29 de Março, 2024

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A estreia de Babel, no Teatro A Barraca

Carlos Pereira Martins

Se fosse possivel  parar  a vida  tal qual a vivemos, com tudo  o que tem dentro, com tudo  o que a vida é  e a colocá-la  numa foto, num plano estático e horizontal como  uma radiografia ou  um negativo fotográfico, e de seguida trazê-la para um palco  para ser vista, talvez mesmo contemplada, e se fosse igualmente possivel  parar a representação desta peça, Babel, e com essa imagem e com tudo  o que esta peça tem dentro, com tudo  o que esta peça é, fazer  exactamente mesmo, colocá-la ao lado da imagem parada da vida,  então Babel seria a Vida e a Vida seria Babel.
Helder Mateus da Costa conseguiu com esta peça colocar em palco a VIDA, a vida que hoje viemos, não lhe faltando nada dos inumeros conteúdos que a vida actual ganhou.
Tem lá tudo, a  politica,  o social,  o religioso,  o economico, o drama e a comédia que temperam a vida realmente vivida. E tem  tudo  iso  muito bem embrulhado em musica e cantigas que semeiam alegria e riso no espírito de quem ouve e vê a peça.De “Sebastião come tudo, come tudo”  a John Lennon, passando  pelo Avé, a Internacional, Grandola e até o Hino do MFA, a musica toma um papel  importante.
Babel  está polvihada de risos e alegria.
Tem  a ansia  da humanidade em poder subir aos céus, se aproximar do poder e do saber, e a ira de quem o detém, não lho permitindo.E, por isso mesmo, Babel  ficou  comprometida, a Torre que se ergueria até aos céus ! Deus não deixou  e dividiu os homens para continuar a reinar. Afinal a tecnica vem já de há muito e configura saber divino.

Tem o  passado historico  e o presente.  Tem  Portugal que meteu mãos á obra e  fez pontes entre o ocidente e o oriente.Um grande puzzle  com  a multiplicidade de tudo o que variadas culturas encerram e a dificuldade de entre si se entenderem com linguagens diferentes e também variadas, mas que os portugueses foram aproximando e possibilitando leituras e entendimento.
Babel passa, nesta representação, por Washington e pelo Vaticano, pelo Japão e por Fatima mas também por Moscovo. Babel passa por todo o sitio onde a Vida tal como a temos vivido tem sido escrita. Relembra as tréguas e a guilhotina, deixa perceber a tirania e a falta de solidariedade, abre a janela para se perceber   a catastrofe do clima e o drama de quem é refugiado.
Babel atemoriza quando mostra o caricato e os perigos de lideranças que são actuais e a semelhança de figuras passadas com protagonistas que bem conhecemos. Veio á cena Rasputin  que se acreditou que seja parente de um conhecido interprete dos dias de hoje, neste mundo de familias, de mafias e de salteadores.

Babel é-nos apresentada a cada passo  por uma  jovem que ainda há pouco tempo deixava promessas de grandes voos na  equipa junior. Teresa Mello Sampayo que brilhou com a Pessimista brilha agora num projecto bem mais arrojado onde toma a condução dos espectadores do inicio ao fim da peça, interpreta, canta e encanta. E, ainda para mais, a sorte parece que por vezes se concentra em grandes doses, é bonita, alegre e simpatica   que  se farta ! 
Não terei dito tudo sobre Babel, isso seria impossivel mas o essencial terá sido abordado.
Essencial será deixar um convite para que partilhem  o texto.
Essencial ainda será  organizar autocarros de todo o país, que é pequeno e as distancias não são longas,  para que muitos mais tenham a possibilidade de assistir a este pedaço de vida, tal qual a temos vivido, com as tontarias, os alucinados, os temores mas  também com as alegrias e o riso  natural  que   tão completa representação  dos tempos que vivemos proporciona.
Babel  será, a meu ver,  uma obra prima de Helder Mateus da CostaQue só é possivel  pela  cumplicidade, o saber  e participação de Maria do Céu Guerra.Mas também de Adérito Lopes, da Patricia Frazão, do Carlos Sebastião, da Rita Soares, do João Maria Pinto, da Sónia Barradas, do Samuel Moura, da Teresa Mello Sampaio, do Sergio Moras, da Anita Ribeiro, da Clara Cunha, da Mar Ribeiro e do Francisco Gonçalves.

A todos eles, muitos parabéns e muito obrigado por serem tão bons!

Carlos Pereira Martins (Consumidor-militante  do que de muito bom se faz no meu país) | Publicado no blog Sociedade Civil Europa

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