Ensino Superior procura uma nova Responsabilidade Social nas suas instituições

A Responsabilidade Social reaparece de vez em quando  de forma estruturada e organizada na esfera pública em diversos domínios de interesse colectivo.. Neste caso a elaboração de um Livro Verde  sobre Responsabilidade Social e Instituições de Ensino Superior surge como um desafio e uma interpelação aos diversos protaginistas da área e assume-se como base para um processo de auscultação pública que irá decorrer durante dois meses.

O Livro Verde pode ser consultado a partir da seguinte ligação ao ISSUU:

https://issuu.com/forumestudante/docs/livroverde-vcompleta

“A Escola Superior de Educação do Politécnico de Coimbra integra o ORSIES- Observatório de Responsabilidade Social e Instituições de Ensino Superior, criado pela Fórum Estudante, em parceria com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

No âmbito do ORSIES realizou-se a 20 de março, no Teatro Thalia, em Lisboa, o 2º Encontro Nacional sobre Responsabilidade Social e Ensino Superior onde foi apresentado o Livro Verde sobre Responsabilidade Social e Instituições de Ensino Superior. Este documento é resultado de um trabalho colaborativo entre 30 Instituições de Ensino Superior (IES) que ao longo do ano 2017 contribuíram participando em audições mensais com representantes das diversas IES do ORSIES onde foram realizadas apresentações resumo sobre o tema, identificação de boas práticas e elaboração de recomendações. O Livro Verde foi redigido pelas professoras Ana Esgaio e Sandra Gomes, sob orientação do consultor científico François Vallaeys, docente da Universidad del Pacífico (Lima, Peru), presidente da União de Responsabilidade Social Universitária Latino-Americana (URSULA), que envolve 90 escolas de 10 países.

Esta versão provisória do Livro Verde estará em auscultação pública durante 2 meses e pode ser consultado aqui.
https://issuu.com/forumestudante/docs/livroverde-vcompleta

Todos os interessados em enviar sugestões e contributos para o Livro Verde podem enviar para o email orsies@forum.pt até dia 20 de maio de 2018.”

Mais informação sobre o ORSIES http://www.orsies.forum.pt/ 

Texto do ORSIES reproduzido e foto Pontos de Vista

Nora introdutória CVR / Caixa de Mitos / 12 Abril 2108

UM DLBC POBRE

O DLBC foi abordado em Aveiro pela mão (voz e pensamento crítico) de António Figueiredo da Quaternaire Portugal numa sessão da Federação Minha Terra que juntou os GAL – Grupo de Ação Local rurais.
A incursão num tema que suscita enorme controvérsia a nível europeu e nacional, já que o essencial da abordagem DLBC não está a ser minimamente implementada nos termos estabelecidos na própria regulamentação, poderia servir para alertar e propor as mudanças indispensáveis de um instrumento criado para apoiar a iniciativa das Comunidades Locais. Mas o actual DLBC está apenas a servir para financiar projectos com enquadramento e objectivos muitas vezes opostos à sua própria filosofia de base.
Que os projectos apoiados têm mérito e que os GAL realizam um excelente trabalho nos territórios, nisso não há dúvida! O problema é que de DLBC têm muito pouco e que a página dos modelos de financiamento focados na COMPTETITIVIDADE EMPRESARIAL não foi virada. Não se coloca como ponto de partida a iniciativa das comunidades locais e muito menos a indispensável integração dos factores que estruturam o desenvolvimento como sustentável. Um DLBC pobre, muito pobre, mas que apesar de tudo mexe nos territórios rurais com alguma diversidade. Grave, especialmente grave, é a situação dos DLBC urbanos que foram amarrados a um programa de financiamento de criação de negócios- o SI2E- e que num silêncio cúmplice, continuam a ser pau para toda a colher de uma Agenda para a Competitividade que omite as necessidades dos territórios urbanos desfavorecidos e promove a criação de negócios e de emprego de forma cega.
Recentemente a Assembleia Geral da Rede Europeia ECOLISE foi clara ao exigir um outro DLBC ao serviço das comunidades locais. Pelos vistos uma pespectiva que não esteve presente em Aveiro na semana passada.
Mas vale a pena ler o texto de António Figueiredo que não deixa de ter uma avaliação crítica da situação actual.

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos | 9 de Abril 2018

Foto CR /Carlos Ribeiro | 2016


Texto de António Manuel Figueiredo | Quaternaire Portugal

Fonte: blogue Interesse Privado, Acção Pública

(A convite simpático da FEDERAÇÃO MINHA TERRA, que agrupa as associações dos Grupos de Ação Local – programa LEADER, lá estarei em Aveiro, nas instalações da AIDA, a discutir o instrumento de política pública DLBC (Desenvolvimento Local de Base Comunitária) e os modelos para a sua continuidade no período 2021-2027. Oportunidade para um ponto pessoal de situação do que se antevê em termos de políticas de coesão.)

A Federação Minha Terra reúne amanhã e sexta-feira em Aveiro os seus associados GAL LEADER para discutir o instrumento de política pública DLBC introduzido na programação 2014-2020 que estende a lógica Leader da política de desenvolvimento rural a um campo de programação mais vasto. A discussão é um misto de avaliação de experiência e projeção de expectativas para o período de programação de 2021-2027, embora não esteja ainda disponível nenhuma avaliação sistemática e pouco (de concreto) se saiba sobre o futuro. A simpatia da Ana Paula Xavier da ADRIMINHO é a responsável por este convite e pela aceitação imediata.

Organizarei a minha intervenção segundo quatro pontos fundamentais, com mensagens-chave associadas:

  • ·      1. Uma abordagem testada e promissora nas garras da programação
  • ·       2. Alguns elementos dispersos e não sistemáticos de avaliação
  • ·        3. O que pode ser antecipado como futuro?
  • ·      4. Nota final: DLBC e consistência/coerência de opções estratégicas regionais e sub-regionais.

O PT2020 colocou uma enorme ambição nesta tentativa de estender a abordagem LEADER (essa sim já com avaliações sistemáticas) através da inovação do instrumento de política pública DLBC:

O DLBC visa especialmente promover, em territórios específicos, a concertação estratégica e operacional entre parceiros, focalizada no empreendedorismo e na criação de postos de trabalho. Este enfoque temático que, no âmbito do AP, será promovido de forma concertada envolvendo os vários níveis de atuação (nacional, regional e local), pretende dar resposta aos elevados níveis de desemprego e aos crescentes índices de pobreza, através da dinamização económica local, da revitalização dos mercados locais e da sua articulação com territórios mais amplos e, em geral, da diversificação das economias locais, do estímulo á inovação social e à busca de novas respostas a problemas de pobreza e de exclusão social em territórios … rurais, costeiros e urbanos” (Acordo de Parceria).

Temos assim, aparentemente, um contexto para dar certo. A abordagem LEADER é algo de testado, maduro, com progressiva capacitação e internacionalização. A Fundação MINHA TERRA presidirá proximamente à ELARD associação europeia que agrupa os GAL de toda a UE envolvidos nos sucessivos programas LEADER. Para mais, um instrumento de política pública com continuidade de aposta e por isso capacidade de aprendizagem. Essa abordagem é alargada a intervenções em comunidades pesqueiras e costeiras e em comunidades desfavorecidas de base urbana, numa lógica de dar relevo ao intra-urbano e à sua pobreza em cidades com alguma dimensão. Até aqui tudo bem e uma ideia inspiradora.

Na lógica da programação PT2020, toda ela organizada (diríamos melhor segmentada) em objetivos temáticos e em prioridades de investimento, tipificados à partida, a abordagem DLBC foi organizada segundo cinco objetivos temáticos (financiados por FEDER e FSE), não perdendo de vista a necessária complementaridade com a política de desenvolvimento rural, a cargo do Ministério da Agricultura, outra gaveta. A esta operação costumo chamar de “engavetamento” de uma ideia promissora. Cada gaveta de programação tem os seus “amos e senhores”, com recursos alocados, logo a partir de um dado momento orientados para a aplicação dos recursos que lhes foram alocados. Como é óbvio, a arquitetura da programação não deixa de estabelecer condições organizativas e institucionais para a coordenação e supervisão de tudo isto, mas regra geral acaba por predominar a lógica “TMFD” (Tudo a Monte e Fé em Deus) que é muito típica da nossa programação.

Como imaginam tenho uma memória já vasta e diversificada da génese e implementação de vários períodos de programação, primeiro a partir do ponto de observação CCDR Norte e depois na consultadoria. Assisti, por exemplo, no início deste período de programação, a uma reunião em que o anterior Presidente da CCDR Norte, o Professor Emídio Gomes, resumia publicamente algo de semelhante a isto: vêm aí os russos, perdoem, as DLBC urbanas, anteviam-se para o Norte nessa altura candidaturas de cerca de vinte DLBC urbanas e a CCDR pedia encarecidamente ajuda às CIM representadas na reunião para tentar domar a captura dos recursos disponíveis.

Apesar destas derivas, a programação em curso trouxe à extensão da abordagem LEADER o desafio de uma transição para uma programação em princípio orientada para resultados, com as implicações em termos de capacitação e organização. Nestas coisas, cautela e caldos de galinha recomendam-se. Por isso, o “em princípio” é sempre necessário para impor algum rigor no confronto das ideias promissoras com a realidade.

Uma teoria possível da programação de Fundos Estruturais em Portugal aponta para que nas componentes mais inovadoras, como é o caso do instrumento DLBC, podemos falar de uma sequência de três fases: (i) a da conceção em que as expectativas de inovação ainda pairam no ar sob a forma de esta vez vai ser diferente; (ii) a da regulamentação em que os “amores e senhores” das gavetas recuperam poder; (iii) a da execução em que a inércia pode recuperar, tirando partido dos maiores constrangimentos à execução do que é inovador na programação: a inércia adota a postura de “deixa-os pousar”. E, assim, frequentemente, se regressa às práticas que se pretendia alterar.

Na programação atual, estratégias regionais, sub-regionais (as EIBT Estratégias Integradas de Base Territorial elaboradas pelas CIMs NUTS III) e as DLBC de base local nem sempre tiveram tempos e ritmos de elaboração sincronizados. A informação entre os diferentes exercícios de planeamento foi heterogénea e nunca suficientemente partilhada. A relação entre as CIMs e as DLBC exige ainda uma grande aprendizagem, sobretudo para induzir uma lógica de cooperação e não de hierarquia. Os municípios têm aqui um papel crucial pois estão presentes nos três espaços – regional, sub-regional e local, e também um grande desafio à coerência da sua intervenção nos três espaços.

Do ponto de vista futuro, a incerteza ainda é muita, seja no plano europeu, seja no nacional. No europeu, a ausência de uma estratégia alternativa à Europa 2020 vai colocar a negociação da política de coesão em condições difíceis, onde diplomacia de bisturi será necessária. As consequências para o plano nacional são agravadas por um condicionante representado pela segunda figura que encima este post. Portugal é segundo dados da Comissão Europeia o país da União em que os Fundos Estruturais da Coesão representam um maior peso do investimento público, quase 85%, uma barbaridade. Qualquer oscilação na política de coesão refletir-se-á no investimento público nacional, a não ser que arrepiemos caminho, assumamos escolhas públicas com maior clarividência e finalmente o investimento público de orçamento nacional tenha desenvolvimento que se veja. A negociação será difícil e não devemos esquecer que reformas irão produzir-se na Política Agrícola Comum orientando-a progressivamente para o tema da “better life in rural areas”.

Do que se conhece a nível nacional, pelo menos no objetivo transversal sustentabilidade demográfica, a abordagem DLBC terá um papel a desempenhar, acaso para esta prevaleça uma abordagem não estritamente demográfica. Já nos objetivos com incidência territorial, o instrumento DLBC tem uma palavra nos domínios “Economia do Mar” (caso haja por aqui finalmente uma clarificação de programação e investimento), na “Competitividade e coesão na baixa densidade” e obviamente na “Agricultura e florestas”.

Uma reflexão final sobre o papel do instrumento DLBC na abordagem à baixa densidade. Não devemos ignorar a mudança de perceção que os Portugueses hoje têm (após os acontecimentos de Junho e Outubro de 2017) da baixa densidade e das suas fragilidades e vulnerabilidades. Em meu entender, a abordagem LEADER/DLBC terá um papel tanto mais decisivo quanto mais for possível garantir na próxima programação: (i) opções e investimentos coerentes no plano regional e sub-regional que a integre e reforce complementaridades entre si; (ii) Investimento municipal alinhado e racionalizado na lógica intermunicipal e sub-regional com as estratégias locais e (iii) investimento público consequente e gerador de externalidades agregadoras.

Sim, tiremos o cavalinho da chuva: inversões de tendências como aquelas que são solicitadas para a baixa densidade em Portugal exigirão investimento público que se veja.

 

O que diz Giacomo?

O tema do decrescimento não é novo. Já nos anos 70 era mencionado “en passant” por alguns pensadores críticos da evolução do capitalismo num sentido cada vez mais “selvagem”. Mas Giacomo d´Alisa não trata o assunto para se dar ares de “alternativo”. O seu discurso e as suas propostas são para orientar reflexão mas também acção. Por isso vale a pena ir ao encontro de uma abordagem que apresenta uma faceta peculiar; segundo Giacomo o conceito de decrescimento não é capturável, no plano da linguagem mas também da  visão a ele associada, pelos decisores e ideólogos do capitalismo contemporâneo. Enquanto que o “desenvolvimento sustentável” e a própria “economia circular” se apresentam como referências que foram adaptadas e inseridas no discurso mainstream e na própria agenda do crescimento, para dar credibilidade à continuição de um processo de destruição dos recursos do planeta e do aprofundamento da pobreza a nível global, o conceito de “decrescimento” está blindado a processos de captação oportunistas porque se situa no ponto oposto da estratégia de fundo dos defensores do capitalismo actual.

Alguns questionam a consistência, no plano alternativo, de uma formulação negativa para agregar visões e vontades de mudança social. André Barata na “aula aberta” de Giacomo d´Alisa na UBI ontem dia 6 de Abril adiantava uma preferência por uma denominação de pós-crescimento. Outros permanecem fiéis ao conceito amplo e global de desenvolvimento.

Uma coisa é certa, a interpelação decrescimentista que nos foi  proposta por Giacomo d´Alisa, na Coolabora primeiro e na UBI na jornada seguinte,  é muito desafiadora, sendo agora necessário, para quem quer ir mais além, ultrapassar a fase da “crítica implacável ao crescimento” e do diagnóstico mais ou menos catastrofista, para uma análise sobre todas as questões essencias da nossa vida em comum, fazendo emergir no contexto desta “crise antropológica” segundo Morin ou “crise de civilização” na versão de Serge Latouche, um imaginário suficientemente aglutinador das inúmeras iniciativas e ideias que convergem para uma mudança social radical à escala local e global.

Carlos Ribeiro/Caixa de Mitos – 7 de Abril2018


  

Por uma sociedade saudável livre de carbono e verdadeiramente sustentável

04.04.2018 |CR| –  ASSEMBLEIA GERAL DA ECOLISE NO LUXEMBURGO | Rede europeia apela ao reconhecimento e ao apoio às iniciativas dinamizadas pelas organizações de base que impulsionam uma transição consistente e coerente para um desenvolvimento sustentável.

COMUNICADO DE IMPRENSA

Hollenfells, Luxemburgo, 28 de março de 2018.

Encontro internacional de ONGs apela aos governos e à União Europeia para apoiarem iniciativas relacionadas com as alterações climáticas e o desenvolvimento sustentável.

O Encontro, que teve lugar no Luxemburgo no passado dia 28 de Março, reuniu representantes de 43 redes e organizações que apoiam iniciativas relacionadas com as alterações climáticas e o desenvolvimento sustentável lideradas pelas próprias comunidades apelou aos decisores políticos, desde o nível local até ao nível europeu, para reconhecerem e apoiarem o papel que as organizações de base estão  a desempenhar na transição para uma sociedade saudável livre de carbono e verdadeiramente sustentável.

“Milhares de comunidades em toda a Europa estão a experimentar novas formas de vida que estão harmonia com a terra e a fornecer soluções simples e inovadoras para descarbonizar nossas vidas ”, afirmou  Robert Hall, presidente da ECOLISE, a Rede Europeia das Iniciativas relacionadas com as Alterações Climáticas e o Desenvolvimento Sustentável Lideradas pelas próprias Comunidades.

“Essa onda de ação cidadã – da agricultura comunitária à energia comunitária, construção e mobilidade sustentável – deve ser apoiada pelos decisores políticos, para termos alguma esperança de concretizar os nossos compromissos internacionais  sobre o clima”.

“Os benefícios são claros e bem documentados, e incluem não apenas reduções significativas emissões de gases de efeito estufa, mas também a revitalização das economias locais e o reforço das redes locais e da coesão social. As comunidades locais são o alicerce básico da nossa sociedade e uma transformação social não pode ser bem sucedida sem o seu envolvimento ativo ”.

Todas as 43 organizações representadas reafirmaram seu compromisso de colaborar, através da ECOLISE, para impulsionar as mudanças necessárias para apoiar as iniciativas de base.

Os participantes vieram de 18 países europeus: Áustria, Bélgica, Croácia, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Participaram ainda membros de movimentos similares- ECOLISE –  com actividade nos EUA. Todos foram hospedados no CELL, o Centro de Aprendizagem Ecológica Luxemburgo, membro da ECOLISE.

As delegações dos países citados incluíram representantes de redes nacionais e internacionais, de comunidades e organizações locais, de movimentos de transição, eco-aldeias e permacultura, bem como investigadores e docentes universitários e educadores para a sustentabilidade.

A reunião no Luxemburgo, a assembleia geral anual da ECOLISE, realizou-se na base de um dupla modalidade de participação, com os membros fisicamente presentes e outros apenas online – graças ao uso de tecnologia de reuniões a distância. Facilitação de reuniões criativas e técnicas de tomada de decisão participativa constituíram experiências fundamentais no decorrer dos trabalhos, sendo já parte integrante da cultura do movimento.

No ano passado a ECOLISE lançou o primeiro Dia Europeu das Comunidades Sustentáveis e este ano, mais uma vez, dinamizará o evento, neste caso no dia 22 de setembro de 2018. O dia oferece uma oportunidade para uma divulgação activa das iniciativas em curso e para ser mostrado o trabalho que está ser desenvolvido, podendo também ser aproveitado para envolver os decisores políticos a todos os níveis. Uma conferência que terá lugar em 20 de setembro em Bruxelas, co-organizada com o Comité Económico e Social Europeu (CESE), constituirá um momento de especial importância para o envolvimento dos decisores políticos.

Contato:

Iva Pocock, coordenadora de comunicações da ECOLISE

Fonte: ECOLISE , tradução Carlos Ribeiro|Caixa de Mitos, 4 de Abril, 2108
Quatro ideias

OPINIÃO | José Aberto Rio Fernandes | Abril 2018

Muito se falou sobre os relatórios da comissão independente sobre os incêndios de 2017. Ótimo!

O que mais pareceu interessar foi a avaliação do que correu mal. O que é importante, sem dúvida. Não para se discutir quem são os culpados, como infelizmente gostamos. Mas para se compreender melhor o que temos de fazer para evitar que se repita o que se passou e também para deixarmos de ser os recordistas europeus de área ardida. Pelo que, o que mais importa são as recomendações.

Do muito que ouvi e li, a propósito do último relatório, longo e rico, coordenado pelo meu colega geógrafo (e amigo) João Guerreiro, realço quatro ideias:

  1. Na gestão do território, seja na limpeza de mato ou na proteção de pessoas e bens, os municípios (e as freguesias) têm um papel essencial. Não pode haver concelhos com mancha florestal significativa sem planos ativos de proteção contra incêndios. E tem de haver planos de proteção e de autoproteção claros e assumidos pelas populações.
  1. O Estado tem de se preocupar de facto com a floresta, o que implica termos mais pessoas no terreno, num regresso a uma lógica de desconcentração de serviços.
  1. O conhecimento tem de ser absorvido pelas componentes política e operacional. Depois de tantos estudos e relatórios, como podemos continuar sem uma prevenção estrutural dos incêndios e com tanta dependência de esforço voluntário no seu combate?

4. É essencial que exista quem garanta e aconselhe os governos na concretização de uma reforma tão difícil como necessária, pois que levará tempo e enfrentará interesses fortes e instalados, sejam corporativos (de associações de bombeiros, desde logo), económicos (associados à expansão de eucalipto e pinheiro, sobretudo), ou outros (como o conflito com o pastoreio).

 

José Alberto Rio Fernandes é Professor Catedrático do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e é o  presidente da Direção da Associação Portuguesa de Geógrafos (APG) para o biénio 2016-2018. Colunista regular no JN – Jornal de Notícias e dinamizador de processos de desenvolvimento como cidadão, actor político, investigador e consultor.

Transcrição da coluna JN | Carlos Ribeiro | 4 de Abril 2018
REDE ALDA | Projecto WISE quer fortalecer a Europa e promover a inovação

Entre 19 e 21 de março, os parceiros do projeto “WISE – Inovando e Fortalecendo a Europa” estiveram reunidos em Roma para dois dias de actividades diversas que contemplaram vários debates e a conferência “Primavera para a Europa – Rumo às eleições europeias”, que rcontou com a participação de turmas do ensino superior. O evento foi organizado pelo CIME, European Movement Italy.

***
O eurocepticismo tem aumentado em toda a Europa. Os parceiros do WISE trabalham para promover o envolvimento democrático e a cidadania ativa na formulação de políticas, para sensibilizar os cidadãos sobre a importância de pertencer à UE. Através de uma série de actividades que envolvem os cidadãos em toda a UE e fora dela, as pessoas poderão compreender concretamente como podem fazer a Europa mudar.

Os parceiros do projecto representam associações da sociedade civil, municípios e associações de autoridades locais e regionais da Bélgica a Portugal e do Montenegro até à Albânia. Todos compartilham o profundo sentimento de que seus cidadãos, especialmente os jovens, precisam saber mais e reconquistar a confiança na Europa. Caso contrário, o próprio futuro do projeto europeu está em perigo.

A conferência internacional de 21 de março, organizada pelo Conselho Nacional de Economia e Trabalho da Itália, teve por tema central a história do projeto europeu e a importância das próximas eleições para o Parlamento Europeu em 2019. Após o discurso de boas-vindas do Presidente do CNEL Tiziano Treu, vários peritos tomaram a palavra, moderados por Virgilio Dastoli, presidente do CIME – Movimento Europeu Itália: Eric Jozsef, jornalista do Libération e do Le Temps; Paolo Ponzano, Colégio Europeu de Parma; e Roberto Santaniello, DG COMM Itália.

Altiero Spinelli afirmoiu que a prova da força do projeto da UE é a sua capacidade de renascer de suas críticas e perdas. E o futuro estará nas mãos das jovens gerações.

Os jovens estiveram no centro das actividades do segundo painel que foi dinamizado de forma interativa proporcionando um verdadeiro diálogo, tendo sido utilizado um jogo de perguntas sobre a União e os direitos dos cidadãos europeus. Durante o evento, os estudantes tiveram a oportunidade de mergulhar em profundidade no que realmente significa fazer parte da Europa, discutindo com especialistas e reunindo com parceiros de projetos da UE e de outros países.

Fonte: site da ALDA.

Tradução Carlos Ribeiro | Alda Portugal. 4 de Abril 2018

Jornalismo e auto-censura: a janela de Overton

Foi um politólogo americano, Joseph P. Overton, quem criou um novo conceito sobre os discursos que são aceitáveis … e aqueles que o não são. Foi no campo da política que ele desenvolveu as suas idéias, mas podemos estender o seu princípio a outra área na qual as ideias também podem ser ou aceites de forma positiva ou por e simplesmente rejeitadas: a área da informação.

do Jornal POUR (Escrever a Liberdade), Alain Adrians 

Un politologue états-unien, Joseph P. Overton, qui a créé un concept nouveau relatif aux discours acceptables… ou pas. C’est dans le domaine de la politique qu’il a développé ses idées mais on peut étendre son principe à un autre domaine où les idées sont susceptibles d’être accueillies positivement ou rejetées : celui de l’information.

C’est dans les années 1990 qu’Overton a développé sa théorie et depuis lors elle est connue sous le nom de « fenêtre d’Overton ». Cette fenêtre définit la gamme de propos, de sujets, de propositions qui sont jugés acceptables ou pas. Celui qui, jeune encore, était vice-président d’un institut de science politique a élaboré son concept dans le cadre du monde politique des USA et de sa démocratie représentative influencée par les médias dominants. Selon Overton, il y a une gamme de projets politiques qui peuvent être considérés comme politiquement acceptables au regard de l’opinion publique existante. Un politicien avisé ne fera donc des propositions que dans cette gamme d’idées qui sont recevables par la toute grosse majorité des électeurs. S’il ne respecte pas cette règle implicite, il a peu de chances de gagner ou de conserver une fonction publique. Cette fenêtre d’acceptabilité fut donc appelée fenêtre d’Overton et, dans la cadre d’un débat sur la liberté, il a représenté le concept selon le schéma ci-contre. Les idées politiques peuvent donc être considérées comme « impensables, radicales, acceptables, populaires ou politiques ». Les hommes ou femmes politiques qui visent le pouvoir doivent donc viser le centre de la fenêtre s’ils veulent réussir. En Belgique, ce principe trouve une traduction dans une formule très pragmatique « Les élections se gagnent au centre ». Un parti humaniste (qui se dirait antihumaniste ?) s’est d’ailleurs fait une spécialité de ce positionnement et ses innombrables participations au pouvoir montrent que cela marche pas mal du tout.

Images intégrées 1

Immobilisme

Evidemment, avec une pareille logique, si tous les « responsables » politiques ont comme objectif d’occuper des positions confortables, on risque fort d’avoir des sociétés bloquées où rien ne change, même si c’est nécessaire. En effet, l’opinion publique, formatée par les médias dominants, a tendance à rejeter tout ce qui est « extrême » ou « radical ». Pourtant la radicalité (« qui va à la racine ») est peut-être plus pertinente qu’un statu quo, souvent inspiré par la peur du changement ou la non prise en compte de réalités qui ont changé.

On réalise ainsi que ce sont tout autant les médias que les responsables politiques qui sont à la source de l’immobilisme dans nos sociétés. Sans entrer dans le vaste et grave débat du contrôle des médias dominants par les pouvoirs d’argent, il existe aussi une tendance, faite de prudence et de recherche de taux de lectorat ou d’audimat, qui cadenasse la parole médiatique. Puisque ce sont en grande partie les recettes publicitaires qui assurent la survie des grands médias, puisque ces recettes sont proportionnelles à l’audience, les médias qui veulent réussir et gagner de l’argent font comme les politiciens qui veulent gagner les prochaines élections : ils disent ce qu’ils croient que leurs lecteurs, auditeurs ou téléspectateurs veulent entendre.

Sans parler de censure de la part de la direction, sans dire que les journalistes s’autocensurent consciemment, on constate cependant une étrange similitude entre les sujets traités par les uns et par les autres. Prenons par exemple l’information sur ce qui s’est passé ces dernières années en Amérique latine. On a maintes fois entendu parler du Venezuela et des graves tensions entre le pouvoir assez autoritaire du bolivarien Maduro et une opposition plutôt violente. Par contre, combien de fois les médias ont-ils parlé du Honduras, des élections truquées, des massacres d’opposants, du meurtre de Bertha Caceres, cette fondatrice du « Conseil citoyen des organisations des peuples amérindiens du Honduras » qui osait résister aux investissements soutenus par le gouvernement issu d’un coup d’Etat militaire de droite ? Pourquoi la majorité des médias sont-ils si critiques de la répression (certes très ferme) d’un gouvernement légal de gauche et si silencieux sur les exactions d’un gouvernement putschiste soumis aux diktats de Washington ? La réponse n’est-elle pas dans la question ?

Quelle grille d’analyse politique ?

Une autre illustration de l’extrême timidité des journalistes quant à leur liberté de pensée et de parole a pu être décelée lors d’un excellent débat organisé par le Festival des Libertés fin 2017 sur le thème « Médias : renforts ou critiques des systèmes ? ». Alors que le panel des journalistes était composé de personnalités plutôt progressistes, leur première réponse fut du genre : « Système ? Quel système ? Il n’y a pas de système dans nos pays démocratiques ! ». On avait l’envie de leur demander « Mais, sous quel régime croyez-vous vivre ? Le féodalisme ? Une monarchie de droit divin ? Ou, peut-être, en régime capitaliste néolibéral… ? ». Ce ne fut qu’au cours du débat, face à des interpellations plutôt directes du public, que certains ont admis que « oui, peut-être, on sait qu’il y a des sujets qu’il convient d’aborder et d’autres moins… ». Cette prudence est compréhensible : tous les intervenants ont insisté sur la difficulté d’avoir du boulot dans le monde des médias où l’on restructure et licencie à tour de bras alors qu’une foule d’étudiants sortent des écoles chaque année… La question « Votre propos est-t-il acceptable ? » est dès lors inévitablement présente dans la tête de tous les professionnels du secteur.

On se trouve donc dans la situation décrite par un autre chercheur, en communication celui-ci, Daniel Hallin qui, en 1986, constatait qu’un sujet pouvait être classé dans trois domaines de couverture médiatique : il y a la sphère du Consensus, la sphère de la Controverse Légitime et la sphère de Déviance. Il est clair que vu les difficultés économique du secteur des médias, les acteurs s’en tiennent aux deux premières sphères. Or, vu les bouleversements que connaissent nos sociétés, il faudrait avoir l’audace de sortir de la zone de confort intellectuel dans laquelle la plupart se cantonnent. Les positions ne sont certainement pas immuables et, par exemple, l’histoire nous montre comment, en une quarantaine d’années, la Société du Mont Pèlerin a réussi à faire basculer l’hégémonie culturelle occidentale d’une social-démocratie de centre gauche vers les valeurs néolibérales concrétisées par la révolution néo-conservatrice débutée dans les années 1980.

Oser résister

Il est assez affligeant de constater que la majorité des gens qui pensent, dont les journalistes, lorsqu’ils parlent librement, entre quatre yeux, sont bien conscients que le mode d’organisation de nos sociétés est médiocre, qu’il nous conduit à toujours plus d’inégalités et toujours plus de destruction des écosystèmes nécessaires à la perpétuation de la vie sur Terre. Ils peuvent donc être des alliés dans l’objectif de déplacer la fenêtre d’Overton vers les valeurs de collaboration, de coopération, de solidarité qui font défaut et de rendre moins acceptables celles de compétition, d’égoïsme, d’individualisme qu’essaie d’imposer le système marchand.

Pour arriver à cette indispensable mutation, deux tactiques sont possibles et complémentaires dans le secteur des médias.

La première est celle qu’adoptent les journalistes présents dans les médias traditionnels. Avec prudence, sans se brûler, ils peuvent contourner la logique que voudrait imposer les actionnaires majoritaires et, loin des éditoriaux « bien-pensants » des rédacteurs en chef, développer des sujets, porter à la connaissance certains faits ou faire passer subrepticement des idées qui ne sont pas celles que voudraient voir la pensée unique dominante.

Le second moyen de diffuser les « bonnes nouvelles » est de créer et de diffuser des médias alternatifs qui, plus professionnels que les médias sociaux (où l’on trouve le pire comme le meilleur), ne se cachent pas derrière une prétendue objectivité (qui n’existe pas puisque tout est produit par des sujets humains), osent afficher la couleur et faire connaître un projet éditorial qui n’est pas celui d’une fausse neutralité.

C’est ce choix qu’a fait la coopérative d’édition POUR écrire la liberté avec ses trois supports, les journaux, les cahiers d’analyse et le site. Mais nous ne sommes pas seuls, fort heureusement, et nous sommes ravis de pouvoir développer des convergences et des échanges avec des médias comme KairosImaginePolitiqueZin TVRadio Panik et autres confrères qui se battent pour un monde moins moche. Les porteurs de tels projets ne disposent évidemment pas des moyens financiers des médias mainstream mais ils compensent ce handicap par du bénévolat, de la militance et des investissements personnels en temps et en énergie parfois lourds. Mais comme disait l’autre, « On aura toute la mort pour se reposer », ce qui est bien le moins quand on se bat pour la vie.

Alain Adriaens