Assim vai todo o comércio local por água abaixo!

Carlos Ribeiro | Opinião | Praça das redes | 28 de Maio de 2020

O encerramento compulsivo dos estabelecimentos foi violento. Para um comerciante parar é morrer. Mesmo quando a loja está fechada, o comércio não para. Mas esta dose ligada ao confinamento foi demais. Agora a reabertura em condições de acesso muito limitadas coloca vários problemas. Mas, na verdade, os problemas sérios são outros. E esses é preciso ter a coragem de os enfrentar. No fundo é preciso colocar-nos do lado dos desafios e deixar a lógica dos problemas para trás.

Formação, pau para toda a colher

Andam alguns actores institucionais, autarquias, associações, etç,  a agitarem-se como baratas tontas com respostas milagrosas que não passam das velhas soluções, que nem no passado funcionaram e, por mil razões, não irão agora funcionar.

Qual é a aspirina tradicional que é oferecida aos comerciantes: formação. Formar os comerciantes é a grande descoberta, apoiá-los com técnicas de venda online, com marketing e vendas etc.

Vendas, a falsa solução

Francamente a criatividade é muito reduzida. O coelho da cartola é fraco. Mas não são tanto os meios, as soluções formativas, que constituem o problema em si. 

Na verdade a ideia-força que está associada às soluções proclamadas com grande alarido é a ideia que AS VENDAS devem ser a prioridade dos comerciantes para eles recuperarem dos seus prejuízos.

Sustentabilidade, um imperativo

E aí está! A velha opção de esconder o sol com uma peneira. Que fique claro, a prioridade dos comerciantes, neste momento é aproveitar a oportunidade para lançar um grande movimento de mudança de paradigma comercial e tratar seriamente algumas questões que já todos perceberam que são os DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE NO COMÉRCIO. Não o conceito de sustentabilidade que é utilizado de forma abusiva em substituição de rentabilidade. Sustentabilidade mesmo: a  combinação auto-regulada dos factores económicos,  ambientais e sociais através de sistemas de governança colaborativos.

Agir, com outro rumo

Não há volta a dar.  Urge estabelecer pontes essenciais entre o futuro do comércio local e os modos de vida que a pandemia COVID-19 veio despertar de forma categórica:

– o comércio de proximidade tem que acelerar a sua configuração unilateral actual para o multicanal;

– a capacidade competitiva das actividades comerciais está mais do lado da integração de recursos e das soluções logísticas do que das vendas;

– o consumidor como ele é visto na leitura convencional do comerciante, morreu. Só uma estratégia coerente de Consum´actor pode fornecer novos elementos para ser possível ajustar de forma quotidiana a acção comercial e  hábitos de compra tendencialmente em extinção;

– trabalhar na surpresa, na incerteza, nas remodelação dos cenários comerciais , com a introdução de Pop Up stores , de fusões de espaços comerciais temporários, etc…

Programa para novos horizontes

Bem, seria longa e exaustiva a base de um programa que verdadeiramente colocaria o comércio de proximidade numa rápida reformulação, dolorosa, mas com horizontes.

Como está ser tratado neste momento, por cirurgiões que operam de óculos escuros, a coisa vai dar buraco.

E o comércio e os comerciantes merecem melhor!

Sonata para piano a três mãos, para RVCC maior

@Parça das Redes | edição

No teclado do piano deslizam os dedos acelerados e irrequietos da Júlia, do Paulo e da Isabel. São misturas de tons agudos e graves que lançam  ao vento narrativas de desistências que viraram coragem e  de histórias de barreiras intransponíveis que não resistiram à paixão. A composição é sui generis, as barricadas dos estatutos e das funções no dispositivo de qualificação foram incapazes de conter a vontade de realizar uma partilha que constrói um processo de comunicação colaborativa único. Está assumido. Se o processo foi vivido por um coletivo, o relato do percurso e das aprendizagens a ele associado, teria que ser realizado coletivamente.

Carlos Ribeiro | Praça das Redes

Texto de Júlia Bentes, Isabel Pinto e Paulo Marques

Acredito que esta poderia ser uma comunicação de qualquer um dos vários Centros Qualifica que cobrem o nosso país, mas, neste caso, é o testemunho de três vozes a partir de Mafra, do Centro Qualifica da Escola Secundária José Saramago. 

Um caminho testemunhado a três vozes

Os intervenientes desta mensagem são, pela equipa do Centro Qualifica, uma das duas TORVC (Técnica de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências) e dois adultos que concluíram o seu percurso de RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) de nível secundário, no passado dia 13 de Maio de 2020.

Um testemunho a três vozes não é um desafio fácil, assim como o processo RVCC não o é, ainda que existam muitas vozes que persistam em o considerar como uma modalidade de educação e formação que promove o facilitismo.

A Júlia ataca o piano. Suavemente, há caminho para fazer .

Aprender na ação

Estes adultos, a Isabel e Paulo, chegaram ao nosso Centro Qualifica com uma bagagem cheia de experiências de vida, cheia de aprendizagens, a sua maioria desenvolvida sem os manuais ou programas escolares porque aprenderam em ação: fazendo, experimentando, errando e tentando de novo e aprendendo com os/as outros/as. 

Colocar estes e outros candidatos perante a necessidade de escreverem e refletirem sobre essas aprendizagens e fazerem a sua relação com as unidades de competências do referencial de nível secundário, é sempre um grande desafio, neste caso foi muito bem-sucedido, apesar dos receios, incertezas, dificuldades de conciliação entre as sessões, o desenvolvimento da narrativa e as diferentes esferas das suas vidas:

A Isabel posiciona dez dedos no teclado. Vai libertar os primeiros sons, puxar-nos para uma autoavaliação e para valores como o respeito.

Afinal tempo, arranja-se!

“Houve um momento em que pensei desistir, mas já não se tratava apenas de mim! O exemplo aos meus filhos e porque existem professoras que despendem do seu tempo para estar connosco e fazem o seu trabalho com um sorriso e “braços abertos”. Então no mínimo devemos respeito!

Não temos tempo?! É verdade! A vida anda rápido demais e obriga-nos a um ritmo sem igual, mas se ficarmos doentes, “arranjamos tempo para parar”. Porque havemos de parar apenas quando somos obrigados e não porque queremos fazer algo que nos vai valorizar como pessoas?

Isabel Pinto

Escrever 30 minutos

Penso que é uma questão de organização. Até podemos não conseguir ir a todas as sessões, mas durante a hora de almoço, durante a tarde, à noite temos 30 minutos para escrever um pouco! – É alguma coisa, certo?

Desde a formação de técnicas de escrita, aos meses de sessões de reconhecimento (orientação, descodificação e momentos de construção da narrativa em sala) fui procurando sempre fazer o caminho do CQ… Até que chegou o dia “D”! 

– e agora??

– vou ficar bloqueada!” Isabel 

O Paulo acelera o ritmo no desempenho. Quer velocidade, atacar novas tonalidades.

Uma narrativa estilo Manual de Qualidade

No início não foi fácil, constantemente me perguntava: como vou fazer isto? Após algumas horas de orientação (sessões de reconhecimento), lá comecei a escrever a minha narrativa, ao entregar o meu primeiro esboço, meu deus! A quantidade de informação desarrumada, a forma como a descrevi parecia inspirada num manual da Qualidade. Mas foi esse esboço a base e o pilar principal, a partir daqui foi somente estruturar, demonstrar o melhor de mim, saber-fazer. 

Vamos a isto!

Na primeira devolução da narrativa, ainda num processo de RVCC para o nível básico, a Técnica Rute prontamente me transmitiu uma mensagem positiva, impulsionando-me para um novo patamar, a integração num processo de RVCC de nível secundário. Neste caminho já com a Técnica Júlia, houve alguma complexificação do que me era pedido, mas havia o reforço positivo e um “vamos a isto“ que me impulsionavam. 

Neste novo patamar, tive o privilégio de integrar momentos de formação (formação complementar) e assistir, aos fantásticos Cafés Ciência (iniciativa aberta a toda a comunidade educativa, promovida pela Escola Secundária José Saramago), tive a oportunidade de aprender algo de novo, ampliando os meus conhecimentos e o saber-saber.   

Paulo Marques

Extrair e revelar o que a vida arquivou

Com todos os inputs que me foram dados ao longo deste percurso, tive a oportunidade de explorar as minhas memórias, todas as minhas formações, experiências de vida, tanto no desporto como na carreira profissional, valorizando assim aquilo ao qual eu subestimava o seu valor, por ser uma atividade do meu dia a dia.

Sempre com o apoio incansável de todas as minhas formadoras, que conseguiram “extrair” tudo aquilo que tinha guardado dentro de mim.

Neste trabalho em equipa, com as entregas da narrativa e o seu feedback, a estrutura (suportada pela base e pilar), começou a ganhar forma (desenvolvendo sempre mais um tema e explorando outro de seguida), com as validações de competências a surgirem até chegar às 62 competências (das 88 possíveis), 17 em STC, 20 em CLC e 25 em CP. Eis que chegou mais uma etapa, o balanço da minha narrativa, com mais uns ajustes solicitados, foi-me dada a informação de que estava em condições para avançar para o júri final.”

E numa espécie de Rondó mozartiano Júlia introduz o tema do júri que. como veremos, adquire um papel central na recta final do percurso.

Sessão de certificação

Após o caminho que a Isabel e o Paulo percorreram, de acordo com os seus tempos e necessidades, eis que chegou o culminar deste seu percurso, no nosso Centro Qualifica, com o momento após a validação de competências. Este momento designado por sessão de certificação, em que perante um júri, constituído por formadores, em representação de cada uma das áreas de competência, que tiveram previamente acesso aos portefólios reflexivos de aprendizagem finais, a Isabel e o Paulo apresentaram algumas situações de vida significativas (representativas de competências do referencial de nível secundário validadas, pela equipa que os acompanhou), debateram com este júri, mediante a resposta a algumas questões que lhes foram colocadas.

Este momento há muito esperado, por estes candidatos, chegou mas sem alguma vez imaginarmos que poderia ser deste modo, a distância, através de videoconferência (google meet), com todos os receios que a dependência tecnológica pode trazer. 

Júlia Bentes

E antecipando uma marcha, passamos da linguagem musical à linguagem militar, o dia D emerge como dramatização da batalha final.

Todos para um objetivo comum

“Foi diferente do que estava à espera. Os dias que antecederam foram de ansiedade constante! Os ensaios com a técnica Júlia eram motivadores e sempre na vertente de nos colocar o mais à vontade possível, mas a verdade é que por muito que fosse dito, o “desconhecido” deixava-me desconfortável!

No dia “D” o nervoso estava lá mas a verdade é que “entrou pelo meu ecrã” um grupo de pessoas desconhecidas muito simpáticas, bem dispostas e com um único objetivo em comum: confirmar que as competências estão lá e que com o trabalho que desenvolvi com foco e persistência é possível alcançar este sonho.

O anúncio de 13 de maio

Depois do dia passar, percebi que afinal, não tinha sido nada parecido com o pesadelo da noite anterior que mais parecia o filme do “Dia do juízo final”.  Dada a situação atual que estamos a viver e que nos obrigou a adequar a nossa vida a uma nova realidade, a minha sessão de júri foi efetuada pelo Google meet. Com muita pena minha não foi possível ser assistida pela minha família. Por isso, quando terminou e me anunciaram que, a partir deste dia estava oficialmente certificada com o 12º ano, a festa tomou conta de mim. Dizer aos meus filhos que tinha alcançado o meu objetivo foi das situações mais gratificantes que tive na minha vida. Logo a seguir fiz questão de informar aos meus colegas que me acompanharam nesta odisseia, de forma a perceberem que também eles estão próximos de alcançar.

E assim, abençoado pela Nossa Senhora de Fátima (para quem acredita) o dia 13 Maio fica uma das datas mais importantes de minha vida!” concluiu Isabel.

Tudo sincronizado

“Com a nova realidade desta Pandemia COVID-19, tivemos que nos e partir para uma apresentação de forma virtual. Com as orientações para a apresentação final, foi com alguma facilidade que elaborei a minha última apresentação, porque o trabalho de base já estava feito. Foi importante o contacto incansável da técnica Júlia, por email ou telefone, sempre a recomendar os ajustes finais. Até que me disse: “na minha opinião está pronto”.  

Realizamos alguns ensaios e testamos as comunicações para que no dia 13 de maio, estivesse tudo em plena sincronização.

Aprendizagem permanente

Com alguma ansiedade, esperei pela hora da minha apresentação, mas quando a iniciei, tudo desapareceu (interiorizei como mais uma sessão de formação). Até que chegou a hora das perguntas finais, aí sim, estava completamente à vontade, foi com muita satisfação que pude partilhar com todos alguns dos meus conhecimentos.

Quando terminei a minha apresentação senti uma sensação de dever cumprido, podendo então descomprimir e relaxar. Mas no dia seguinte já estava a consultar as universidades na minha área de residência. Pessoalmente acredito piamente numa aprendizagem permanente”. 

Sorrisos e lágrimas 

Após a deliberação do júri de certificação, comunicar à Isabel e ao Paulo que estes formadores confirmaram que os seus percursos, narrados e defendidos, são meritórios da atribuição da certificação de nível secundário, é o momento mais gratificante deste caminho em que muito aprendi com cada um deles. É um dos momentos que dignifica também o trabalho das equipas dos Centros Qualifica porque através das opiniões transmitidas quer pelos elementos do júri, quer pelos sorrisos e, às vezes também lágrimas dos candidatos, é reconhecido o trabalho que juntos fazemos, para que outros/as candidatos/as sigam os passos da Isabel e do Paulo. 

A Isabel volta à partitura para aconselhar

O meu conselho é para agarrarem esta oportunidade com toda a força, pois tudo o que aprenderem irá ser útil para o futuro, tanto a nível profissional como pessoal e com a quantidade de desemprego que se avizinha, toda ajuda que nos acrescente valor é bem-vinda!

E o Paulo fala-nos do sabor da vitoria

Deixo umas palavras aos meus colegas, que ainda estão neste percurso. Para ter sucesso, temos de tentar fazer mais coisas, se tentarmos fazer mais coisas cometeremos erros, logo fazer erros é sinal de muito bom progresso. Assim eis o dia em que tudo faz sentido, atingindo a nossa meta, o sabor da vitoria é de um valor moral inalcançável, valeu a pena!

E para terminar na tônica, Júlia faz-nos uma recapitulação  sobre o aprender, que sendo tocada a 3 mãos adquire uma energia única reforçada pela dinâmica da comunicação colaborativa. 

“A única coisa que não se pode dar ao luxo de não fazer é aprender” (Hank Paulson)

A três queremos agradecer ao Programa Qualifica pelo sentido que veio dar à vida de tantos adultos, que veem reconhecido o seu valor, à Escola Secundária José Saramago – Mafra por ter apostado na criação de um Centro Qualifica e a todos os envolvidos pelo seu empenho e dedicação.

Isabel Pinto, Paulo Marques e Júlia Bentes (Centro Qualifica – Escola Secundária José Saramago – Mafra)

O balanço do regresso parcial às aulas

O EDULOG DA SEMANA | 18-22 de maio 2020 | elaborado pela Fundação Belmiro de Azevedo | Foto Rodrigo Antunes LUSA

Previsões para o próximo ano letivo
O ano letivo de 2020/2021 pode não começar em setembro, mas em outubro ou novembro. Quando arrancarem as aulas, serão num misto de ensino presencial e à distância. Numa entrevista à Rádio Renascença, o ministro da educação avança cenários para o próximo ano letivo. Neste ensino misto, serão necessários mais professores? Tiago Brandão Rodrigues não sabe quantos, mas deixa uma garantia: “Se no próximo ano precisarmos de um corpo docente robusto ele existirá”. Na forja está ainda um novo programa tecnológico, para dotar as escolas de recursos e os alunos de conetividade.

Para 300 foi fácil, para 1200 logo se verá
Lugares marcados para garantir as distâncias de segurança. Regras para cumprir, mesmo nos intervalos. Papéis nas paredes, portas e no chão a indicar os percursos. Medições da temperatura, máscara e álcool-gel. A somar: uma grande estranheza por não se poderem tocar. Foi o cenário que os alunos do 11.º e do 12.º anos encontraram no regresso às aulas na Escola Secundária de João da Silva Correia, em São João da Madeira. A reportagem é do Jornal de Notícias.

Na Escola Secundária Frei Gonçalo Azevedo, em Cascais, o Expresso encontrou alunos saudosos do ensino presencial. “A matéria explicada pelos professores não tem nada a ver com as aulas em casa”, admite uma aluna. “É mais fácil perceber assim e podemos tirar logo as dúvidas”, reforça uma outra. Ainda assim, houve quem preferisse continuar em casa. David Sousa, diretor do agrupamento, admite que foi fácil reorganizar os horários e preparar tudo para 300 alunos. O que o preocupa é o próximo ano letivo, em que terá de repetir a proeza para 1200.

A Associação Nacional de Dirigentes Escolares diz que entre 75% e 80% dos estudantes dos 11.º e 12.º anos de escolaridade que tinham de voltar esta segunda-feira às escolas fizeram-no. O primeiro balanço do regresso às aulas feito à Lusa.

O primeiro-ministro António Costa está convencido de que estas semanas de regresso parcial à escola não são apenas importantes para concluir este ano letivo, mas “sobretudo para treinar o próximo”. As escolas abriram com auditórios e pavilhões transformados em salas de aula. Assim, garantem a distância de segurança entre os alunos. Recorrendo a estes espaços, os diretores evitam reduzir a carga horária ou desdobrar turmas, o que implicaria ter de contratar novos professores e quebrar a continuidade pedagógica, lê-se no Jornal de Notícias.

Demasiado cedo?
88% das creches reabriram esta segunda-feira, mas em média com quatro a seis crianças, confirmou à agência Lusa a presidente da Associação de Creches e de Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, Susana Batista. 12% das creches não receberam qualquer criança porque os pais “não quiseram arriscar já esta semana com receio [da pandemia de covid-19], mas mesmo assim houve uma abertura administrativa”. Dados com base no inquérito realizado junto dos seus associados.

A maioria dos portugueses considera “muito” ou “algo arriscado” o regresso das crianças e jovens ao ensino presencial, mesmo com as medidas de segurança estabelecidas. É o que mostra uma sondagem realizada pelo ISCTE e ICS para o Expresso e a SIC. Dos 622 inquiridos, 72% e 62% afirmam que é demasiado cedo para abrir creches e pré-escolar a 18 de maio e 1 de junho, respetivamente. 58% consideram que os alunos do 11.º e do 12.º anos também não deviam regressar à escola. 81% estão de acordo com a decisão do Governo em manter os restantes alunos em casa.

Os receios dos pais em relação aos riscos de contágio são naturais, mas os benefícios sobrepõem-se, diz o pedopsiquiatra Pedro Strecht. A psicóloga Inês Almeida Ramos considera que regressar às creches e jardins de infância é, sobretudo, benéfico para as crianças que não têm irmãos e estiveram só com os pais nestes dois últimos meses. Resta saber se as condições em que vão reabrir estes estabelecimentos não põem em causa o que de melhor têm para oferecer às crianças. Questões que se leem no Expresso.

A presidente da Federação Portuguesa para a Deficiência Mental diz que as escolas de Ensino Especial e os Centros de Recursos para a Inclusão não têm condições para abrir este mês. E que os alunos com necessidades especiais só devem regressar à escola no próximo ano letivo. “A escola inclusiva está muito longe de ser a realidade que todos queremos e, neste momento, piorou porque a maior parte destes jovens com múltiplas problemáticas não podem usufruir das tecnologias e por exemplo da telescola”, explica Helena Albuquerque à TSF.

Competências no pós-covid
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, diz que as instituições têm de ser capazes de usar a pandemia como “oportunidade para inovar”. Declarações feitas no lançamento do Skills 4 pós-Covid – Competências para o futuro, que decorreu terça-feira na Reitoria da Universidade do Porto. A iniciativa pretende identificar constrangimentos e oportunidades que a pandemia introduziu nas atividades de ensino superior e na sua relação com a ciência e mercado de trabalho.

Notícias de outros mundos da educação
83% dos professores brasileiros dizem não estar preparados para ensinar online, revela o estudo Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil do Instituto Península, que inquiriu 7.734 docentes do ensino público e privado, entre 13 de abril e 14 de maio, e vai continuar a fazê-lo até ao fim da crise. Os professores admitem estar “ansiosos” e “nada realizados” com o trabalho no momento atual. Quase 90% relatam nunca ter tido experiência com ensino à distância e 55% dizem não ter formação para lecionar assim. Detalhes no portal Terra.

Em França, passou uma semana desde a reabertura de cerca de 40 mil escolas do pré-escolar e 1.º ciclo. No entanto, muitas voltaram a fechar devido ao registo de novos casos de covid-19. Desde o dia 11 de maio, foram identificados 70 infetados, informou o ministro da educação francês, Jean-Michel Blanque, considerando ser uma evolução “inevitável”, mas também “um exemplo” do rigoroso protocolo sanitário seguido pelos estabelecimentos de ensino. A notícia lê-se no jornal luso-luxemburguês Contacto.

Que lições pode retirar o Reino Unido da estratégia dinamarquesa para a reabertura das escolas? O plano foi negociado ao pormenor entre o vice-presidente do Sindicato de Professores Dinamarquês, o ministro da Educação, as autoridades de saúde e outros sindicatos de professores, escreve o The Guardian. O objetivo: garantir que todos ficassem satisfeitos com as medidas de segurança adotadas para o “regresso ordenado” dos mais novos a 15 de abril. Até agora, a abertura das escolas não teve impacto negativo, diz o Governo dinamarquês.

Aprender na ação

Júlia Bentes | TORVC no Centro Qualifica da Escola Secundária José Saramago – Mafra | Editado CR

O ser humano aprendeu a dominar e a utilizar os recursos da natureza para seu proveito, muitas vezes de forma irresponsável, mas essa é outra reflexão. No meu percurso de vida, tenho sempre presente a admiração e entusiasmo com que me cruzava com moinhos de vento, em criança, a sul, no lugar onde cresci, pela magia daquele movimento e hoje em adulta, no oeste, reconheço a capacidade engenhosa do aproveitamento deste recurso, a energia do vento.

É esta capacidade de engenho e arte que hoje, perante uma necessidade emergente, se coloca nas nossas vidas/profissões. A educação e formação de adultos não é excepção. 

Os obstáculos

Alguns de nós olham para estes desafios como “gigantes” (obstáculos) mas nem tudo são obstáculos, eles existem, é um facto, e por estes dias já os conseguimos nomear, no domínio físico: equipamentos obsoletos/pouco funcionais; dificuldade de acesso à internet; poucos conhecimentos no domínio das TIC (plataformas LMS, apps e software de recursos diversificados, entre outros). Também no domínio das relações sociais e humanas podemos nomear a dificuldade em quebrar a barreira da distância de modo a criar proximidade, confiança, espaço de abertura, empatia, competências fundamentais para a orientação e acompanhamento.

Empurrados à força

Uma das expressões mais ouvidas que se aplica a quase tudo atualmente é “não estávamos preparados!”. No entanto, na educação e formação, há muito tempo que alguns recursos/ferramentas (aplicações, software diversificado/open Source e LMS) já foram criadas, faltou a sua apropriação e aplicação, passo a passo. Agora, somos empurrados à força para aprender em ação.

É um exercício exigente mas também um daqueles fantásticos moinhos (oportunidade), na minha opinião, que pode permitir repensar a minha/nossa prática e melhorar o futuro desta profissão.

Repensar os materiais

Por estes dias, revisitamos materiais que temos aplicado e olhamos para eles de outro jeito. Estes materiais, pensados para trabalharmos com adultos numa dinâmica presencial, preparados para gerar interação, questionamento e provocar comunicação verbal e não verbal precisam ser repensados/adequados (com mais legibilidade, dinamismo e interatividade) a dinâmicas assíncronas e também a momentos síncronos. Refiro-me sobretudo a materiais de apoio aos processos de RVCC: orientações para o processo RVCC, apoio à construção da narrativa autobiográfica, apoio à descodificação de referenciais de competências e atividades de formação complementar.

Manter a ponte com os adultos

Questiono/questionamos que “novas” práticas de trabalho? Da intranet à drive/à cloud. Das reuniões presenciais a videoconferências. De documentos que se entregavam em mão a documentos partilhados.

Questiono/questionamos como manter aberta a ponte criada com os adultos, olhos nos olhos, antes do confinamento? Das sessões presenciais, individuais ou em grupo ao recurso a plataformas LMS, videoconferências, mensagens, telefonemas e claro, ao velho e bom e-mail.

Ainda estamos a aprender em ação mas acredito que alguns destes gigantes, por agora, vão transformar-se em moinhos e no futuro vamos manter alguns deles ativos.

Mapear futuros alternativos

José Carlos Mota |

A energia colaborativa gerada durante o atual cenário de pandemia resultou em muitas respostas coletivas importantes em prol do bem estar das nossas comunidades. Ao longo destas semanas de confinamento, experimentámos “futuros alternativos”.

Há o risco de muitas dessas respostas desaparecerem por falta de apoio ou pela mudança do contexto de exceção. O seu potencial de transformação e aprendizagem justificam um esforço coletivo de identificação, mapeamento e análise das práticas promovidas. Se faz parte ou está envolvido na organização de algumas destas iniciativas pf preencha este formulário: Mais informação:/ ou através de correio eletrónico.

Hier jacobins, demain girondins

Christian SAUTTER et Catherine CADOU    | vendredi 1er mai 2020

0 Capitalismo tem a pele dura. Enquanto que a catástrofe do “coronavírus” varre os países ricos do planeta, os mercados financeiros não perdem o sangue-frio. Depois de um momento de estupor e de queda profunda, eles voltam a levantar a cabeça, como se, para eles, o pior já tivesse passado.

(segue artigo em francês)

Le capitalisme a la peau dure. Tandis que la catastrophe « coronavirus » parcourt les pays riches de la planète, les marchés financiers ne perdent pas leur sang-froid. Après un moment de stupeur et une chute profonde, ils redressent la tête, comme si, pour eux, le pire était passé.

New York est une des métropoles les plus touchées par la pandémie, mais Wall Street est plutôt avenante. Les Échos écrivent en s’étonnant que « Wall Street semble marcher sur l’eau » (30 avril 20).

La première raison est que la crise profite aux géants du numérique, les fameux GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon et Microsoft). L’essor soudain du télétravail, le bond du commerce en ligne, l’intensification des liens et spectacles virtuels profitent à ces colosses, qui représentent désormais 22% du marché des actions (Standard and Poors 500). On apprend que Microsoft pèsera bientôt autant que l’ensemble de la Bourse française (CAC 40). L’indice américain, S&P500, après avoir perdu un tiers de sa valeur depuis le pic en mars, a progressé de 27% depuis le fond de la crevasse, tiré par les cinq cavaliers du numérique.

La deuxième raison est que les capitaux apatrides commencent à paniquer et cherchent refuge dans le port qu’ils jugent le plus sûr, l’Amérique, et s’amarrent au quai le plus solide, les géants de la côte Ouest. Ceci explique que la Bourse américaine ait connu une convalescence plus rapide que les Bourses européennes. Le 29 avril, par rapport au niveau 100 de la fin de l’an dernier, Wall Street est à 89, l’indice européen est à 83, et le CAC 40 à 77. Le quotidien économique note l’heureuse exception danoise : la Bourse de Copenhague, après un fort coup de yoyo, a retrouvé son niveau de début d’année ; l’explication donnée, que nous pourrions méditer, est que cette économie de petite taille a tôt su se spécialiser dans des industries d’avenir : la pharmacie et les énergies renouvelables.

Il existe une troisième raison, inavouée, pour laquelle le capitalisme est plutôt optimiste. La crise va éliminer les entreprises faiblardes, de même que la migration des gnous africains laisse en chemin les animaux les plus fragiles. Ce système économique et social est très darwinien !

Et il est aussi d’un parfait cynisme. Vous pourriez penser que la fabrication d’un vaccin contre le coronavirus ferait frétiller les géants de la pharmacie, mais vous seriez dans l’erreur. Citons le New York Times du 29 avril : « Les grandes sociétés pharmaceutiques ne voient d’habitude aucun profit à tirer des épidémies, qui touchent surtout les pays en voie de développement et qui s’épuisent avant que le vaccin puisse arriver sur le marché ». Le même article félicite un chercheur britannique, le professeur HILL, qui a fondé à Oxford un centre de recherche à but non lucratif sur les vaccins, et qui serait déjà en train de tester un vaccin prometteur, avec l’appui de multiples mécènes, dont la Fondation Gates. Mais, explique ce savant qui cherche des industriels pour produire ensuite des millions de doses, les Américains boudent et posent comme condition d’avoir l’exclusivité mondiale du futur vaccin (pour en tirer un bon profit, on ne se refait pas !).

Quant aux emplois que la paralysie de la machine économique anéantit par millions, les grandes entreprises privées américaines ne se sentent pas concernées. Dans le même numéro des Échos, nous lisons que Boeing a annoncé la suppression de 16000 postes, soit 10% de ses effectifs, en combinant « des licenciements volontaires, le roulement naturel et des licenciements involontaires si nécessaire ». Et la grande firme de Seattle « semble plus désireuse d’adapter ses effectifs à une baisse durable de la demande que de bénéficier des aides publiques. »

Les cinq grands pétroliers (il y a trente ans, on parlait des « Sept sœurs ») ne font pas pitié : leurs revenus vont baisser de 1000 milliards de dollars avec la chute de la consommation et celle du prix du pétrole, mais, « résilients » (le mot est très à la mode), ils maintiennent leurs dividendes et vont tailler fortement dans leurs futurs investissements d’exploration (tout en espérant que les odieux petits concurrents américains et canadiens exploitant les schistes prendront le bouillon !).

Que conclure de ce panorama peu encourageant ? Que la crise du coronavirus ne va pas abattre le capitalisme financier. Et qu’il est urgent d’agir fortement en France et en Europe, si nous voulons éviter une nouvelle explosion du chômage de masse ; si nous en profitons pour muscler l’industrie et la réorienter vers des secteurs d’avenir. Si, enfin, nous voulons éviter que les firmes géantes, américaines et chinoises, et divers fonds « vautours » viennent faire leur shopping pour acheter nos plus brillantes entreprises dont les prix sont actuellement bradés.

Grand-papa Marx nous expliquait à la fin du XIXème siècle que la dynamique du capitalisme était mue par la recherche du profit. Papa Keynes nous démontrait dans les années 1930 qu’il pouvait en résulter un équilibre stable de sous-emploi et qu’il revenait donc à l’État de soutenir la demande par de grandes dépenses d’investissement. Pour éviter un chômage durable, l’Europe et la France doivent donc investir massivement à l’initiative des autorités publiques, sachant que les investissements privés dans de nouvelles usines et de nouveaux emplois seront médiocres pendant quelques années, faute de débouchés assurés et très rentables.

Investir, c’est facile à dire, mais où, comment et combien ? Faut-il suivre le conseil d’un Fonds d’investissement, Fidelity, cité par Les Échos, et dédaigner ce qu’il appelle « la vieille économie » : finance, industrie, matériaux, énergie » ? C’est cette logique obsessionnelle de la start up Nation, selon laquelle seul le numérique avait droit de cité, qui a détourné l’attention et laissé dépérir ces secteurs créateurs de richesses et d’emplois. Mais, dans ces secteurs dits traditionnels, il ne faut pas investir comme avant. Il faut aider leur reconversion pour les inscrire dans une dynamique de développement durable : rentabilité raisonnable et usage frugal des ressources naturelles. Promouvoir une finance patiente et accroître la finance solidaire. Soutenir les industries stratégiques : la pharmacie comme au Danemark, l’automobile sobre et recyclable (plutôt que les SUV), les énergies renouvelables (plutôt que le dispendieux nucléaire), le bâtiment à énergie positive, les biens d’équipements et robots (made in France plutôt qu’importés)

Les prêts publics, voire les prises de participation publiques au capital dans les « entreprises de taille intermédiaire » (ETI) et les grandes sociétés comme Airbus, Renault ou Air France, doivent être conditionnés (par des contrats de plan à moyen terme) à des progrès réels dans la moindre combustion d’énergies fossiles, au maintien ou au développement de l’activité et de l’emploi en France (c’est cela le vrai « patriotisme économique » !), à la promotion des fabrications nationales de biens d’équipement ou de composants.

Cela s’appelle une « politique industrielle », française et européenne, qui rappelle les années de reconstruction et la période pompidolienne.

Deuxième volet de l’effort d’investissement nécessaire pour dégripper la machine et repartir dans la bonne direction : l’économie de proximité. Elle comprend les activités situées en-dessous du radar national mais que connaissent bien les Conseils régionaux et les Communautés de communes. Un sursaut massif est nécessaire pour transformer enfin l’agriculture (40% du bio est importé !!), pour isoler les bâtiments (logements sociaux, écoles, usines, bureaux, ateliers) afin d’y limiter le chauffage y compris l’électrique, pour développer les services de santé, du grand âge, de culture, d’éducation. Répétons qu’il ne s’agit pas de tout décréter depuis la capitale ni même depuis la quinzaine de métropoles. Les projets devraient être proposés par les citoyens et les élus des territoires, validés par les experts (régionaux, nationaux et européens) et financés par chaque niveau, y compris par l’épargne solidaire de proximité.

Ce nouveau développement serait clairement contractuel et non octroyé par des élites parisiennes croyant savoir mieux que personne comment faire le bonheur de citoyens médusés devant leur télévision. Une logique de réseaux plutôt qu’un ruissellement pyramidal !

Terminons par une bonne nouvelle. Dans le futur programme européen d’investissement 2021-2027, provisoirement appelé Invest EU (un jour Green New Deal ?), un quatrième volet a été créé, en sus des trois traditionnels : PME, Recherche-Développement et Infrastructures. Ce nouveau venu est intitulé Social Investment et résulte d’un lobbying réussi des banques publiques européennes d’investissement à long terme (la Caisse des Dépôts pour la France), s’appuyant sur le rapport Prodi-Sautter déjà cité. Mais, suspense, le montant n’est pas encore décidé.

Aux Régions européennes de s’emparer de ce levier pour soulever les nombreux projets jaillissant de leurs territoires ! Aux armes, girondins !

SARS2 e Antropoceno

SARS2 et Anthropocène: significations et enjeux pour la politique publique | Blog dos Economistes Atterrés

A pandemia do Covid 19 não é uma pandemia qualquer. Benjamin Coriat, membro do colectivo Économistes Atterrés propõe-se analisar em quê, porquê e que ligações podemos estabelecer entre Covid e antropoceno.

Muito foi dito e escrito sobre o Covid 19 desde que a pandemia atingiu o mundo inteiro. No entanto, e essa é a motivação subjacente a este artigo, há coisas essenciais que parecem não ter sido percebidas ou, pelo menos, que não foram muito insuficientemente valorizadas. A começar com esta: a pandemia Covid 19 não é uma pandemia qualquer, não é apenas mais uma pandemia – como as pandemias de peste, varíola ou febre amarela em outros tempos … citando apenas as mais terríveis. Não. A pandemia de Covid 19 tem isto de particular o facto de marcar de forma categórica que a nova era em que entrámos, a do Antropoceno, é e será também a época da multiplicação de epidemias e pandemias no planeta inteiro. Essa nova verdade, se todo o seu significado for tido em conta, traz consigo necessariamente uma série de alterações, de dimensão considerável, na maneira de olhar e analisar o mundo no qual acabámos de entramos. Como é evidente, esta verdade tem um conjunto de implicações de importância maior sobre como se comportar e lidar com os desafios sem precedentes que enfrentamos a partir de agora. É sobre esses assuntos que se concentra a reflexão que propomos neste artigo. (seguimento em francês)

O ARTIGO EM FRANCÊS

Beaucoup a été dit et écrit à propos du Covid 19 depuis que la pandémie s’est abattue sur le monde. Pourtant, et c’est la motivation profonde qui anime cet article, des choses essentielles semblent n’avoir pas été entendues, ou en tous cas n’avoir été que très insuffisamment relevées. A commencer par celle-ci : la pandémie du Covid 19 n’est pas une pandémie quelconque, une pandémie de plus – comme celles que furent en d’autres temps les pandémies de la peste, de la variole ou de la fièvre jaune…  pour ne citer que les plus terribles d’entre elles. Non. La pandémie du Covid 19 a ceci en propre qu’elle marque de manière indubitable le fait que l’âge nouveau dans lequel nous sommes entrés, celui de l’anthropocène, est et sera aussi celui de la multiplication des épidémies et des pandémies dans l’ensemble de la planète. Cette vérité nouvelle, si sa signification pleine est enregistrée, amène nécessairement un ensemble de bouleversements considérables dans la manière d’envisager et d’analyser le monde dans lequel nous sommes désormais entrés. Comme évidemment elle conduit à un ensemble d’implications majeures sur la manière de s’y comporter et de faire face aux défis inédits auxquels nous sommes désormais confrontés. C’est sur ces sujets que porte la réflexion que nous proposons dans cet article.

Plus précisément, c’est autour d’une triple interrogation que la réflexion est conduite. Les trois questions que nous voudrions commencer à explorer sont :

  1. En quoi, pourquoi et par quels liens doit-on associer Covid et anthropocène ?
  2. Cette association étant établie, la question posée est alors celle de s’interroger sur les outils intellectuels et conceptuels dont nous disposons pour « penser » cet âge nouveau.
  3. Enfin, le dernier objectif que nous nous proposons est de commencer à énoncer les implications de la situation nouvelle en matière de politiques publiques ; le simple bon sens indiquant en effet que la panoplie des outils classiques utilisés jusqu’ ici, devra être sérieusement révisée, repensée et réarticulée, si du moins l’on entend se hisser au niveau des défis nouveaux qui s’affirment.

Chacun des thèmes énoncés ci dessus fera l’objet d’un article particulier et dédié. Pour l’heure nous nous proposons, après avoir brièvement rappelé ce que le concept d’anthropocène désigne, de  répondre à la première des questions posées.  

  1. L’âge de l’Anthropocène est aussi celui des pandémies « émergentes » à répétitions.

Après avoir montré en quoi et pourquoi l’anthropocène est le siège de la multiplication de nouvelles épidémies et pandémies appelées à se succéder, nous établissons le lien entre ces pandémies et ce trait central que revêt la mondialisation aujourd’hui et qui s’affirme partout sur la planète, dans déploiement et le  durcissement de formes variées d’extractivisme.

1. Les zoonoses, filles naturelles de l’anthropocène

L’anthropocène, rappelons-le pour commencer, est généralement entendue comme un « âge » de l’évolution géologique de la planète, caractérisé par le fait que l’activité humaine – économique et industrielle – se manifeste désormais de manière si forte et si intense qu’elle affecte et perturbe ses équilibres éco-systémiques. C. Bonneuil (qui a joué un rôle clé pour introduire en France le débat sur ce thème) écrit à ce propos que le vocable « anthropocène »  est le mot code qui s’est imposé  « pour penser cet âge dans lequel le modèle de développement actuellement dominant est devenu une force tellurique, à l’origine de dérèglements écologiques profonds, multiples et synergiques à l’échelle globale.[1] » Pour le dire d’un mot, l’anthropocène, dans son acception la plus générale   désigne le moment où « les activités humaines sont devenues la principale force agissante du devenir géologique de la Terre »  amenant avec elles un ensemble de dérèglements majeurs »[2].

La thèse est discutée et plusieurs questions sont débattues. La première s’énonce ainsi : sommes nous entrés dans une « époque » géologique nouvelle, ou bien l’anthropocène n’est elle qu’un simple « âge » nouveau (le dernier moment) de l’ère géologique actuelle – l’holocène ? Une autre question en débat est celle se savoir de quand date cette entrée dans l’âge nouveau… De nombreuses autres questions encore sont posées[3]. Elles ne  nous retiendront pas ici.

Sauf l’une d’entre elles, d’importance majeure car elle a trait à  la signification même de la notion d’anthropocène. Au plus simple deux contenus, deux « récits » ici s’opposent. Selon le premier, « naturaliste » et qui domine dans les arènes scientifiques internationales, la cause des destructions associées à l’anthropocène est rapportée à  un acteur qui serait constitué par une « humanité » hypostasiée, a-historique, et posée comme a-sociale. Les implications de cette vision des choses sont que c’est « l’espèce humaine » comme telle – et sans plus de précisions – qui doit réviser ses activités et revoir ses comportements.  Une seconde vison de l’anthropocène au contraire l’installe et la situe dans  ses racines et fondements historiques véritables. Ce récit assume que c’est le mode de développement né du capital et de la propriété privée, de la poursuite effrénée de l’exploitation des ressources de la planète par les méga-acteurs que sont les grandes multinationales qui sont à l’origine des dérèglements constatés. Selon cette vision des choses l’anthropocène est un « capitalocène », au sens où c’est le mode développement imposé à « l’humanité » par le capital et ses opérateurs qui est au coeur de l’explication des destructions constatées et de l’entrée dans un nouvel âge géologique. L’auteur de ces lignes se range évidemment dans ce second récit. Et dans la suite de ce texte, les motifs qui justifient ce choix seront explicités[4].

Il résulte dans tous les cas, que dans le moment où nous sommes, les grands biens communs globaux que sont le climat, les océans, les pôles, l’atmosphère où la couche d’ozone…  sont désormais devenus des écosystèmes dont les principes de reproduction – savants, complexes, infiniment délicats … – sont désormais percutés par des forces issues de l‘activité humaine et de son industrie. La mondialisation conduite sous l’égide du capital et de ses exigences a opéré de manière si puissante que nous sommes aujourd’hui entrés dans un monde ou les catastrophes – non nécessairement exactement prévisibles quant à leur nature et à leurs occurrences – sont pourtant désormais (si rien ne change) certaines.

Ce tableau et cette vision du monde sont celles qui jusqu’il y a peu s’imposaient. L’entrée dans l’anthropocène signifiait en pratique et par dessus tout, avec les altérations multiples subies par la biodiversité, l’entrée dans une ère de changement climatique, amenant avec elle un cortège de désastres annoncés.

Et voici qu’un virus, cette fois venu de Chine[5], change et complexifie sérieusement la donne. Ce virus, il faut le désigner par son nom scientifique : le SARS-CoV2[6], plutôt que sous le nom le plus souvent utilisé de Covid 19. Pourquoi SARS-CoV2 ? Parce que cette désignation, et notamment le chiffre 2 accolé à CoV, a le mérite d’apporter une précision essentielle : CoV2 signifie que le virus qui sévit aujourd’hui est un « remake », un « retour »[7]. Il y eut en effet, très proche dans sa structure moléculaire, un SARS-CoV1. Souvenons-nous en, c’était entre 2002 et 2004, le CoV1 aussi venait de Chine, mais d’un tout autre lieu (le Gouangdong au sud du pays, alors que le CoV2 est né à Wuhan dans le Hubei, au centre-est de la Chine). Le SARS-CoV1 fit en son temps, craindre le pire. Avant qu’inexplicablement il ne se dissipe, laissant derrière lui quelques milliers « seulement », de morts, là où on attendait  des dégâts bien plus importants.

Ajoutons à cela, qu’un autre type de Coronavirus le MERS[8], qui sévit de manière privilégiée au Moyen-Orient, est venu confirmer, si besoin en était, la variété et la multiplicité de la diffusion de ces nouvelles maladies émergentes.  

Poursuivons : les scientifiques nous donnent, à propos du SARS, des informations essentielles, pas assez entendues nous semble-t-il, et surtout qui doivent être mises en relation avec d’autres connaissances, d’autres savoirs.

Ce que nous disent d’abord les épidémiologistes, c’est que le SARS1, comme le SARS2, (comme un nombre incalculable de virus aujourd’hui répertoriés) sont membres d’une même famille de  maladies : celle des zoonoses, c’est-à-dire de maladies provoquées par  des virus présents dans l’animal, et qui – dans certaines circonstances – se transmettent à l’homme (l’inverse étant aussi possible). Ce que nous disent ensuite les scientifiques, c’est ce fait fondamental  que les zoonoses, au cours des dernières décennies, sont en pleine expansion  et ne cessent de se multiplier :  VIH, SARS1, H1N1, H5N1, Ebola, MERS, SARS2… ne sont que les expressions les plus connues de ces nouvelles affections[9].

A cette lumière, la pandémie du SARS2 s’éclaire d’un jour nouveau. Non ce n’est pas une plaie d’Egypte… venue du ciel, sans causes, ni raisons, un « choc externe » imprévisible comme un vol de sauterelles qui s’abattrait sur nos villes ou nos campagnes. Ou un « cygne noir » comme disent les financiers. Tout au contraire, le SARS2 – quel que soit sa brutalité, la violence et la soudaineté avec laquelle il a fait irruption et s’est répandu dans le monde – obligeant à confiner pendant de nombreuses semaines, 3 à 4 milliards de personnes – était parfaitement prévisible. Parfaitement attendu. Mille signaux – les précédentes zoonoses – indiquaient que l’une d’entre elle, à un moment ou à un autre, ne disparaîtrait pas d’elle même, et se transformerait en une pandémie durable, et qu’après celle-là, il en viendrait d’autres, beaucoup d’autres… (cf. Encadré ). En ce sens, par sa brutalité, son universalité, son niveau de létalité, le SARS CoV2 est hautement symbolique. Il trace dans l’opinion une ligne de démarcation. Même si, loin s’en faut, le SARS-CoV2 n’est pas la première zoonose qui s’est diffusée dans le monde[10], il indique à tous, qu’un cran a été franchi, qu’une ère nouvelle s’est ouverte.

Encadré : Les prochaines zoonoses… L’Arctique et la fonte du  permafrost, menace principale ?

VIH, Grippe aviaire, SARS1, MERS, SARS2,…  et puis quoi… . ?

Parmi les travaux scientifiques récents sur les zoonoses et leur diffusion, ceux réalisés par Kate Jones, Professeure à l’University College de Londres, (une modélisation de la biodiversité, qui a consisté à passer au crible 335 maladies émergentes apparues depuis 1940 (*)) ont mis en évidence qu’une dizaine de facteurs seulement est associée à plus de 80 % des affections virales chez l’homme.

Point central : ce sont les changements ou les ruptures dans les écosystèmes qui sont la cause première de la diffusion des zoonoses. Près d’un quart des épidémies trouvent là leur origine.  Ainsi en est-il, par exemple, de la flambée de paludisme en 2010 en Amérique du Sud dont les chercheurs ont démontré que l’origine était liée à la fragmentation de la forêt amazonienne. Un récent article des Échos (« Covid 19. Les prémisses d’un Big One » par Paul Molga, Les Échos, 21 Avril 2020), qui décrypte  le travail cité des chercheurs de l’University College rapporte que « les animaux sauvages peuvent en effet être porteurs d’une cinquantaine de virus avec lesquels ils co-évoluent en bonne intelligence, sans débordement. La contamination provient des mauvaises rencontres avec des espèces facilitant leur reproduction : au Liberia par exemple où la virulence de la dernière épidémie d’Ebola a surpris tout le monde, c’est le déboisement massif de la forêt tropicale qui a poussé plusieurs espèces de chauves-souris à se rassembler en groupes serrés sur les rares arbres encore sur pied, faisant de ce rassemblement un bouillon de culture constituant un puissant réservoir de transmission à l’homme». (Les Échos, art cité …)

Parmi les candidats à un retour  dévastateur : la variole. Considérée comme  éradiquée depuis 1979, elle  est réapparue il y a dix ans en République du Congo sous forme d’une variante animale du virus qui s’est transmise à l’homme. L’OMS a ainsi  émis une mise en garde contre une possible réémergence de la maladie (800 cas avaient été recensés), avant que celle-ci ait pu être contenue.  En attendant la suite … 

Hors les dégâts provoqués par le déboisement et l’extractivisme qui opèrent dans des lieux toujours plus nombreux, c’est de l’Arctique que pourrait venir la menace la plus sérieuse. En effet, du fait du dérèglement climatique, un tiers du permafrost, cette glace autrefois considérée comme « éternelle » qui recouvre une bonne partie des terres émergées de l’hémisphère Nord, pourrait fondre et libérer des pathogènes oubliés. Sur ce point, l’alerte fut donnée pendant l’été 2016 quand un enfant est mort en Sibérie après avoir sans doute contracté le bacille de l’anthrax libéré après le dégel d’un cadavre de renne conservé au froid pendant des décennies. « Peu avant, rappelle l’article des Échos, « le chasseur de virus Jean-Michel Claverie, directeur du laboratoire Information Génomique et Structurale de Marseille, était parvenu à ressusciter deux virus inoffensifs congelés depuis 30 000 ans. Et le chercheur de  conclure : « Aucune raison que certains germes plus virulents pour l’Homme, les animaux ou les plantes ne survivent pas plus longtemps ».

Ainsi, à l’âge de l’anthropocène, il n’y aurait pas seulement  addition et coexistence des chaos provoqués par le changement climatique d’un coté, la diffusion des zoonoses de l’autre. On assisterait à une combinaison et une association des deux phénomènes : car ici, avec le cas de la fonte du permafrost, c’est le changement climatique qui se transforme en source d’émergence et de diffusion de nouvelles pandémies.   

(*) Ces 35 maladies ont permis d’identifier 84 virus pathogènes résultant de transmissions interespèces, 11 virus à ADN, 9 à intermédiaire ADN (familles des VIH et du virus de l’hépatite B) et 64 à ARN, du type de Covid-19.

2. Zoonoses, extractivisme et mondialisation

Pourquoi une limite a-t-elle été franchie ? Pourquoi faut-il s’attendre à ce que les zoonoses à l’avenir  se répandent à travers la planète ? C’est ici que le savoir et les enseignements des infectiologues, après avoir été entendus,  doivent être relayés et prolongés.

Repartons des infectiologues. La multiplication des zoonoses, nous disent-ils, tient au fait que l’activité des hommes,  tout spécialement les  destructions effectués de plus en plus profondément au cœur des forêts, pour y déployer des activités économiques diverses, les met en contact avec des espèces animales et les foyers de virus qu’ils hébergent, pour lesquels aucune immunité n’est constituée. Plus nous détruisons l’Amazonie pour y planter du soja transgénique, plus nous déboisons les forêts de Malaisie ou d’Indonésie, demain celles du Congo,  pour y implanter la monoculture de l’huile de palme, plus nous prétendons faire de la forêt brûlée du pâturage pour produire de la viande bovine, bref : plus nous détruisons d’écosystèmes, plus nous multiplions les zones de contact, plus nous ouvrons la voie et le chemin à ces zoonoses devenues le vecteur central des épidémies. Dont certaines, comme le montre le cas du  SARS2, ne peuvent être stoppées, parcourent le monde et se transforment en  pandémies.

Nommons les choses par leurs noms : ces « zones de contact » multipliées désignées par les infectiologues comme les sources de nouvelles épidémies, sont le fruit d’un phénomène connu et étudié dans le détail depuis des décennies – notamment  par les géographes et les économistes – et qui porte pour nom l’extractivisme. 

L’extractivisme s’entend ici comme l’ensemble des activités (et des industries qui leur servent de support) consistant à extraire, directement et en masse dans le milieu naturel et sans retour vers lui, des ressources naturelles qui ne se renouvellent pas ou peu, lentement, difficilement ou coûteusement

Pour le dire plus complètement, l’extractivisme consiste en la destruction de la biodiversité par l’irruption  de l’activité humaine dans des écosystèmes complexes et par nature fragiles, soit pour extraire une ressource déjà disponible dans l’écosystème (du bois, des ressources halieutiques en mer, du pétrole ou des gaz en milieu souterrain…), soit pour, après destruction du milieu naturel et de l’écosystème prévalent, implanter une mono-activité (huile de palme, soja le plus souvent transgénique, troupeaux d’animaux à viande…),. avec des effets de destruction souvent irréversibles sur de vastes ensembles naturels .

L’extractivisme concerne tout à la fois des ressources naturelles « foncières » ou des ressources relevant de la biosphère, et ne cesse de s’étendre[11]

Ainsi, avec la fonte des glaces  en zone arctique, la ruée vers l’or noir présent dans les pôles menace de détruire ou de sérieusement altérer nos plus grandes et seules réserves d’eau potable, et met en danger l’espèce humaine dans son ensemble par le risque désormais avéré que la fonte des glaces jointe aux activités d’extraction de l’homme libère des ensembles de virus inconnus pour lesquels aucun système immunitaire dans le monde vivant d’aujourd’hui n’est préparé (cf. Encadré). 

L’extractivisme, précisons le, ne consiste pas en la seule activité « d ’extraction » conçue dans le sens étroit de prélèvement de ressources, car pour être efficace, ou seulement opérant, l’extractivisme suppose la mise en place de  voies d’évacuation, de transport et de  circulation mondialisées. L’extractivisme requiert en effet d’immenses réseaux de transports (routes, voies ferrées, canaux, pistes d’atterrissage, pipe-lines, lignes à haute  tension, navires et cargos marchands spécialisés de divers types, etc.). Les confins de la planète sont ainsi reliés par ces voies de pénétration multiples – qui sont autant d’atteintes à l’intégrité des espaces naturels désormais artificialisés et implantés dans le globe.

L’ouverture de ces routes et conduits multiples modifie totalement les données de l’exploitation des ressources naturelles là ou elles sont extraites. Ainsi, au cœur des forêts détruites et éventrées pénètrent et s’entassent des flux ininterrompus de migrants – journaliers employés par les grandes multinationales de l’extraction mis en contact avec les populations indigènes encore isolées, comme avec ces populations d’animaux qui sont les foyers d’où essaimeront et se répandront les futures zoonoses. Ce pour ne rien dire du fait que les routes et pistes forestières spécialement créées pour donner accès aux ressources naturelles en forêt, en montagne, dans la toundra ou les tourbières sont ensuite utilisées par d’autres acteurs – attirés là par les infrastructures installées, pour tenter leur chance et exploiter d’autres ressources toujours plus loin dans les béances ouvertes par les grandes exploitations multinationales.

Ajoutons ici un dernier élément. La voracité de l’extractivisme – un phénomène ancien – est aujourd’hui décuplée et démultipliée par le niveau de puissance, sans précédent dans l’histoire de l’humanité – de la finance internationale[12]. L’avidité de la finance– le niveau de rémunération exigé par les détenteurs de capitaux et les actionnaires – le niveau de concentration du capital entre des mains restreintes (les fameux fonds de pensions et autres fonds de placement), ont atteint des proportions telles que ces nouveaux opérateurs industrialo-financiers sont capables en quelques années seulement d’imprimer des destructions irréversibles sur des espaces immenses. Que l’on songe par exemple au gaz de schiste. Lorsque, il y a quelques années, le pétrole a atteint le prix de 150 dollars le baril (en 2004), ouvrant ainsi un boulevard aux énergies vertes et renouvelables, car à ce prix tout investissement ou presque dans les énergies vertes devenait rentable, qu’ont fait la finance, les grandes banques d’affaires et les grands opérateurs de l’énergie ? Se sont-ils précipités pour – enfin – faire monter en puissance la production d’énergie verte ?  Que nenni !  La finance, les grandes multinationales de l’énergie se sont précipitées sur un nouvel hydrocarbure : le gaz de schiste ! Des investissements immenses sont ainsi venus prolonger l’extractivisme « classique » des compagnies pétrolières, en l’étendant et en lui donnant un nouveau terrain de jeu presque sans limite. Ainsi, en quelques années, les États-Unis, importateurs nets d’hydrocarbures depuis des décennies, sont devenus le premier producteur mondial d’hydrocarbures et un des principaux exportateurs de la planète, le tout au prix de gigantesques nouvelles et irréversibles destructions.

La voracité, la puissance des multinationales, appuyées sur une finance plus concentrée et plus destructrice que jamais, est ce qui caractérise la période que nous traversons.[13]. L’anthropocène, que nous avions désignée aussi sous le vocable de capitalocène défini comme l’âge dans lequel le capital et ses opérateurs (financiers comme industriels) ont pris la commande et le contrôle de l’extractivisme – a ainsi ouvert cette ère de destructions enchaînées et enchâssées les unes dans les autres, dans laquelle nous sommes aujourd’hui plongés.

Dans ces conditions on comprend pourquoi extractivisme et zoonose(s), zoonose(s) et mondialisation sont dans une relation étroite, intime, nécessaire[14].

*

Ainsi, et là est le point essentiel que nous voulions établir dans ce premier article, l’enseignement central de la crise ouverte par le SARS2 est que l’entrée dans l’anthropocène ne se manifeste plus seulement par un changement climatique dont les effets – à peine commencés – sont déjà catastrophiques. L’enseignement du SARS2 est que l’entrée dans l’anthropocène signifie aussi et tout autant l’entrée dans l’âge des zoonoses, dans l’âge de nouvelles  épidémies et pandémies « émergentes »  et à répétitions, celles ci pour certaines d’entre elles étant elles mêmes puissamment favorisées par le changement climatique. Zoonoses et changement climatique apparaissent ainsi comme  les deux grandes menaces aujourd’hui avérées, liées à l’entrée dans l’anthropocène.

C’est cette nouvelle situation durable qu’il faut désormais être capable de penser et pour laquelle, il faut concevoir et préparer – en matière de politiques publiques – les armes nécessaires.

[1] C. Bonneuil  « Capitalocène, réflexions sur l’échange inégal et le crime climatique ». revue EcoRev, 2017/1, n°44.

[2] idem C. Bonneuil précise encore: «…  en termes d’extinction de la biodiversité, de composition de l’atmosphère et de bien d’autres paramètres (cycle de l’azote, de l’eau, du phosphore, acidification des océans et des lacs, ressources halieutiques, déferlement d’éléments radioactifs et de molécules toxiques dans les écosystèmes…), notre planète sort depuis deux siècles, et surtout depuis 1945, de la zone de relative stabilité que fut l’Holocène pendant 11 000 ans et qui vit la naissance des civilisations. Dans l’hypothèse médiane de +4°C en 2100 (formulée par le GIEC), la Terre n’aura jamais été aussi chaude depuis 15 millions d’années. Quant à l’extinction de la biodiversité, elle s’opère actuellement à une vitesse cent à mille fois plus élevée que la moyenne géologique, du jamais vu depuis 65 millions d’années. Cela signifie que l’agir humain opère désormais en millions d’années, que l’histoire humaine, qui prétendait s’émanciper de la nature et la dominer, télescope aujourd’hui la dynamique de la Terre par le jeu de mille rétroactions. Cela implique aussi une nouvelle condition humaine : les habitants de la Terre vont avoir à faire face, dans les prochaines décennies, à des situations auxquelles le genre Homo, apparu il y a deux millions et demi d’années seulement, n’avait jusqu’ici jamais été confronté, auxquelles il n’a pas pu s’adapter biologiquement et dont il n’a pu nous transmettre une expérience par la culture. »

[3]  Les divers débats auxquels l’hypothèse de l’entrée dans l’Anthropocène a donné lieu  sont précisément discutés dans C. Bonneuil  et J.B Fressoz (2016) « Anthropocène. La Terre, l’histoire et nous ». On consultera aussi avec fruit  Andreas Malm (2017) « L’anthropocène contre l’histoire: Le réchauffement climatique à l’ère du capital «  (ed LA FABRIQUE), ainsi que Virginie Maris (2018)  La part sauvage du monde – Penser la nature dans l’Anthropocène (ANTHROPOCENE) du Seuil. Des lectures complémentaires utiles sont constitués par : Campagne Armel [2017], Le capitalocène, Aux racines historiques du dérèglement climatique, Préface de Christophe Bonneuil, Paris, Éd. Divergences. ; Malm Andreas [2016], Fossil Capital : The Rise of Steam Power and the Roots of Global Warming, New York, Verso. ; Malm Andreas [2017], « Nature et société : un ancien dualisme pour une situation nouvelle », Actuel Marx, Paris, PUF, 1er semestre, p. 47-63.

[4] La suite de cet article en présentant les formes particulières prises par l’extractivisme sous l’égide du capital et de la finance,  précisera en quoi et pourquoi l’anthropocène est bien un capitalocène. Le maintien des deux notions se justifie par la relation qu’elles entretiennent entre elle. En suivant P.J Crutzen (météorologie et chimiste, rappelons le) qui le premier a proposé le terme, on posera que l’anthropocène désigne bien un âge géologique nouveau – celui dans lequel les activités et productions humaines influencent de manière décisive l’évolution des grands écosystèmes de la planète. L’expression capitalocène désigne alors quant à elle les modalités particulières – sous l’action et la domination du capital – sous lesquelles ces écosystèmes sont percutés et altérés.

[5] Nous disons cette fois venu de Chine, car le H5N1 est né au Mexique, Ebola dans les forêts d’Afrique …

[6] SARS-CoV-2 est l’acronyme anglais de Severe Acute Eespiratory Syndrome Coronavirus 2) . Il s’agit de la désignation officielle du coronavirus 2, exprimé en français par le sigle  SRAS-CoV2, acronyme de  Syndrome Respiratoire Aigu Sévère.

[7]  Le chercheur scientifique  Bruno Canard s’est longuement exprimé sur ce sujet, pour regretter notamment que les travaux, qu’avec son équipe il avait engagé pour approfondir l’étude du SARS-CoV1 et tester des vaccins, avaient dû être interrompu. L’Union Européenne (comme au demeurant le CNRS et l’ANR…) sollicité pour financer la poursuite de ces travaux n’ont pas vu l’intérêt de poursuivre une recherche fondamentale sur un virus – même s’il faisait partie d’une famille – dont les effets dévastateurs annoncés, avaient somme toute été limités … Voir l’entretien donné par Bruno Canard au journal Le Monde « Face aux coronavirus, énormément de temps a été perdu pour trouver des médicaments » Le Monde, 29 Février 2020

[8] Le coronavirus du syndrome respiratoire du Moyen-Orient ou MERS-CoV (acronyme anglais de Middle East respiratory syndrome-related coronavirus, est le nom d’une variante de coronavirus hautement pathogène découvert en 2012 au Moyen-Orient, se caractérisant lui aussi par un symptôme de pneumonie aiguë, le syndrome respiratoire du Moyen-Orient.

[9]  Ainsi, un récent article de synthèse sur le sujet précise : « …60% des 1 400 agents pathogènes pour l’Homme sont d’origine animale et 75% des maladies animales émergentes peuvent se transmettre à l’Homme » Avec encore cette précision qu’« au sein des maladies émergentes, les zoonoses occupent une place particulière et leur importance tend à augmenter mécaniquement. La fréquence des maladies émergentes s’accroît depuis 1940 avec un pic dans les années quatre-vingt-dix (…). Entre 1940 et 2004, près de 330 nouvelles maladies infectieuses ont été découvertes, dont 60 % sont des zoonoses provenant à 70 % de la faune sauvage. » (Hélène Chardon, Hubert Brugère (2016) « Zoonoses au plan mondial, Enjeux et Perspectives » in La Revue Scientifique. Viandes et Produits Carnés, 13 novembre 2017.

[10]  Il semble que la première véritable zoonose  pandémique (et non simplement « épidémique ») a été celle du VIH Sida, dont les travaux les plus solides rapportent l’origine à des virus présents dans des grands singes d’Afrique qui se seraient transmis à l’homme.

[11]  Il est hors de portée de cet article de proposer une « quantification » des ressources objets de l’extractivisme. A titre d’illustration et pour faire toucher du doigt l’ampleur des phénomènes concernés, indiquons à propos de la seule déforestation que selon la FAO (en charge du comptage sur ce point),16 millions d’hectares de forêts disparaissaient annuellement sur Terre. Ce qui représente l’équivalent de la surface de l’Angleterre, ou encore l’équivalent en surface de 86 % de la forêt française qui disparaît chaque année. Sont principalement visées les forêts tropicales. Selon le dernier rapport du World Ressources Institute (WRI),  en 2018, près de 12 millions d’hectares de forêts tropicales ont disparu. Ce chiffre est en augmentation constante

[12] Alimenté et soutenu par la finance et la banque, l’extractivisme dans les dernières décennies a démultiplié ses champs d’opération. C’est ainsi qu’il se déploie désormais dans des domaines tels que :

– les ressources en eaux souterraines et superficielles (eaux minérales y compris)

– les ressources minières, pétrolières, gazière (gaz de schiste et de souche y compris),

– les ressources minérales (graviers, sable, pierre, argile…) et en métaux et métalloïdes (sous forme de nodules polymétalliques en mer),

– les ressources forestières (notamment en forêt tropicale et tout particulièrement en Amazonie), etc.

Le plus souvent un même milieu est soumis à plusieurs formes d’extractivisme qui vont cumuler leurs effets négatifs. Ainsi, par exemple, dans de nombreuses forêts tropicales l’extractivisme végétal (tourné vers l’exploitation d’une ressource particulière) voit ses effets écologiques, sanitaires et sociaux exacerbés par la collecte intensive de viande de brousse, l’orpaillage ou d’autres activités minières, pétrolières ou gazières qui en général se développent autour de l’activité d’extraction initiale.

[13] Ce point est rappelé avec force par C. Bonneuil (2017) dans un article spécialement consacré à ce sujet, dans lequel il est rappelé notamment que « Si toute l’activité humaine transforme l’environnement, les impacts sont inégalement distribués. 90 entreprises sont à elles seules sont responsables  de plus de 63 % des émissions mondiales de gaz à effets de serre ». Sur ce thème, voir aussi le récent ouvrage de J.-M. Harribey (2020), Le Trou noir du Capitalisme, ed Du Bord de l’Eau

[14] Sur les formes destructrices prises par la mondialisation libérale (au-delà du seul extractivisme) et le sens qu’ y revêt la pandémie du Covid, voir l’analyse proposée par L. Charles :  « Le Covid-19, révélateur des contradictions de la mondialisation néolibérale ». Note des Economistes Atterrés, mise en ligne sur le site des EA le 23 Mars 2020.

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Les Économistes Atterrés

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Mapear futuros alternativos

José Carlos Mota

Estas semanas de confinamento geraram muitas respostas coletivas importantes em prol do bem estar das nossas comunidades. Foram ações inovadoras e feitas com poucos recursos, num contexto muito difícil.

De norte a sul, do litoral ao interior, do continente às ilhas, são muitos os exemplos inspiradores no cuidar dos idosos, na fabricação de equipamentos médicos, na logística ao domicílio, na produção e venda local, no sentido de vizinhança, na digitalização de serviços, no trabalho e ensino à distância e nas ofertas culturais.

Semanas loucas

Estas atividades mobilizaram milhares de voluntários, abriram as instituições, colocaram organizações a falar umas com as outras, horizontalizaram relações, aproximaram os poderes dos cidadãos. Nestas semanas loucas, experimentámos um “futuro alternativo” sempre julgado impossível.

Mapeamento e análise

Há o risco de muitas dessas respostas desaparecerem por falta de apoio ou pela mudança do contexto de exceção. Tendo em conta o seu carácter inovador e o seu potencial de transformação e aprendizagem, talvez se justifique um esforço coletivo de identificação, mapeamento e análise das práticas promovidas no país e nas nossas comunidades.

Construir uma agenda

Neste sentido, pretendemos convidar-vos a produzir um mapeamento colaborativo destes “futuros alternativos” e a partir desse trabalho iniciar a construção de uma agenda de temas e preocupações comuns. Esta agenda poderá gerar dois tipos de consequência: encontros de reflexão temáticos ou alertas para a necessidade de apoio a algumas das ações inovadoras identificadas.

Mostrar alternativas

Nestes tempos turbulentos que se aproximam, mais do que sugerir um caminho desejável é importante mostrar que há várias alternativas possíveis…

Se quiserem colaborar, enviem mensagem privada ou um e-mail para jcmota@ua.pt ou achataacurva@gmail.com

O desenho que partilhei é de David Perez Garcia feito para o projeto https://www.grigriprojects.org/…/taller-manifiesto-de-fut…/…
Grigri Projects

Achata a curva
Vizinhos de Aveiro – Grupo Cívico de Apoio – Covid19
Laboratório de Planeamento e Políticas Públicas – L3P
Fórum Cidadania e Território

De sorriso nos olhos

José Alberto Rio Fernandes

A caminho do desconfinamento, vamos despertando para um “novo normal”. Andaremos alguns meses relativamente afastados uns dos outros, mas, ao mesmo tempo, seguimos juntos!
Teremos regras. Fala-se até de limitações no acesso à praia. Inimaginável! Todavia, compreensível. Ainda que pareça complicado, dada a extensão da nossa costa: 800km só na parte continental!

Preparar o regresso

É bom haver regras. E planeamento. Também nas cidades, preparando-as para o nosso regresso, em condições que promovam o afastamento, ou seja, o nosso bem-estar. Ainda que o essencial seja o civismo e nada substitua a capacidade de cada um de nós respeitar o espaço do outro e as indicações que o Governo, a DG de Saúde e a Câmara Municipal nos façam chegar.

Como contributo, modestíssimo, seguem sugestões a esse planeamento, a precisar de afinação e desenvolvimento:

Empregadores
– Os grandes empregadores (ou suas associações) poderiam, talvez, além de favorecerem o tele-trabalho (sempre que possível e de preferência parcial), alargar os horários de serviços essenciais e, em articulação entre si, coordenar horas de entrada e saída diferentes, fazendo com que as “horas de ponta” sejam “achatadas”, facilitando assim a possibilidade das pessoas não se juntarem nos transportes públicos, evitando também as filas de automóveis;

Municípios
– Os municípios poderiam definir sentidos únicos de circulação a pé nos passeios, sempre que sejam estreitos (como já vi fazer na Régua), reforçar a pedonização de ruas e considerar, já, um aumento significativo do espaço de estar e de repouso para as pessoas, em praças e jardins, sem esquecer a salvaguarda do espaço de passagem.
Mas, o que vai ser essencial mesmo? O nosso civismo! De máscara na boca e nariz e, se possível, de sorriso nos olhos!

José Alberto Rio Fernandes (JN 29Abril2020) – reprodução da crónica com autorização do autor.

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