O que vai mudar na economia local?

Praça das redes | 30 de junho 2020 | Fonte : site Futuros Alternativos

O QUE PODE MUDAR NA ECONOMIA LOCAL DEPOIS DO PERÍODO DE CONFINAMENTO IMPOSTO PELA PANDEMIA COVID-19?

  • O domicílio vai passar a estar no centro dos serviços e do comércio local?
  • Novos  serviços às pessoas e às empresas prestados através de plataformas e de sistemas logísticos de base local vão ser dominantes no futuro?
  • A cooperação entre pequenos produtores na comercialização dos seus produtos locais e a sua relação direta com os consumidores podem afastar as multinacionais agroalimentares da sua posição dominante?
  • A reformulação da economia local pode ter impacto no modelo vigente da economia global?

Estas e outras  interrogações estarão no centro do debate com os dinamizadores de experiências  solidárias recentes nestes domínios que irão participar num dos primeiros momentos de reflexão pública no quadro de um ciclo de debates on-line que se inicia com o tema das «Redes de Apoio à Economia Local». O evento, com transmissão na página https://www.facebook.com/futurosalternativos, irá ocorrer  no próximo dia 1 de julho, entre as 19:00 e as 20:30 com o objetivo de compreender:

  • Que contributo indispensável trouxeram os projetos solidários surgidos durante o confinamento?
  • O que se vai perder se esses projetos desaparecerem?
  • Que semente de «futuro alternativo» eles contêm?

A sessão terá como participantes

A moderação será feita por Carlos Ribeiro da Caixa de Mitos e José Carlos Mota da Universidade de Aveiro e a Maria Isabel Lima será a relatora das conclusões.

Mais informação: https://www.facebook.com/events/628879071063470/

O QUE JUSTIFICA ESTE CICLO DE DEBATES?

A situação excecional de confinamento provocada pela pandemia Covid19 gerou respostas coletivas indispensáveis ao bem estar das comunidades, feitas com poucos recursos, num contexto de emergência social.

Em Portugal, foram muitos os exemplos inspiradores no cuidar dos idosos, na logística ao domicílio, na produção e venda locais, no sentido de vizinhança, na digitalização de serviços, no trabalho e ensino à distância e nas ofertas culturais. Estas atividades apelaram a diferentes formas de colaboração, mobilizaram milhares de voluntários, abriram as instituições, colocaram organizações a falar umas com as outras, horizontalizaram relações, aproximaram os responsáveis públicos dos cidadãos.  

Nestes últimos meses, experimentámos  “futuros alternativos” tantas vezes anunciados, mas nunca concretizados. Naturalmente, algumas das iniciativas irão desaparecer pela natureza da resposta e mudança do contexto. No entanto, outras, válidas e essenciais para as comunidades, correm o risco de desaparecer por falta de apoio.

O projeto «Futuros Alternativos» (https://futurosalternativos.com/ | https://www.facebook.com/futurosalternativos/) desenvolvido a partir das experiências Frena La curva e Achata a Curva (https://frenalacurva.net/ &  https://achataacurva.com) visa procurar registar, mapear e analisar as práticas promovidas no país e em cada uma das nossas comunidades, com o objetivo de criar conhecimento, organizar reflexões e produzir recomendações para a atuação do poder público e da sociedade civil. Apesar do enfoque nacional, este esforço articula-se com iniciativas internacionais promovida a partir de Barcelona (https://www.solivid.org/) e está na linha do debate europeu que a European Sociological Association está a promover (https://www.europeansociology.org/about-esa-2021-barcelona/theme).

Nas próximas semanas serão realizados mais dois encontros:

  • 8 julho – Desafios do Cuidar: Redes de vizinhança surgidas no confinamento
  • 15 julho – Desafios do Digitalizar: As rede de apoio ao tele-ensino, tele-informação e tele-arte surgidas durante a pandemia covid19

Futuros Alternativo

Comunidade Futuros Alternativos

Email: futurosalternativos.geral@gmail.com

O monge trapista e a Teams do arquipélago

Nostradamus açoriano que engole os sapos do vírus, o pivô da Valorizar convida-nos para o acompanharmos, num percurso vivido ao ritmo do Missão Impossível II, numa visita guiada aos Trabalhos de Hércules da COVID19-Açores. Informáticos instalam sistemas e infraestruturas de comunicação na noite de domingo, psicólogos alimentam linhas de apoio em regime de call-center, formadores dão peito às enxurradas de PRA e ficam sem mãos para medir as sessões de certificação a distância, novos GPS da qualificação emergem do nada, que mais pode acontecer?

“No início de março desse ano, num jantar em casa de amigos, falava-se de um vírus que vinha da China. Eu, do alto da minha sabedoria, sentenciei que não havia motivos para preocupação, o vírus, quando chegasse à Europa, encontraria uma população bem alimentada, com água canalizada e ótima rede de esgotos. Portanto, não faria grande mossa. Desde então, como penitência, tenho vivido silencioso como um monge trapista.

Sob o meu otimismo inicial caiu uma tempestade, poucos dias depois, que nos obrigou, não de um dia para o outro, mas antes da manhã (quando surgiu o primeiro caso nos Açores) para a tarde, a nos recolhermos em casa. Em termos profissionais não foi uma boa experiência, mas poderia ter sido muito pior.

Mãos à obra na DREQF

A Direção Regional do Emprego e Qualificação Profissional, onde trabalho, fez como os pescadores: aviou-se em terra. Somos, há anos, um serviço com certificação ISO, o que foi fundamental, pois com processo de trabalho bem mapeados tudo é mais fácil, estejamos a trabalhar no gabinete ou na nossa sala de jantar. A par da qualidade, investimos muito em tecnologia, criando uma rede informática sólida e bem desenhada. No momento de ir para casa, bastou levar os computadores, sabíamos o que tínhamos de fazer e acabamos por perceber que muito desse fazer já era imaterial. A cereja no bolo foi o Teams, fresco entre nós de poucas semanas, e que transformou os nossos esforços pessoais num trabalho de equipa.

Funcionário público

Outro facto importante foi descobrir que os momentos de crise revelam realmente o melhor de nós (se há um pior, ainda estou por encontrar). O corpo de trabalhadores tornou-se numa equipa esforçada, disponível e voluntária. Ninguém reclamou, todos cerraram os dentes e avançaram. Nunca tive tanto orgulho de ser funcionário público.

Foi um tempo de homens e mulheres bons. A equipa de informática da minha Direção Regional montou, quase da noite para o dia, um espaço, com a devida infraestrutura de comunicação, para funcionar uma das linhas de apoio telefónico COVID-19 do Governo dos Açores. Corrijo, não foi quase da noite para o dia, foi mesmo da noite para o dia…de um Domingo. Psicólogos voluntariaram-se para o trabalho, dentre eles dois da Rede Valorizar.

Intensidade redobra

Na Rede Valorizar temos dois grandes eixos de trabalho: os processos de RVCC e a formação. O RVCC não exigiu uma mudança profunda, pois já era realizado em boa parte a distância. O que mudou não foi a prática, mas a intensidade. Muitos dos nossos utentes também estavam confinados e, por conseguinte, passaram a dedicar-se com afinco aos seus portefólios. Foi uma enxurrada de PRAs. A pandemia, ironicamente, aumentou a produtividade dos grupos. As sessões de certificação a distância, via Teams, tornaram-se quase diárias. Pela primeira vez os formadores confessaram não ter mãos a medir. Temos 150 adultos em processo de RVCC.

Formação reformulada

A formação presencial é um desafio muito mais difícil e complexo, que foi sendo vencido como a sopa quente: pelas bordas. Novamente a nossa certificação da qualidade e as suas exigências em termos de desenho de projetos muito ajudaram.

Sabíamos, desde o início, o que não podíamos fazer. Formação a distância não poderia ser simplesmente formação mediada por um computador com câmara e acesso à Internet, era preciso dar um salto. O primeiro algo mais que criamos foi o que batizamos de Roteiro de Atividades, onde sintetizamos toda a planificação da formação, incluindo os seus conteúdos, objetivos, planificação, sessões síncronas e assíncronas, avaliação, … Um documento não para ser arquivado no dossiê técnico-pedagógico, mas uma ferramenta pronta para ser utilizada ativamente pelos formandos ao longo da formação, como se fosse um GPS da qualificação. O segundo passo foi reformular todos o material didático. A Rede Valorizar sempre teve manuais próprios, criados pelos seus formadores. Chegara a hora de desmontá-los e torna-los adaptados à formação a distância. Por fim, foi definir a plataforma que iríamos utilizar e, nesse aspeto, a palavra de ordem foi os formandos é que mais ordenam. Optamos, no geral, pelo Classroom e pelo Meet, mas há grupos que preferem o Teams, enquanto outros funcionam muito bem com o bom e velho e-mail.

Partilhar informação e equipamentos

Tudo que estamos a produzir vamos partilhando paulatinamente na nossa página do Facebook.

A primeira experiência piloto foi com o Inglês, mais precisamente as UFCD de LEI e LEC. Temos, presentemente, 88 formandos a distância, das ilhas São Miguel, Santa Maria, Faial, Pico, Graciosa e São Jorge. Mais 44 estão à espera do início de mais turmas. No dia 6 de julho iniciaremos as primeiras turmas de Cursos ABC para o 3.º ciclo. Não sabe o que é um Curso ABC? Precisa mesmo de nos visitar no Facebook.

Os adultos, desde que tenham competências digitais básicas, de uma maneira geral aderem bem à experiência. Competência digital e um toque da imprescindível criatividade lusitana. Temos uma mãe, por exemplo, com dois filhos, alunos dedicados da telescola, e apenas um computador em casa. As aulas de Inglês ela tem acompanhado pelo seu telemóvel, com sucesso, é preciso acrescentar.

Desafio

Mas se estamos a vencer algumas batalhas, outras são de resultado incerto. Os adultos com baixa escolaridade e sem competências digitais são um público difícil de atender por meio da formação a distância. Como é que se ensina alguém a ler e a escrever por meio de um computador, se este alguém nem sequer sabe usar um computador ou, não raramente, nem sequer tem um computador? Aceita-se sugestões”.

Quem te envolve, teu amigo é!

@ Praça das Redes | 29 de junho 2020 | APCEP

Está aí a segunda ronda da literacia familiar e comunitária. Sucesso, insucesso, prevenção, aprendizagem, pais, comunidade, são muitas as variáveis presentes numa problemática que a ação de formação promovida pela APCEP está a agitar. Trata-se antes de mais de motivar os técnicos e as famílias para uma abordagem integrada que, para além de eficaz seja solidária, ou seja, que reforce o laço social e promova mais coesão na sociedade portuguesa.

Num primeiro encontro realizado no passado dia 23 de junho os participantes na ação de formação em literacia familiar e comunitária foram convidados a refletir sobre o problema, sobre as suas causas e ainda sobre os elementos determinantes para a sua potencial resolução, no caso, o envolvimento familiar e comunitário. Uma segunda sessão está agora agendada para dia 30 entre as 17h30 e as 20h00 para aprofundar o tema e apoiar a construção de soluções.

Realizado o estado da arte e clarificados alguns conceitos-chave como o “aluno em insucesso” trata-se agora de definir a direção a seguir para que os objetivos sejam atingidos, ou seja, ir ao encontro dos dispositivos preventivos e antecipatórios que podem facilitar o combate ao insucesso e à iliteracia.

Nesta segunda sessão a primeira temática de aprofundamento será a da intervenção precoce cujo desenvolvimento é recomendado para a fase crucial que medeia entre a creche aos primeiros tempos do 1º ciclo.

Outros temas como “aprender em contexto de lazer” e “literacia familiar” terão um enfoque muito significativo nas estratégias e nas metodologias relacionadas com o envolvimento dos pais e da comunidade.

INSCRIÇÕES NA AÇÃO DE FORMAÇÃO

Artigo na Revista Aprender

© foto Revista Aprender

O vigarista-mor

@Praça das Redes | Helder Costa, Dramaturgo | Opinião

Não, o Trump não merece a palavra mentiroso; esta doce e branda designação que é usada para corrigir os “jogos” infantis. Neste caso, trata –se de um vigarista, ladrão, esclavagista e genocida.

A ultima jogada foi dizer que o Lincoln do partido Republicano é que tinha acabado com a escravatura. É verdade, mas a história é outra.Abraham Lincoln venceu as eleições presidenciais de 1860 defendendo o fim da escravatura. Em 4 de fevereiro de 1861, nasceu uma união política com sete estados do Sul dos Estados Unidos (Carolina do Sul, Alabama, Mississippi, Geórgia, Flórida, Texas e Louisiana), agrários e esclavagistas com o nome Confederação. Um mês depois, em 4 de março de 1861, Abraham Lincoln tornou-se o novo Presidente dos Estados Unidos , e então começou a guerra que durou de 1861 a 1865 e custou 750.000 mortos.A Confederação perdeu a guerra.

Lincoln confirmou o fim da escravatura. Mas a História não acaba aqui. Seis dias depois de tomar posse, foi assassinado. REPITO: 6 DIAS!A escravatura continuou nesses Estados do Sul e só começou a ceder relativamente durante as lutas dos anos 60, cem anos depois, com mortes e perseguições de que se salientam os irmãos Kennedy e Luther King.Mas o espírito e os ódios da Confederação continuam bem vivos e renasceram com o estímulo e apoio deste criminoso que mancha indelevelmente a bem frágil democracia Norte Americana

A flautista andragógica

@Praça das Redes | 22 de junho | Com Dina Soeiro | Editado CR

Se a cruzarem numa das entradas da ESEC, Escola Superior da Educação de Coimbra, certamente não a verão a tocar flauta. Mas para navegar em tempos de COVID-19 o instrumento musical pode da jeito. E é com música que, com a Dina Soeiro, vamos explorar mais uma História de Navegadores Confinados.

A atividades formativas visando a alfabetização de adultos quando programadas na base de metodologias ativas põem os participantes a mexer, a interagir e a construir em conjunto, segundo Dina Soeiro. Estas abordagens, no entanto, implicam espaço e uma logística adequada.  A biblioteca da Escola Técnico Profissional de Cantanhede onde foram realizadas as primeiras sessões, apesar da inspiradora companhia dos livros, tornou-se demasiado pequena. Os anfitriões e parceiros locais do projeto Letras para a Vida, arranjaram rapidamente alternativa.

Covid-19 anula o bar

Vamos para o bar! Assim foi divulgada a solução encontrada, um espaço que encaixava muito bem com o perfil de outras atividades do projeto como as Oficinas de Letras, as Teclas e Músicas Prá Vida para além dos próprios Copos Prá Vida! Mas o COVID-19 chegou a Portugal e a formação foi suspensa. 

A saúde está primeiro

“As oficinas foram suspensas! E agora? E agora? Não acredito! Estávamos tão entusiasmados por iniciar a edição de primavera do Letras! Mas o importante é a saúde” lamentou-se na ocasião de forma responsável Dina Soeiro. E, consequentemente, foram todos para casa.

O telefone, toca

“Começámos a ligar para saber se os participantes das oficinas estavam bem. Como está? O que precisar, já sabe, é só dizer.  E não é que, passados alguns dias, os telefonemas foram no sentido inverso” recordou a Coordenadora do Letras.

Os netos aos quadradinhos

“Era só para dizer que está tudo bem! Estou um bocado aborrecida, os meus netos dizem que não podem cá vir, mas não se preocupe comigo. Valeu bem a pena ter aprendido a vê-los no telemóvel. Agora até os vejo mais! Vejo-os todos os dias no quadradinho!” confirmando assim, a autora do telefonema, que o distanciamento físico era uma realidade, mas o social, nem por isso!

Abraços no Zoom, só na imaginação

Mas para Dina Soeiro as surpresas estavam apenas no início. “Na aula da noite, as trabalhadoras-estudantes estavam de rastos. Conciliar os estudos e o trabalho nos lares, se já era difícil no passado, ficou agora quase impossível. Mesmo a distância, senti o peso esmagador da sua carga emocional e física.  Se estivesse numa aula presencial, tinha-lhes dado um abraço. Não é coisa que ponha no sumário, mas é coisa essencial. A zoomar não consegui. Pedi a uma delas, flautista, que nos oferecesse um momento bonito, com a sua música. Ela, generosa, fez com que a distância, nessa noite, fosse menos distante”.

Um equilíbrio desequilibrado

“É a gestão possível, muito para além de pedagógica ou andragógica, de um equilíbrio muito delicado entre medo, exaustão, esperança e desejo de continuar a viver, a estudar e, para algumas delas, cumprir o sonho de tirar o curso superior que tanto querem.

Está a terminar o semestre, o sonho destas mulheres vai-se cumprir, a formação vai continuar, talvez só em setembro, talvez só a distância, as oficinas vão voltar, não sabemos quando, mas vamos voltar” concluiu Dina com o otimismo que a carateriza.

Leitura abre portas a melhor futuro

Fonte APCEP | @pracadasredes

A interrogação inicial por que é que muitas crianças dos meios populares têm insucesso à entrada para a escola e/ou não aprendem a ler? é o ponto de partida para a realização da ação de formação que a direcção da APCEP – Associação Portuguesa para a Cultura e a Educação Permanente vai dinamizar, com a denominação Pais e Filhos em literacia, em junho e julho do corrente ano.

A iniciativa formativa é apresentada nos seguintes termos:

“Neste encontro de formação de 10 horas, divididas em 4 sessões, vamos debater o problema do (in)sucesso escolar e o papel que a comunidade e a família podem aí desempenhar num período de confinamento, ou de lazer, ou de férias escolares, para crianças originárias de famílias de baixas qualificações escolares.

Ajudar as crianças

Procura-se, inserido em atividades de lazer (objetivos: descansar, divertir, desenvolver), mas também de tempo de estudo em casa, ajudar as crianças a fazer um projeto pessoal de leitor (criar a necessidade e vontade de ler, desenvolver representações sobre a funcionalidade da leitura e da escrita, desenvolver concetualizações sobre leitura e escrita) e envolver a comunidade para a intervenção dos encarregados de Educação.

Objetivos das sessões

Ao longo das sessões vamos:

  1. Compreender o problema de forma fundamentada
  2. Identificar formas de atuar de modo a atingir os objetivos
  3. Desenvolver atividades
  4. Criar um projeto de intervenção

Organização e inscrições

As ações de formação realizam-se através de Webinário ZOOM e terão lugar às terças-feiras, no horário mais votado a escolher até 20 de junho :

  1. Entre as 9:30h e as 11:30h  ou
  2. Entre as 17:30h e as 19:30h

Dias 23 e 30 de junho e 7 e 14 de julho.

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1V8mAt_xOU1-Ul8edUJqp1RrBFmGMRqwl5m4ZMUomdgo/edit “

Foto © Barco Biblio (Laos ) site Vai Lendo

Optimismo e pessimismo

Por Helder Costa, dramaturgo | Opinião | 18 junho 2020

É fascinante ver a alegria indisfarçável com que o analista (ou His master voice) da Sic anuncia a inevitável bancarrota de Portugal (só faltam os Vampiros do Zeca).

E alegria, porquê? Porque essa gente sabe e cultiva más notícias – ou previsões, ou desejos -, para espalhar o Pessimismo. E com essa carga negativa, surgem o Medo, a Descrença, e as pessoas estando mais inseguras, são mais manipuláveis.

Recentemente surgiram umas vozes amaldiçoando o anátema dito “ marxismo cultural”. Pois, o Marx tem as costas largas, mas deixem o Homem em paz. Se querem perceber um pouco da História do pensamento progressista, podem começar pelo Demócrito, “ o Filósofo que ri”, Epicuro, “ O elogio da Loucura” de Erasmo, “Utopia” de Thomas More, mais recentemente “ O nome da rosa” de Umberto Ecco onde assassinatos num convento surgiam porque era preciso eliminar páginas que elogiavam a alegria num livro clássico…

Estas breves referências servem para referir o Optimismo como arma de transformação social e cultural. Curiosamente, surgem várias frases que tentam travar essa reacção Emocional…” “muito riso, pouco siso”, “são jovens, não pensam” ; o mais interessante é que esses comportamentos até têm a sua dose de verdade. E são mais frequentes nos jovens, mais afectivos, directos e de fácil indignação. E por isso, dispostos a arriscar nas lutas difíceis. Recordo os movimentos estudantis dos anos 60, surgiram quando se percebeu que o Pessimismo tinha sido o caldo cultural alicerce do nosso Fascismo de 48 anos. E a juventude dos “Capitães de Abril”, as várias lutas contra a guerra Colonial…

Fernando Pessoa escreveu “ se o coração pudesse pensar, parava” . Felizmente , o coração está bem vivo para nos insuflar de Optimismo, e também não se perde nada em pensar um bocadinho….

Termino com uma convicção : “ O Humor é a seiva do Revolucionário”

O milagre dos quinze da Unesco

Etelberto Costa, junho 2020 | EU LLLPlatform pool of experts | Editado Carlos Ribeiro

Na Comunidade de Prática que estruturámos para nos apoiarmos uns aos outros, na área da educação de adultos, fomos conversando sobre situações insólitas e exigentes que tivemos de ultrapassar. Vamos dar voz a quem as viveu na rubrica Histórias de Navegadores Confinados hoje com o Etelberto Costa, Embaixador EPALE e ativista da aprendizagem ao Longo da Vida apoiada nas soluções digitais| CR @praçadasredes

“As escolas vão fechar!Foi logo a 12 de março que se percebeu que o movimento premonitório de muitos pais, professores, formadores e outros agentes do conhecimento ia acelerar e ganhar força.  Prolongou-se afinal por mais de 60 dias e ainda hoje, chegados a junho, se está numa de sim, mas talvez. É minha convicção que agora cada um deve assumir o patamar de risco em que quer estar. Numa iniciativa de massas ou numa reunião de 6 pessoas. Há para todos os gostos!

Abrir canais de comunicação

O primeiro passo foi bem percebido por todos e todas: abrir canais de comunicação entre alunos, formandos, professores e formadores. Naquele movimento procurei ser prestável no grupo ad-hoc criado no facebook E-Learning apoio que conta hoje com 29.000 membros e, naquela situação inicial,  apoiar a partilha de pensamentos e de experiências no #eagoraead promovido pelos Professores da Universidade Aberta António Teixeira e José Mota.

Produzir opinião, apontar experiências, sublinhar práticas com resultados, indicar produtos e casos, colaborar nas tomadas de posição e na missão da plataforma europeia da Aprendizagem ao Longo da Vida, foram as preocupações centrais daquela fase.   .

Traduzir Unesco em grupo

Nesta dinâmica colaborativa animei a criação de um grupo ad-hoc para se traduzir o primeiro manual editado pela Unesco sobre a experiência chinesa de Ensino a Distância já em situação de pandemia. Podem encontrá-lo na Praça das Redes com a denominação Manual de apoio à aprendizagem flexível. Um trabalho colaborativo que juntou, num objetivo comum, mais de 15 profissionais do conhecimento que vão desde os que trabalham com a infância, aos de ensino superior, passando pela educação de adultos. Uma comunidade que continua a funcionar e reunir trocando práticas e ideias. Podem ler sobre isto o artigo A necessidade aguça o engenho, o trabalho em rede faz o resto. Quando o trabalho é feito a várias mãos e resulta, fica-se muito mais feliz.

Guardar as sementes

E ler, ler muito e partilhar ideias. Olhem esta que me chegou no dia em que escrevo, um comentário de Stephen Downes ao artigo Reopening school: what it might look like cuja  autora é Jennifer Gonzalez publicado na Cult of Pedagogy em maio 2020 “a autora aflora a questão óbvia: o que se produziu em emergência Covid19 não é de deitar fora, porque representa muito de trabalho, suor e aprendizagem feita de fazer. Não! É semente que fica e que serve como backup mas também para fazer o caminho inverso de se colocar ao serviço do ensino presencial num percurso que tem sido feito de paralelas e que muito ganhará se for feito de confluência e colaboração!”.

Foto ©etelbertocosta

O Atlas dos Insetos

Praças das Redes | Fonte_ © 20 Minutes | 10 de Junho 2020

Mais de 40% das espécies de insetos estão em declínio em todo o mundo, deploram nesta terça-feira a ONG Friends of the Earth Europe e o Instituto Heinrich Böll. Essas organizações publicam um Atlas de insetos (acessível aqui) denunciando o uso de pesticidas.

As duas organizações pedem uma redução de 80% no uso de pesticidas sintéticos na União Europeia até 2030, com uma “transição justa para os agricultores”. O Atlas de Insetos, por exemplo, aponta que uma em cada dez espécies de borboletas e abelhas está ameaçada de extinção na Europa. Ao mesmo tempo, ele denuncia o fato de explorações agrícolas não orgânicas usam mais de 4 milhões de toneladas de pesticidas químicos todos os anos em todo o mundo.

ATLAS DOS INSETOS

A aprendizagem a quem a trabalha!

Nove pistas para apoiar a reformulação dos processos de aprendizagem que podem beneficiar da flexibilidade dos meios digitais para melhor se adaptarem aos adultos aprendentes.

@Praça das Redes | CR | 4 junho 2020

Os desafios que vão surgindo nos processos formativos desenvolvidos com os adultos nos Centros Qualifica, associados à nova circunstância do digital ter passado a ter uma carga muito mais intensa que nos tempos anteriores, remetem para uma reflexão metodológica e técnica e para uma abertura de horizontes cuja finalidade consiste em dinamizar ações de formação verdadeiramente baseadas em princípios andragógicos e nas experiências dos adultos participantes.

Nesses termos seguem NOVE referências no campo metodológico que podem enriquecer o arsenal dos formadores na programação das suas iniciativas a serem realizadas principalmente a distância com grupos ou com adultos considerados individualmente.

1 – APRENDER DE FORMA LÚDICA

Explorar os diversos meios de criação e de participação em dispositivos que facilitem aprendizagens a partir de jogos sérios, de iniciativas lúdicas e até divertidas.

2 – APRENDER COM OS OUTROS

Partir das experiências e dos saberes de outros adultos que estejam a viver processos similares de educação-formação. Trata-se da aprendizagem entre pares.

3 – APRENDER ATRAVÉS DE PROJECTOS

Projetos que tenham a ver com os adultos envolvidos, pessoais, comunitários , cidadãos…

4 – APRENDER RESOLVENDO PROBLEMAS

Situações concretas que exigem uma intervenção organizada e que devem apresentar resultados que sejam avaliados pelos adultos envolvidos.

5 – APRENDER INDO À DESCOBERTA

Quer no território, quer nos espaços patrimoniais, quer em temas totalmente desconhecidos, incentivar a insegurança da dúvida e o interesse pelo conhecimento e a sua potencial aplicação.

6 – APRENDER A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS DO PASSADO

Revisitar experiências e identificar elementos a serem aprofundados no processo de aprendizagens.

7 – APRENDER COM AS ARTES

Mobilizar para os processos de aprendizagem a expressão artística de outros e do/a próprio/a.

8 – APRENDER COM CAUSAS LOCAIS

A cidadania activa como fonte de aprendizagens,

9 – APRENDER A APRENDER

A atitude e os meios para realizar de forma consciente e participativa as aprendizagens que devem integrar o desenvolvimento do próprio sujeito individual e colectivamente

Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos