Não vamos parar!

Carlos Ribeiro | Praça das Redes | 27 de Março de 2020

Se fosse possível assinalar a cores, no espaço aéreo, todas as ligações que a comunicação a distância está a estabelecer entre as ilhas da Região Autónoma dos Açores para assegurar a continuidade das actividades de educação e formação de adultos em todos os territórios ilhéus, teríamos uma gigantesca tela colorida com 9 nove pontos capitais e inúmeros pólos dispersos correspondentes à casa dos formadores, animadores, técnicos, coordenadores e claro às casas dos próprios formandos.

Novas turmas

Meteram mãos-à-obra rapidamente e anunciam de forma clara e sem hesitações “A Rede Valorizar iniciou hoje dia 24 de março, no Faial, mais uma turma de RVCC de nível Secundário, a decorrer totalmente à distância. Não vamos parar”. Mas não é caso único, o anúncio repete-se para S. Miguel “A Rede Valorizar iniciou hoje, em São Miguel, mais uma turma de RVCC de nível Secundário, a primeira a decorrer totalmente on-line”.

Terceira

Entretanto na Terceira, aliás como ocorre nas restantes ilhas, a Profissional de ORVC Manuela Oliveira realiza uma reunião, via skype, com os utentes da Graciosa que, dentro de poucos dias, irão participar numa sessão de certificação de nível Secundário à distância.

Não vamos parar. Este é o slogan colectivo que todos os membros da equipa assumem como seu transmitem, desta forma, entusiasmo e motivação à população da Região para as tarefas da educação e da qualificação mas também para as acções a empreender para fazer face às condições adversas criadas pelo COVD-19..

Teletrabalho com crianças em casa é um mito

Carlos Ribeiro | Praça das redes | 27 de Março 2020

Sónia Fernandes não tem mãos a medir. Formadora no Centro Mais de Fafe, o Centro Qualifica que abarca as várias frentes de trabalho da AEFAFE- Associação Empresarial de Fafe, de Cabeceiras de Basto e de Celorico de Basto e de vários parceiros locais, Sónia deu-nos nota da sua atitude antecipatória face às iniciativas a promover no novo contexto de actuação do dispositivo fafense. Revelou-nos que a condição de formador na actual situação está longe de ser pera doce. Os desafios são muitos.

Gerir o tempo

“Já estamos a antecipar e a problemática do COVID-19 está a ser trabalhada pelos meus adultos em vários domínios/núcleos geradores” afirmou, logo no primeiro contacto que estabelecemos com a Equipa Qualifica há uma semana. Alguns dias passados debate-se agora com a gestão do seu tempo atendendo ao facto de estar em casa com os filhos que mobilizam permanentemente a sua atenção. 

Desmoralizar, nunca!

“Para além do meu trabalho tenho que estudar com o meu filho mais velho e necessariamente brincar com ele e com o mais novo. E, importa referi-lo, restam ainda as tarefas domésticas que é preciso realizar no dia-a-dia” desabafa, numa constatação que não a desmoraliza, nem a diminui no seu desempenho, mas a coloca numa posição de procurar as melhores soluções para enfrentar todos os desafios a que está sujeita.

Situação paradoxal

 “Não reduzi as minhas tarefas profissionais, pelo contrário, tenho que orientar os meus grupos do Qualifica, preparar materiais para a escola, realizar avaliações, participar em reuniões, orientar e acompanhar os meus alunos dos meus 2 ATL/centro de estudos, tudo online e com duas crianças. São vários campos de actuação que devo agora realizar a partir de casa. Confesso que estou a chegar à conclusão que o teletrabalho, com crianças em casa, é um mito, é um sentimento constante de que não estou a dar o apoio necessário aos meus filhos porque tenho de trabalhar e, por outro lado, que no trabalho não consigo ser produtiva porque tenho de dar atenção às crianças“ conclui, numa auto-avaliação muito em cima do acontecimento e que poderá ser aprofundada em tempos mais próximos, quando tiver algum tempo para parar, respirar e pensar.