Os Centros Qualifica e a comunidade local

Ontem dia 18 de Dezembro, com o ano 2018 quase a terminar, na visita e sessão informal de trabalho com a equipa do Centro Qualifica da Arrábida que funciona no Agrupamento de Escolas Lima de Freitas em Setúbal, realizámos colectivamente uma Volta ao Mundo EFA em 180 minutos, com uma abordagem muito ampla dos diversos temas em debate e com uma verdadeira motivação para ir mais longe sobretudo na relação do Centro com a Comunidade Local.

Tratou-se de uma conversa animada. Numa primeira fase desenvolvendo uma pesquisa interna para identificar os elementos distintivos da actuação do Centro, no fundo para encontrar uma formulação precisa para a vantagem comparativa do Arrábida face às práticas do conjunto dos Centros Qualifica da região e até do país. A sensação dominante foi da existência de um trabalho de qualidade mas a definição de um campo particularmente forte e até inovador não emergiu com facilidade. Ou seja há um trabalho a fazer e uma sistematização a realizar da própria dinâmica do Centro para que a sua expressão identitária surja com mais intensidade e seja mais partilhada por todos.

Mas a par das boas práticas não foi enjeitada uma reflexão sobre as  dificuldades e até mesmo sobre os constrangimentos associados a uma  actuação demasiado marcada por imperativos e regras que não facilitam uma abordagem  mais flexível e mais dinâmica à Educação de Adultos de base local.

E, inevitavelmente, vagueámos de forma entusiástica pelo processo de reconhecimento e validação de competências a partir de algumas interpelações que não tiveram resposta cabal tais como:

  1. o reconhecimento das competências só poder ser realizado pelo sujeito em processo e nunca por uma entidade externa;
  2. a produção e o registo autobiográfico terão que resultar de uma abordagem reflexiva sobre as experiências em torno das quais se fazem emergir competências demonstradas na acção, em acontecimentos concretos do percurso de vida, sendo portanto principalmente uma reflexão sobre a demonstração de competências nas situações retratadas e não tanto e apenas uma narrativa sobre acontecimentos passados;
  3. as actividades formativas isoladas das experiências concretas dos adultos não revelam potencial de desenvolvimento para os participantes. Se não estiverem ligadas a experiências de vida dos participantes nas acções de formação tornam-se num proforma e reforçam as abordagens escolarizadas que são contraproducentes precisamente para adultos que estão em processo de remediação face a percursos escolares interrompidos.

A matéria formação e ligação à comunidade local tornou-se numa plataforma de trabalho particularmente estimulante sabendo-se que existem associações e colectividades locais que estarão disponíveis para acolher iniciativas de educação comunitária, ligando os seus projectos à aprendizagem ao longo da vida.

Também em matéria de comunicação, sobretudo aquela que está  relacionada com as  iniciativas que envolvem os adultos com activiade no Centro, ficou estabelecida uma abordagem experimental à comunicação colaborativa que poderá dar voz aos diversos participantes quando forem dinamizados futuros eventos e projectos.

Uma coisa é certa os profissionais dos Centros Qualifica, muitos deles professores, estão disponíveis para rasgar novos horizontes na relação com os adultos que participam nas actividades de formação ou de reconhecimento e validação de competências. E a chave mestra para essa nova aventura está na ligação às comunidades locais, na disponibilidade individual e colectiva para contribuir para a resolução de problemas locais e no fundo assumir um papel de educadores transformadores.

Voltaremos ao Arrábida. Estas conversas nunca acabam.

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Carlos Ribeiro, 18 de Dezembro de 2018

Foco nas potencialidades e não nos défices!

Todos os anos o projeto educativo Letras Prá Vida realiza um encontro que reúne no mesmo espaço organizadores, parceiros, animadores, peritos e adultos participantes em ações de alfabetização e literacia. Trata-se de um evento de reflexão e de celebração. Nele festeja-se a alegria de aprender e o poder das aprendizagens na construção de vidas melhores e na promoção de uma cidadania individual e coletiva mais ativa. 

Encontro de atores

O objetivo do encontro consiste antes de mais na realização de um balanço do trabalho desenvolvido, na definição das melhorias que devem ser introduzidas nas metodologias, nas técnicas e nos instrumentos a utilizar com os diversos grupos, nas fases seguintes e ainda na promoção de um amplo debate sobre a educação de adultos contribuindo para uma visão solidária e inclusiva desta vertente fundamental do desenvolvimento social. 

Outros objetivos do encontro prendem-se com as dinâmicas internas do projeto com destaque para a coesão das equipas e das parcerias que valorizam estes eventos no campo da solidez programática, mas também no campo dos afetos e da motivação coletiva. Neste plano a Comunidade de Prática do Letras Prá Vida vai enriquecendo o seu património e vai estabelecendo novos desafios para o trabalho colaborativo de todos os seus membros.

Projetos de afetos

Uma “Educação de adultos para Todos” é um dos lemas centrais desta iniciativa que acolhe para além da Comunidade do Letras Prá Vida outros atores que dinamizam “boas práticas” noutros territórios e as divulgam partilhando as suas experiências e o seus saberes.

No ano presente o II Encontro de Educação de Adultos Prá Vida, realizou-se no dia 7, em Condeixa, Portugal, foi organizado pela ESEC/IPC, pela Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente, pelo Município de Condeixa e pelo Museu POROS, tendo contado com o apoio da ANQEP. A alegria e a boa disposição reinaram entre os oradores e os participantes na partilha de saberes e experiências sobre educação ao longo de toda a vida. 

Maria Fernanda Rollo, da Universidade Nova de Lisboa, salientou a importância dos atores locais na promoção da educação ao longo da vida, onde os “projetos de afetos” são feitos de pessoas, com pessoas e para as pessoas. 

Integração nos territórios

A importância da literacia integrada na educação básica de adultos foi também sublinhada por Luís Rothes, do Politécnico do Porto, afirmando que esta vive num quadro de projetos socioeducativos territoriais. E quando desafiado a dar um conselho a uma futura profissional de Animação Socioeducativa, Luís Rothes, adiantou que o trabalho não deve de ser focado nos défices das pessoas, mas nas suas potencialidades, na literacia da vida. 

No final ficou o incentivo para fazer mais e melhor em conjunto, porque “todos estamos em causa quando falamos de Educação, Aprendizagem e Formação ao Longo da Vida”. A Educação de Adultos, não é um fado, é aquilo que juntos fizermos dela! 

Les gillets jaunes ou l´enjeu démocratique

Ronds points, parkings de supermarchés, voies routières, carrefours déshumanisés : les « gilets jaunes »investissent des lieux où, d’ordinaire, ne passent que des ombres et des anonymes. Alors, tout un monde se révèle, un monde d’oubliés qui s’auto-organisent pour leurs droits, refusant de déléguer leur pouvoir à des gouvernants plus gestionnaires que démocrates.

par Michèle Riot-Sarcey, historienne

L’avènement d’un événement historique est toujours inédit, quelle que soit sa forme. Celui des « gilets jaunes » l’est sans doute encore davantage. Les rapprochements, les analogies, les similitudes avec les événements d’hier : révoltes, insurrections, soulèvements ne sont recherchées que dans le but de donner un sens à l’événement qui intrigue et inquiète. Toujours les mouvements firent l’objet d’un enjeu interprétatif au terme duquel l’une ou l’autre signification l’emporta et détermina, après l’avoir construit, le sens de l’histoire. Mais le mouvement qui fait l’histoire est bien différent. Contradictoire, avec des protagonistes insaisissables, aux expressions conflictuelles, il se présente, inattendu et sans devenir apparent. Aussi l’analyse de sa complexité est-elle d’autant plus importante que sa réalité, aux multiples facettes, est masquée par les discours partisans qui recouvrent les actes et les paroles singulières dont l’expression s’estompe. De ce point de vue le soulèvement des « gilets jaunes » ne fait pas exception.

Si nous acceptons de saisir l’événement tel qu’il se donne à voir, le mouvement est parfaitement intelligible. Prévisible, il l’est comme symptôme des échecs passés ; celui des organisations « ouvrières » politiques et syndicales, dépossédées de leur puissance d’agir et réduites à l’incapacité de conserver les droits acquis ; mais aussi celui d’un État « libéral » dont les promesses de justice sociale n’ont cessé d’être reportées. La cohérence, souvent contestée du mouvement, n’en est pas moins lisible. Mises bout à bout, avec des nuances, les revendications convergent vers beaucoup plus d’équité. Cependant, en l’absence de leader identifiable, la peur, que le soulèvement suscite, brouille les cartes des commentateurs qui n’y voient que des expressions « gazeuses » ou chaotiques. Parce que rien n’est comme avant, tout devient trouble. L’irruption de la protestation est d’autant plus déstabilisante que la population qui l’exprime expose des gens mal aimés, écartés des débats et des bénéfices d’une économie financiarisée. Une population sans tradition politique, mal désignée par ce terme de « peuple » toujours commode, mais qui ne dit rien de sa spécificité sociale.

Les lieux de rassemblement d’abord : ronds points, parkings de supermarchés, voies routières, carrefours déshumanisés, autant d’endroits d’un monde falsifié où, d’ordinaire, ne passent que des ombres et des anonymes. En revêtant ce vêtement fluorescent, les « gilets jaunes » donnent une visibilité manifeste à leur présence en même temps qu’ils avertissent de l’imminence de l’accident ou de la catastrophe, si le monde tel qu’il va, ne marque pas un coup d’arrêt.

Les formes de regroupement ensuite, par petits collectifs qui se connaissent, ou se reconnaissent, habitants d’un même territoire, ou vivant la même galère, à leur manière réinventent une sociabilité qui s’efface après la désertion des centres-villes et l’abandon des services publics. Tout un monde se révèle, un monde d’oubliés, à travers l’accélération de la précarité et de la misère.

En 1808 Charles Fourier, utopiste fameux, sans cesse redécouvert, constatait déjà que « la civilisation de l’abondance engendre la misère ». Bientôt, disait-il en s’adressant aux révolutionnaires vainqueurs de 1789, « si la civilisation se prolonge seulement un demi-siècle, combien d’enfants mendieront à la porte des hôtels habités par leurs pères. Je n’oserais présenter cette affreuse perspective ». La perspective a été atteinte, au-delà des craintes du grand réformateur.

Le refus de toute « représentation » de la part des « insurgés » agace le monde politique et surprend par sa résistance. Comment ne pas voir, derrière ce rejet, le voile de l’illusion de la délégation de pouvoir se déchirer aux yeux de tous. Les mots en usage dans la sphère des pouvoirs ont un contenu toujours différent de celui qui dit la volonté d’améliorer le sort des recalés du progrès social. Le vocabulaire est si bien travesti, que la distance entre le discours et le réel s’est élargie au point de rendre impossible la compréhension d’autres significations à l’œuvre dans le passé. Détournés de son sens réellement réformateur, par exemple, le mot réformedésormais s’entend comme une adaptation à l’économie ultralibérale, avide de productivité en dépit de ses effets destructeurs. Or, au début du xixe siècle avant que la révolution industrielle ne confisque l’idée de progrès, mis au service des privilégiés, le mot réforme, dans l’esprit du moment « utopique », annonçait la transformation des rapports sociaux jugée nécessaire à la « classe la plus nombreuse et la plus pauvre », selon l’expression de Saint-Simon. Cette dernière avait été tenue éloignée jusqu’alors des promesses des Lumières. Il est vrai que nous étions au temps où l’on croyait encore à la marche irréversible du progrès humain, l’humanité tout entière, dont le destin était le bonheur commun, devait s’organiser en ce sens, selon le souhait d’un autre utopiste nommé Condorcet.

Le temps a passé et, au cours du siècle dernier en particulier, l’efficacité de la représentation par délégation de pouvoir fut jugée pertinente parce qu’elle recueillait l’assentiment apparent du plus grand nombre. Or, à l’aube du xixe siècle, les classes ouvrières naissantes sans droit politique, en l’absence de toute protection sociale, avaient appris à s’auto-organiser, tels les canuts en 1831 qui surprirent la bourgeoisie lyonnaise découvrant dans les rues de sa ville, un monde nouveau composé de « prolétaires » ; mot nouveau, mais mot vilain qu’il s’agissait de rayer de la carte du vocabulaire politique, selon l’expression d’Alphonse de Lamartine, futur ministre des Affaires étrangères du gouvernement provisoire de la IIe République de 1848. Mal payés, mal nourris, ces « prolétaires », compagnons et chefs d’ateliers, osèrent récidiver trois ans plus tard, en 1834, malgré les répressions, particulièrement violentes. Les réseaux sociaux n’existaient pas et pourtant les canuts étaient parvenus à se concerter et à manifester leur existence dans les rues de Lyon. Dans les années 1840, à nouveau, des ouvriers parisiens et de sa région convergèrent en masses au centre de la ville. Aucun observateur ne comprit comment ils parvinrent à se concerter tandis que les réunions de plus de vingt personnes étaient interdites depuis 1834. Étonnamment, toujours sans droits, ils s’organisèrent et présentèrent des revendications identiques à celles qui seront à l’origine de la Révolution de 1848. Insurrection d’anonymes également.

L’histoire qui va suivre s’écrivit sous un autre jour, celle des droits acquis, sans réel pouvoir de les exercer directement. C’est l’histoire d’une démocratie singulière qui fut fondée sur la permanence d’une délégation de pouvoir du citoyen. Les femmes étant exclues de la sphère publique.

Les élections ponctuelles tissèrent les éléments structurant de ladite démocratie représentative. L’écart entre social et politique fut alors comblé par l’organisation partisane et la représentation syndicale avec son pendant politique, à l’origine de l’État providence. Là encore le monde du travail, dans son ensemble, apprit largement à remettre son pouvoir souverain à ceux qui étaient censés savoir les représenter. Les avant-gardes révolutionnaires n’échappèrent aucunement à cette désormais pratique de direction des hommes, quel que soit le discours émancipateur ou libérateur qui l’accompagnait. Peu à peu l’idée d’une liberté conquise par soi-même, se perdit. Repris par la Ire Internationale (1864), le projet d’émancipation de tous ceux qui étaient assujettis aux carcans doctrinaux, aux tutelles de tous ordres comme aux pouvoirs économiques des structures capitalistes ne pouvait être que l’œuvre des intéressés eux-mêmes. Malgré son évidence l’idée fut abandonnée au profit des programmes des organisations dont l’idéologie déterminait le temps de la lutte autant que celui des échéances révolutionnaires. L’auto-organisation fut reléguée au rang des utopies, elles-mêmes, par conséquent, classées parmi les chimères et évacuées de l’histoire. On oublia, par exemple, que dès les années 1830, des femmes affirmaient : « Les femmes ne devront qu’à elles-mêmes leur émancipation définitive. »

L’échec de ce monde construit sur l’illusion d’une représentation des intérêts de tous, aujourd’hui s’effondre, devant la ténacité d’une catégorie sociale ignorée. Le système, dit représentatif, apparaît tel qu’il était mais ne se disait pas. Nous vivons une épreuve particulièrement révélatrice des mensonges du passé diffusés dès les lendemains de la Révolution française. Le progrès devait bénéficier à tous et à chacune. Or, le progrès industriel, puis technologique, seul triompha, et on oublia la dimension humaine du devenir des sociétés. La technique fut d’abord mise au service de la force des choses. Ce processus lent s’est accéléré ; il aboutit aujourd’hui non seulement à la catastrophe écologique mais laisse sur le bord du chemin une large partie de la population mondiale dont les « gilets jaunes » figurent, en France et en Belgique, une fraction.

La résistance des « gilets jaunes » à toute idée de délégation ou de médiation pour obtenir une réelle justice sociale, toujours remise à des temps ultérieurs, est d’autant plus pertinente que les commentateurs de presse ou d’ailleurs s’évertuent à déplorer la perte de capacité d’intervention des syndicats et des corps intermédiaires. Tous l’expriment sans détour : les organisations traditionnelles manquent aux pouvoirs en place parce qu’elles sont censées apaiser ou réguler un mouvement incontrôlable. En clair, ce ne sont pas les représentants des oubliés de la modernité qui sont attendus mais ce sont les auxiliaires de la discipline libérale qui sont requis afin de « calmer le jeu ». On laisse au passé, désormais dépassé, le rôle important du syndicalisme dans les luttes d’hier auprès des travailleurs. En ces temps de démantèlement de l’État social, face aux gouvernants au service des investisseurs financiers, où les lobbys prennent plus de place que les représentants syndicaux, quand la démocratie est devenue synonyme du gouvernement des hommes, on comprend que les espoirs confiés aux porte-parole ordinaires n’aient plus cours. Le progressisme s’est révélé un piège pour la plupart des humiliés des temps modernes. L’échec des mouvements de grèves préparés sous la contrainte des règles de l’économie libérale achève le délitement d’un mouvement ouvrier défait. La régression des droits sociaux, le mépris dans lequel est tenu le monde des petits et des « riens » pour reprendre les expressions du président de la république, laisserait croire à la fin de la lutte des classes. Serait-ce le retour du soulèvement des pauvres contre les riches ? Comme s’il était possible de nier la réalité, en rayant d’un trait l’idée d’hier, celle d’une démocratie attendue, au xixe siècle – réalisée pendant la Commune de Paris –, et qui fut pensée comme l’avènement logique du communisme, lequel désignait, avant que le totalitarisme ne s’en mêle, la conquête d’une liberté individuelle nécessairement compatible avec l’organisation collective d’une société gérée par chacun en étant au service de tous. La République n’en était que l’avant-courrière. L’époque était alors hantée par le « spectre du communisme ». Écrasées, les révolutions de 1848, en Europe, la Commune à Paris, furent écartées de l’histoire qui fait sens selon la vision linéaire de l’évolution du passé.

Aujourd’hui l’ordre du jour est bien la fondation d’une véritable démocratie à laquelle chacun de nous aspire, à condition que celle-ci soit conçue et organisée par tous et chacune. Une forme de « démocratie insurgeante » comme l’a nommée Miguel Abensour. À condition que le mouvement des « gilets jaunes » rallie l’ensemble du monde du travail dont les revendications restent en suspend depuis plusieurs décennies. Hier le thème était utopique, aujourd’hui l’histoire inachevée resurgit et nous permet de rendre des comptes à nos ancêtres vaincus qui n’ont pu obtenir ce pourquoi ils se battaient : « Vivre en travaillant ou mourir en combattant. »

Or, dans ce néant démocratique, la violence, inévitablement, accompagne le mouvement des « gilets jaunes ». Une violence relayée par tous ceux qui rêvent non d’un avenir libertaire mais d’un régime d’ordre sous la protection d’un leader charismatique ou d’un pouvoir « fort ». La menace du devenir exclusif d’un mouvement dont certains protagonistes manifestent le désir du rejet de l’autre, de l’étranger en particulier, n’est pas à écarter. C’est pourquoi l’heure est à l’écoute de tous ceux qui, dans les petits collectifs locaux des « gilets jaunes »,en appellent aux assemblées citoyennes, à la manière des assemblées de communes dont l’histoire regorge d’exemples. Tout est à repenser et vite. L’histoire ne se répète pas, elle s’accomplit dans l’élan du mouvement, ou régresse à l’issue du rapport de forces dont l’événement chargé de possibles est l’enjeu.

Quelle que soit l’issue du conflit, l’urgence, dont les organisations de la gauche critique doivent se saisir, consiste à repenser la forme d’organisations démocratiques, en lien direct avec les pratiques de collectifs en mouvement.

par Michèle Riot-Sarcey, historienne

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Créditos fotografia: Par DeuxPlusQuatre — Travail personnel, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=59009327

Populismo? O que é?

Propaganda falsa assente no ódio, no individualismo e na frustração pessoal, uso indiscriminado da violência ( lojas saqueadas e carros incendiados), ataques com grupos de choque, assassinatos selectivos, e muito dinheiro oferecido por magnates para essa gente “revoltada porque tem fome”.

É curioso que estes sinais visíveis correspondam totalmente às práticas dos grupos de Hitler e Mussolini para chegarem ao poder.

Porque é que não dizem que estes movimentos são fascistas?

Porque é que inventaram o populismo? Para se confundir com justas lutas POPULARES, é evidente.

E os democratas Europeus têm culpa? Claro que têm, e muita.

Porque adoptaram a política de austeridade que gerou mais desemprego e insegurança e a criação da moeda comum falhou quando não esteve ao serviço de programas de desenvolvimento e financiamento.

O € nasceu para competir e vencer o dólar e o que se vê é o dólar continuar poderoso. É verdade que os USA lutam contra as veleidades dos que querem abandona-lo. Saddam Hussein e Kadaphi foram assassinados por causa disso.

Teria sido interessante que os políticos Europeus e internacionais explicassem esses factos em vez de deixar espalhar –se essa fábula belicista de quererem defender a democracia!

E a esquerda, tem culpa? Claro que tem, e muita.

Os fascistas agitam bandeiras simples : o medo, que foi sempre a grande arma da religião, a raça, para dividir os outros, a nação, para defender o grande capital, a Pátria para espalhar a mentira de a nossa bandeira ser igual para todos.

E como é que estes malabarismos de feira e de boçalidade conseguem triunfar no meio das massas?

Porque os progressistas não olham para essas acções como sendo o inimigo principal. Em vez disso, passam a vida a combater –se em vez de se entenderem para determinar planos de acção comuns. Em vez de cooperação, a hostilização.

Chegamos a uma situação extrema.

O fascismo luta para destruir a democracia em nome da democracia!

E nós deixamos?

Helder Costa, dramaturgo

Après-demain, sucede ao documentário Demain

O documentário DEMAIN de Mélanie Laurent et Cyril Dion teve un grande sucesso e uma ampla difusão em mais de 40 países. Surge agora no cinema o APRÈS-DEMAIN. Defensores fervorosos da natureza, Cyril Dion e Mélanie Laurent viajam com sua equipa através de uma dúzia de países. Eles investigam e procuram perceber como evitar as crises ecológicas, económicas e sociais que ameaçam a humanidade. Durante a sua viagem encontram novos atores na agricultura, energia, economia, democracia e educação. Todos estão trabalhando fervorosamente para preservar o mundo de amanhã …

“On a longtemps connu des visions cataclysmiques — cris d’alarme et discours culpabilisants. Demain, cosigné par Mélanie Laurent et Cyril Dion, cofondateur du mouvement Colibris (avec Pierre Rabhi), adopte le parti inverse. Sus au sentiment d’impuissance né de la multiplication des constats dramatiques — raréfaction des ressources, crise des écosystèmes, péril du réchauffement climatique ! Il est, pour une fois, question de redonner espoir. Car « partout dans le monde, des solutions existent » : monnaies locales, jardins communautaires, entreprises coopératives, nouveaux types de gouvernance démocratique ou d’éducation bienveillante…

Passons sur une esthétique pub parfois agaçante, l’efficacité du propos l’emporte. Et ses « héros » : pas de bon documentaire sans bons personnages. Parmi eux, le Britannique Rob Hopkins impose son humour et son esprit incisif. Professeur de perma culture, il a lancé, en 2006, le mouvement Villes en transition à Totnes, dans le sud de l’Angleterre, pour sensibiliser ses habitants au problème du pic pétrolier et organiser, sur place, un basculement dans une autre ère énergétique et économique.

Sorte de détox à l’usage de citoyens abreuvés à l’idéologie de la croissance, une telle « transition », aujourd’hui présente dans plus de cinquante pays, répand un nouvel optimisme autour de délibérations locales, de révolutions minuscules et de micropoli tiques qui permettent d’avancer, loin des radars… Autant de « Nous pouvons le faire ! » qui infusent le film de bout en bout”. fonte TELERAMA La critique par Weronika Zarachowicz

O Porto e a Airbnb

“Parece já longínquo o dia em que Joe Gebbia e Brian Chesky alugaram três camas de encher no seu apartamento em San Francisco.
Todavia a empresa que criaram, de oferta de alojamento local intermediada, tem apenas uma década, engloba hoje perto de 5 milhões de propriedades em cerca de 200 países e ultrapassa a oferta de alojamento das maiores cadeias globais de hotéis.
Neste processo, a Airbnb contribuiu para a expansão da dita economia de partilha no mundo e para transformar significativamente o território e a economia de várias cidades, como o Porto.
Em maio de 2018, as cerca de 15.000 propriedades registadas nos municípios da Área Metropolitana do Porto geraram mais de 80 milhões de euros de rendimento aos seus proprietários, verificando-se que apenas 30% deste alojamento é efetivamente de partilha e que 1% das propriedades geram 10% da receita. Além disso, a larga maioria está concentrada em poucas freguesias da cidade central, onde a capacidade de alojamento Airbnb já ultrapassa o número de residentes permanentes.

Estes e outros dados, as dinâmicas de transformação da economia e da vida urbana e a reflexão sobre a mudança, são a razão de ser deste livro, o qual se compõe de texto, um atlas e de imagens e outras visões sobre o presente e o futuro da cidade, na sua relação com a Airbnb e o alojamento local”.Sinopse da Livraria Bertrand

O Porto e a Airbnb
Le climat et les gilets

Michel Gevers do jornal POUR, parceiro de comunicação na Bélgica, estabelece uma ligação entre ecologia e luta contra a o sistema dominante.

Ce dimanche, des dizaines de milliers d’entre nous iront manifester à Bruxelles pour exiger de nos gouvernants qu’ils s’attaquent enfin aux changements climatiques qui menacent notre planète. Depuis deux semaines, des milliers de citoyens, en France et en Belgique, crient leur détresse devant la paupérisation croissante dont ils sont victimes et leurs difficultés insurmontables à boucler leurs fins de mois; ils s’attaquent notamment à l’augmentation des taxes appelées “environnementales” par ces mêmes gouvernants. Y a-t-il des liens entre ces deux démarches ?

En 2015, la Belgique était la risée de la COP21, cette conférence internationale sur le climat qui décidait d’une série de mesures visant à limiter le réchauffement climatique et à sauver la planète d’une lente destruction qui menace directement des centaines de millions de personnes à cause de la montée des eaux. Jusqu’à la veille de la conférence, les ministres de l’environnement du gouvernement fédéral et des entités fédérées ne parvenaient pas à se mettre d’accord sur des objectifs même minimalistes. Depuis cette fameuse COP21, les principales décisions de nos gouvernants ont été de tenter de reporter à plus tard les engagements pris en matière de réduction des émissions de gaz à effet de serre. Aucun investissement dans la mobilité et les transports publics qui permettraient de réduire drastiquement les émissions de CO2 par les voitures; pire, une réduction catastrophique des budgets de la SNCB. Aucune politique d’isolation massive des habitations privées et des bâtiments publics; pire, une suppression par le gouvernement fédéral des primes à l’isolation qui existaient précédemment. Aucun plan énergétique durable; pire, des prolongations successives de nos centrales nucléaires qui sont parmi les plus vieilles du monde et qui, après plus de 40 ans de fonctionnement, ne peuvent que tomber de plus en plus fréquemment en panne.

Depuis deux ans, les rapports des experts du climat se font de plus en plus alarmistes et, en dehors des discours officiels qui se doivent d’être rassurants, ces experts admettent que l’objectif de limiter l’augmentation de température à 2° n’est déjà plus atteignable. Et ce qui était prévision de scientifiques est devenu réalité tangible pour les populations du monde entier : températures jamais atteintes dans certains pays, cyclones de plus en plus violents, périodes de sécheresse de plus en plus longues, forêts et villes détruites par le feu.

Et que font nos gouvernants ? Ils introduisent des taxes qu’ils appellent « environnementales » qu’ils ont le culot de faire payer non pas aux responsables de la pollution, mais à toute la population, y compris la plus précarisée, en osant affirmer qu’elles sont nécessaires pour assurer la « transition écologique ». C’est un peu comme si, face aux incendies qui ont ravagé des villes en Californie, on exigeait de chaque Californien qu’il aille personnellement jeter une cuillerée d’eau sur l’incendie.

Aujourd’hui, les 100 entreprises les plus polluantes au monde produisent à elles seules 70% des émissions de CO2 industriel. Une personne faisant partie des 1% les plus riches au monde génère en moyenne 175 fois plus de CO2 qu’une personne se situant dans les 10% les plus pauvres. Mais nos gouvernants, qui font tout pour favoriser l’évasion fiscale massive de ces entreprises et de ces super-riches, demandent qu’un pensionné ou un travailleur qui gagne moins de 900€ par mois paie une taxe pour assurer la « transition écologique ». Les Macron et autre Michel, qui ont si largement contribué à abaisser les impôts des plus riches et des multinationales, viennent raconter la main sur leur cœur devenu écologiste que, même si c’est difficile pour les gens à faible revenu de payer encore un impôt de plus, c’est la seule manière de contribuer à sauver la planète.

Sauver la planète demande d’abord une vraie volonté de changer complètement de système économique et demandera aussi des investissements substantiels, d’ailleurs massivement créateurs d’emplois. Or ce n’est pas l’argent qui manque pour ces investissements. Mais il faut vouloir le capter et ce gouvernement De Wever-Michel a tout fait pour le laisser filer. En 4 ans de temps, il a éliminé des centaines de postes du Ministère des Finances alors que chaque agent rapporte en impôts prélevés environ 10 fois son salaire. Il a supprimé l’Office Central de lutte contre la Délinquance Economique et Financière Organisée (OCDEFO), l’organe le plus efficace de lutte contre la criminalité financière. Il s’est opposé à la restitution au trésor belge de centaines de millions d’euros résultant de tax rulings déclarés illégaux par la Commission Européenne. Le juge Michel Claise, spécialisé dans les grands dossiers de criminalité financière, situe les pertes annuelles au budget de l’État, dues à l’évasion et la fraude fiscale, entre 22 et 31 milliards. Imaginez ce qu’on pourrait faire avec ces montants en termes de transports publics, de réduction de la pauvreté, d’économies d’énergies, d’accès retrouvé aux soins de santé pour les plus précarisés.

Car dans le même temps où ce gouvernement De Wever-Michel a refusé de s’intéresser à la crise climatique et où il a multiplié les efforts en faveur des plus riches, il a mené une politique systématique de démantèlement des services publics et de détricotage de la sécurité sociale. À la manière d’un rouleau compresseur, il s’est attaqué à toutes les catégories les plus faibles de la population : les pensionnés, les chômeurs, les malades, les femmes, les travailleurs pauvres qu’il oblige à accepter des jobs-jobs-jobs sans sécurité sociale et dont les salaires ne permettent pas de nourrir une famille au-delà du 20ème jour du mois. Depuis 2 ans, le taux de pauvreté a augmenté de 6,7% en Belgique, passant de 14,9% à 15,9%; les CPAS n’ont plus assez de personnel pour faire face à l’accroissement de leur « clientèle » et le nombre d’étudiants devant faire appel au CPAS explose.

Dans ce contexte, l’explosion de colère des gilets jaunes n’a rien d’étonnant et doit être soutenue. Elle couvait depuis longtemps; il ne manquait que l’étincelle. Car comment oser demander à un ménage qui habite en milieu rural, qui calcule au litre près son achat d’essence pour encore pouvoir conduire ses enfants à l’école dans la dernière semaine du mois, qui se voit obligé d’annuler son rendez-vous chez le médecin, mais qui est obligé de se rendre à la convocation du Forem, comment oser lui demander de payer des taxes supplémentaires pour son carburant en lui faisant croire que c’est pour assurer la « transition écologique » ? Prétendre assurer l’avenir de la planète par une taxation qui frappe indistinctement les possédants et les précarisés est insupportable, car si pour les riches elle est indolore, elle enfonce encore plus les précarisés dans la misère. Et la manière dont Macron et Michel tentent de dresser l’opinion publique contre les gilets jaunes en les présentant comme des adversaires de la transition écologique est tout aussi insupportable.

On ne peut se battre pour l’écologie que si on se bat contre l’évasion fiscale. Car il n’y a pas de transition écologique sans justice sociale. Et la justice sociale n’est pas possible sans transition écologique. Car ce sont les investissements dans les transports publics, dans l’isolation, dans la santé alimentaire, dans le rétablissement des droits à la santé qui permettront de sortir des catégories entières de la population de la précarité.

Pour tenter de faire oublier son inaction totale sur le climat et pour masquer l’accroissement spectaculaire de la pauvreté et des inégalités que ses politiques ont engendrées, le gouvernement, soutenu par les médias, a inventé de toutes pièces la « crise migratoire ». Quelques milliers de migrants entrent chaque année en Belgique; il y a plus d’un million et demi de belges qui sont en risque de pauvreté; il y a des centaines de millions de personnes sur la planète qui sont menacés de disparition ou de migration forcée à cause du réchauffement. Le phénomène migratoire en Belgique est donc dérisoire par rapport à la pauvreté et à la crise du climat. Arrêtons de nous laisser distraire des vrais problèmes. Participons massivement à la marche pour la planète en obligeant nos gouvernants à s’occuper des urgences du moment : le sauvetage de la planète et la réduction des inégalités.

Michel Gevers pour la rédaction de POUR