Skills ou PC?
EDUCAÇÃO DE ADULTOS | Sem PC não há nada para ninguém!
por Carlos Ribeiro – Caixa de Mitos
A encomenda que é feita aos sistemas de educação-formação nos nossos tempos é clara como água: preparar os adultos para o emprego e para as necessidades das empresas embrulhando as ações a realizar ou realizadas numa espécie de grande meta coletiva denominada empregabilidade.
Empregabilidade é, recorde-se, a disponibilidade para todo e qualquer adulto ou jovem ser mobilizado pelas empresas ou outras organizações empregadoras, quando e como elas quiserem. Soit disant a vontade de empregar não dependeria dos empregadores mas antes da economia.
Estamos perante um conceito pré-militar que as organizações para -militares bem conhecem, com continência a reforçar: SEMPRE PRONTO!
O sistema de educação-formação está alinhado com o objetivo da competitividade das empresas e dos negócios e prossegue o trabalho normativo e normalizador da formação inicial enquadrando os adultos em processos de aprendizagem escolarizados que omitem as diferenças profundas e radicais que existem entre o adulto que tendo cessado uma participação escolar aprende agora a partir de experiências e tendo em conta a sua experiência peculiar.
O modelo escolar transferido para a salas de formação e de educação de adultos é profundamente discriminatório porque coloca o adulto em situação de relação com o conhecimento num quadro desfavorável e inapropriado (anti-andragógico) e ainda por cima etiqueta as abordagens nesse campo com o conceito de competências e consequentemente manipula os adultos num terreno que exige ação, mobilização de recursos e demonstração concreta de um processo combinatório visando a resolução de problemas. Ou seja vende-se gato por lebre.
O que pode ser feito para colocar a educação de adultos e a ALV ao serviço do desenvolvimento sustentável e humano e não apenas ou principalmente do mercado e das empresas?
A primeira linha de atuação é assumir que mais vale um PC na mão que muitos skills a voar!
Sendo aqui PC as iniciais de PENSAMENTO CRÍTICO e de rotura com a educação-formação normativa e controladora no plano ideológico e social.
A segunda linha de atuação passa por estruturar a participação ativa dos adultos em iniciativas e causas locais, impulsionando processos de educação-ação e de educação comunitária que facilitem as aprendizagens de cada um dos participantes em função das suas opções e preferências e prioridades na própria vida.
Duas linhas de atuação que justificam aprofundamento, em próximos capítulos.
Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos – 10 de junho 2021