O condutor de caminetes

@ Praça das Redes | 23 de julho 2020 | Histórias de Navegadores Confinados | Bravo Nico – S. Miguel de Machede | Évora

Há muito que as caminetes daquelas terras transportam artistas. Verdadeiros artistas sociais, como oportunamente Etienne Wenger e Beverly Trainer denominaram os agentes de desenvolvimento que, nos territórios, colocam a partilha, as redes e a cooperação no centro da sua ação. Mas em S. Miguel de Machede ainda há mais. Aqui a educação popular e comunitária é uma arte na qual todos participam, dos mais jovens aos de idade mais avançada. Por isso a caminete, gira, gira, sem parar.

A ESCOLA FOI A CASA | por Bravo Nico

Com o desenvolvimento da pandemia, de um momento para o outro, a Escola Comunitária de São Miguel de Machede teve que suspender a sua atividade presencial e, com isso, os nossos estudantes (quase todas senhoras) ficaram confinadas em suas casas e impedidas de continuarem a manter ativas as suas redes de socialização, tão importantes num contexto rural de baixa densidade como é o nosso território.

De um dia para o outro, a nossa Escola Comunitária, que tinha atividades educativas diárias, ficou encerrada, durante cerca de um mês, com as nossas colaboradoras e o grupo de voluntários em regime de trabalho a distância.

Escola Comunitária em Casa

No entanto, com todos estes constrangimentos, pensámos em como poderíamos contrariar a tendência instalada e pensámos em criar uma nova dinâmica. Criou-se a Escola Comunitária em Casa.

Em pouco mais de quinze dias, criámos um conjunto de atividades que tentaram colocar, no domicílio de cada um dos nossos estudantes, um ambiente estimulante de aprendizagem que mantivesse uma dinâmica de aprendizagem e permitisse a interação possível entre todos os participantes.

Jornais e desafios

Em primeiro lugar, começámos a produzir edições semanais do nosso jornal comunitário «O Menino da Bica», com entregas no domicílio, todas as quintas-feiras. As notícias foram sempre sobre o que ia acontecendo na nossa terra e sobre a situação sanitária. Depois, criámos uma rede social local, através da entrega, semanal, de atividades educativas em casa de cada participante, no âmbito das quais se encontrava a oportunidade de cada pessoa propor atividades a um/a colega. Esse desafio era entregue na semana seguinte na casa do colega e vice-versa. Desta forma, cada participante foi construindo um portefólio de atividades e um repositório de contactos e interações com os seus colegas. Tudo isto mediado por jovens voluntários que se organizaram e percorreram, semanalmente, as ruas da nossa freguesia.

Caminete do Artista Micaelense

Finalmente e para que as nossas Festas do Verão não ficassem, esquecidas, uma vez que não se podem realizar, criámos a «Caminete do Artista Micaelense», projeto que proporcionou a oportunidade de os jovens artistas da nossa terra organizarem um pequeno espetáculo ambulante que, em Julho, percorreu as ruas da nossa vila e que voltará ao terreno, em Setembro. As pessoas assistiram ao concerto, das suas janelas e portas ou sentadas ao fresco, na rua ou na praça.

Agora, vêm as férias do Verão, em Agosto. Depois, em Setembro/Outubro, logo veremos o que será a nossa vida, no pressuposto de que a Escola Comunitária seguirá o seu caminho.

LP –Ler o Mundo em Português

@ Praça das Redes | LP-Zero – Carlos Fragateiro

O Carlos Fragateiro apresenta-nos uma iniciativa, um projeto e um pedido de “cumplicidade militante”. A língua portuguesa no centro…torna-se irrecusável.

“Depois de alguns anos a trabalhar no projeto Ler o Mundo em Português conseguimos dar corpo a uma revista, LP – Ler o Mundo em Português, com que procuraremos dar visibilidade às potencialidades desta língua que é a nossa e mostrar como ela é um instrumento estratégico para se imaginar o (in)imaginável e se inventarem os futuros. 

A matriz do que nos propomos fazer está visível no LP ZERO que enviamos em anexo, sabendo que o projeto só será integralmente concretizado se formos capazes de dar voz aos diferentes olhares e formas de pensar em português que há pelo mundo.

Este projeto só será concretizado se garantirmos à partida a sua sobrevivência durante pelo menos um ano e para isso necessitamos duma rede de cúmplices/assinantes que não só nos traga os diferentes mundos que há nesta língua, mas também a autonomia financeira.

Por tudo isto lhe pedimos que leia o LP ZERO e, se sentir que o projeto é importante e lhe diz algo, faça a sua assinatura e mobilize pelo menos 5 amigas ou amigos seus para o fazerem também. A assinatura custa € 20, e tem a duração de um ano, a que correspondem 10 números da revista em pdf.

Contamos consigo.

Até já.

Carlos Fragateiro– “