24 de Março 2018

Hélder Costa |

Nos Estados Unidos, os sobreviventes do massacre de Parkland convocaram manifestações para combater o negócio criminoso das armas. Foi um apelo correspondido por milhões de pessoas de todos os cambiantes: idade, sexo, raça e diferentes opiniões políticas. Mas havia uma enorme maioria de jovens de 15, 16 anos confraternizando com ” Veteranos pela Paz” ,restos de soldados das inúmeras guerras que essa curiosa democracia espalha sistemáticamente pelo mundo.
Emma González, iniciou o seu discurso com um silêncio de 6 minutos e 20 segundos, o tempo que durou o massacre de 14 estudantes e 3 professores. Exigiu novos regulamentos para as armas, e afiançou que este acontecimento não era o fim da luta, era o princípio.
Coincidência curiosa Na mesma data em 1962 , milhares de jovens estudantes portugueses lutaram contra a ditadura fascista e a guerra colonial. Há dias, na casa do Alentejo um jantar comemorativo juntou cerca de 400 activistas dessa época. Foi um Encontro afectivo, libertário e esperançoso.
Todos esperamos que a luta se desenvolva e que crie condições políticas para que os Estados Unidos limpem o lixo e se transformem num país decente.; aliás, o Papa já apelou a que os jovens se mobilizassem, e Bernie SAnders e outros, também aderiram a essa revolta.
Que essa data passe a ser assinalada como a marca fundamental do tão esperado caminho para a PAZ.

Autor: Helder Costa /26 de março 2018

Hélder Costa frequentou a o Curso de Direito na Universidade de Coimbra, integrando o CITAC (Círculo de Inicição Teatral da Academia de Coimbra), foi presidente do Grupo Cénico de Direito, que recebeu menções honrosas no Festival Mundial de Teatro Universitário de Nancy- 1966/67; estudou no Institut d’Études Théatrales da Sorbonne e foi fundador do Teatro Operário de Paris, em 1970. Encenador e Director artístico do grupo A Barraca (Prémio UNESCO em 1992), tem encenado e dirigido espectáculos em Espanha, Brasil, Dinamarca e Moçambique. Tem participado em numerosas acções de formação, em congressos e festivais em muitos países da Europa, de África e da América Latina. É autor de uma vasta obra dramática.
Foto: fonte rua de baixo/entrevista
Livraria solidária é cultura, animação comunitária e economia solidária

EXPERIÊNCIAS LOCAIS
A cultura como base de agregação de vontades e de interacções na comunidade. Note-se a referência “As receitas dos livros reverterão para causas culturais e solidárias da freguesia, como leituras ao domicílio e serões de conto”. Uma perspectiva de reinvestimento e de economia solidária.

PUBLICADO PELO “O CORVO”
Em Carnide há uma livraria solidária e leva histórias a casa de quem está sozinho
5 DE MARÇO 2018 · Texto: Sofia Cristino
Qualquer pessoa pode doar e comprar livros a preços que não ultrapassem os cinco euros, na nova livraria solidária de Carnide. Aberta há pouco mais de uma semana, já muitas pessoas a visitam, principalmente pelos valores acessíveis. Tanto que, logo no primeiro dia, uma mãe apareceu em busca de uma edição d’Os Maias para a sua filha poder lê-la. As receitas dos livros reverterão para causas culturais e solidárias da freguesia, como leituras ao domicílio e serões de conto. “Vamos visitar famílias com pais que não sabem ler ou escrever, que é uma realidade ainda muito presente”, afirma Paulo Quaresma, um dos mentores da livraria e antigo presidente da junta de freguesia. Os serões de conto terão lugar em sítios inesperados, como um café ou uma esquadra da polícia. A Boutique da Cultura, entidade que criou o espaço, recebeu inscrições de 70 pessoas para fazer voluntariado. “Até da Margem Sul vieram, o que também mostra o muito interesse que existe por este tipo de iniciativas”, salienta João Oliveira, outro dos responsáveis.

Fotografia Créditos do “O Corvo” e texto do O Corvo de Sofia Cristino

Publicado por Carlos Ribeiro/ 9 de março 2018

A leitura, um imperativo para a defesa da própria democracia

QUE IDEIAS PODEMOS PÔR EM PRÁTICA PARA PARTICIPARMOS NESTA BATALHA.

Nestas dinâmicas a lógica Colibri é aquela que funciona melhor. Cada um fazer a sua parte. Mas que ideias e iniciativas conhecemos para procurar influenciar e obter alguma inversão nesta lógica destrutiva e importa diz-lo tendencialmente anti-democrática.

  • a participação nas acções do Plano Nacional de Leitura como voluntários, contadores de histórias etc;
  • a criação de círculos de leitura de forma viva e dinâmica, por exemplo ligados a actividades na natureza;
  • a leitura em parques e zonas verdes com um segundo livro para oferecer a quem está ou a quem passa;
  • a “perda de livros voluntária” no metro, no comboio, nos espaços públicos…;
  • outras iniciativas de leitura ligadas aos encontros de amigos e familiares.

José Pacheco Pereira resume: “o problema não é substituir os livros por um ecrã de um telefone inteligente ou de um tablet — o problema é o mito perigoso de que a “leitura”, mesmo numa forma diferente, está a emigrar de um meio para outro, porque não está. O que se está é a ler diferente, pior e menos, como se está a “saber” demasiado lixo — meia dúzia de performances rudimentares com as novas tecnologias — e pouco saber. A morte das livrarias é um aspecto desse soçobrar no lixo, mas infelizmente estão demasiado acompanhadas pela morte de muitas outras coisas, do valor do conhecimento, do silêncio, do tempo lento, da leitura, da verdade factual, e da usura da democracia”.

O artigo de José Pacheco Pereira no blog Estátua de Sal:

Estas últimas semanas passei pelos restos de um mundo que foi o meu, mas que está a acabar. A Livraria Leitura no Porto acabou. Era seu frequentador desde os tempos em que era Divulgação e tinha a loja da esquina da Rua de Ceuta e a outra que depois foi dos Livros do Brasil e o seu livreiro era Fernando Fernandes, juntamente com o editor José Carvalho Branco. Não era difícil perceber, nos últimos anos, a sua agonia para quem, como eu, já viu muitas livrarias moribundas. O stock começa a não ser renovado, as estantes têm quase sempre os mesmos livros, as novidades começam a ser sempre as mesmas de todas as livrarias, até que começam também a desaparecer. Não há dinheiro para diversificar as encomendas ou as compras e isso na Leitura era uma ruptura com a prática de Fernando Fernandes de encomendar sempre dois exemplares dos livros que os professores da Universidade do Porto mandavam vir, um para eles e outro para a livraria. Deixou há muitos anos de haver a Galeria de Arte. Pouco a pouco fechou a secção de livros artísticos, desapareceram muitos livros estrangeiros e sobravam os chamados “monos”, mesmo assim aqueles em que ainda ia descobrindo livros para comprar. Havia uns restos de filosofia, alguns livros de história, e para os professores uma boa secção de pedagogia. As montras pareciam sempre iguais e os esforços dos empregados, e dos clientes fiéis que ficaram até ao fim, não chegavam para dar vida ao espaço. Quem queria apresentar novos livros rumava para outros locais menos fúnebres. E, mesmo no anúncio da sua morte, alguns dos artigos jornalísticos publicados eram tão estereotipados e pobres, que era fácil perceber que havia uma ruptura da memória do papel da Leitura no Porto, desde os tempos da resistência, nessa rua emblemática onde havia tertúlias no Café Ceuta dos oposicionistas do Porto, onde vários destacados membros da oposição à ditadura viviam ou tinham os seus escritórios profissionais. Foi na Leitura (e na Divulgação) que vi muitas exposições, recordo-me de uma de Tapiés, escrevi textos para alguns dos catálogos, conheci Francisco Sá Carneiro e vi pela única vez Aquilino Ribeiro.

Primeiro, chegou um cabeleireiro ocupando a parte “histórica” da livraria e ficou apenas a nova parte na Rua José Falcão, para onde antes se passava por uma espécie de túnel com livros por todo o lado. Nada tenho contra os cabeleireiros, mas aquele ficou-me atravessado, sem culpa nenhuma. E depois veio o estrangeirismo na moda “Leitura Books &Living”, depois veio a doença terminal, e depois veio a Morte.

Nesta mesma semana, fui pela última vez à Pó dos Livros em Lisboa. Consegui a proeza de entrar, ver com algum tempo tudo o que lá havia e não conseguir encontrar nada para comprar. Este para mim é sempre o sinal. Mesmo no mercado dos livros na Estação da Gare do Oriente consigo comprar dezenas de livros de cada vez, fruto de uma outra realidade do mundo dos livros: a caótica e paupérrima distribuição, que deixa dezenas de títulos de pequenas editoras por distribuir e lá, junto dos comboios, estão como “monos” invendáveis. Comprei, na última vez, livros sobre o PREC, sobre Maria Archer, sobre a história fabril de Portugal, sobre história cultural da música popular portuguesa, etc., etc. O mesmo me acontece com os livros dessa empresa que não é uma editora, mas dá o nome de Chiado aos livros que lhes pagam para publicar. O que acontece é que há coisas muito más, mas há também alguns ensaios e estudos muito interessantes. Como de costume não se encontram nas livrarias e só nestes mercados e na Feira do Livro.

O panorama de muitas livrarias que ainda sobrevivem é igualmente paupérrimo. O espaço que têm para expor os livros — uma aspecto fundamental de uma livraria — está cheio da mesma tralha de papel pintado que às centenas de títulos se publicam por mês. Quase não há livros estrangeiros, a não ser as mesmas traduções de Pessoa e Saramago para os turistas, com o pretexto de que agora “toda a gente manda vir os livros pela Amazon”. Isto é apenas uma parte da verdade, mas, de novo, ignora-se o papel dos livros expostos para uma espécie de “browsing” físico que nada substitui. Quem compra livros escolhe muitas vezes pela possibilidade de encontrar livros que não conhecia, ou mesmo quando os conhecia por ter a possibilidade de os folhear. Por exemplo, a Fnac e outras livrarias colocaram nas estantes a edição original do livro controverso sobre a Casa Branca de Trump de Michael Wolff. Não tinha a intenção de o comprar, porque pensava que os extractos publicados me chegavam e acabei por o fazer perante o livro físico. O desprezo pelo objecto real em detrimento de um hipotético objecto virtual é cada vez mais acentuado e é suicidário nos livros e nas livrarias. O mercado pode ser mais pequeno, mas é certamente constituído por gente com mais recursos.

E depois há um lado negro pouco conhecido que passa pela manipulação dos “tops”, pelas relações preferenciais entre editores e jornalistas da área da cultura da televisão, rádio e jornais, que promovem apenas alguns livros e alguns autores, há o amiguismo de grupos intelectuais ou das cortes de A e B e C que se autopromovem mutuamente, colocando-se na moda, ou estando presentes nos sítios certos e nos momentos certos, há muitas formas de pequena corrupção nos meios culturais que a ideia da intangibilidade de tudo o que é da cultura impede de ser escrutinado como devia.

Que algumas livrarias estão a morrer é verdade, mas não são todas as livrarias, que o mercado caminha para haver ou grandes livrarias como a Fnac ou livrarias de culto como a Letra Livre é verdade, que o mundo das grandes cidades como Lisboa e Porto, dominado pelos efeitos imobiliários do boom turístico, é hostil ao mercado livreiro, tudo isto é verdade. Mas também é verdade que a edição de livros é muito má, que traduções, edições, revisões, grafismo são pouco cuidados e que os professores que iam encomendar livros à Leitura hoje não compram livros, nem na Amazon — como os estudantes não os lêem. O deserto livreiro que são as universidades estende-se à sua volta onde só os ingénuos pensam que sobrevivem livrarias, quando o que está a dar são casas de fotocópias.

Não há nada pior do que dar uma explicação errada para o que se está a passar, quando essa explicação é uma justificação derrotista de aceitação de fim de um mundo melhor a favor de um mundo pior. É que, meus amigos, às vezes as coisas andam para trás.

Repetem-se quanto à morte das livrarias os mesmos lugares-comuns sobre o arcaísmo dos livros face às novas plataformas digitais, às mudanças de hábitos de leitura geracionais, etc,. etc. Considero que quase tudo isto é, para usar um eufemismo americano, que é substituído nas televisões por um apito, bullshit. Estas “explicações” destinam-se a encobrir muita incompetência, muitos erros de gestão, muito facilitismo, muito ir atrás de modas, muitas afirmações que podem ser virais, mas que não são verificadas; e, pior que tudo, escondem um problema maior, que é o da leitura, não no mundo digital que para estas matérias eu não sei o que é, mas o da ascensão de novas e agressivas formas de ignorância, aquilo a que tenho chamado a “nova ignorância”, que ganharam valor corrente na sociedade dos dias de hoje e que a ajudam a caracterizar. E do mesmo modo que é suposto combater o autoritarismo, a violência, o sexismo, o populismo, e mais uma longa série de “ismos”, é preciso combater essa degradação daquilo que era um valor civilizacional (sim, há valores civilizacionais…) que era caminhar do fim do analfabetismo para uma qualificação da leitura como modo de dominar melhor o mundo e a vida de cada um.”

José Pacheco Pereira; transcrito de Estátua de Sal

 

Um olhar local sobre a Europa. A Alda apresentada em Torres Novas.

Realizou-se em Torres Novas uma Conferência sobre o tema do eurocepticismo e sobre a integração europeia a nível local.

O evento decorreu no âmbito do projecto europeu SMUG EU project apoiado pelo Programa Europa para os Cidadãos e contou com a presença de vários países e organizações, algumas delas membros da ALDA que convidaram o Embaixador em Portugal (Carlos Ribeiro) para apresentar a associação e as perspectivas associadas à governança local.

O tema central do encontro, a integração europeia à escala local, surge como particularmente pertinente por fornecer um modelo de reflexão e de definição de perspectivas a um nível muito mais prático e operacional para o conjunto dos cidadãos. De facto um olhar de proximidade por parte das populações locais sobre esta Europa cujas dinâmicas nem sempre são percebidas é muito útil e pode constituir a chave para um combate eficaz ao eurocepticismo.

Margarida Marques, a oradora principal da sessão da manhã, uma europeísta convicta e militante, foi muito clara ao referir a experiência recente do povo português na sua relação com a União Europeia que de uma atitude crítica e até de algum afastamento durante o período de profunda austeridade nos quatro anos entre 2011 e 2015 retomou uma atitude optimista para com a Europa quando recentemente as perspectivas mais sociais do governo português também foram apoiadas pela Comissão Europeia e deram uma novo horizonte ao sentido colectivo europeu.

Esta matéria do olhar de proximidade sobre as questões europeias é também uma questão central na óptica da ALDA que deve integrar esta dimensão na sua pesquisa e trabalho com os parceiros relacionada com a boa governança local.

O evento de Torres Novas abriu uma plataforma colaborativa sobre os temas europeus que importa valorizar, felicitando os organizadores e a Câmara Municipal de Torres Novas em particular.

Carlos Ribeiro, 1 de Marços 2018

RESUMO


ALDA persentation in Torres Novas, Portugal | Hear the wisdom: European integration at the local level | Torres Novas, Portugal; 28.02 > 01.03.2018

The SMUG EU project (Small Municipalities Against Eurocepticism), co-funded by the Europe for Citizens Programme of the European Union, with 15 partner organizations from 9 countries (Portugal, Bulgaria, Croatia, Latvia, Romania, Hungary, Slovenia, Serbia and Former Yugoslav Republic of Macedonia).

The project partners are also three members of ALDA- Municipality of Novo Mesto, Association for Developing Voluntary Work Novo Mesto and Serbian organisation DUNAV 1245.

ALDA was presented by Carlos Ribeiro, ALDA ambassador for Portugal and Mitja Bukovec, ALDA ambassado for Slovenia and Hungary.

Among participants and distinguised guest there was also presentation by MARGARIDA MARQUES European Commission o‑cial (1994/2005); Head of the European Commission Representation in Portugal (2005/2011); Secretary of State for European A­airs (2015/2017); Member of the National Parliament in the present legislature.

Dados de Mitja Bukovec, Eslovénia

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