Optimismo e pessimismo
Por Helder Costa, dramaturgo | Opinião | 18 junho 2020
É fascinante ver a alegria indisfarçável com que o analista (ou His master voice) da Sic anuncia a inevitável bancarrota de Portugal (só faltam os Vampiros do Zeca).
E alegria, porquê? Porque essa gente sabe e cultiva más notícias – ou previsões, ou desejos -, para espalhar o Pessimismo. E com essa carga negativa, surgem o Medo, a Descrença, e as pessoas estando mais inseguras, são mais manipuláveis.
Recentemente surgiram umas vozes amaldiçoando o anátema dito “ marxismo cultural”. Pois, o Marx tem as costas largas, mas deixem o Homem em paz. Se querem perceber um pouco da História do pensamento progressista, podem começar pelo Demócrito, “ o Filósofo que ri”, Epicuro, “ O elogio da Loucura” de Erasmo, “Utopia” de Thomas More, mais recentemente “ O nome da rosa” de Umberto Ecco onde assassinatos num convento surgiam porque era preciso eliminar páginas que elogiavam a alegria num livro clássico…
Estas breves referências servem para referir o Optimismo como arma de transformação social e cultural. Curiosamente, surgem várias frases que tentam travar essa reacção Emocional…” “muito riso, pouco siso”, “são jovens, não pensam” ; o mais interessante é que esses comportamentos até têm a sua dose de verdade. E são mais frequentes nos jovens, mais afectivos, directos e de fácil indignação. E por isso, dispostos a arriscar nas lutas difíceis. Recordo os movimentos estudantis dos anos 60, surgiram quando se percebeu que o Pessimismo tinha sido o caldo cultural alicerce do nosso Fascismo de 48 anos. E a juventude dos “Capitães de Abril”, as várias lutas contra a guerra Colonial…
Fernando Pessoa escreveu “ se o coração pudesse pensar, parava” . Felizmente , o coração está bem vivo para nos insuflar de Optimismo, e também não se perde nada em pensar um bocadinho….
Termino com uma convicção : “ O Humor é a seiva do Revolucionário”