Reconhecimento, emoção e festa na homenagem a Oliveira Baptista no ISA
Oliveira Baptista criou uma dinâmica de escola em torno do seu pensamento e do seu modo de agir tão peculiar. Ou seja, fez escola. Há uma autêntica COMUNIDADE de influenciados e de seguidores que vão para além do ISA- Instituto Superior de Agronomia onde foi prestada uma homenagem sentida e recheada de surpresas. Houve discursos, testemunhos, música, apresentação do livro de homenagem e cante alentejano. No final um moscatel galego fez as honras do beberete que juntou em boa cavaqueira amigos, colegas,alunos e figuras públicas e do movimento associativo ligado ao desenvolvimento local e rural.
A obra e as características pessoais de Fernando Oliveira Baptista foram abordadas de forma rigorosa mas também muito afectiva e descontraída, O humor dos intervenientes fez jus ao reputado humor do homenageado que não deixou de trazer à conversa na sua intervenção final a prática do futebol numa idade que faz inveja a todo e qualquer desportista.
Ferando Rosas, Joaquim Pais de Brito, Maria João Canadas, João Lima Santos; Francisco Avillez, Orlando Rodrigus e muitos outros recordaram as referências teóricas centrais do professor catedrático (a transição rural; a economia de resistência, as novas categorias de análise, o rural de baixa densidade, etc) e histórias vividas logo a seguir ao 25 de Abril quando o homenageado exerceu o cargo de Ministro, para muitos o ministro da reforma agrária (única e curta, nas palavras de Fernando Rosas). Joaquim Pais de Brito o antropólogo rendido à economia e à sociologia rural depois do seu regresso de Paris depois do 25 de Abril, relatou cenas inesquecíveis que remeteram para “barrigadas de riso numa aldeia” a “sindicatos de contrabandistas a pedirem apoio para a respectiva formalização”.
Fernado Baptista por sua vez reafirmou que “não de seve simplificar o essencial”, a ética e os valores não podem ser ajustados a versões simplificadas e alertou para os posicionamentos desajustados daqueles que passam a vida a imaginar o futuro em vez de imaginarem os meios para o mudar!
Se há algo que foi confirmado nesta homenagem no belíssimo Pavilhão das Exposições do ISA foi a força e o valor científico e afectivo do conceito de COMUNIDADE.
Carlos Ribeiro, 30 de maio de 2018 – Ajuda/Isa