Assim vai todo o comércio local por água abaixo!
Carlos Ribeiro | Opinião | Praça das redes | 28 de Maio de 2020
O encerramento compulsivo dos estabelecimentos foi violento. Para um comerciante parar é morrer. Mesmo quando a loja está fechada, o comércio não para. Mas esta dose ligada ao confinamento foi demais. Agora a reabertura em condições de acesso muito limitadas coloca vários problemas. Mas, na verdade, os problemas sérios são outros. E esses é preciso ter a coragem de os enfrentar. No fundo é preciso colocar-nos do lado dos desafios e deixar a lógica dos problemas para trás.
Formação, pau para toda a colher
Andam alguns actores institucionais, autarquias, associações, etç, a agitarem-se como baratas tontas com respostas milagrosas que não passam das velhas soluções, que nem no passado funcionaram e, por mil razões, não irão agora funcionar.
Qual é a aspirina tradicional que é oferecida aos comerciantes: formação. Formar os comerciantes é a grande descoberta, apoiá-los com técnicas de venda online, com marketing e vendas etc.
Vendas, a falsa solução
Francamente a criatividade é muito reduzida. O coelho da cartola é fraco. Mas não são tanto os meios, as soluções formativas, que constituem o problema em si.
Na verdade a ideia-força que está associada às soluções proclamadas com grande alarido é a ideia que AS VENDAS devem ser a prioridade dos comerciantes para eles recuperarem dos seus prejuízos.
Sustentabilidade, um imperativo
E aí está! A velha opção de esconder o sol com uma peneira. Que fique claro, a prioridade dos comerciantes, neste momento é aproveitar a oportunidade para lançar um grande movimento de mudança de paradigma comercial e tratar seriamente algumas questões que já todos perceberam que são os DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE NO COMÉRCIO. Não o conceito de sustentabilidade que é utilizado de forma abusiva em substituição de rentabilidade. Sustentabilidade mesmo: a combinação auto-regulada dos factores económicos, ambientais e sociais através de sistemas de governança colaborativos.
Agir, com outro rumo
Não há volta a dar. Urge estabelecer pontes essenciais entre o futuro do comércio local e os modos de vida que a pandemia COVID-19 veio despertar de forma categórica:
– o comércio de proximidade tem que acelerar a sua configuração unilateral actual para o multicanal;
– a capacidade competitiva das actividades comerciais está mais do lado da integração de recursos e das soluções logísticas do que das vendas;
– o consumidor como ele é visto na leitura convencional do comerciante, morreu. Só uma estratégia coerente de Consum´actor pode fornecer novos elementos para ser possível ajustar de forma quotidiana a acção comercial e hábitos de compra tendencialmente em extinção;
– trabalhar na surpresa, na incerteza, nas remodelação dos cenários comerciais , com a introdução de Pop Up stores , de fusões de espaços comerciais temporários, etc…
Programa para novos horizontes
Bem, seria longa e exaustiva a base de um programa que verdadeiramente colocaria o comércio de proximidade numa rápida reformulação, dolorosa, mas com horizontes.
Como está ser tratado neste momento, por cirurgiões que operam de óculos escuros, a coisa vai dar buraco.
E o comércio e os comerciantes merecem melhor!