Coletânea Homens e Ofícios de Mariano Gago relançada pela Ulmeiro

Lucilia Salgado, professora-investigadora, APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e a Educação Permanente

Mais conhecido na área da Ciência e em funções políticas a atividade de Educação de Adultos, numa perspetiva de educação permanente, é menos evidente na obra de Mariano Gago.

O seu trabalho com portugueses emigrantes em Paris, depois continuado na Universidade Operária em Grenève encontra-se bem elucidado na coletânea de textos Homens e Ofícios, concebida para atividades de educação de adultos com baixas qualificações escolares.

Após uma primeira edição com apoio da UNESCO (1978) seguiram-se uma segunda e terceira (1982) realizadas em Portugal e financiadas pela Direção Geral da Educação de Adultos. A Editora Ulmeiro, propõe agora, uma quarta edição deste “manual de fichas para exploração temática” que dê continuidade à atividade educadora desenvolvida por Mariano Gago na emigração no sentido de “estimular a produção de material próprio por associações culturais, grupos de bairro, escolas, quer em Portugal quer na emigração (…)”. É assim uma proposta de Literacia no campo da Educação de Adultos que a Editora Ulmeiro e a APCEP agora apresentam.

A coisa e o coiso

José Alberto Rio Fernandes, geógrafo e Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos.

Perto de Paço Vedro de Magalhães, em Ponte da Barca, onde moravam os pais e terá nascido o famoso Fernão, viveu um certo Tomás que, sendo frade, ficou conhecido por pregar para que se fizesse como ele dizia (e não como fazia). Concordo com ele: independentemente do que se faça, o que se diz não perde valor.

De qualquer modo, hoje, acho que faz mais falta quem pregue para que se ouça o que se diz e se esqueça quem o diz. Porque o que importa é a coisa e não o “coiso”!

Porque digo isto? Porque vários, como eu, bem “pregaram” contra a fluvina no Freixo, junto à foz do Torto, ou o emparedamento do Tinto, no Parque Oriental do Porto. Ninguém ligou à coisa, porque acharam que era ataque ao “coiso”. Também foi assim quando critiquei um estudo sobre alojamento local que considerou apenas os 7258 registos oficiais e contadores de água declarados como AL, onde se esqueceram duma base fiável (AirDna) que atestava a existência de 13.285 propriedades!

Penso que se pensa tanto nos “coisos” que já nem se liga às coisas. Será por isso que tantos dizem “não gosto do”, em vez de “não concordo com, porque” e se multiplicam os silêncios cúmplices, ao mesmo ritmo a que crescem os bajuladores e o poder dos que veem ataque pessoal na diferença de opinião?

Não sei. Sei apenas – e chega-me – que gosto de quem pensa e diz o que pensa, tenha ou não opinião semelhante à minha. Que bom que António Costa é nisso como eu e escolheu o seu antigo opositor e meu amigo José Luís Carneiro para secretário geral adjunto do PS! Que bom também que podemos ler e/ou ouvir todas as semanas Ana Gomes, Daniel Oliveira, Francisco Assis, Henrique Raposo, Pacheco Pereira, Pedro Santos Guerreiro, Miguel Sousa Tavares e tantos outros, a dizer as coisas que pensam. E que nos fazem pensar.

José Alberto Rio Fernandes
Economia social e solidária: garante de democracia na transição para a sustentabilidade

Ana Margarida Esteves

As alterações climáticas podem levar a uma nova vaga de autoritarismo. A economia social e solidária propõe um modelo de transição para a sustentabilidade baseado no aprofundamento da democracia.

Entre os próximos dias 6 e 8 de novembro, o ISCTE-IUL irá receber uma conferência internacional sobre o tema. 

A série “O Conto da Aia”, baseada no romance homónimo de Margaret Atwood, ilustra como o colapso ambiental pode levar à morte da democracia: para manter o “status quo”, as elites não hesitam em promover uma interpretação moralista da crise, justificando um regime totalitário que lhes garante prioridade no acesso a bens escassos, neste caso úteros férteis e alimentação sadia. O sexto episódio indica que o regime reduziu 78% do carbono atmosférico em apenas três anos e implementou um modelo agrícola 100% orgânico. A visão distópica de Atwood não é mera ficção: a República de Gilead é uma síntese das derivas autoritárias que devastaram o Ocidente no século XX.

As alterações climáticas ameaçam a sobrevivência da nossa espécie, exigindo um modelo de governança que substitua o crescimento económico por modelos circulares de produção, distribuição e consumo. Como fazer mais com menos sem uma nova deriva autoritária? O discurso da “economia verde” desvia a atenção das estruturas de poder que destroem ecossistemas. Promove uma abordagem individualista e moralizante da sustentabilidade, sobretudo entre classes médias que veem no “consumo sustentável” uma forma de se distinguirem das “massas inconscientes”. Abordagem esta partilhada por alguns “projetos alternativos de sociedade”, nostálgicos de uma ruralidade pré-moderna, que veem na Razão e na Ciência a causa primordial da “destruição da Mãe Terra”. 

A urgência do aprofundamento democrático

De forma a prevenir derivas autoritárias, a transição para a sustentabilidade deverá neutralizar as atuais estruturas de poder e aprofundar a democracia. A economia social e solidária oferece tal perspetiva, ao encarar o tema como sendo do foro da economia política. O seu modelo de governança partilhada, baseado na gestão comunitária dos bens comuns e na valorização dos territórios e da diversidade de saberes, ancora a sustentabilidade ambiental na promoção da democracia participativa e justiça social.

A conferência internacional “Economia Social e Solidária e Movimento dos Bens Comuns”, cuja segunda edição terá lugar de 6 a 8 de novembro no ISCTE-IUL, reúne investigadores, ativistas, empreendedores sociais e gestores públicos para discutir a transição para a sustentabilidade como estratégia de aprofundamento democrático. Esta conferência, aberta ao público, é organizada pelo CEI – Centro de Estudos Internacionais, com o apoio do departamento de Economia Política do ISCTE-IUL, do Centro de Ecologia, Evolução e Mudanças Ambientais (CE3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e a Incubadora de Economia Solidária da Universidade Federal de Alagoas (Brasil).

Este evento insere-se num propósito maior: garantir que a transição para a sustentabilidade não mudará apenas o necessário para “que tudo fique na mesma”… ou pior. 

Socióloga, Investigadora no CEI – Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, ISCTE-IUL

Artigo publicado no Jornal de Negócio transcrito na Praça das Redes com a autorização da autora

Encontros Imaginários 21 de Outubro

Helder Costa – A Barraca

Oskar Schindler (Svitavy28 de abril de 1908 – Hildesheim9 de outubro de 1974) foi um industrial alemão sudeto, espião e membro do Partido Nazi, que teria salvo da morte 1200 judeus durante o Holocausto,[1] empregando-os nas suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas nas actuais Polónia e República Checa, respectivamente. Schindler recebeu a designação de Justos entre as nações pelo governo de Israel em 1963, e morreu a 9 de Outubro de 1974. José Rebelo, jornalista, interpreta.

Boris Vian (Ville-d’Avray10 de Março de 1920 — Paris23 de Junho de 1959), foi um engenheiroescritorPoetaTradutor e cantautor francês, identificado com o movimento surrealista e o anarquismo enquanto filosofia política. Escreveu muitas canções que alcançaram uma grande notoriedade como Le DéserteurLa Java des bombes atomiques. Chegou a ter uma banda Jazz formada por si e pelos seus dois irmãos que tocava no famoso clube de Jazz do Quartier Latin Le Tabou. Vian foi o responsável pelo lançamento de vários interpretes da canção Francesa, nomeadamente Serge Reggiani e Juliette Gréco. Interpretação do cantautor Rogério Charraz.

Martin Bormann (Wegeleben, 17 de Junho de 1900 – Berlim, 2 de Maio de 1945) foi um destacado oficial durante a Alemanha Nazi, com um poder muito significativo no Terceiro Reich ao usar a sua posição de secretário privado de Adolf Hitler para controlar o fluxo de informação e acesso ao Führer. Depois do suicídio de Hitler, Bormann e outros tentaram fugir de Berlim no dia 2 de Maio para evitarem ser apanhados pelos soviéticos. Bormann ter-se-à suicidado numa ponte perto da estação de Lehrter e o seu corpo foi descoberto anos mais tarde. Foi julgado in absentia pelo Tribunal Militar Internacional nos Julgamentos de Nuremberga de 1945 e 1946 e condenado à morte por enforcamento por crimes de guerra e contra a humanidade. Interpretação do economista Helder Oliveira.

                                         II PARTE

Canções por    Rogério Charraz.

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Turismo acessível tem curso para consultores

Carlos Ribeiro | AGRI Magazine | Baseado Ana Silva Dias TecMinho

A TecMinho, em articulação com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e com o Instituto Politécnico do Porto (IPP),  vai promover 2 eventos sobre Turismo Acessível

“O Turismo é hoje um setor fundamental da economia, pela capacidade de gerar receita, de gerar novos negócios e de gerar emprego qualificado. De acordo com dados da UE em 2012, as pessoas com necessidades específicas de acessibilidade fizeram 783 milhões de viagens, gerando receitas de €356 mil milhões de euros, e empregando 8.7 milhões de pessoas. Estes dados abrem caminho a ofertas cada vez mais competentes para turistas com necessidades específicas e com idades 50+. Neste contexto, a TecMinho, em articulação com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e com o Instituto Politécnico do Porto (IPP),  vai promover 2 eventos sobre Turismo Acessível, divulgando projetos e iniciativas nesta área, assim como o curso-piloto b-learning “Consultor de Turismo Acessível”, desenvolvido no âmbito do projeto Erasmus+ “TAD-The Ability Advisor”.

Ambos os eventos são dirigidos a empresários, agentes do setor do turismo, a alunos / docentes de escolas com ensino profissional e instituições de ensino superior no setor do Turismo, e outros interessados nestas temáticas.  No próximo dia 15 de outubro, a TecMinho, em articulação com o IPVC, vai promover o Seminário “Consultores de Turismo Acessível – uma oportunidade de negócio?” a iniciar às17h, em Viana do Castelo, numa iniciativa gratuita.  Informação detalhada sobre o programa do evento: https://www.tecminho.uminho.pt/shownews.php?id=1167

Imagem TecMinho

O que diz Miguel Freitas sobre a floresta?

Carlos Ribeiro, AGRI magazine

Miguel Freitas, Secretário de Estado da Floresta e do Desenvolvimento Rural em recente entrevista à AGRI Magazine adiantou alguma ideias-força para a gestão da floresta que importa destacar: 

AGRI – Quais são as orientações de fundo que podem mudar a floresta em Portugal?

MF – É preciso tempo para promover as mudanças profundas que devem ser levadas a cabo e quebrar as barreiras que estão instaladas entre a floresta, a agricultura, o urbano e o rural. As políticas e a ação no terreno devem ser integradas e integradoras e importa assumir novas linhas de orientação com uma tripla dimensão: mais Estado, mais indústria e mais investimento na floresta. O Estado tem que ser um agente de transformação, ser um protagonista ativo e assumir a responsabilidade de inverter o atual estado das coisas em parceria com os outros intervenientes; a indústria tem que obter mais valor da sua presença na floresta e ser parceira forte na ação transformadora a implementar e por fim importa atrair investimento, ou seja, mais dinheiro para a floresta. Esse investimento tem que ter uma forte componente pública e ser aumentado de forma significativa. Os atuais 500M€ de Fundos Comunitários não chegam. Para o efeito é preciso diversificar as fontes de financiamento e ir à procura de novas soluções. Para o regadio foi possível captar 350M€ através do BEI – Banco Europeu de Investimentos e não há razão nenhuma para que na floresta não aconteça o mesmo.

AGRI – O que é que está a ser feito para que as orientações, quando elas existem, sejam levadas à prática?  

MF – Só é possível realizar uma gestão integrada se forem mobilizados instrumentos adequados e muito diversificados que assegurem a eficácia das intervenções na floresta e nos territórios. Um desses instrumentos é a empresa pública criada para agir de forma crítica e exigente nos territórios nos quais está instalada. O Estado tem que saber o que quer e agir em conformidade. Outros instrumentos são as ZIF – Zonas de Intervenção Florestal que devem passar da lógica da gestão de condomínio para a lógica da gestão da propriedade. Da mesma forma as EGF e as UGF apresentam elevadas virtualidades, mas, apesar do enorme trabalho que é preciso fazer com os proprietários, são atuações por si só não chegam. É preciso cuidar do ordenamento e nesse plano o instrumento central que é o inventário florestal vai ser determinante para ajudar a planear. A publicação do Inventário Florestal será concretizada muito em breve. É preciso que as atualizações sejam feitas em ciclos mais curtos

Desta forma, criando instrumentos ágeis ficamos em condições de acompanhar as mudanças rápidas que ocorrem sistematicamente. Novos instrumentos, adaptação dos existentes às exigências atuais e planeamento plurianual constituem a base operacional da nova visão. É isto que está plasmado no plano para as matas públicas para os próximos quatro anos.

AGRI – Face à gravidade dos problemas detetados, existe verdadeiramente a coragem para tomar as medidas que se impõem?

MF – Vamos entrar numa nova fase. Temos que olhar para a ação realizada na prevenção e dizer que não chega. É preciso ter uma ação transformadora. Já estamos a funcionar à velocidade cruzeiro na prevenção e necessariamente teremos que intervir anualmente em 150.000 ha. Mas o grande desafio é o de inovar em parceria e em cooperação. Vejamos o caso do território constituído pela região de Mação, Vila de Rei e Sertã.

Para nós trata-se de um laboratório para o aprofundamento de várias questões essenciais tais como a resiliência bioclimática e outras do foro da gestão do território.

A verdade é que esses três concelhos que fazem parte do Pinhal Interior ardem recorrentemente. Trata-se de um território trabalhado, mas com problemas de gestão. Fácil é constatar que mesmo com origem em áreas exteriores, os incêndios quando chegam, queimam e levam tudo a eito. O que nos leva a questionar se a dimensão florestal é adequada para aquele território em concreto. Ela corresponde a uma cobertura a 90% daquela região. Será necessário reduzir para 70%? Redimensionar a floresta e integrar valências como a agricultura e outras atividades económicas compatíveis? Mas desde logo é preciso assumir que as áreas cuja atividade foi reformulada não podem ficar devolutas e, nesses termos, deverão ser encontradas outras soluções com a participação dos atores do território. Esta visão da gestão territorial partilhada implica que termine a segregação tradicional entre quem investe na floreste e quem faz agricultura. Importa mutualizar os riscos e assegurar que as despesas e as receitas sejam as adequadas para o rendimento expectável dos investidores e operadores económicos. E nesta matéria a inovação mais significativa dos próximos tempos será a separação da propriedade da gestão. 

Excerto da entrevista na AGRI Magazine nº 7 – Série II – ver entrevista completa

Miguel Freitas, Secretário de Estado da Floresta e do Desenvolvimento Rural
VALDUJO, RECRIAÇÃO DE UMA VINDIMA À MODA ANTIGA

Carlos Ribeiro, AGRI Magazine

As aldeias procuram nas suas raízes e nas suas tradições pontos de partida para novas iniciativas. Porque o meio rural tem muito a dar ao desenvolvimento turístico sustentável e humanizado. Acolher pessoas e estabelecer relações que podem perdurar, contrariando o sentido efémero de um turismo de massas, muitas vezes predadores dos territórios, é necessariamente uma opção quando se olha para o fuso com uma visão estratégica. A Câmara Municipal de Trancoso tem um projecto de Turismo Sustentável em candidatura ao Turismo de Portugal e a Junta de Freguesia de Valdujo tem várias iniciativas neste domínio, com destaque para o Parque de Auto-caravanas.

A recriação de uma vindima à moda antiga constitui ainda uma excelente base para a pesquisa etnográfica e para a dinamização do primórdio local. Nessa matéria a Câmara Municipal tem tido a preocupação de envolver as populações locais em projectos de defesa e promoção do património histórico e cultural.

LES ENJEUX DE LA GAUCHE PORTUGAISE, mort ou reprise de vitesse de la GERINGONÇA?

Carlos Ribeiro

Les résultats des élections du dimanche 6 octobre passé, au Portugal,  sont très stimulants. Mais, voyons quelques détails et une interprétation sommaire:

– La gauche renforce sa position globale et est majoritaire au Parlement;

– Le PS est le parti le plus voté, avec une votation proche de la majorité absolue; va former gouvernement avec une position minoritaire au parlement;

– La droite traditionnelle a  perdu terrain avec les pires résultats de tout temps;

– Le parti animaliste – PAN (Personnes, Animaux et Nature) qui avait 1 député au Parlement, en a maintenant 4;

– Le Bloc de Gauche – parti que est le résultat d´un rassemblement de l´extrême-gauche (trotskyste, maoïste et d´autres petits groupes ) en 1999 et qui s´adapte aux logiques réformistes même s´il mantien un discours très radical e révo-populaire, a élu le même nombre de députés – 19 – et est la troisième force politique au pays;

– Le Parti. Communiste a perdu 5 députés et a eu une votation en baisse significative; a 12 députés au Parlement;

– Des nouveaux partis sont maintenant présents au parlement, deux à droite (un même d´extrême- droite) et un à la gauche écologiste et citoyenne (Livre, un groupe de militants beaucoup d´entre eux ex-Bloc de Gauche).

La question qui se pose maintenant est la progression de cette gauche qui va gouverner a partir du PS mais qui a une grande diversité d´objectifs. Quelles sont les questions qui se posent:

– la formule qui a fonctionné pendant 4 ans, avec un gouvernement PS, minoritaire au Parlement, mais avec des accords permanents avec le Parti Communiste et le Bloc de Gauche, appelée GERINGONÇA – Bidule – Machine Bizarre, a été possible dans un cadre très particulier: le Président de la République à l´époque – 2015 –  avait exigé des accords écrits pour accepter un gouvernement de gauche (une solution stable) et, les mesures qu´il fallait prendre (à gauche), après une période de 4 anos de TROIKA , Fonds Monétaire International et de droite neo-liberale, étaient assez consensuelles au sein des partis de gauche. Rendre de l’argent aux travailleurs, améliorer les conditions économiques et sociales , augmenter le SMIG, défendre les entreprises et les services publics,  etc. La situation n´est plus la même et le fait que Parti Communiste ait refusé de signer des nouveaux accords (beaucoup de dirigeants du PC affirment que les pertes du parti seraient dues à l´appui au gouvernement du PS ces 4 dernières années) et l´intention de Bloc de gauche de faire des accords pour 4 ans sur des mesures qui ne peuvent être garanties,  à la longue…rendent la chose plus compliquée que dans le passé.

Mais l´expérience nous dit que si la logique est de négociation et que la priorité sera la prise de mesures de gauche avec des votations positives dans ce sens au Parlement, ce sera possible de faire avancer cette Geringonça pour des nouveaux terrains d´entente et d´expérimentation politique  autour de la “convergence autour de l´essentiel”, parce que:

– le PS, qui est le parti de la confiance et de la stabilité, tout en prenant des mesures politiques et sociales vraiment progressistes, pourra renforcer sa position, encore plus, si les autres partis ne donnent pas signe d´unité autour de l´essentiel et de l´important. Il faut rappeler que le Bloc n´a pas progressé et que le PC a perdu beaucoup de crédibilité par son jeu de ceinture d´appui critique au gouvernement PS;

– le Parti Communiste, important au Portugal sur le plan sociologique et dominant au niveau syndicats, perd de l´influence depuis 10 ans parce qu´il ne sait et ne veut pas s´adapter aux défis concrets de la lutte politique du moment; il a rejoint la Geringonça pour essayer de ne pas continuer de perdre de positions face à son rival, le BLOC de gauche, qui le dépasse largement en ce moment;

– le Bloc de gauche est devenu  Réformiste Radical, mais à l´interne il y la cloche subliminaire de la Revolution Populaire qui continue à sonner; l´enjeu pour le Bloc est de maintenir dans les nouvelles conditions une image “réformiste”, utile, jouable et fiable sur le plan du jeu démocratique – les acquis du passé récent qu´il a influencé, les nouvelles initiatives, le changement de  choses concrètes – et laisser réveiller dans une dose controlée “le radicalisme justicialiste de gauche” qui marque son action politique depuis toujours, pour s´affirmer comme combatif et pouvoir réclamer pour soi les choses positives qui pourront emerger du gouvernement PS.

Une nouvelle question: le parti d´extrème-droite Chega, qui a 1 député élu, est venu par la main du foot. Le personnage xénophobe qui le represente est une figure des commentaires a la télévision des match et des clubs de foot. Donc, au Portugal, c’est le fameux foot-ball qui a fait briser la muraille anti – fasciste….Ça fait reflectir sur ce créneau et son futur impact dans la société portugaise et même européenne, sachant que Bannon a certainement actualisé ses connaissances sur le sport au pays.

À bientôt

Carlos Ribeiro

Photo François Vescia

Van den Berg

José Alberto Rio Fernandes, geógrafo, Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos

Como os meus estudantes de Geografia Urbana sabem, há muito que aprecio a teoria do “ciclo de urbanização” que Leo van den Berg desenvolveu, com alguns colegas, no final do século passado.

O que ela defende – dito rapidamente – é que à concentração das pessoas em cidades compactas, durante parte do século XIX e do século XX, seguiu-se um processo de suburbanização, favorecido pela massificação do automóvel. O aumento da distância da residência à cidade e a perda de população nesta (como em Lisboa e Porto, por exemplo) anuncia a desurbanização, a que se segue, por fim, o fechar do ciclo, com a reurbanização, ou um dito “regresso à cidade”.

Além de poder ouvi-lo, foi emocionante estar com ele há dias, em Coimbra, eu como moderador e ele como convidado no 3º Encontro Internacional do CEGOT (Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território).Com trabalho em mais de 130 cidades e experiência de 25 anos de direção do Euricur (Instituto Europeu para a Investigação Urbana Comparada), van den Berg deixou-nos ótimas reflexões e propostas. De entre o que parece mais afastado da nossa realidade, retenho duas: a) a vantagem das políticas urbanas contra cíclicas, ou seja, capazes por exemplo de promover o turismo quando em recessão e a sua contenção e desenvolvimento de outros usos, quando pelo seu volume e efeitos sociais o crescimento do turismo é mais problema que vantagem; b) a necessidade do setor público, designadamente a nível local, ter uma atitude mais empreendedora, capaz de envolver todos num propósito comum, e não absolutista (como se houvesse um rei que manda e os súbditos que tudo aplaudem sem pensar), esperando-se do lado do privado (empresas, instituições diversas e pessoas) práticas de responsabilidade social mais alargadas. Hope so, Leo!