologia de performance e animação de espaços públicos que combina as técnicas do Teatro de Agir-Prop com o Teatro Comunitário.

Uma iniciativa cheia de vitalidade e de energia cujos impactos seria interessante serem analisados tendo em conta as especificidades atitudinais e comportamentais do segmento de jovens para o qual a iniciativa foi prioritariamente dirigida.

No fundo é toda a questão das linguagens e das percepções nos processos persuasivos, argumentativos e de transformação que, neste tema dos consumos é particularmente desafiante, sendo o campo dos ditos “comportamentos desviantes” um dos quadros mais exigentes de investigação-acção.

Sobre um teatro de potencialidades

Autor: Wellington Oliveira

No dia 14 de Abril, no âmbito do 3° Encontro de Teatro Comunitário de Almada, Portugal, saí de Porto à Lisboa para assistir ao espetáculo Ensaio Sobre a Cegueira, do Projeto Teatro de Identidades, com direção de Rita Wengorovius. O espetáculo foi resultado de um processo artístico-pedagógico gerado pelo encontro de estudantes do Mestrado de Teatro e Comunidades, da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, com idosos.

Os desafios deste tipo de práticas, referentes ao fato incluir idosos com limites físicos, quadros de saúde comprometidos pelo Alzheimer, entre outros reflexos típicos desta fase da vida, frequentemente colocam os trabalhos teatrais com este público no interior de uma armadilha que tende a vitimização e a reprodução de um olhar que não é o dos idosos. O que eu vi neste espetáculo foi justamente o contrário. O Ensaio sobre a Cegueira, inspirado na obra de Saramago, foi construído a partir das potencialidades de cada um dos idosos que estavam no palco. A profanação de muitas práticas teatrais com estes públicos, geralmente um teatro de limitações, ocorreu pela construção de um teatro de potencialidades.

Diálogo com os corpos

O maior feito deste espetáculo foi o olhar para cada um dos participantes, conseguindo superar o mero conteúdo e criar uma forma própria, através de cada uma das potencialidades daqueles corpos. A presença dos estudantes do Mestrado de Teatro em Comunidades foi essencial na cena, estabelecendo um contato de parceria com os idosos, sem incorrer no erro de se tornarem os protagonistas da ação cênica. Todo o roteiro e movimentação das cenas foram construídos em diálogo com os corpos, cuja coletividade se constituía por gestos, movimentos e ações conseguidas por todos. Para quem não decorava textos, a dramaturgia se compôs a partir de frases ditas pelos estudantes e repetidas pelos idosos, de forma que isto de fato fosse cena e fizesse sentido para além de um texto repetido só para estar na boca dos participantes.

A cegueira dos sentidos

A comicidade presente no espetáculo, muito bem explorada e apropriada por todos, brincava com as limitações e doenças típicas da velhice, tornando o espetáculo também um gesto de reconhecimento das identidades de todos e de um olhar para o envelhecimento como mais um processo da vida – fase pela qual todos vamos passar. Para além dos idosos, a cena recebeu um participante cego, agregando uma dimensão muito mais profunda ao trabalho e um olhar diferenciado para o título de Ensaio sobre a Cegueira, deslocando o sentido de uma cegueira visual para algo muito mais amplo: temos olhos, mas muitas vezes não enxergamos. Temos ouvidos, mas muitas vezes não somos capazes de ouvir. Temos tato, mas muitas vezes não sentimos o que tocamos. A cegueira dos sentidos, das nossas sensibilidades, da negação dos nossos processos de vida, entre outras coisas, era a Cegueira que este coletivo estava tratando na cena. Uma cena de potências, capaz de agregar todas aquelas humanidades e presenças, compreendendo a igualdade de cada um dentro das diferenças. E esse é um dos maiores desafios dos nossos tempos, poder falar de igualdade nas diferenças. Ter espaços capazes de agregar todas as identidades e pluralidades.

Agradeço a todos os envolvidos neste projeto pela experiência, pela recepção tão afetuosa e pela oportunidade de ver que é possível pensar um teatro em que caiba toda a gente.

Wellington Oliveira, Arte-educador, professor de teatro e encenador, Doutorando em Educação Artística na Universidade do Porto, Mestre em Artes pela Universidade de Brasília – Brasil.

Foto, créditos: Diego Ponce de Leon


.


Portugal entre patrimónios

Há um projecto a querer que os portugueses se encontrem, conversem e realizem acções apaixonantes relacionados com o património, ou melhor, com os patrimónios.

Pôr pessoas e entidades em contacto, ultrapassar as barreiras das instituições, favorecer as ligações informais e produzir iniciativas que valham a pena, eis a fórmula que Lúcia Saldanha do MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado está a concretizar através de pequenos encontros dinamizados na modalidade de World Café . Agir em pequenas redes, de forma informal e formal e procurar resultados concretos constituem metas a atingir por parte da rede de parceiros que se encontra em processo acelerado de crescimento.

O Portugal entre Patrimónios tem um espaço informativo na Net. Acompanhe, contacte e colabore; os patrimónios e o Portugal que vai vivendo no meio deles, agradecem.

ONTEM 23 DE ABRIL FOMOS BEBER CAFÉ, no salão de chá!
No World Café do projecto Portugal entre Patrimónios, a EMERGE de Torres Vedras e a Casa da Avó Gama acolheram este encontro muito informal sobre Educação na Arte. Como o serviço era só ao balcão, os participantes ocuparam as mesas do magnífico Salão de Chá e, em Livre-Serviço, fizeram rodar pelos grupos perguntas impertinentes cujas respostas constituíram excelentes pretextos para conversas sem fim. No final a arte contemporânea, o património, a educação para a cultura, a educação comunitária, as identidades dos territórios, as escolas e os professores criativos e facilitadores e tantas outras referências foram dar à aldeia do Barata Moura que nos relembrou que há sempre alguém com uma grande IDEIA . 

Autor: Carlos Ribeiro/ ©fotografia CR/CaixadeMitos, 24 de Abril de 2019

Word Café na Casa da Avó Gama – Torres Vedras
Encontros imaginários de 8 de Abril

As três figuras históricas e personagens deste encontro são apresentadas pela pluma de Helder Costa.

Bertrand Arthur William Russell, 3º Conde Russell OM FRS (RavenscroftPaís de Gales18 de Maio de 1872 — Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticosfilósofos e lógicos que viveram no século XX.. Até à sua morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral, sendo um crítico influente das armas nucleares e da guerra no Vietnam. Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, “em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento“. Interpreta o militar de Abril Mário Tomé.

Katharine Houghton Hepburn (Hartford12 de Maio de 1907 — Old Saybrook29 de Junho de 2003) foi uma importante actriz dos Estados Unidos. A carreira de Hepburn é vista como uma das mais famosas de Hollywood e durou  mais de 60 anos. Ela trabalhou com diversos tipos de géneros da comédia ao drama e recebeu quatro prémios do Oscar de Melhor Actriz. Ela permaneceu ativa até a velhice e morreu em 2003, com 96 anos. Em 1999, ela foi nomeada pelo American Film Institute como a maior estrela feminina de todos os tempos. Interpretação de Isabel Tadeu, funcionária publica.

Leopoldo II (Bruxelas, 9 de abril de 1835 — Laeken17 de dezembro de 1909) foi o segundo rei dos belgas. O regime da colónia africana de Leopoldo II, o Estado Livre do Congo, sua propriedade privada, foi um dos escândalos internacionais mais infames da passagem do século XIX para o XX. Os países fecharam os olhos a essas atrocidades e estima-se  que o total de mortes tenha chegado a um número aproximado de 10 milhões. O Estado Livre do Congo incluiu uma área inteira hoje conhecida por República Democrática do Congo. Interpretação do gestor  Manuel Marcelino

RESERVAS – por este mail ou 213965360

Carlos Ribeiro / Caixa de Mitos 2 de abril19

Texto de Helder Costa

TEATRO E COMUNIDADE: Nem Teatrinho, nem Teatrão!

Rita Wengorovius, Professora do Mestrado Teatro e Comunidade da Escola Superior de Teatro e Cinema, Investigadora The Social and Community Theatre Centre of the University of Turin (SCT Centre | UNITO) Directora Artistica Teatro Umano

A utopia está lá, no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais (a) alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.

Eduardo Galeano

O Teatro e Comunidade não é nem Teatrinho, nem Teatrão! É arte.

É um teatro de investigação e pesquisa, uma área de estudo reconhecida em Portugal, nomeadamente, desenvolvida desde 2010 no mestrado em Teatro e comunidade da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Existem actualmente diversos grupos de Teatro e comunidade, vários dirigidos por mestres em Teatro e Comunidade em Portugal e no mundo.

Apoiado em processos criativos específicos e em espectáculos esteticamente válidos e com um universo simbólico muito próprio.

Quase sempre o Teatro que se faz nas comunidades, escolares, amadoras, sociais entre outras; é um Teatrinho ou o Teatrão, o teatro é utilizado como um instrumento de entretenimento ou imitação do mau teatro profissional.

Muitas vezes, dirigidos por profissionais, sem habilitação especifica na área, nem prática artística, quer ao nível da fruição como da contemplação de teatro.

Defendemos que teatro e comunidade é uma área de investigação que tem de ser reconhecida pela sua especificidade, e também por o seu carácter estético, ético e poético.

É um processo de construção de uma linguagem artística, conseguido através de processos criativos, de auto e hétero da descoberta de si e do outro.

Através do domínio das diversas gramáticas do trabalho de ator em teatro e comunidade: um longo trabalho de apropriação e consciência de corpo expressivo e extra-quotidiano até á escrita de composições corporais, muitas vezes apoiadas na coralidade e no movimento de cena. Um trabalho de dramaturgia de comunidade construído a partir dos processos criativos, e de transposição para a cena que muitas vezes revela o pulsar e o sentir da urgência do dizer daquele grupo específico.

A vivência do processo criativo enquanto desafio permite, tornar a própria vida – arte.

O desafio do teatro e comunidade, propõe ao actor passar de espectador passivo a actor-criador.

A educação teatral, artística e estética desenvolve as competências individuais e coletivas nos domínios da autoconfiança, melhoria do autoconceito, competências sociais de colaboração e liderança; capacidade de assumir riscos, concentração de atenção, perseverança, empatia pelos outros, persistência em tarefas difíceis, aprendizagem autoral, neste sentido, é fomentada uma participação ativa do aluno sénior como interprete e agente de mudança.

Os projetos de Criação em Teatro e comunidade, são muitas vezes baseados na investigação-ação, construída, analisada e interpretada a partir de um quadro teórico comum. Apoiado nos seguintes princípios orientadores:

1. Fundamentar a relevância do desenvolvimento de projetos artísticos em contextos comunitários;

2. Promover e definir boas práticas profissionais (teatrais, poéticas, estéticas e éticas) neste âmbito de ação, através de uma gramática de criação artística de símbolos e significados compartilhados, estéticos e culturais;

3. O trabalho em teatro e comunidade são ações que se desenvolvem segundo uma estrutura de projeto e com constante carácter de visibilidade territorial nos diversos momentos e modalidades de intervenção, a saber: criação da rede, percurso de laboratório teatral, momentos de comunicação em espetáculo, momentos de retrospeção e avaliação;

4. A comunidade é simultaneamente finalidade e condição necessária do processo criativo. Os participantes são intérpretes e “material dramatúrgico”, que é recolhido a partir da provocação criativa e da escuta, aprofundando o trabalho de encenação dos profissionais de teatro comunitário. Um conceito de arte e participação que promove o sentido de pertença e identidade social;

5. O trabalho é realizado em rede e equipes com a pluralidade de experiências e competências

6. O Teatro na Comunidade deve valorizar a perspetiva artística privilegiando um processo criativo que construa uma linguagem teatral, fomentando a experimentação de linguagens teatrais e de cruzamento de linguagens artisticas , ou seja, os artistas dão voz à comunidade cruzando-a com a sua própria pesquisa teatral;

7.O trabalho teatral e de projeto está constantemente em contacto com a verdade do processo social: os sujeitos envolvidos no processo teatral são coletivamente os autores das formas e dos conteúdos artísticos. O espectáculo colectivo final, permite uma experiência participativa no mundo social contemporâneo.

Queremos dar visibilidade aos invisíveis da sociedade, porque este é também um papel do Teatro e Comunidade, contrariar estigmas e preconceitos, e criar pontes do imaginário com a realidade.

“Existe teatro sem vida? Qual o propósito essencial da nossa ida ao teatro: – vamos ao teatro para reencontrar a vida que é, em simultâneo, a mesma coisa e uma coisa um tanto diferente, aceitando que nele a vida se torna mais visível, mais legível, mais intensa do que no exterior, porque está mais concentrada, mais condensada no tempo e no espaço. O teatro é feito no vento todos os dias se destrói, todos os dias se cria, não há fórmulas, não há preconceitos, o teatro é como um jogo, uma brincadeira – play is play.(1)

Neste sentido os eixos de ação do Teatro e comunidade são:

– CIDADANIA E ARTE: desenvolvimento da criatividade, democratização no acesso às artes; á educação artística através de processos de fruição, contemplação e criação. O exercício do teatro e comunidade e das artes participativas assume assim uma condição fundamental para a cidadania e o combate á exclusão

– REDES E PARCERIAS CRIATIVAS: Criação continua e avaliada de redes de desenvolvimento, através do Teatro e comunidade. Através de uma abordagem das comunidades, tanto das suas potencialidades como fragilidades, efetuada através de uma lógica de projecto, criatividade e educação artística ; integrando os recursos locais de modo a aumentar a eficácia da intervenção e a promover processos participativos, envolvendo os atores relevantes e as comunidades locais numa lógica de parceria, assente em objetivos comuns consensualizados e partilhados, remetendo para uma mudança de práticas institucionalizadas nomeadamente com crianças, jovens e idosos, criando novos hábitos e condições de diálogo e de entendimento interinstitucional.

– REPRESENTAR PARA EXISTIR / COOPERAR PARA APRENDER: Práticas artísticas comunitárias de ensino-aprendizagem através da gramática teatral e expressiva e de modo a que as comunidades que os utilizam, para serem mais criativas e inovadoras, indo ao encontro às necessidades de participação e cooperação.

O teatro pode assim invocar as comunidades e envolvê-las num processo de mudança onde estas, devem ser as principais protagonistas.

A arte teatral é um rito dessacralizado que une. O teatro não é apenas prazer. É também dever. É um divertimento empenhado. Não é só racionalidade, mas também emoção.

Não se ocupa apenas da formação pessoal, mas também daquela social. A arte teatral conjuga o imaginário e a realidade, a mente e corpo, o público e privado. Une a disciplina ao jogo.

Por isso, o meu teatro é H. Umano.

–––––––––––––

(1) Peter Brook no livro “O Teatro e o Seu Espaço”, editora vozes, Brasil: 1970

Reproduzido de Colectivo A Tribo – Mafra