EDUCAÇÃO | Afinal, o que é que quer aprender?

@ PR | 25-08-2020 | POR Carlos Ribeiro – Embaixador da EPALE – Plataforma Eletrónica para a Educação de Adultos na Europa para a educação não-formal e informal.

PORQUE SE EXIGE UMA ABORDAGEM ANDRAGÓGICA CONSISTENTE NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM DINAMIZADOS COM OS ADULTOS?

A escolarização crescente das ações formativas que conduzem a uma certificação constitui, para além de um desperdício de energias, uma autêntica afronta ao adulto e ao seu processo de desenvolvimento.

Vale a pena continuar a aprender. Sim, claro. Mas aprendizagens que contribuam para o desenvolvimento de competências que a idade adulta tendencialmente força a mobilizar e não aquelas que a formação inicial estabelece como prioritárias .

Co-construir contextos de aprendizagem favoráveis ao desenvolvimento de novos saberes por parte de quem nele participa implica assumir que a função de FACILITADOR DE APRENDIZAGENS tem que basear-se em pontos de partida que no essencial operacionalizam a ideia-força associada à pergunta inicial O QUE É QUE QUER APRENDER?

Operacionalizar a resposta a esta pergunta fundadora implica ter PONTOS DE PARTIDA.

Sugerem-se aqui NOVE. Outros haverá, como é evidente. Mas nada como começar por algo de concreto e de interpretação fácil para quem é envolvido.

PARTIR DOS SABERES DO ADULTO EM VEZ DOS SABERES INSCRITOS NOS MANUAIS      

Quando pinta o exterior da casa como é que calcula os litros de tinta que precisa?
 
PARTIR DAS NECESSIDADES CONCRETAS DO ADULTO PARA RESOLVER PROBLEMAS QUE ELE-ELA ESTÁ A ENFRENTAR  

Para decidir denunciar o contrato de arrendamento como é que vai saber dos seus direitos e dos seus deveres?
  PARTIR DAS MOTIVAÇÕES QUE RESULTAM DE EXPERIÊNCIAS DE VIDA RELEVANTES    


A Alice não se esquece do único poema que escreveu ao seu primeiro namorado há 20 anos e se voltássemos a fazê-lo agora para a pessoa que mas ama?
PARTIR DO CONTATO DIRETO COM A REALIDADE E DA OBSERVAÇÃO REALIZADA    

Como funciona o moinho que visitámos em termos energéticos e como é resolvida a questão da autossuficiência energética?  
  PARTIR DAS INTERAÇÕES SOCIAIS RECENTES PREPARANDO A SUA CONTINUIDADE    

Na última reunião de pais foi preciso clarificar o conceito de bullying talvez fosse útil aprofundarmos o tema com a pesquisa e estudo das formas de o combater.

PARTIR DO USO DAS TECNOLOGIAS PARA COMUNICAÇÃO PESSOAL PARA UTILIZAÇÕES DE ÂMBITO SOCIAL E PROFISSIONAL

O álbum de fotografias das férias da família no WhatsApp pode ser o ponto de partida para um Catálogo de produtos da loja a serem divulgado aos clientes.
 
PARTIR DE INDICAÇÕES OU COMENTÁRIOS CRÍTICOS, REALIZADOS POR TERCEIROS, PARA MELHORAR OS SABERES  

Se já é a terceira vez que lhe dizem que a roupa encolheu com a lavagem seria útil abordarmos a relação entre temperatura e composição dos materiais do vestuário    
  PARTIR DE NECESSIDADES PREMENTES DA COMUNIDADE NA QUAL SE INSERE PARA CONTRIBUIR PARA A SUA SATISFAÇÃO
Se recusam sistematicamente a instalar o ecoponto na praça temos que pesquisar soluções similares e fundamentar a proposta em termos ambientais
PARTIR DAS APRENDIZAGENS REALIZADAS PARA AUTONOMIZAR O PROCESSO DAS APRENDIZAGENS FUTURAS
Em todas as situações anteriores formulou uma série de perguntas, esse é um bom ponto de partida para as situações futuras que exijam aprofundamento.  
Quando os professores e formadores forem artistas sociais

Carlos Ribeiro | Praça das Redes | Coordenador e dinamizador da Caixa de Mitos, 11 de agosto 2020

A propósito das novas tecnologias nas escolas e nos dispositivos de educação-formação.

A invasão descontrolada e acrítica dos meios auxiliares de aprendizagem, principalmente os associados às tecnologias digitais, não facilitará a mudança que se espera e deseja na educação.Na inicial e na de adultos. Esta inversão nos meios poderá complicar e até camuflar os verdadeiros desafios que se colocam ao sistema, aos subsistemas e aos seus actores.

Ambientes pedagógicos

A reformulação dos ambientes pedagógicos que devem abandonar o modelo fabril/taylorista de forma radical e definitiva é sim questão relevante dos tempos que correm. Sem alteração do paradigma dominante não haverá progressão.

Artistas sociais

Espera-se que um modelo dominado pela liberdade e pelo enfoque no desenvolvimento humano de educação adopte como figura central a figura do “professor/pedagogo/artista social” cuja missão fundamental será “construir contextos de aprendizagem” em vez de “animar ou reproduzir conteúdos de manuais que condensam o conhecimento enciclopédico”.

Contextos de aprendizagem

Para cenarizar as aprendizagens todas as tecnologias são válidas, importa é que sejam mobilizadas, na sua diversidade, para qualificar e valorizar os contextos adoptados ou co-produzidos ou seja desenvolvidos com os próprios aprendentes.

Paixão pela educação

Os professores, os formadores os mediadores de aprendizagens não têm que ficar angustiados por terem que adoptar e assumir esta figura do pedagogo/artista social. Podem crer que a paixão pela educação resolve metade das dificuldades que podem emergir neste processo de transformação, que vale a pena viver!

Carlos Ribeiro

MADEIRA | Navegar na realidade bipolar

@ Praça das Redes | 10 de agosto 2020 | Histórias de Navegadores Confinados | João Pinto | Teresa Cardoso

Na Madeira o mundo também mudou e foi preciso aprender a reviver! Na verdade a notícia acaba por não o ser. O acontecimento ocorreu nos diversos espaços continentais e, de um forma geral, também nas ilhas Mas o João e a Teresa não nos relatam histórias e situações banais. Levam-nos de mão dada pelos carreiros da esperança e da angústia de todo um território. Falam-nos de sobrevivência sem papas na língua e recordam-nos que “ela depende da capacidade que cada um tem de aprender a aprender. Em suma, de aprender a reviver” | CR | Praça das Redes

O REviver na Rede navegava calmamente. Os espaços web do projeto, através do qual se presta apoio às pessoas em situação de desemprego na utilização das redes sociais, com foco no Facebook, refletiam a baixa taxa de desemprego e a grande oferta de emprego. Na Madeira, região onde o projeto está implementado desde 2015, assistíamos a uma escassez de mão-de-obra com os empresários a testemunharem dificuldades no recrutamento. 

Mas, em março, a nossa vida mudou… aliás, parou! Março fez-nos acordar para a dura realidade do COVID-19, que trouxe o lay-off, muitos desempregados de longa duração, anónimos, e um sem número de outras mudanças silenciosas. A economia parava e a vida de muitos fechava as portas… até um dia – um dia num futuro, tão incerto como longínquo.

Espaços de oferta vazios como as ruas

Nas redes sociais, assistimos a estas transformações na primeira fila… lugar bizarro para ver uma pandemia a crescer, mas privilegiado para por em prática novas formas de cidadania. Os espaços do REviver na Rede, até então cheios de ofertas de emprego, ficaram tão vazios como as ruas. Começaram a REsurgir publicações no grupo do Facebook de pessoas a disponibilizarem-se para trabalhar, o que tinha perdido relevância nos últimos tempos. Uma após outra formaram uma multidão ruidosa a pedir trabalho.

A heresia do trabalho

Hoje, olhando para trás na tentativa de ilustrar estas manifestações, recuperamos da memória da cronologia do Grupo REviver na Rede uma publicação de um membro a oferecer-se para trabalhar em restaurantes, num texto em que transparecia aflição. Outros dos membros comentavam como se tal fosse uma heresia, porque era preciso ficar em casa, e sair para trabalhar parecia ser um novo pecado capital. Tornou-se difícil moderar os espaços online do projeto… aliás, pensamos nós, não iria ser fácil moderar a sociedade nestes tempos!

Emprego, missão impossível

As hashtags #VaiFicarTudoBem e #EstamosJuntos chegaram tão depressa como o próprio COVID-19. As redes sociais vibraram com a sua utilização e o confinamento de cada um era o novo desafio social a partilhar. A realidade era que #NãoEstavaTudoBem com muitos de nós. A falta de emprego inviabilizava qualquer hipótese de um confinamento condigno e a sua procura tornou-se uma missão impossível, mas, mesmo assim, a ser tentada para manter viva a esperança. Afinal, na verdade, também #NãoEstavamosJuntos!

Conteúdos de aprendizagem

É esta a realidade bipolar das redes sociais. O bom e o mau coabitam lado a lado, envolvendo o comum dos utilizadores, competindo por likes e visualizações… e, ao contrário das histórias da nossa infância, nem sempre vence o melhor.

Foi então que nos ficou clara a necessidade de investir em conteúdos de aprendizagem a partilhar nos espaços do projeto. Selecionámos os temas da segurança, privacidade, literacia da informação e cordialidade nas redes sociais, porque emergiram como motivos de preocupação. Implementamos ainda novas estratégias para combater as fakenews, falsos anúncios de emprego, perfis falsos, participações de caráter ofensivo e muitos outros tipos de atividade maligna.

Aprendizagem informal

Assim, em tempos de confinamento, reforçámo-nos com os princípios da educação aberta online como forma de incutir a aprendizagem informal na vida de cada pessoa que nos segue.

Agora, mais do que nunca, aprender ao longo da vida é saber viver com os outros, REconstruindo-nos através das redes que tecemos quotidianamente. Nestes tempos inesperados a nossa sobrevivência depende da capacidade que cada um tem de aprender a aprender… em suma, de aprender a REviver.

João Pinto | Teresa Cardoso

© foto cedida por João Pinto e Teresa Cardoso

IN LOCO | Aldeias querem ser de Portugal

@ Praça das Redes | Informação IN LOCO |© Fotos In Loco

Alte, em Loulé, Cachopo, em Tavira, Paderne, em Albufeira e Parises em São Brás de Alportel foram pré-selecionadas como aldeias onde, nos próximos dois anos, se fará um trabalho de preparação para a sua candidatura ao título de “Aldeias de Portugal”.

“Aldeias de Portugal” é uma rede nacional de aldeias autênticas e genuínas, com potencial turístico e que pretende preservar, valorizar e dar a conhecer a essência da vida nas aldeias, consolidando os valores culturais que as caraterizam e incentivando a partilha do estilo de vida dessas aldeias e dos seus habitantes, oferecendo aos visitantes uma experiência única de convivialidade e contacto com um Portugal autêntico.

A Associação In Loco, reconhecendo a potencialidade deste conceito – que tem provas dadas desde 2013 no norte e centro do país – juntou-se à parceria coordenadora da iniciativa “Aldeias de Portugal”, com o objetivo de dinamizar o alargamento desta rede nacional ao centro do Algarve.

As “Aldeias de Portugal” têm como missão:

– Reforçar o tecido demográfico das regiões mais isoladas, promovendo as Aldeias e capacitando a sua comunidade;

– Valorizar o Património Cultural dos Territórios;

– Consolidar a rede “Aldeias de Portugal”, alargando a sua representatividade a todo o território nacional

– Estimular o surgimento de oportunidades locais de negócio através da valorização, promoção e comercialização de produtos locais, eventos tradicionais e serviços turísticos baseados nas experiências vividas nas Aldeias de Portugal.

Após um convite generalizado a todos os municípios e freguesias integrados no território do Grupo de Ação Local “Interior do Algarve Central”, várias foram as pré-candidaturas recebidas pela Associação In Loco. A análise criteriosa e a limitação orçamental desta primeira fase, permitiram selecionar as 4 aldeias candidatas que melhor se adequam aos critérios, para que se possam posteriormente candidatar à classificação de “Aldeias de Portugal”: Alte, Cachopo, Paderne e Parises.

A parceria dinamizadora das “Aldeias de Portugal” vive um momento de celebração muito especial após a imagem promocional desta rede ter sido premiada nos “Graphis Design Annual 2021” com o rebranding das Aldeias de Portugal, coordenado pelo designer Paulo Marcelo. 

O resultado foi o redesenho de uma andorinha, símbolo da tradição, da saudade e do regresso a casa. 

Veja mais informações sobre o prémio: https://www.facebook.com/pmdesign.pt/

Ao longo da execução do projeto, iremos partilhando mais informações pertinentes sobre as diversas ações que se vão implementando. 

Participe. Fique atento.

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Olhares sobre a guerra colonial

@ Praça das redes | Reprodução do Público | Vasco Gil Calado

O tema da Guerra Colonial pode ser abordado a partir de ângulos muito diversos. Alguns já foram identificados como relevantes e têm sido objeto de estudos, artigos, sessões e debates.

Esta abordagem aos chamados comportamentos aditivos vem enriquecer o campo de pesquisa e desenvolvimento.

Patricia Carvalho (texto) e Daniel Rocha (Fotografia)

“Cannabis” e álcool: as companheiras esquecidas dos combatentes da Guerra Colonial”

publico.pt

Vasco Gil Calado nunca se interessara pela Guerra Colonial (1961-1974) até se embrenhar na tese de doutoramento em Antropologia. A trabalhar na área dos comportamentos adictivos desde 2001, queria perceber se, como acreditava, o uso de drogas não pode ser entendido meramente como um acto individual, independente do contexto de quem consome. A guerra e os portugueses que nela combateram apresentaram-se como o cenário perfeito para o que pretendia — um contexto muito específico, com um grupo de indivíduos concreto e que não fora praticamente estudado. Recorrendo a entrevistas presenciais e a um questionário, falou com mais de 200 ex-combatentes, cruzou o que lhe disseram com relatos dispersos por livros e blogues e chegou ao fim convencido de que a sua premissa era verdadeira. Em Moçambique e em Angola, durante a Guerra Colonial, os soldados que saíram de Portugal para África tiveram por companhia a, para eles, praticamente desconhecida cannabis e o mais do que habitual álcool. Alguns terão sido mesmo responsáveis por, ao regressar a casa, darem os primeiros passos, ainda que incipientes, na transformação da cannabis num bem comercial, trazendo-a escondida entre os seus pertences e vendendo-a. A maior parte dos que assumiram o consumo desta substância na guerra afirma tê-lo abandonado assim que o medo e a tensão inerentes ao conflito ficaram para trás. O mesmo aconteceu com o consumo exacerbado de álcool. A tese de doutoramento que defendeu no ISCTE, em Lisboa, no ano passado, foi transformada no livro Drogas em Combate – A Guerra Colonial (Lua Eléctrica, Junho de 2020), e o autor chegou ao fim com uma certeza, que pode ser lida logo nas primeiras páginas da obra: “Descobri que uma guerra nunca é apenas um contexto onde acontecem coisas, ela é a própria causa das coisas que aí acontecem.

”Fonte: publico.pt

OS BICHOS de Maria do Céu Guerra

@ Praça das Redes | AGENDA | A BARRACA

OS BICHOS de Maria do Céu Guerra 

3 de Agosto 21h00

Hoje já sabemos que o homem não é mais inteligente do que a mulher, que o patrão não é mais inteligente do que o empregado, que o leão não é o rei dos animais, que o padre não está mais perto do céu do que aquele que não aprendeu a rezar. Sabemos tudo isso. Esopo era criado de Xanto e foi ele que escreveu as Fábulas, Madame Curie sabia de ciência certa tanto quanto Pasteur e os bispos de Boston vão mais depressa para o inferno do que os rapazinhos de que eles abusaram. E dos gatos? E dos cães? E dos papagaios, que sabemos nós?

Só a poesia, o amor, a ficção e a experiencia sem garantias nos poderão abrir os olhos para esse universo enorme que é a vida dos animais de quem julgamos vaidosamente saber tudo.

Combinámos fazer um dia na semana uma sessão surpresa e de vez em quando desafiar o público a colaborar connosco nos nossos serões ao ar livre no Jardim de Santos e aí esta o primeiro.

Vamos dizer hoje belos textos sobre os animais que nos acompanham ou não, que nos protegem e nós protegemos, que nos inquietam. Mas este tem que ser um serão colectivo, tragam de casa um livro, um poema de um bom autor que encontraram ou sabem de cor. E venham passar connosco uma boa noite com belos textos e boa música.

Maria do céu guerra

Informações e reservas:

barraca@mail.telepac.pt | producao@abarraca.pt | bilheteira@abarraca.pt

T: 213 965 360 | Tel: 913 341 683

Bilhetes: 10,00€