Metam COVID-19 nas aprendizagens!

PR | 10-09-2020 | Educação de Adultos | EPALE

A máscara não se coloca nos olhos! Eleger a situação de pandemia como ponto fulcral das aprendizagens na educação de adultos.

Por que raio não é em torno das questões complexas e de difícil gestão, no plano pessoal, social e profissional, relacionadas com a pandemia de COVID-19 que se concretizam todas as aprendizagens na alfabetização e na educação não-formal e informal de adultos?

Podemos imaginar contexto de aprendizagem mais evidente e mais adequado para abordagens educativas, formativas e promotoras da cidadania que aquele que a pandemia de COVID-19 proporciona de forma espontânea e natural?

Outra abordagem pedagógica

Claro, todo e qualquer contexto de aprendizagem tem que resultar de processos de negociação e até de co-construção com os adultos envolvidos, mas está à vista que é preciso ADAPTAR URGENTEMENTE A ABORDAGEM PEDAGÓGICA a uma situação tão gravosa que condiciona e aflige as famílias, os cidadãos e os territórios locais no seu quotidiano.

Mas ao assumirmos simultaneamente que as dinâmicas da vida quotidiana podem constituir per si um quadro potencialmente relevante para as aprendizagens, podemos então combinar os acontecimentos da jornada do dia-a-dia com as ligações e com os riscos da COVID-19 desenhando um percurso de aprendizagem pragmático e claramente percetível por parte dos adultos.

Temas fulcrais

PODE, A PRÓPRIA PANDEMIA DE COVID-19 SER A BASE DE TODAS AS ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM, nas ações relacionadas com a educação de adultos?

O contrário é que é absurdo, adultos que estão a viver um período absolutamente extraordinário, dramático e de alto risco que são envolvidos em temas de aprendizagem impingidos à força, como se nada estivesse a acontecer na vida quotidiana de quem participa em processos de alfabetização ou qualificação.

Que temas emergem como evidentes? Três exemplos apenas:

O tema do “viver juntos”

A consciência da importância dos comportamentos solidários em matéria de prevenção sanitária constrói-se na compreensão e na apropriação dos mecanismos do contágio e das formas de o contrariar com pleno conhecimento de causa. A resposta coletiva, como é caso do confinamento, deve ser associada a outras realidades históricas e a processos gregários no plano antropológico e sociológico. A solidariedade salva vidas e reforça a capacidade dos coletivos.

Os temas da saúde.

Afinal porque se fala de grupos de risco? Quem são? Porque o são? O prórpio/ria pertence a esse grupo? Que iniciativas podem ser levadas a cabo para contrariar uma fragilização face a situações críticas de saúde pública.

O tema da alimentação

A reformulação dos processos de abastecimento dos alimentos-base e a necessidade de reequilibrar a composição das refeições, nomeadamente com o consumo de produtos locais e da época.

Educação de adultos e desenvolvimento social

Estas abordagens estão focadas no quotidiano e nas questões concretas que a pandemia coloca.

Mas pode ainda haver outra abordagem que radica na resposta a uma interrogação central do desenvolvimento social:

PODE A EDUCAÇÃO DE ADULTOS CONTRIBUIR PARA AJUDAR A COMBATER A PANDEMIA E A REFORÇAR AS COMUNIDADES LOCAIS?

Ou seja, estabelecer como finalidade das atividades de educação de adultos o seu contributo para a resolução de problemas da sociedade e a mobilização dos recursos locais para reforçar as comunidades e o sentido da vida em coletivo.

Carlos Ribeiro