Madrid obriga-nos a repensar o país que somos. Afinal, por cá, temos bandeiras nacionais nas varandas apenas como sinal de apoio à seleção de futebol e não em defesa dum nacionalismo nostálgico, em versão castelhanamente bafienta do “great again”.
A capital de Espanha obriga-nos também a rever o conceito de interior. Porque, o mais importante espaço metropolitano da Península Ibérico e o mais populoso – com 6,5 milhões de habitantes – fica a cerca de 5h do mar, de automóvel, ou a 3 horas e 100 euros, em TGV.
A dimensão também marca a diferença: pela extensão do espaço urbanizado, pela altura e volume dos edifícios, pela largura das avenidas e pelo número e dimensão de jardins e museus. Todavia, o que mais me chamou a atenção em visita de há poucos dias foi a sua qualidade urbanística. Ciudad Lineal, sendo um bairro periférico, tem comércio, passeios largos e gente na rua, em torno do que sobrou do projeto utópico de finais do século XIX de Arturo Soria, que pretendia construir uma “cidade linear” entre Madrid e S. Petersburgo. Já o bairro de Salamanca, nas suas ruas retilíneas e paralelas ou perpendiculares entre si, é enormemente agradável, sobretudo fora da Calle Serrano, onde se concentram as marcas de luxo e chineses, japoneses e árabes nos passeios. Ainda mais perto do centro, no “bairro dos artistas”, é possível entrar em velhos pequenos restaurantes de petiscos espanhóis, frequentados quase só por espanhóis (ao que soube em fuga dos lugares dos turistas).Não, não gosto mais de Madrid que do Porto. Mas lembrei-me o quanto perdemos na comparação se pensarmos em Avintes, Valbom, Alfena, Guifões ou Guifões. Ou na Boavista, onde há mais carros que pessoas na rua. Ou, claro, nas muitas tascas e nos restaurantes que já fecharam.
Crónica publicada no JN, reprodução autorizada pelo autor
Um conjunto de artigos e documentos úteis para um conhecimento diversificado e actualizado sobre as políticas e as iniciativas relacionadas com migrantes e refugiados.
Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos | Animador dos workshops CULINART
Os sistemas de qualificação devem passar da referência nuclear do diploma para o valor acrescentado na co-construção de comuns, ou seja daquilo que é útil e utilizável por todos.
Nas sessões de trabalho do projecto CULINART realizadas no passado dia 18 de Fevereiro na Póvoa de Varzim a palavra de ordem foi a conversa livre e irreverente. Para pensar soluções relacionadas com as qualificações de cozinheiros e cozinheiras criativos/vas partiu-se de uma hipótese de sistema alternativo ao tradicional processo baseado nos conteúdos, nas práticas e na avaliação desenvolvido a partir de regras de hierarquia e de autoridade formal incontestáveis, das escolas, dos centros de formação e até dos estabelecimentos de ensino superior.
A hipótese de ser adoptado um outro paradigma assente em dispositivos e/ou espaços capacitantes organizados de forma reticular, aptos para lógicas de auto-organização dos percursos formativos foi equacionada, tendo por finalidade favorecer uma relação estratégica das aprendizagens com o território e com o seu desenvolvimento sustentável. A malha de espaços de aprendizagem deveria estar em conformidade com uma visão especializada desejada para o território. Veja-se por exemplo o interesse em desenvolver uma lógica formativa de cozinheiros (as) criativos (as) focada no enoturismo. As entidades desta área deveriam estruturar uma base pedagógica, negociada certo, com as diversas entidades formadoras, mas devendo ser central no sistema de qualificação. Ou seja, descentrar do estabelecimento de ensino ou de formação o enfoque e a dinâmica formativa, favorecendo uma abordagem pelas competências em detrimento dos saberes formais instituídos.
Cada diplomado cuja certificação tenha resultado de um sistema flexível e adaptado ao processo de desenvolvimento sustentável do território deveria ver certificados os contributos específicos que terá introduzido no contexto do seu processo formativo para associar ao diploma uma visão de desenvolvimento da comunidade e não apenas a sua valorização como aprendente. Ou seja, cada vez mais se pede que existam estudantes-artesãos, que realizem obra e que assumam uma forte consciência social do seu papel no desenvolvimento.
Na canção do Chico Buarque e do Augusto Boal, Mulheres de Atenas, canta-se “Não têm sonhos, só têm presságios”. As da Covilhã querem conquistar o céu, com razão.
Andava, há uns dez anos atrás, nas rotas do desenvolvimento local. Dinamizava sessões de trabalho nas associações e nas cooperativas para apoiar a inovação e novas abordagens à economia local. Era tempo das Oficinas ECOSOL, apoiar a criação de atividades com critérios e opções claras no sentido da economia solidária. Era tempo da recusa do empreendedorismo Coca Cola, pau para toda a colher e da reprodução cega dos modelos capitalistas mais absurdos, em nome da iniciativa e do emprego.
Fui à Beira Serra. Na Covilhã. Procurei pela Graça com quem tinha interagido nas redes temáticas da Iniciativa Comunitária EQUAL. Foi-me dito “Já não estão cá, criaram uma cooperativa de mulheres!”. Na altura pareceu-me estranha aquela formulação, sabia que as ideias dominantes nas questões da igualdade de género eram integradoras e não- feministas radicais. Mas fiquei sempre com essa representação não-voluntária da Coolabora no meu olhar e no meu pensamento. Quando visito a IDEARIA, as instalações da Coolabora na Covilhã, um dos espaços mais livres e mais irreverentes do mundo do desenvolvimento local, sinto essa sensação confortável de estar com mulheres não-discriminatórias que têm orgulho de ser mais do que iguais. São da Coolabora, são a Coolabora. E está tudo dito.
Carlos Ribeiro, 17 de Fevereiro 2019
Equipa da Coolabora com Rosa Monteiro, Secretária de Estado.
Muhammad Ali-Haj, nascido Cassius Marcellus Clay Jr. (Louisville, 17 de janeiro de 1942 — Scottsdale, 3 de junho de 2016),[2] foi um pugilistaestadunidense. Conquistou o título mundial de campeão dos pesos pesados, ao derrotar Sonny Liston em 1964. Perdeu o título mundial em 1967 e foi proibido de atuar por três anos e meio por ter se recusado a lutar no Vietnam..”Converteu-se ao Islamismo (mudando de nome para Muhammad Ali-Haj) e lutou contra o racismo. Em 1962, encontrou-se com Malcolm X, que viria a ser seu mentor espiritual e político. Interpreta o escritor e jornalista Armindo Laureano.
Thomas Horn Jr. (21 de novembro de 1860 – 20 de novembro de 1903) foi um batedor americano, vaqueiro , soldado , detective e agente de Pinkertonno Velho Oeste americano do século XIX. Horn era um batedor respeitado que estava presente na rendição final de Geronimo e actuou como intérprete. Horn foi condenado em 1902 pelo assassinato de Willie Nickell, de 14 anos, perto de Iron Mountain , Wyoming, sendo enforcado.Escreveu a sua autobiografia e continua o debate sobre se ele era realmente culpado do assassinato de Nickell. Mário Augusto, cronista de cinema e TV, interpreta.
Carlos Ribeiro – Embaixador EPALE para a Educação Não – formal e informal | Coordenador da Caixa de Mitos
O Centro Qualifica do Agrupamentos de Escolas Henriques Nogueira em Torres Vedras já tem a arte das pontes. A sua ação com os adultos que frequentam o Centro já incorpora toda uma dinâmica de interação com a comunidade local. Visitam as associações, incentivam a participação em eventos culturais, organizam contatos e iniciativas com outras entidades que operam no território nos diversos domínios do desenvolvimento social e cultural. Dinamizam o “Aprender mais”.
Numa visita recentemente realizada ao Centro, com o privilégio de participar na reunião semanal da Equipa, foi possível constatar que esta dinâmica de interação com os dispositivos e as iniciativas da cidade constituem um excelente ponto de partida para o desenvolvimento de abordagens sólidas e consistentes que poderão ser a base de uma estratégia de “territórios aprendentes”.
Co-produção de comuns
Não confundir o conceito com as “Cidades educadoras” que se estruturam pela oferta formativa principalmente do campo da educação formal, enquanto que os territórios aprendentes assentam numa lógica de “co-produção de comuns” ou seja se processos participados de criação de mais-valias em tudo aquilo que é ou pode ser utilizado por todos.
A matéria é delicada e exigente porque a sua implementação não tem que obedecer a um modelo pré-estabelecido. Pelo contrário, a sua eficácia será tanto maior quanto a sua formulação resultar da sua co-construção pelos atores locais.
Desafios
Das experiências que tenho acompanhado a nível nacional no quadro do diversos Centros Qualifica tenho verificado que existem bloqueios muito significativos a par de excelentes dinâmicas de envolvimento dos adultos nos processos de qualificação e aprendizagem. As principais tensões continuam a surgir em torno do RVCC que apresenta uma base de participação e até de animação que está muito marcada por preconceitos e ideias erradas sobre o objectivo nacional de equiparar através do diplôma os níveis de competências desenvolvidas ao longo da vida pelos adultos com os percursos escolares e os conhecimentos adquiridos em formação inicial. Infelizmente o “escolar” procura invadir e padronizar “as competências desenvolvidas em contextos de vida” e as tensões são significativas. Mas é um embate que vale a pena ter em conta sobretudo se a intenção é remediar as situações menos positivas e incentivar soluções como a “promoção da educação comunitária”.
Assistimos hoje a uma situação complicada no sistema Qualifica e em particular no RVCC, já que os adultos participantes exigem processos rápidos e pretendem com a sua adesão uma obtenção quase automática de uma certificação.
A maior parte dos inscritos acaba por desistir e mesmo iniciando um processo de RVCC arrasta a sua plena concretização por razões muitas vezes injustificadas. Claro que muitos também concluiem e o esforço colectivo, dos próprios e das equipas de acompanhamento, acaba por ser premiado. Mas o problemas global subsiste.
Como transformar esta aproximação dos adultos a um sistema de aprendizagem em algo que possa ter sentido para o próprio, mas também para as competências locais e do país?
Face às situações de desistência, quando elas existem, assistimos a uma forte desmotivação dos animadores, formadores, professores e restantes membros das equipas porque avaliando os pontos de partida científicos e técnicos dos candidatos constatam que existe um autêntico abismo entre as bases dos adultos e as referências relativas aos conhecimentos inscritos nos Referenciais. Para este julgamento contribui um olhar sobre essas situações no qual passaram a ser dominantes, os conteúdos, as disciplinas e as matérias dos saberes enciclopédicos. Para compensar as ditas lacunas identificadas os membros das Equipas dedicam as suas energias ao apoio no relato das histórias de vida, estas exclusivamente focadas nos acontecimentos, nas narrativas, nos incidentes e com uma limitadíssima reflexão sobre as experiências relatadas.
Como podemos recuperar para os processos RVCC o conceito de competências e agir para valorizar os recursos de cada pessoa em vez de confrontar sistematicamente os participantes com as referências escolares indesejadas? Como recuperar ainda a articulação das metodologias das Histórias de Vida com o Balanço de Competências para colocar no centro dos processos as experiências e os recursos dos adultos (e não os défices, ou insuficiências, ou lacunas), recursos que todos dispõem e que serão valorizados se forem abordados a partir de situações da vida quotidiana, que tenham um sentido de utilidade para o adulto e que estejam relacionados com as suas prioridades?
Voltaremos a estes dois assuntos, articulando as hipotéticas soluções com a construção de Territórios Aprendentes cuja dinâmica é nuclear no desenvolvimento local sustentável.
Carlos Ribeiro
16 de Fevereiro de 2019
Reunião com a Equipa do Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas Henriques Nogueira – Torres Vedras
A plataforma www.pratocerto.pt disponibiliza desde janeiro um serviço gratuito onde pequenos produtores locais do Algarve podem divulgar junto dos consumidores os seus produtos locais e sazonais, produzidos de acordo com os modos de produção tradicional, familiar ou biológico
Muitos pequenos e médios produtores, responsáveis por produtos agroalimentares, pecuários e piscícolas de elevadíssima qualidade, produzidos ou capturados de forma tradicional, desconhecem ainda que existe enquadramento legal para comercializar diretamente ao cliente uma significativa quantidade da sua produção e continuam afastados dos consumidores interessados nesse tipo de produtos. Devido à sua pequena escala, também não conseguem penetrar nos grandes circuitos de comercialização, onde frequentemente muitos desses produtos perdem a sua individualidade. Por outro lado, os consumidores têm também dificuldade em conhecer estes pequenos produtores e toda a variedade de produtos agroalimentares, pecuários e piscícolas que são produzidos, muitas vezes perto da sua localidade, preferindo os grandes operadores e perdendo a oportunidade de contribuírem para a valorização da produção nacional e local e para a melhoria da qualidade da sua alimentação, a baixo preço.
Uma nova ferramenta está agora ao alcance dos produtores e consumidores, com as novas funcionalidades disponibilizadas no portal para uma alimentação saborosa, saudável e económica, o Prato Certo: www.pratocerto.pt
Aqui, qualquer produtor pode divulgar, de forma gratuita, todos os produtos que resultam da sua atividade e chegar junto de um público cada vez mais preocupado e interessado por assumir controlo sobre a sua alimentação, realizando escolhas informadas que aumentam a saúde e o bem-estar. A informação sobre os produtos locais e a estação em que são produzidos, são apresentados num mapa digital e podem ser filtrados e pesquisados de acordo com as necessidades dos clientes. Esta plataforma responsiva está otimizada para utilização em smartfones e tem muitas mais funcionalidades ao dispor dos visitantes.
Mas não são só os Produtores Locais que podem utilizar esta ferramenta. Também os Mercados Locais, e os Cabazes alimentares se podem inscrever gratuitamente e chegar a um número maior de clientes que preferem os circuitos curtos de produção-consumo e a ligação direta aos produtores.
Visite o site, explore todas as suas funcionalidades e divulgue esta nova ferramenta de promoção de uma alimentação saudável, saborosa e económica, baseada no estilo de vida mediterrânico:
(formulário onde qualquer pequeno produtor legalizado pode divulgar os produtos que tem para comercializar e onde novos clientes o podem encontrar diretamente)
(sugestões e truques para fazer com qua a alimentação assuma novamente um papel central na vida da comunidade, de forma deliciosa, saudável e económica)
(Iniciativas, projetos, atividades exemplares e inspiradoras no domínio da Alimentação Adequada, da promoção de um estilo de vida saudável e do aumento da qualidade de vida das comunidades)
To complement this, we are organizing a webinar. Henrique Lopes, professor and researcher of Public Health at the Portuguese Catholic University and Leona M. English, professor of adult education at St. Francis Xavier University, Canada and author of the Book “Adult Education and Health”, have agreed to participate.
During the webinar, Henrique Lopes will present his article on “How adult education can save your life”(available online at the journal´s website in English,French,Spanish), written for this years´ AED edition. He will discuss together with Leona M. English the impact that adult education can have on our health. How is it possible to place preventive healthcare education in the same category as literacy and numeracy, and to re-evaluate the importance of lifelong learning for our survival?
You can follow the presentation and discussion on the 7thof March, 13:00 (WET/GMT-1). The webinar runs on the zoom.us, which you can access through a normal web browser, or through the zoom.us app. Technical support is available if you need it. Register for the webinar here.Deadline for registration is 6thof March. For any further questions, please do not hesitate to contact Ricarda Motschilnig (policy@icae.global).
Webinaire avec Henrique Lopes et Leona English sur « Comment l’éducation des adultes peut vous sauver la vie » Le 7 mars 2019, 13h00 (WET/GMT-1) en anglais
Pour compléter cela, nous sommes en train d’organiser un webinaire. Henrique Lopes, professeur et chercheur en santé publique à l’Université catholique portugaise et Leona M. English, professeur en éducation des adultes à l’Université St. Francis Xavier, Canada, et auteur du livre « Éducation des adultes et santé», ont accepté d’y participer.
Au cours du webinaire, Henrique Lopes présentera son article intitulé « Comment l’éducation des adultes peut vous sauver la vie »(disponible en ligne sur le site web de la revue en Anglais, Français,Espagnol), écrit pour l’édition de l’EAD de cette année. Il discutera avec Leona M. English l’impact que l’éducation des adultes peut avoir sur votre santé. Cooment est-il possible de classer l’éducation à la prévention en matière de santé dans la même catégorie que l’enseignement de la lecture, de l’écriture et du calcul, et de réévaluer l’importance pour notre survie de l’apprentissage tout au long de la vie ?
Vous pouvez suivre la présentation et le débat le 7 mars, à 13h00 (WET/GMT-1). Le webinaire se développe sur zoom.us, que vous pouvez accéder via un navigateur Web normal ou via l’application zoom.us. Un support technique est disponible si vous en avez besoin. Inscrivez-vous au webinaire ici.La date limite d’inscription est le 6 mars. Pour toute autre question, n’hésitez pas à contacter Ricarda Motschilnig (policy@icae.global).
Seminario virtual con Henrique Lopes y Leona English sobre “De qué manera la educación de adultos puede salvar tu vida” 7 de marzo de 2019, 13:00 (WET/GMT-1) en inglés
Como complemento, estamos organizando un seminario virtual. Henrique Lopes, profesor e investigador de Salud Pública en la Universidad Católica Portuguesa y Leona M. English, profesora de educación de personas adultas en la Universidad St. Francis Xavier, Canadá, y autora del Libro “Educación de Adultos y Salud”, han aceptado participar.
Durante el seminario virtual, Henrique Lopes presentará su artículo sobre “De qué manera la educación de adultos puede salvar tu vida”(disponible en línea en el sitio Web de la revista en Inglés, Francés,Español), escrito para la edición de la AED de este año. Junto con Leona M. English, discutirá el impacto que la educación de adultos puede tener en nuestra salud. ¿Cómo es posible situar la educación para la salud preventiva en el mismo nivel que la enseñanza de la lectura, la escritura y el cálculo, reevaluar la importancia del aprendizaje a lo largo de toda la vida para nuestra supervivencia?
Podrá seguir la presentación y la discusión el 7 de marzo, a las 13:00 h (WET/GMT-1). El seminario web se desarrolla en zoom.us, al que puede acceder a través de un navegador web normal o a través de la aplicación de zoom.us. Si necesita soporte técnico, está disponible. Regístrese para el seminario aquí.La fecha límite para la inscripción es el 6 de marzo. Si tiene alguna consulta, no dude en ponerse en contacto con Ricarda Motschilnig (policy@icae.global).
Recension du livre de Olivier Bonfond – IL FAUT TUER TINA. 200 propositions pour rompre avec le fatalisme et changer le monde (Editions du Cerisier – Belgique – 2017)
Par Gustave Massiah – 30 janvier 2019
Avec IL FAUT TUER TINA, Olivier Bonfond nous offre un très important et très beau livre. Il contribue à proposer une stratégie pour répondre au modèle dominant, au néolibéralisme qui caractérise la phase actuelle de la mondialisation capitaliste. Il participe au renouvellement de l’altermondialisme.
Qui est donc cette TINA et pourquoi est-elle si nocive ? TINA résume « There Is No Alternative » qui avait été lancé et popularisé par Margaret Thatcher quand elle était première ministre en Grande Bretagne, en 1979. Elle a imposé, avec Ronald Reagan, président des Etats Unis en 1981, le néolibéralisme. Margaret Thatcher répondait aux critiques et aux luttes sociales en affirmant « il n’y a pas d’alternative ». Elle a préfiguré le caractère « austéritaire » du néolibéralisme, combinant austérité et autoritarisme, en combattant ceux et celles qui le contestent et en les traitant de rêveurs, d’ennemis à éliminer par tous les moyens, y compris les répressions et les guerres.
TINA résume l’idéologie néolibérale. Cette idéologie est très bien exposée dans deux livres qui sont parus dans les années 1990. La Fin de l’Histoire et le dernier Homme, paru en 1992, de Francis Fukyama explique que si le capitalisme peut éventuellement être amélioré, il ne peut pas être dépassé ; le marché et la « démocratie de marché », c’est la fin de l’Histoire. Et Samuel Huttington, avec La crise des civilisations, paru en 1996, explique que les conflits sociaux ne sont pas prioritaires. Ce qui compte, ce sont les guerres de civilisations et de religions, avec l’islam constituant le danger principal.
En quoi consiste ce modèle néolibéral qu’il est interdit de contester ? Dès la fin des années 1970, le modèle social libéral est mis en cause. Il a été adopté par Roosevelt en 1933, mais n’a été appliqué qu’en 1945 après une guerre mondiale. Il repose sur une conception « fordiste » de l’industrie et une conception keynésienne de l’Etat social. Il répondait à la contestation du capitalisme portée par l’alliance stratégique entre les mouvements ouvriers qui se référaient à la révolution de 1917 et les mouvements de libération nationale pour la décolonisation. La contre-révolution néolibérale commence après les crises pétrolières de 1973 et 1977 ; elle est une réponse aux avancées de la décolonisation et prépare la chute du bloc soviétique achevée en 1989.
Le modèle néolibéral repose sur une idée simple, ce qui contribue à son succès : il suffit de laisser faire le marché et d’ajuster l’économie de chaque pays au marché mondial. Il faut laisser faire les acteurs de la « modernité » et du « progrès », à savoir les entreprises multinationales et le capital financier. La nouvelle forme du libre-échange, c’est d’interdire toute limitation des importations, de laisser les multinationales investir sans contrôle où elles veulent et de retirer leurs bénéfices comme elles veulent, de donner le contrôle aux actionnaires, de réorienter les politiques économiques au profit des actionnaires, de démanteler les Etats sociaux et les politiques sociales, de réduire les salaires et d’affaiblir les résistances ouvrières et sociales par la précarisation.
Ce nouveau cours de la mondialisation capitaliste se heurte tout de suite à la résistance des peuples. Le mouvement anti-systémique de la mondialisation néolibérale commence dès le début, c’est ce qui prendra le nom du mouvement altermondialiste. La première phase de l’altermondialisme s’oppose à la politique de l’ajustement structurel et à la crise de la dette menée, à l’initiative du G7, par la Banque Mondiale et le FMI. Dès la fin des années 1970, les mouvements contre cette recolonisation, contre la dette et l’ajustement structurel sont très actifs dans les pays du Sud. Après 1989, le néolibéralisme cherche à mettre en place un système international qui corresponde à ses intérêts. Il met en avant l’Organisation Mondiale du Commerce, pour compléter la Banque Mondiale et le FMI et va chercher à marginaliser les Nations Unies.
La deuxième phase de l’altermondialisme, de 1989 à 1999, conteste les institutions internationales, dont le G7, l’Union Européenne et les institutions de Bretton Woods. Elle met en avant un nouveau mot d’ordre qui culminera aux manifestations contre l’OMC, à Seattle en 1999 : « le droit international ne doit pas être subordonné au droit aux affaires ». A partir de 2000, le mouvement altermondialiste organise les Forums sociaux mondiaux, contre le Forum Economique de Davos qui illustre la fusion des classes dominantes : les classes politiques et les classes financières. Il mettra en avant un nouveau mot d’ordre, contestant TINA : Un autre monde est possible.
La crise financière de 2008 montre les limites du néolibéralisme. Les insurrections de 2011 dans plusieurs dizaines de pays démontrent l’exaspération des peuples contre le système et dénoncent la corruption portée par la fusion des classes politiques et financières, l’explosion des inégalités et des discriminations, les injustices écologiques ainsi que l’illusion démocratique de nos sociétés. Dès 2013 et 2014, confirmant la stratégie du choc de Naomi Klein, commence une période de contre-révolutions caractérisées par une accélération des politiques d’austérité et la montée en puissance des idéologies racistes, xénophobes, sécuritaires et anti-migrants. Un renouvellement du mouvement altermondialiste, qui ne se résume pas aux forums sociaux mondiaux, est nécessaire.
Le livre d’Olivier Bonfond, IL FAUT TUER TINA, s’inscrit dans le renouvellement de l’altermondialisme. Il propose une réponse idéologique et pratique à TINA. La meilleure manière de contester TINA, c’est de démontrer qu’il y a des alternatives à la fois concrètes et crédibles au capitalisme néolibéral. C’est ce que fait Olivier Bonfond dans son livre. Il identifie et présente plus de 200 propositions qui témoignent qu’un autre monde possible est déjà en route.
La première partie s’attache à une réflexion fondamentale, celle de la définition de l’alternative. Elle affirme dès le début qu’il s’agit de la recherche des autres mondes possibles et non pas d’un monde mythique. Elle s’intéresse à une alternative radicale en ne se laissant pas enfermer dans les propositions gradualistes comme notamment les OMD et les ODD. L’objectif doit être l’émancipation des peuples, à partir des droits humains fondamentaux, de l’écologie et de la démocratie. Les axes stratégiques impliquent de renforcer les mobilisations populaires, de s’attaquer à la racine des problèmes, mais aussi de ne pas envisager les alternatives de manière isolée. La proposition est celle d’une alternative radicale et d’une voie non-capitaliste, impliquant nécessairement des ruptures et des dynamiques révolutionnaires.
Les trois autres parties esquissent un programme, celui d’une transition sociale, écologique et démocratique. La deuxième partie cherche à mettre l’économie au service des peuples. Elle propose quatre démarches : la maîtrise du financement du développement ; la rupture du cercle infernal de la dette (Olivier Bonfond travaille depuis 15 ans au sein du Comité pour l’abolition des dettes illégitimes) ; la triple rupture économique, celle du dogme de la croissance illimitée, celle du dogme de l’initiative privée et de l’austérité, celle du dogme du libre-échange ; enfin, la maîtrise des banques.
La troisième partie s’attache à prendre soin des êtres humains et de la planète. Elle part de la lutte contre les inégalités en commençant par l’égalité par rapport à la santé ; du féminisme et des droits des femmes ; des droits sociaux, de la sécurité sociale et des services publics renforcés ; de l’agriculture, de l’alimentation et de la souveraineté alimentaire ; des migrations et du choix de construire des ponts, pas des murs ; de l’écologie, du climat et des biens communs qui sont entendus comme le patrimoine commun de l’humanité.
La quatrième partie s’attache à la construction d’une démocratie réelle. Elle part de la démocratie à partir d’une citoyenneté active et critique, articulant démocratie représentative, participative et démocratie directe ; de la nécessité de refonder les institutions internationales ; de la culture, de l’éducation, de l’éducation populaire ; de la communication et de la nécessaire libération des médias ; de l’intime liaison entre les initiatives locales et les actions globales, entre les actions individuelles et les actions collectives.
Un autre élément doit être souligné. Les 200 propositions concrètes qu’Olivier Bonfond développe dans son livre s’appuient sur de nombreux encarts mettant en évidence des exemples de changements concrets et de mobilisations victorieuses. Par exemple, dans le cas de l’action contre des lois injustes, il illustre la désobéissance civile en rappelant le Larzac, en 1971 à 1981, la place Taksim à Istanbul, en 2013, les Zones à défendre, les ZAD, et celle de Notre Dame des Landes, à partir de 2014. Il montre que des gouvernements peuvent reprendre le contrôle de leurs richesses au profit des peuples, que d’autres sauvetages financiers sont possibles, comme par exemple en Suède en 1991, qu’il est possible de refuser de payer la dette et de faire plier les détenteurs de capitaux, etc.
C’est l’histoire souterraine qui affleure et qui porte les transformations profondes qui sont à l’œuvre. Il s’agit de rendre visibles les alternatives, de les renforcer, et de passer de la floraison d’initiatives à la définition d’un projet cohérent et d’une stratégie efficace. Par son livre, Olivier Bonfond y contribue.
Le site (www.bonnes-nouvelles.be) est le prolongement et le complément du livre IL FAUT TUER TINA. Le site poursuit l’objectif de rendre visibles les petites et grandes victoires qui, bien que partielles et insuffisantes, nous aident à rompre avec le fatalisme et peuvent constituer des sources d’inspiration pour nos actions individuelles et collectives. Récemment, la newsletter a présenté les 40 plus belles victoires sociales, écologiques, démocratiques et culturelles de 2018 ; choisies parmi les 150 victoires recensées sur le site en 2018.
O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica defende que, para evitar que a crise na Venezuela termine em uma guerra, é preciso haver eleições gerais no país, com um forte monitoramentointernacional que garanta a participação de todas as correntes políticas.
Em entrevista à BBC Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, Mujica afirmou acreditar que os Estados Unidos estão dispostos a intervir na Venezuela para viabilizar uma vantagem geopolítica em relação à China. A intenção do governo americano seria impedir que o gigante asiático controle o petróleo do país da América do Sul.
Embora o ex-guerrilheiro tupamaro tenha mantido uma relação próxima como o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, que morreu em 2013, ele evita se posicionar sobre Nicolás Maduro.
Mujica reconhece, porém, que “o regime venezuelano” prejudicou a esquerda na América Latina. “Parte da esquerda não aprende as lições da história”, criticou.
Na entrevista, Mujica evitou arriscar palpite sobre as intenções do líder da oposição, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela com o apoio de países como Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Esta semana, o Uruguai vai realizar uma reunião inaugural do Grupo Internacional de Contato sobre Venezuela, com a presença de representantes da União Europeia e de nações da América Latina. O grupo foi criado para tentar encontrar uma solução para a crise venezuelana.
BBC – O senhor tem defendido que haja eleições gerais na Venezuela. Por quê?
José Mujica – Porque o pior dos resultados seria um mal menor. Estou convencido e tenho elementos para dizer que, em última instância, se os Estados Unidos não virem outro remédio, eles vão intervir. O tema central para mim é evitar a guerra.
A política norte-americana em relação à Venezuela nos tempos de Obama era apostar que (o governo da Venezuela) se desgastasse sozinho. Mas a política atual mudou. Decidiram frear o desenvolvimento da China. E isso tem que ser visto pelo contexto geopolítico. Por isso, foram tomadas essas medidas econômicas em relação à China.
E eu sei que as pessoas que rodeiam Trump têm assustado os diplomatas de carreira dos Estados Unidos, por causa da posição intervencionista. Por isso, se o grande império não vai aceitar de braços cruzados que o petróleo venezuelano seja administrado pela China, estamos diante de uma possibilidade de guerra.
Não julgo as intenções do presidente autoproclamado. Mas estou convencido de que, com essa polarização, é impossível fazer eleições dentro da Venezuela sem uma forte intervenção de monitoramento do processo, e se as Nações Unidas lavam as mãos… Em vez de tanta declaração, tanto cerco, tanta ameaça, (era preciso) garantir um processo eleitoral em que todos pudessem participar.
BBC – Mas Maduro até agora rechaçou qualquer possibilidade disso…
José Mujica – Mas, o que estão oferecendo ao regime venezuelano? Renda-se e depois veremos. E ainda há um importante personagem do governo americano dizendo que vão levá-lo (Maduro) a Guantánamo. Então, se você quer evitar uma guerra, tem que criar alternativas. Porque, pelo andar das coisas, estão obrigando a uma guerra. Você pode ir à guerra por convicção ou por não ter mais remédio além disso. Ninguém vai se render para simplesmente ser encarcerado.
A dificuldade é conseguir ver essa realidade a fundo ante essa nuvem de declarações que oculta o essencial, que é o tema da guerra. Nesta área da América, sabe-se quando uma guerra começa, mas não quando termina.
BBC – Há quem diga, entre a oposição na Venezuela, que faz tempo que há uma guerra no país: tem repressão, presos políticos, tortura…
José Mujica – Há uma guerra sem tiros. Mas não é esse o pano de fundo do assunto. Porque presos políticos, violações de direitos humanos, falta de garantias jurídicas existem em vários países pelo mundo. Os Estados Unidos hoje negoceiam com os talibãs. Temos a Arábia Saudita, etc., etc. Se vamos romper relações a julgar por essas questões, pobre mundo. Temos que romper com meia humanidade.
Não é isso o essencial. Que piada! Os Estados Unidos aceitaram por quase um século a realidade em Cuba. Mas não aceitam a realidade da Venezuela. Por quê? Para mim, é mais uma evidência que salta aos olhos. Mas a realidade é a realidade. Essa vontade política existe e vão levá-la às últimas consequências. Portanto, é preciso pensar numa alternativa capaz de garantir, pelo menos, a paz.
BBC – O senhor tem se mostrado disposto a oferecer uma espécie de mediação. Tem falado concretamente sobre isso com alguém?
José Mujica – Não falei com ninguém. Nada disso é legítimo do ponto de vista legal, porque existe um intervencionismo brutal. Não me lembro de governos que tenham se autoproclamado. Mas me parece que a discussão jurídica não é o mais relevante aqui. A grande potência está disposta a intervir. A Venezuela pode se tornar marco de uma luta geopolítica. O (que poderia permitir menor impacto) são eleições com garantias para que subsistam todas as correntes políticas e o diálogo.
BBC – Mas as eleições também podem gerar polarização se ninguém estiver disposto a ceder. Seriam eleições entre Maduro e Guaidó? Ou outros candidatos?
José Mujica – Não, todas as correntes políticas. Nisso que se chama de oposição, existem várias vertentes. Inclusive, tem um chavismo opositor. Todos têm que se expressar. E terão que ser formadas coalizões. Mas é um jogo de democracia mais ou menos liberal que permita fugir ao perigo dos tiros.
Naturalmente, é possível que surja um governo opositor ao que tem sido a política de Maduro e todo o resto. Não tenho dúvida disso. Mas é melhor que isso tenha um respaldo eleitoral e que haja um jogo democrático.
BBC – O senhor fala em regime de Maduro. Então, para o senhor trata-se de uma ditadura?
José Mujica – Não vou entrar nessa questão, porque se quero negociar, não posso insultar. Tenho que reconhecer a realidade. Também não vou insultar o senhor presidente autoproclamado. Para encontrar uma saída, é preciso ter a delicadeza necessária.
Entendo perfeitamente, por exemplo, a atitude do México (o governo mexicano declarou apoio a Maduro). O México vai enxergar o mundo através dos cristais de sua história. O México nunca avalizou qualquer tipo de intervencionismo. Perdeu metade do território e 12 mil soldados aos Estados Unidos, e essas coisas estão latentes na cultura do país. Pode ser que algumas pessoas não compreendam, não sabem o que é uma guerra.
BBC – Ao mesmo tempo em que a crise na Venezuela se aprofundou, vários governos de esquerda na América Latina perderam voto popular. Há uma conexão? O que acontece na Venezuela prejudica a esquerda latino-americana?
José Mujica – Sim, claro que sim. Há uma velha confusão entre socializar e estatizar que desemboca na burocracia, uma doença humana que fez até Roma padecer. E existe uma parcela da esquerda latino-americana e mundial que não aprende as lições da história.
Isso não significa que seja preciso abandonar a bandeira da luta pela redução da desigualdade. O crescimento substancial joga a favor da economia transnacional e do mundo financeiro, e as classes médias estão congeladas e em perigo no mundo todo. A luta pela igualdade se justifica mais que nunca. Não pela igualdade absoluta, mas para reduzir os abismos.
Eu não acredito que o México tenha despertado de repente e retornado à esquerda. No México, houve um voto de protesto ao que havia na política. As pessoas estão votando contra o que há, porque existe uma insatisfação enorme nas classes médias. Isso está complicando tudo.
BBC – Um ex-chanceler do México afirmou que o Uruguai está prisioneiro dos negócios que fez com a Venezuela e que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, urgiu que o Uruguai esclareça esses negócios…
José Mujica – Essa é uma infâmia a mais que se diz, porque eventualmente essas coisas ventilaram na Justiça e houve uma decisão da Justiça. Se questionam a Justiça uruguaia, que falem com a Justiça uruguaia.
O Uruguai assumiu uma posição que não é nem de apoio nem de condenação. O Uruguai está assustado com a possibilidade de uma guerra.
O Uruguai é um país insignificante. Tem 3 milhões de habitantes. Mas amanhã vai receber representantes de diversos governos, porque essa preocupação existe. A causa da paz está acima de qualquer outra causa.