A certificação, um bem que vem por mal

DEBATE| Educação de adultos

Nos debates da última iniciativa promovida pela Lifelong Learning Platform – LLL Lab que dirigentes portugueses como Luis Costa e Susana Oliveira conduziram com arte e engenho, a par de outros protagonistas europeus, uma verdadeira questão foi colocada de forma informal mas com peso e medida que foi a seguinte: sim, aprendizagem ao longo da vida mas qual é a verdadeira finalidade?

A questão colocada num plano político deixou de ser uma mera curiosidade numa conversa entre peritos da ALV, que como sabemos é o que acontece sistematicamente neste tipo de eventos,

O emprego ou a vida…

A aprendizagem ao longo da vida e a educação de adultos terão por finalidade uma preparação para o mundo do trabalho e para o emprego ou a sua missão está principalmente associada à auto-construção de cidadãos ativos e conscientes que na sua relação com a vida quotidiana e com os desafios do futuro constroem percursos de uma vida que tem valor aos seus próprios olhos e não necessariamente a vida que lhes querem indicar como senso a vida que devem viver.

João Costa, Secretário de Estado da Educação presente no Encontro a quem se reconhece enormes qualidade de governante nestes domínios, colocou-se num dos lados da barricada e foi muito claro: primeiro a CERTIFICAÇÃO , depois as outras consequências ou impactos dos processos de aprendizagem.

Falas muito porque já és diplomado

O argumento utilizado foi decepcionante e roçou a demagogia quando Costa adiantou que quem já tem certificados e diplomas é que os desvaloriza, porque já os tem. No fundo colocando os detentores de diplomas e que pretendem uma outra abordagem para a educação de adultos como cegos e egoístas.

Segundo Costa o certificado é indispensável para todo e qualquer desempregado encontrar emprego e as atividades informais de educação-formação deveriam convergir para o sistema de RVCC para traduzir em diplomas as aprendizagens realizadas.

Na verdade esta afirmação da relação entre certificado e emprego está longe de ser verdadeira. A sua absolutização esconde outras preocupações que mereceriam ser reveladas, como é caso da pressão da OCDE sobre Portugal para que eleve os níveis de escolaridade da sua população ativa. Importa pois relativizá-la sem a desvalorizar.

Valor do certificado

Este campo do valor do certificado para o empregador adquire importância, em áreas profissionais nas quais a oferta de emprego é seletiva ao ponto da certificação exigida ser resultado de ciclos de certificação.

Não é o caso dos empregadores que maioritariamente se relacionam com os desempregados cujos ciclos de certificação são curtos ou inexistentes. Para estes funciona principalmente uma relação de proximidade e de contactos diretos, muitas vezes entre pessoas conhecidas e com contratações baseadas antes de mais na experiência e nas garantias de assiduidade e de responsabilidade.

Importante, mas não determinante

O certificado é importante, é! Mas não é determinante. Temos 500.000 trabalhadores pobres no país e nesta imensa fratura social o certificado não se articula com o elevador social.

Se um adulto que frequenta processos de aprendizagem em dispositivos de educação-formação locais tiver à saída do seu processo formativo ou de RVCC um portefólio de contactos, de experiências e de interações que o liguem ao meio profissional, que facilitem iniciativas de aproximação relacionadas com o emprego ou o trabalho, podemos admitir que se o certificado também o integrar, poderá ser uma mais-valia, mas nestes terrenos da relação profissional é o conjunto que funciona bem e não o certificado per si!

Continuar a atrofiar a educação de adultos em nome do certificado é afinal de contas consensual nas políticas públicas de educação-formação. Para enfrentar esta dramática convergência negativa contra a educação de adultos valeria a pena criar um organismo autónomo de cúpula da EFA portuguesa e, de baixo para cima, dinamizar autênticos Territórios Aprendentes que dêem expressão a uma convergência positiva em torno de uma educação de adultos transformadora.

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos

Dragões lançam chamas no RVCC

@ Praça das Redes | 17 de julho | com Miguel Ângelo Soares Alves Lopes da Silva | Histórias de Navegadores Confinados

Miguel Ângelo realizou o seu processo RVCC – Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências no Centro Qualifica do Agrupamentos de Escolas Henriques Nogueira em Torres Vedras. A sua abordagem às competências esteve diretamente relacionada com um projeto: lançar a primeira pedra da Casa do Futebol Clube do Porto em Torres Vedras.

Miguel Ângelo não se deixou intimidar pelo rosnar do leão que se sente em cada rotunda e esquina da cidade. Fala em “nova esperança no concelho” e não hesita em validar a sua iniciativa com o argumento de ser “portista de alma e coração, agora presidente da casa do FC Porto, Dragões de Torres Vedras”, sendo seu fundador honorário.

Uma Casa com 200

“Esta casa que ainda está em formação rapidamente se tornou bastante falada, tanto no nosso concelho como noutros concelhos mais distantes”.O sucesso da iniciativa teve a ver com a capacidade de intervir nas Redes Sociais e em especial no “Facebook que na fase do lançamento contou de imediato com mais de 200 seguidores”.

Gente trabalhadora

Miguel Ângelo tem noção da importância do trabalho em equipa neste projeto e relata que “contamos igualmente com uma direção e assembleia geral sólida e bastante trabalhadora que está a formar os alicerces desta que irá ser a nova casa de Torres Vedras.

Estamos a preparar-nos para formar associação, para posteriormente termos sócios que nos ajudem a manter e construir novos objetivos e novas esperanças”.

COVID-19 provoca standby

Para finalizar os apontamentos sobre este projeto que é também um resultado da sua maior autonomia e da sua auto-estima reajustada pela positiva adianta “o momento em que nos encontramos não é o melhor, derivado ao Covid 19, muitas actividades ficam em standby, mas com a chama que todos trazem no coração e no orgulho que é pertencer a uma casa do FC do Porto, tudo se torna possível, basta acreditar”.

As convicções clubísticas e a noção de projeto acabaram por construir um sentido operacional para o RVCC que não quer apenas significar “possuir um certificado” .

Quem te envolve, teu amigo é!

@ Praça das Redes | 29 de junho 2020 | APCEP

Está aí a segunda ronda da literacia familiar e comunitária. Sucesso, insucesso, prevenção, aprendizagem, pais, comunidade, são muitas as variáveis presentes numa problemática que a ação de formação promovida pela APCEP está a agitar. Trata-se antes de mais de motivar os técnicos e as famílias para uma abordagem integrada que, para além de eficaz seja solidária, ou seja, que reforce o laço social e promova mais coesão na sociedade portuguesa.

Num primeiro encontro realizado no passado dia 23 de junho os participantes na ação de formação em literacia familiar e comunitária foram convidados a refletir sobre o problema, sobre as suas causas e ainda sobre os elementos determinantes para a sua potencial resolução, no caso, o envolvimento familiar e comunitário. Uma segunda sessão está agora agendada para dia 30 entre as 17h30 e as 20h00 para aprofundar o tema e apoiar a construção de soluções.

Realizado o estado da arte e clarificados alguns conceitos-chave como o “aluno em insucesso” trata-se agora de definir a direção a seguir para que os objetivos sejam atingidos, ou seja, ir ao encontro dos dispositivos preventivos e antecipatórios que podem facilitar o combate ao insucesso e à iliteracia.

Nesta segunda sessão a primeira temática de aprofundamento será a da intervenção precoce cujo desenvolvimento é recomendado para a fase crucial que medeia entre a creche aos primeiros tempos do 1º ciclo.

Outros temas como “aprender em contexto de lazer” e “literacia familiar” terão um enfoque muito significativo nas estratégias e nas metodologias relacionadas com o envolvimento dos pais e da comunidade.

INSCRIÇÕES NA AÇÃO DE FORMAÇÃO

Artigo na Revista Aprender

© foto Revista Aprender

Leitura abre portas a melhor futuro

Fonte APCEP | @pracadasredes

A interrogação inicial por que é que muitas crianças dos meios populares têm insucesso à entrada para a escola e/ou não aprendem a ler? é o ponto de partida para a realização da ação de formação que a direcção da APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e a Educação Permanente vai dinamizar, com a denominação Pais e Filhos em literacia, em junho e julho do corrente ano.

A iniciativa formativa é apresentada nos seguintes termos:

“Neste encontro de formação de 10 horas, divididas em 4 sessões, vamos debater o problema do (in)sucesso escolar e o papel que a comunidade e a família podem aí desempenhar num período de confinamento, ou de lazer, ou de férias escolares, para crianças originárias de famílias de baixas qualificações escolares.

Ajudar as crianças

Procura-se, inserido em atividades de lazer (objetivos: descansar, divertir, desenvolver), mas também de tempo de estudo em casa, ajudar as crianças a fazer um projeto pessoal de leitor (criar a necessidade e vontade de ler, desenvolver representações sobre a funcionalidade da leitura e da escrita, desenvolver concetualizações sobre leitura e escrita) e envolver a comunidade para a intervenção dos encarregados de Educação.

Objetivos das sessões

Ao longo das sessões vamos:

  1. Compreender o problema de forma fundamentada
  2. Identificar formas de atuar de modo a atingir os objetivos
  3. Desenvolver atividades
  4. Criar um projeto de intervenção

Organização e inscrições

As ações de formação realizam-se através de Webinário ZOOM e terão lugar às terças-feiras, no horário mais votado a escolher até 20 de junho :

  1. Entre as 9:30h e as 11:30h  ou
  2. Entre as 17:30h e as 19:30h

Dias 23 e 30 de junho e 7 e 14 de julho.

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1V8mAt_xOU1-Ul8edUJqp1RrBFmGMRqwl5m4ZMUomdgo/edit “

Foto © Barco Biblio (Laos ) site Vai Lendo

HAVERÁ ALTERNATIVA À PRÁTICA ADQUIRIDA DAS REPROVAÇÕES?

Lucília Salgado, investigadora em Ciências da Educação, dirigente da APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente                                                                                  

Gostei de ver, no Eixo do Mal, o problema das reprovações tratado fora da escola, com outra lógica: a da cidadania. Gostei de ouvir o Daniel Oliveira chamar “deprimente” à polémica que, sobre este tema, se desenrolou, a propósito do Programa do Governo. Triste é, para mim, a dicotomia “chumba”/não “chumba”, sem qualquer outra ponderação, que se verifica na maioria das práticas do sistema escolar, por vezes parecendo indiferentes  ao que acontece à criança que, com isso,  sofre. Gostei de ver colocada, pelo Daniel Oliveira, a questão de saber o que acontece a quem chumba. Na maior parte das vezes, “dá-se-lhe mais do mesmo”, mostrando-se o sistema indiferente à identificação e correção das causas que levaram à reprovação. 

A maioria das reprovações no Ensino Básico

Sabemos que haverá crianças, ou adolescentes, que terão alguma dificuldade, de ordem psicológica ou mesmo de motivação; sabemos que outras sofrem de problemas, mais ou menos graves, de ordem social ou familiar. Mas, o que os números mostram, e a sociologia da educação – que foi sendo retirada das escolas de formação de professores! – explica, é que  grande parte dos alunos que reprovam tem caraterísticas comuns, tendo na sua origem as baixas qualificações escolares dos pais. Como estas crianças não são menos dotadas do que outras, teremos de concordar que a oferta educativa lhes é inadequada.

A sociologia da educação, desde os anos 80, apresenta para este insucesso escolar precoce – surge nos primeiros anos de escolaridade – atribuições causais, primeiro de natureza sociocultural, seguidamente de origem socioinstitucional. É verdade que na origem estará algo de natureza sociocultural mas, aprofundando, encontramos a razão socioinstitucional: a escola não oferece as respostas adequadas. 

Um sistema educativo que se desresponsabiliza 

Pesquisando os fatores socioculturais, encontraremos, nas famílias dessas crianças, duas ordens de razões. Por um lado, ausência de literacia familiar: a prática da leitura e da escrita funcional não existe, o que não permite criar na criança a necessidade e a vontade de ler, não a leva a entender a sua funcionalidade – onde se lê, para que se lê, o que é ler… – nem a ir descobrindo como se organiza a escrita, quais as suas concetualizações. Quando a criança chega à escola, o “PA-PE-PI-PO-PU” não lhes diz nada e não lhe permite fazer os exercícios concetuais que levam à leitura. Mas o que é grave é que esta condição não conduz, apenas, a reprovações à partida. Por razões administrativas ou outras, estas crianças chegam mesmo aos 2º e 3º ciclos sem a competência de literacia estar adquirida. Isto é, não têm a capacidade de extrair o sentido de um texto escrito, necessário ao seu quotidiano (definição de Literacia). Ora, na escolaridade do Ensino Básico, esta competência é necessária, num quotidiano essencialmente letrado, onde é preciso estudar, responder a testes, ler enunciados de problemas. Digamos que não reprovam logo à partida, o sistema vai-as fazendo avançar sem o necessário conhecimento adquirido, até que acabam por reprovar e vir a engrossar os números da morbilidade escolar. 

Uma segunda razão, tem a ver com a ausência de consciência, na família, da importância da escola. Os pais terão para os filhos um projeto de vida, mas ele não passa, obrigatoriamente, pela sua escolarização. A maior parte das práticas escolares são, para eles, incompreensíveis e mesmo ao relacionarem-se com professores ou pessoas escolarizadas, dificilmente conseguem ser por eles esclarecidas. A título de exemplo: podem não saber se uma nota negativa é “bom” ou “mau” (no campo da saúde é normalmente “bom” um determinado exame acusar “negativo”!). A escolaridade obrigatória foi tardia em Portugal e só em 1975 foram criadas condições efetivas para todos frequentarem a escola. A cultura escolar ainda não entrou em todas as famílias. É, por vezes difícil, aos pais, motivar os filhos e orientá-los na complexidade do universo escolar. Com a reprovação destas crianças, também estamos a reproduzir e a acentuar esta cultura.  

Alternativas de natureza sistémica

É isto que faz diferentes estas crianças. Na escola, se não aprende, diz-se que a culpa é da família, que a escola não pode resolver os problemas da sociedade e… torna-se a criança vítima do seu próprio destino. O seu desenvolvimento fica afetado, podendo vir a acarretar outros problemas de inserção social. Mas, se olharmos para todo o sistema educativo, sabemos que esta situação não é fatal. Muita da investigação dos últimos anos tem elucidado este problema e encontrado algumas respostas. No entanto, nem todos estes novos conhecimentos chegam às escolas, aos professores.

Começando pela administração escolar, ter-se-ia de resolver a colocação e garantir, tanto quanto possível, a continuidade dos professores nas escolas. Não é possível, a uma criança de meio não letrado, aprender o que quer que seja com 3 ou 4 professores num ano. E é isto o que se passa em algumas turmas do interior do país e em zonas suburbanas. Será também necessário criar equipas multidisciplinares e habilitar o corpo docente com os conhecimentos necessários às intervenções adequadas. A prevenção parece ser fundamental. Talvez o recurso às tutorias merecesse a pena, nas situações mais difícieis. No entanto, desde o jardim-de-infância, poder-se-iam prosseguir estes objetivos: não se trata de ensinar a ler, mas de utilizar funcionalmente a leitura e a escrita na relação com as crianças e com as famílias. As crianças teriam oportunidade de ser interessadas na escrita e de aprender a descobri-la autonomamente, a saber como, onde, quando se utilizam estes meios e a ir desenvolvendo concetualizações acerca do ato de ler e escrever (psicogénese da leitura e da escrita). Indo mais longe, dever-se-ia começar este processo na creche, tornando até o livro o brinquedo preferido das crianças. Acompanhando este trabalho com a inserção dos familiares, cedo, nas práticas educativas, poder-se-ia encontrar um meio para levar a literacia para a família. Conhecemos boas experiências. 

O sistema educativo teria de chegar aos familiares destas crianças, muitos deles analfabetos – ou não andaram na escola ou foram já vítimas de insucesso – procurando responder às suas necessidades de aprendizagem, consideradas esta como um direito de cidadania. Numa investigação nacional em 2009 tivemos oportunidade de verificar que pais, que estavam em processos de educação de adultos adequados (RVCC) e que tinham, simultaneamente, filhos a frequentar o 1º Ciclo do Ensino Básico, desenvolveram a literacia familiar no contexto doméstico e adquiriram autoeficácia para intervir na escola dos filhos e apoiar as crianças. Se, em Portugal, estes processos fossem generalizados, reconhecidos e apoiados, poder-se-ia inserir esta perspetiva nos programas de combate ao insucesso escolar e todos ganhariam: as crianças, os adultos, a sociedade, o desenvolvimento do país. Será necessária uma abordagem sistémica, bem diferente do “chumba” ou “não chumba”.

Publicado no Jornal de Letras de 1 a 14 de Janeiro de 2020 pg. 5  

Foto: SIC, Eixo https://sicnoticias.pt/programas/eixodomaldo Mal

Coletânea Homens e Ofícios de Mariano Gago relançada pela Ulmeiro

Lucilia Salgado, professora-investigadora, APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e a Educação Permanente

Mais conhecido na área da Ciência e em funções políticas a atividade de Educação de Adultos, numa perspetiva de educação permanente, é menos evidente na obra de Mariano Gago.

O seu trabalho com portugueses emigrantes em Paris, depois continuado na Universidade Operária em Grenève encontra-se bem elucidado na coletânea de textos Homens e Ofícios, concebida para atividades de educação de adultos com baixas qualificações escolares.

Após uma primeira edição com apoio da UNESCO (1978) seguiram-se uma segunda e terceira (1982) realizadas em Portugal e financiadas pela Direção Geral da Educação de Adultos. A Editora Ulmeiro, propõe agora, uma quarta edição deste “manual de fichas para exploração temática” que dê continuidade à atividade educadora desenvolvida por Mariano Gago na emigração no sentido de “estimular a produção de material próprio por associações culturais, grupos de bairro, escolas, quer em Portugal quer na emigração (…)”. É assim uma proposta de Literacia no campo da Educação de Adultos que a Editora Ulmeiro e a APCEP agora apresentam.

Mérito dá fama e Alberto Melo vai estar no Hall of Fame

Figura central da Educação de Adultos e da Educação Permanente em Portugal, Alberto Melo não será apenas um representante do país neste dispositivo de valorização do mérito e dos percursos relevantes ao serviço da Educação que é o IACE Hall of Fame, Alberto Melo representará toda uma corrente europeia e internacional pelo facto de ser uma referência teórica e prática em muitos países nos quais os actores da educação permanente não conseguem desligar as dinâmicas educativas da mudança social e da cidadania activa.

É natural que os portugueses sintam nesta distinção internacional atribuída ao actual Presidente da Comissão Directiva da APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente, cuja formalização terá lugar em Belgrado já no próximo mês de Setembro, uma valorização das orientações e das experiências que Portugal colocou em prática, com sucesso, particularmente desde a entrada em funcionamento do Grupo de Missão para o Desenvolvimento da Educação e Formação de Adultos que Alberto Melo liderou. Mas os méritos de Alberto Melo vão para além das políticas e das estruturas que coordenou como a ANEFA* e a Direcção Geral Educação Permanente e estendem-se a outras dimensões mais universais tais como a transformação social e territorial espelhada nas ações relacionadas com o desenvolvimento local e com a Associação IN LOCO em particular.

  • SOBRE A ANEFA

«Uma política de educação de adultos que visa, em simultâneo, corrigir um passado marcado pelo atraso neste domínio e preparar o futuro deve assegurar respostas eficazes e adequadas que garantam a igualdade de oportunidades, permitam lutar contra a exclusão social através do reforço das condições de acesso a todos os níveis e tipos de aprendizagem, ao mesmo tempo que asseguram a transição para a sociedade do conhecimento. »

Os elementos mais precisos desta distinção foram noticiados na página da APCEP nos seguintes termos:

“O HALL OF FAME da Educação Permanente e de Adultos (International Adult and Continuing Education HALL OF FAME) foi fundado em 1996 “para homenagear líderes nos campos da educação permanente e da educação de adultos e para servir como registo e inspiração para a próxima geração de protagonistas da Educação Permanente”. Assim, todos os anos, várias figuras da Educação Permanente e de Adultos são selecionadas para inclusão no IACE Hall of Fame.O HALL OF FAME está sediado na Universidade de Oklahoma, Centro de Educação Permanente (OCCE) e, de início, estava centrado nos Estados-Unidos da América; passou mais tarde a incluir cada vez mais membros de outros países. A primeira cerimónia de tomada de posse fora dos EUA ocorreu em 2006, em Bamberg, Alemanha. Académicos, educadores e políticos constituem a gama de profissionais distinguidos pelo HALL OF FAME. Desde 1996, foram já agraciados 250 membros de 27 países, entre os quais, Paulo Freire, Julius Nyerere, Adam Ouane, Budd Hall, Peter Jarvis, Roby Kidd, Malcolm Knowles, Han Knox, Ekkehard Nuissl, , Alan Tuckett, André Schlaefli, Sturla Bjerkaker…A próxima cerimónia de tomada de posse terá lugar na Faculdade de Andragogia da Universidade de Belgrado, Sérvia, a 19 de Setembro, estando nomeado para futuro membro Alberto Melo, Presidente da Comissão Directiva da APCEP (Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente)”.

Elementos Curriculares

Alberto Melo

Alberto Eduardo da Silva e Melo nasceu em Lisboa, em 1941. Licenciou-se em Direito (1963), na Universidade de Lisboa, e concluiu, em 1971, na Universidade de Manchester, uma Pós-graduação em Educação de Adultos. Integrou a Comissão Instaladora da Escola Superior de Educação de Faro, em Dezembro de 1983, ficando desde então ligado ao Instituto Politécnico de Faro e à Universidade do Algarve, onde leccionou e, entre 2000 e 2007, coordenou o Gabinete do Programa Europeu SÓCRATES.

Entre 1986 e 1998, dirigiu uma associação de desenvolvimento local – In Loco – com intervenção no interior rural do Algarve.Antes disso, tinha trabalhado em França: primeiro, como Consultor na OCDE, em seguida, como Conselheiro na Delegação Permanente de Portugal junto da UNESCO e, por fim, como Professor na Universidade de Paris IX. Também residiu em Inglaterra, onde foi docente na Open University e na Universidade de Southampton.

Foi responsável por diversas missões, nacionais e internacionais, em áreas como desenvolvimento local integrado, cidadania activa, democracia participativa, educação e formação de adultos. Relativamente a este último sector, foi por duas vezes responsável pela elaboração e implementação da política pública, no interior do Ministério da Educação, primeiro como Director-Geral de Educação Permanente (1975-76) e, mais tarde, como Encarregado de Missão do Grupo responsável pela implementação do Projecto de Sociedade SABER+ (1997-99), que esteve na origem nas actuais medidas Cursos de Educação e Formação de Adultos e Centros Novas Oportunidades, entre outras.

Em finais de Junho de 2007, foi nomeado, em comissão de serviço, Delegado Regional do IEFP, I.P., no Algarve, cargo que ocupou até Setembro de 2010, tendo em seguida regressado à Universidade, como Assessor do Reitor, passando à aposentação por limite de idade em finais de Janeiro de 2011. É actualmente Presidente da Comissão Directiva da APCEP.

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos – 10 de Julho de 2019, com recurso a: Página de Facobook da APCEP; Sítio do Livro.pt; CES – UC e FotoIE da UMinho.

Alunos portugueses sobem ao pódio em competição europeia de robótica

Foi na região de Abruzzi, no centro de Itália, na localidade de Montelsivano Marina que decorreu a Competição Europeia RoboCupJunior que contou com a presença de representantes portugueses sendo 4 alunos do Centro Educativo de Carvoeira que se fizeram acompanhar por duas professoras. Segundo João Pereira “apesar da competição estar aberta apenas a participantes com mais de 11 anos, a organização abriu uma excepção e recebeu os nossos representantes somente com 9 anos. Mesmo não sendo a classificação o mais importante, mas sim a aprendizagem e o saber adquirido nesta enriquecedora experiência, os petizes regressaram a casa no sábado com o prémio de MELHOR ESPIRITO DE EQUIPA.”

Por sua vez a Sociedade Portuguesa de Robótica relatou a participação no evento  de forma pormenorizada, nos seguintes termos:

“Terminou hoje em Montesilvano, Itália, a Competição Europeia RoboCup (European RoboCupJunior Championship (EURCJ) – http://www.robocupjunior.eu/). O RoboCup compreende um conjunto de competições na área da robótica, com o objetivo de motivar jovens, com idades compreendidas entre os 11 e os 19 anos, para as áreas da ciência e tecnologia através das competições robóticas.

Este ano estiveram presentes 115 equipas provenientes de 16 países, que competiram entre si em 8 diferentes ligas, a saber:
– busca e salvamento em linha (com subdivisão para menores de 14 anos de idade)
– busca e salvamento no labirinto
– busca e salvamento em simulação (CoSpace)
– futebol robótico liga aberta
– futebol robótico liga leve
– futebol robótico liga superleve
– dança robótica liga (com subdivisão para menores de 14 anos de idade)
– RoboCup@Home educação

Portugal esteve representado com 11 equipas que participaram em diversas destas ligas, da seguinte forma:
– busca e salvamento em linha
– EPB_1 EPB (Escola Profissional de Braga)
– DigiRobots (Escola Digital)

– busca e salvamento no labirinto
– Unprepared (Escola Profissional Espinho)
– Maze Runners (Escola Básica São Gonçalo)
– INTEP – LINE

– busca e salvamento em simulação (CoSpace)
– Barcelinhos Robotics (Escola Secundária de Barcelinhos)
– Robotic Builders

– futebol robótico liga aberta
– Bot’n Roll (Escola Francisco de Holanda/Escola Martins Sarmento)

– dança robótica liga (com subdivisão para menores de 14 anos de idade)
– DigiRobots (Escola Digital)
– Robotic Ocean (Escola Básica São Gonçalo)
– Paz na Floresta (Centro Educativo da Ventosa)

Em termos de resultados é de salientar o terceiro lugar obtido pela equipa Robotic.Builders na liga busca e salvamento em simulação (CoSpace), a que se juntam os seguintes prémios:
– busca e salvamento em simulação (CoSpace)
– Best Friendship Team: Barcelinhos Robotics (Escola Secundária de Barcelinhos)

– futebol robótico liga aberta
– Best Robot Design: Bot’n Roll (Escola Francisco de Holanda/Escola Martins Sarmento)
– Best Presentation: Bot’n Roll (Escola Francisco de Holanda/Escola Martins Sarmento)

– dança robótica liga para menores de 14 anos de idade
– Best Team Spirit: Paz na Floresta (Centro Educativo da Ventosa)

– busca e salvamento em linha
– Best Team Spirit: DigiRobots (Escola Digital)

– busca e salvamento no labirinto
– Best Team Spirit: Unprepared (Escola Profissional Espinho)

O apuramento das equipas Portuguesas para esta competição realiza-se anualmente no Festival Nacional de Robótica, evento com o Alto Patrocínio do Presidente da República, que este ano decorreu em Torres Vedras, entre os dias 25 e 29 de abril”.

Carlos Ribeiro, 4 de Junho com João Pereira e SP de Robótica.

Fotos SPRobótica.

Adequação dos saberes profissionais em seminário no Instituto de Educação em Lisboa

A articulação entre a formação profissional e as situações de trabalho é uma dimensão que tem merecido um crescente reconhecimento, nomeadamente no que remete para o papel preponderante que essa relação tem no desenvolvimento dos saberes e competências dos trabalhadores.

Frequentemente aliadas às demandas desenvolvimentistas de um cenário social e económico de exigências permanentemente renovadas, quanto à pertinência e adequação dos saberes profissionais, as opções formativas das empresas articulam-se com os processos complexos de mutação nos sistemas produtivos e organizacionais. Esta articulação inclui alguns dos temas a abordar neste seminário que conta com a participação de Sandra Pratas Rodrigues, que abordará o estudo realizado no âmbito da sua tese de doutoramento

São objetivos deste seminário: Refletir sobre o papel da formação profissional na organização do trabalho numa grande empresa multinacional; discutir a questão da relação entre a formação e o exercício do trabalho; debater o modelo produtivo e organizacional da empresa à luz dos desafios que lhes são colocados; proporcionar a troca de experiências referentes à temática através da dinamização de atividade(s) pedagógica(s) acerca das práticas formativas em contexto empresarial.

• Seminário dinamizado pelos alunos do Mestrado em Educação e Formação – Organização e Gestão da Formação (Catarina Freitas, Cheila Almeida, Inês Rodrigues, João Rigo, Fernanda Santos) •

Nota biográfica de Sandra Pratas Rodrigues

Professora Ajunta Convidada na Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico e docente do Ensino Básico e Secundário, é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa (1995), é doutorada em Ciências da Educação, especialidade de Formação de Adultos (2016). Foi bolseira de investigação pela Fundação para a Ciência e Tecnologia entre 2011 e 2015.
O seu percurso profissional está ligado à Educação de Adultos desde 2000, tendo exercido funções na Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos (ANEFA), na Direção Geral de Formação Vocacional (DGFV) e no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Colaborou no desenvolvimento e implementação dos Cursos de Educação e Formação de Adultos e dos Processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Colaborou com a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) na construção dos Referenciais de Competências-Chave dos Níveis Básico e Secundário e é autora de diversos documentos de apoio à operacionalização de Cursos EFA. É autora de vários artigos científicos e capítulos de livros na área da Educação de Adultos, da Formação Profissional Contínua e da Formação de Adultos em Contexto de Trabalho.

Fonte : Informação APCEP

Foto : Revista APRENDER

 

Portugal: legislation amendments on the national credit system of VET
Notícias do CEDEFOP sobre os sistemas nacionais de qualificação destacam a actualização da legislação relacionada com o Programa Qualifica.

The Portuguese Government is currently focused on ensuring the continuity of its lifelong learning policies and upgrading the quality of learning processes and outcomes. Having adult education and training as a central pillar of the qualifications system is a national priority.

This is behind the amended Decree-Law (Decrecto-Lei) No 396/2007 which had set up the legal status of the national qualification system, a credit system with a modular structure that promotes permeability and mobility. In addition to this system, the government has now created Passaport Qualifica, a central instrument for valuing and promoting individual training paths, supporting individuals’ vocational orientation, and registering individuals’ qualifications and competences.

In support, the Government designed the Qualifica programme, an integrated strategy for adult training and qualification. One of the distinguishing points of the programme is its commitment to training paths that lead to an effective qualification, unlike the one-on-one training that has low added value for adult qualification and aiding employability.

Read more:

REGIME JURÍDICO DO SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES – DL n.º 396/2007, de 31 de Dezembro

Portaria que regula o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissionais e define o modelo do «Passaporte Qualifica» – Portaria n.º 47/2017 de 1 de fevereiro