Sim , 15 dias foi o tempo que o Hitler demorou a criar o 1º campo de concentração. Tinha jurado solenemente ao presidente Hidenburg que nunca utilizaria força ou violência se lhe desse o poder. Foi uma razia…deputados comunistas e socialistas, católicos, limpeza das instituições públicas, e tudo o que se seguiu (e que, curiosamente, muitos esquecem). Em Aushwitz, as letras Arbeit Macht Frei, o trabalho liberta, e assim com milhares e depois milhões de homens e mulheres reduzidos à escravatura, se criou o célebre milagre económico alemão! A manipulação das massas seguiu o caminho do costume, a mentira, a coacção, a força, o recrutamento de fanáticos e a adesão benévola de cobardes, répteis e videirinhos. Olho para o declínio cívico e humanista dos nossos tempos e penso na facilidade com que reaparece a Fénix Nazi... que pena que o Homem, o capital mais importante da Natureza, seja tão frágil de convicções. E tão cego, atirando-se para abismos irrecuperáveis.
Los líderes han desechado el futuro para obtener beneficios a corto plazo
El tratado firmado el 28 de junio entre la Unión Europea y el Mercosur señala el día internacional del cinismo. O el día en que los líderes europeos desecharon la Amazonia para vender más coches y vinos en un mercado de 260 millones de personas. Al menos que la población sea consciente: comerá buey proveniente de la deforestación y pondrá en el estómago de los niños productos contaminados con pesticidas, varios prohibidos en Europa.
El Ministerio de Agricultura lo dirige Tereza Cristina, una ganadera conocida en Brasil como la “musa del veneno” por sus servicios prestados a las corporaciones de pesticidas. Desde la investidura del ultraderechista Jair Bolsonaro, la media de aprobación de venenos ha sido de más de uno al día. Por lo que las agencias de periodismo de investigación Repórter Brasil y Agência Pública decidieron crear el @Robotox, un robot que tuitea a cada autorización: desde enero, ya son 239 pesticidas nuevos.
La ganadería es la principal causa de deforestación de la selva amazónica. Matadero del mundo, Brasil exportó 1,64 millones de toneladas de carne en 2018. El mismo año, se registró el mayor índice de destrucción de la Amazonia de la década. En 2019, el mes de mayo mostró un aumento del 34% con relación al de 2018: en solo un mes, desaparecieron 739 kilómetros cuadrados de selva, el equivalente a dos campos de fútbol por minuto. La principal meta de Bolsonaro es liberar la explotación agropecuaria y minera en las tierras protegidas de los pueblos indígenas. Para ello, cuenta con el ministro contra el medio ambiente, Ricardo Salles, condenado por crimen ambiental, que se ha dedicado con éxito a desmontar todo el sistema de protección.
Poco antes de la reunión del G20, Emmanuel Macron afirmó que no firmaría ningún tratado si Brasil dejaba el Acuerdo de París. Angela Merkel dijo que estaba “muy preocupada por la Amazonia” y que tendría una “conversación clara” con el colega brasileño. Bolsonaro braveó: “[Los alemanes] tienen mucho que aprender de nosotros. No he venido aquí a que otros países me amonesten”. El ministro del Gabinete de Seguridad Institucional, el general Augusto Heleno, fue más maleducado: “¿Quién tiene moral para hablar de la conservación del medio ambiente de Brasil? Que vayan con los de su calaña”.
Todo para engañar a los tontos. El discurso de que Brasil tendrá que comportarse es una solemne bobada. El acuerdo entre la Unión Europea y el Mercosur lo hilvanaron los Gobiernos anteriores. Aprobarlo ahora, cuando Brasil destruye con método y objetivo la mayor selva tropical del planeta y Bolsonaro encima reacciona como un cowboy ante la emergencia climática, es humillante. Como dijo Carlos Rittl, ambientalista conocido por su moderación: a partir de ahora, la Unión Europea comparte con Bolsonaro la responsabilidad de lo que le suceda a la selva y a sus pueblos. 3 JUL 2019.
Se fosse possivel parar a vida tal qual a vivemos, com tudo o que tem dentro, com tudo o que a vida é e a colocá-la numa foto, num plano estático e horizontal como uma radiografia ou um negativo fotográfico, e de seguida trazê-la para um palco para ser vista, talvez mesmo contemplada, e se fosse igualmente possivel parar a representação desta peça, Babel, e com essa imagem e com tudo o que esta peça tem dentro, com tudo o que esta peça é, fazer exactamente mesmo, colocá-la ao lado da imagem parada da vida, então Babel seria a Vida e a Vida seria Babel. Helder Mateus da Costa conseguiu com esta peça colocar em palco a VIDA, a vida que hoje viemos, não lhe faltando nada dos inumeros conteúdos que a vida actual ganhou. Tem lá tudo, a politica, o social, o religioso, o economico, o drama e a comédia que temperam a vida realmente vivida. E tem tudo iso muito bem embrulhado em musica e cantigas que semeiam alegria e riso no espírito de quem ouve e vê a peça.De “Sebastião come tudo, come tudo” a John Lennon, passando pelo Avé, a Internacional, Grandola e até o Hino do MFA, a musica toma um papel importante. Babel está polvihada de risos e alegria. Tem a ansia da humanidade em poder subir aos céus, se aproximar do poder e do saber, e a ira de quem o detém, não lho permitindo.E, por isso mesmo, Babel ficou comprometida, a Torre que se ergueria até aos céus ! Deus não deixou e dividiu os homens para continuar a reinar. Afinal a tecnica vem já de há muito e configura saber divino.
Tem o passado historico e o presente. Tem Portugal que meteu mãos á obra e fez pontes entre o ocidente e o oriente.Um grande puzzle com a multiplicidade de tudo o que variadas culturas encerram e a dificuldade de entre si se entenderem com linguagens diferentes e também variadas, mas que os portugueses foram aproximando e possibilitando leituras e entendimento. Babel passa, nesta representação, por Washington e pelo Vaticano, pelo Japão e por Fatima mas também por Moscovo. Babel passa por todo o sitio onde a Vida tal como a temos vivido tem sido escrita. Relembra as tréguas e a guilhotina, deixa perceber a tirania e a falta de solidariedade, abre a janela para se perceber a catastrofe do clima e o drama de quem é refugiado. Babel atemoriza quando mostra o caricato e os perigos de lideranças que são actuais e a semelhança de figuras passadas com protagonistas que bem conhecemos. Veio á cena Rasputin que se acreditou que seja parente de um conhecido interprete dos dias de hoje, neste mundo de familias, de mafias e de salteadores.
Babel é-nos apresentada a cada passo por uma jovem que ainda há pouco tempo deixava promessas de grandes voos na equipa junior. Teresa Mello Sampayo que brilhou com a Pessimista brilha agora num projecto bem mais arrojado onde toma a condução dos espectadores do inicio ao fim da peça, interpreta, canta e encanta. E, ainda para mais, a sorte parece que por vezes se concentra em grandes doses, é bonita, alegre e simpatica que se farta ! Não terei dito tudo sobre Babel, isso seria impossivel mas o essencial terá sido abordado. Essencial será deixar um convite para que partilhem o texto. Essencial ainda será organizar autocarros de todo o país, que é pequeno e as distancias não são longas, para que muitos mais tenham a possibilidade de assistir a este pedaço de vida, tal qual a temos vivido, com as tontarias, os alucinados, os temores mas também com as alegrias e o riso natural que tão completa representação dos tempos que vivemos proporciona. Babel será, a meu ver, uma obra prima de Helder Mateus da CostaQue só é possivel pela cumplicidade, o saber e participação de Maria do Céu Guerra.Mas também de Adérito Lopes, da Patricia Frazão, do Carlos Sebastião, da Rita Soares, do João Maria Pinto, da Sónia Barradas, do Samuel Moura, da Teresa Mello Sampaio, do Sergio Moras, da Anita Ribeiro, da Clara Cunha, da Mar Ribeiro e do Francisco Gonçalves.
A todos eles, muitos parabéns e muito obrigado por serem tão bons!
Carlos Pereira Martins (Consumidor-militante do que de muito bom se faz no meu país) | Publicado no blog Sociedade Civil Europa
José Alberto Rio Fernandes, geógrafo, professor catedrático UP, Presidente da Associação Portuguesa de Geografia
O aumento das condições de mobilidade tornou o mundo mais acessível. Contudo, há ainda no Norte quem nunca tenha ido ao Algarve e muitos no Grande Porto que não conhecem Miranda do Douro, ou Melgaço. Mas, o que é mais surpreendente, para mim pelo menos, é verificar que muitos não conhecem boa parte do concelho onde moram. No Porto, por exemplo, quantos já não terão estado em Londres e Paris e, todavia, não sabem onde fica na sua cidade o lugar da Granja, nem o nome de mais que uma ou duas ruas situadas a leste da VCI? Muitos!
Há um evidente efeito de barreira que se estabelece com o caminho de ferro e a Via de Cintura Interna. Há ainda, para quem mora a Oeste, a perceção de limite associada ao declive a leste da estação que leva até a que se pense que o espaço irrigado pelo Tinto e pelo Torto já não é Porto. Mas é!
Diz-se que o que não sabemos que existe, é como se não existisse! Ora, apesar de alguns esforços políticos e bons trabalhos de jornalismo, o extremo oriental permanece desconhecido da larga maioria. Deve ser isso que, no lugar da Granja não há passeios, se veja lixo nas bermas e se acumulem as silvas e canas a tapar o Rio Torto e a ponte sob a qual passa. Seria isto possível na Boavista, na Ribeira, ou na Foz? Não!
Deve ser por isso também que, quando se fala de habitação, haja referências ao turismo e ao imobiliário, mas se fale tão pouco da falta de condições de habitabilidade das casas na Granja, em Pego Negro, ou Pinheiro de Campanhã, e nem sequer se lembre as pessoas que vivem em barracas do lado “de lá” da Circunvalação, junto ao Bairro do Cerco do Porto. Que esquecida que anda a limpeza, entre parques e descarbonização, e que esquecido que anda o direito à habitação, entre negócios e prémios do imobiliário. Sobretudo a leste: do desenvolvimento!
Crónica publicada no JN, transcrita com autorização do autor
José Alberto Rio Fernandes, Geógrafo, Presidente da Associação Portuguesa de Geografia
Podemos ser passivos e reativos, dizendo mal e de tudo e de todos, dando a nossa situação – que queríamos melhor – como responsabilidade dos outros. Durante anos a fio que ouço comerciantes criticarem hipermercados e shoppings, ou quase todos a darem por incompetentes quem gere o Estado, responsáveis por tudo o que nos falta (mais ainda se somos funcionários públicos).
Mas também podemos ser proativos e, apesar de todos os constrangimentos, fazer melhor, a partir do que somos e com o que temos.
O caso do Fundão e o exemplo do seu presidente deveriam ser mais conhecidos. Ele herdou uma Câmara em situação de falência. Tinha (e tem) à porta a autoestrada onde o quilómetro percorrido é o mais caro do país e o concelho fica bem no dito “interior”. Além disso, quando foi eleito, a taxa de desemprego era elevadíssima e a ação do governo era mais conhecida pelos cortes que pelo investimento. Esperar-se-ia dele o discurso do “coitadinho”, algum “deixa andar” e medidas de protecionismo dos “meus”: fixar pessoas (coisa terrível essa de amarrar pessoas) e proteger empresas locais e instituições da região (o que é contrário à promoção do mérito).
Mas, não. Arriscou, como fazem os proativos! Tentou fazer melhor e abriu Fundão ao mundo. De mala na mão, como lhe ouvi dizer há dias num encontro em Aljustrel, foi atrás de técnicos que quisessem criar empresas no Fundão (no domínio da informática, sobretudo), articulou com todas as universidades formação de qualidade, promoveu o ensino de programação nas escolas e deu uso ao pavilhão multiusos, onde hoje trabalham centenas de pessoas vindas de todo o mundo. Entre outras coisas que fez e faz.
Proatividade e uma estratégia ajudam muito. E paixão pelo que fazemos. Parabéns, Paulo Bernardes Fernandes.
Reprodução autorizada pelo autor da Crónica regular no JN
Os nossos gillets jaunes. São “gillets” que integram uma das cadeias / redes mais importantes do país “os cuidadores de crianças e jovens”, cuidadores no conceito não-assistencialista de “criar condições para o desenvolvimento”. Nesta rede encontramos desde os voluntários em diversas actividades de apoio, os animadores desportivos, os professores que são realmente professores (e não – os papagaios de manuais escolares), as/os cozinheiros/as e nutricionistas, os mestres de artes e expressão cultural), os/as bibliotecárias/os, os intervenientes das CPCJ …e muitos outros…um conjunto alargado de pessoas, de competências e de afectos que deveriam apropriar-se do conceito de CAPABILIDADES que Amartya Sen tanto divulgou ( assim como o Manifesto KELVOA) , para fomentarmos uma dinâmica integrada de cuidar/autonomizar e apoiar estruturalmente “sentidos de vida” em vez de sistematicamente cair na tentação moralista de prescrever “a vida que os outros – e particularmente os mais jovens – devem ter”. Outros Gillets.
João Ferrão, Geógrafo, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
João Ferrão escreve sobre “descentralização e desenvolvimento dos interiores com coesão territorial nacional” sendo o seu texto um excelente ponto de partida para o debate que as Conferências Aljustrel vão promover já nos próximos dias 9 e 10 de maio naquela localidade alentejana
“Talvez já tudo tenha sido dito e escrito sobre estes temas: de forma abstrata ou com exemplos concretos, elaborando diagnósticos ou valorizando memórias e experiências, apresentando opções políticas e programas ou acenando com sonhos e utopias. Com as convergências e dissonâncias habituais, umas quanto a questões de fundo, outras quanto à melhor estratégia a prosseguir, outras ainda quanto às condições e capacidades de concretização dos caminhos a percorrer e dos objetivos visados, há em Portugal um debate de décadas sobre estes temas que não deixa de nos interpelar: por que estamos ainda a discutir estas questões?
Na verdade, há boas razões para o fazermos. Porque no nosso país estes temas persistem na agenda política e das políticas como questões por resolver, porque é necessário aprofundar aspetos que se renovam permanentemente num mundo em rápida mudança, porque, muito pragmaticamente, estamos às portas de um novo ciclo de programação financeira comunitária que deve ser preparado com antecipação. Tudo isto é correto, tudo isto é…fado!
E no entanto…talvez valha a pena olhar para a equação descentralização – desenvolvimento dos interiores – coesão territorial nacional a partir de um outro olhar, não o dos decisores políticos, académicos, técnicos da administração, agentes económicos e sociais, mas antes o dos cidadãos vulgares, os que não fazem parte das elites – nacional, regional ou local – que têm o poder e a capacidade de decidir, influenciar, concretizar.
Mas como transformar o cidadão vulgar dos interiores do país de mero beneficiário dos processos de descentralização, de objeto passivo de programas de desenvolvimento territorial, de alvo de uma maior coesão nacional, em sujeito e ator de iniciativas e objetivos tão complexos? E mesmo que o cidadão vulgar, na sua enorme diversidade etária e socioprofissional, seja escutado, participe, colabore, coprotagonize iniciativas e soluções, em suma, se transforme de objeto em sujeito, de espectador em ator, de alvo em atirador, isso garante que iremos encontrar respostas mais adequadas, robustas e criativas para a equação descentralização – desenvolvimento dos interiores – coesão territorial nacional?
A resposta a ambas as questões é muito simples: não sabemos. E se não sabemos teremos de indagar, descobrir, experimentar. Com a crença de que o cidadão vulgar tem informação, conhecimento e sabedoria que não podemos desperdiçar.
Populismo? Sim, mas pedagógico e inclusivo: um alerta sério para o facto de os debates entre elites, sendo incompreensíveis para os cidadãos vulgares, poderem alimentar nestes últimos o sentimento de que os assuntos em discussão não lhes dizem respeito, de que são sistematicamente esquecidos, abrindo as portas para que os seus corações sejam mobilizados por outros populismos, que lhes prometem um futuro que, a concretizar-se, seria, por certo, o caminho mais direto para a sua definitiva marginalização. Comecemos, por exemplo, por os envolver no debate sobre a criação de regiões administrativas em Portugal, um assunto que, para a maioria, parecerá longínquo, enigmático e sem ligação evidente com os seus quotidianos”.
A semana passada, no Palácio de Cristal (dia 8) e no Fórum Cultural de Ermesinde (a 11 e 12), debateu-se a descentralização. O tema não é atrativo e em 1800 caracteres não se pode dizer muito. Apesar disso, arrisco a partilha de algumas das ideias que adquiri:
– Nos países da OCDE, a governação descentralizada tem uma correlação positiva com o crescimento económico e com menos corrupção;
– Como o essencial é governar melhor, os governos locais devem assumir as tarefas que podem fazer melhor que o Estado Central. Mas, importa considerar que o local é pequeno demais para promover novas respostas às necessidades das pessoas, instituições e PME e que o nível central é incapaz de adotar políticas multisetoriais adequadas a cada território. A criação de regiões é por isso necessária e não porá em causa uma unidade nacional muito forte;
– Não se deve confundir descentralização com autonomia. Com a descentralização o que se visa é uma parceria entre níveis de governo para a gestão conjunta do país, orientada pela melhoria da eficiência e reforço da democracia;
– Os referendos devem ser evitados em assuntos sobre os quais a maioria das pessoas não revela interesse e que, como no caso da criação de regiões, não sejam mais relevantes que a criação do poder local, ou a adesão à União Europeia e Zona Euro;
– A reforma da organização do Estado deve considerar não apenas a articulação entre escalas, como o reforço das redes e a cooperação com instituições. Sem esquecer a eliminação do distrito, atual espaço eleitoral e de organização geográfica dos partidos políticos, para evitar o exemplo francês (de excesso de níveis), sem cair no finlandês (que procura agora nas regiões a solução para os grandes municípios, responsáveis por 80% da despesa nacional).
Crónica semanal no JN reproduzida com autorização do autor
Passámos da Geringonça Silenciosa (adivinha-se que não sabendo como funcionaria esta máquina desarticulada da democracia pós-regime salazarista, o Homem do Monóculo terá pensado que deveria ser um Novo Estado Novo e que os acordos a estabelecer deveriam ser com uma tal maioria silenciosa. Tratou-se de uma Geringonça muda e queda cuja obra principal foi assassinar Luís, o soldado do RALIS);
a Geringonça Einsensteiniana (se a democracia é de Outubro, lá diz a história de 17, como poderia esta máquina saída do 28 de Setembro avançar para o mês seguinte com acordos minimamente estáveis se as ruas , as embaixadas, as casas, as cooperativas agrícolas, os navios do Tejo, muitas escadarias para subir e descer, com o sem carrinhos de bebé, com o povo de capacete amarelo, sereno, perante a fumaça no Parlamento, se tudo isto estava em ritmo de Potemkine, o nove provou que era mais que cinco, a divisão deu zero e o nove ganhou balanço e lançou os chaimites na Amadora. Foi sol de pouca dura, dizem alguns e, água mole em pedra dura tanto bate até que fura, vaticinam outros);
a Geringonça do Bolo Rei (com cimento a escorrer a torto e a direito(a) e alcatrão a ligar as cidades, quer elas quisessem quer não, os acordos possíveis foram os da Figueira, mas como os figos do Diabo ou da barbaria não servem só para as infecções urinárias, eles deram força força ao Engenheiro Agrário de Santarém que colocou a rosa em maus lençóis).
Tivemos ainda a Geringonça das Gravuras uma nova fórmula para agregar e de juntar num Colectivo Nacional de nadadores salvadores porque “elas não sabiam nadar!” e o dique definitivo na barragem abriu as pontes do RMG, da educação para todos, do parque entregado às nações e de uma nova moeda cunhada diretamente nas Caixas Multibanco);
seguiu a Geringonça do Ilegítimo, depois da fuga para Bruxelas do pai que queria era ser Sachs, aquela máquina ferida de morte, foi testada no Estoril, mas explodiu por falta de comparência do piloto);
a Geringonça do Grego, foi iogurte cremoso nos primeiros tempos e não faltou Me(taxa) para celebrar os investimentos do Basílio, O Lehman Brothers redistribuiu as cartas a meio do jogo e, como sabemos, meter combustível no incêndio globalizado, arruinou gregos e troianos).
Por isso a seguir veio a Geringonça Troikiana, que era já cavalo de Troia do Bennan e lançou o fogo na pradaria para colocar o país no Top Ten do “melhor país para deslocalizar cá dentro (da UE)”.
Depois aconteceu a Geringonça que está. A legítima, A Geringonça PPP , não por ser uma parceria público-privada mas por ter por lemaPrimeiro Pensamos no Povo.
A intenção de apresentar um balanço para um período de actividade de dois anos é muito positiva e esta avaliação, a meio caminho, poderia até suscitar alguma reflexão sobre uma iniciativa que é da maior importância para o desenvolvimento do país e o bem-estar dos portugueses.
Tudo indica que o assunto foi tratado em círculo fechado e na base de dados meramente quantitativos, informações e estatísticas que permitiram aos responsáveis e protagonistas das acções levadas a efeito afirmar com grande satisfação: “missão cumprida! Estamos no bom caminho para atingir as metas apontadas para o final do Programa, ou seja, a inscrição de 600.000 adultos!” Para este efeito fizeram fé os 315.000 que foram registados nos 300 Centros Qualifica espalhados pelo país.
Qualificar é preciso
O relançamento de um Programa para os adultos portugueses terem acesso a dispositivos de educação e formação, outros que aqueles que integram o sistema formal de ensino e formação profissional, deve ser valorizado porque exprime uma política pública inclusiva visando alargar o campo de oportunidades a todos aqueles que não puderem, pelas mais variadas razões, concretizar o percurso de qualificação que poderiam e eventualmente desejariam, a seu tempo, ter realizado.
Nestes termos a organização de equipas e centros especializados para intervir nesse domínio específico constitui uma aposta plenamente justificada e o investimento de 200 milhões de euros, de fundos comunitários, um valor bem utilizado na educação e na qualificação.
Os conceitos, esses chatos que podem incomodar
Se nos ficarmos pela rama e à superfície deste processo necessariamente complexo poderemos partilhar da satisfação que os resultados anunciados provocam. Se entendermos que a matéria exige um pouco mais de profundidade teremos que adiantar algumas notas, sobre alguns conceitos-chave nomeadamente sobre as noções de resultado e de impacto e ainda sobre a relação deste quadro de actuação com o desenvolvimento sustentável.
Adiantamos de seguida algumas notas sobre mitos e utilizações enviesadas de conceitos estruturantes e comentamos algumas práticas que, eventualmente, poderiam melhorar.
Sacré Charlemagne!
Desde logo o slogan NUNCA É TARDE PARA APRENDER. A sua utilização como referência central radica na própria negação do sentido fundamental do programa. Porque o que se pretende em primeira instância é valorizar o que o ADULTO JÁ APRENDEU e em segundo lugar porque as aprendizagens realizam-se em todos os contextos de vida e NÃO PRINCIPALMENTE NOS CENTROS QUALIFICA. No fundo há aqui uma recuperação de uma ideia de fundo que é a do REGRESSO À ESCOLA. Ou seja, não seria demasiado tarde para regressar aos bancos da escola.
Importa resistir a essa tentação escolarizadora do sistema, resistência tanto mais difícil quanto a localização da grande maioria dos Centros ser nas escolas e o próprio ambiente condicionar as melhores intenções que possam existir de uma abertura do sistema ao não-formal e informal da aprendizagem.
O que é parcial é (pode ser) bom!
Uma segunda referência, que importa interpelar, consiste na dinâmica “certificadora” nos processos de RVCC. Sendo um processo de validação de adquiridos pela experiência, o mais natural do mundo, será que os adultos – candidatos a uma certificação vejam as suas competências validadas, as que corresponderem ao enunciado do Referencial de Competências, mas que o processo de certificação acabe por ser preenchido apenas parcialmente atendendo às competências demonstradas. É O MAIS NORMAL DO MUNDO e um adulto que vê validadas competências para TODAS AS ÁREAS EXIGÍVEIS para concluir o processo de certificação (que sabemos estabelece uma equivalência aos diplomas de base escolar e profissional) é no mínimo “empurrado” para algo que ele próprio não acredita e que o coloca numa situação auto-avaliativa de desvalorização do seu esforço e da sua dedicação. Prevalece, em muitas destas circunstâncias, uma cumplicidade informal em torno de um objectivo meramente pragmático “obter um certificado” e desaparece o valor do desenvolvimento pessoal e simultaneamente o próprio valor social das competências que se diluem numa nova expressão da promoção social através de um diploma.
Ai! formação, formação!
Uma terceira referência prende-se com o mito da formação. Instalou-se a ideia que a formação, como processo participado e/ou assistido pelo adulto, desenvolve competências. Um equívoco dramático, que serve as estratégias “formalistas” da “caça às evidências” para justificar complementos formativos para os processos de certificação. Importa relembrar que estamos a lidar com COMPETÊNCIAS, ou seja, a demonstração na acção da capacidade de enfrentar e resolver situações problemáticas mobilizando conhecimentos, habilidades e atitudes adequadas às situações concretas e contextualizadas.
A formação pode ser útil ou até profundamente inútil (muitas vezes, quando decorre em ambiente escolar, fortemente orientada pela figura professoral, aumenta o sentimento de impotência e reforça a necessidade de mobilização de recursos internos para desempenhar o papel de “formando”) mas não pode ser a base para validar competências, tout court.
Experiências com valor transformador
Uma quarta referência tem a ver com o quadro de participação nas actividades que são proporcionadas aos adultos. Predomina a lógica da OFERTA (o que temos para OFERECER aos “utentes/clientes”), sessões, visitas, formação…. A base de actuação poderia estar focada na organização de acções em torno de projectos orientados para a resolução de problemas dos próprios adultos participantes. E, cada um-a poder encontrar nas ações em desenvolvimento algo que seja importante e prioritário para a sua própria vida. No centro do processo pedagógico/andragógico deveria estar a acção e a possibilidade de viver experiências com valor transformador.
Educação comunitária, para comunidades sustentáveis
Uma última referência relaciona-se com o esforço que importa realizar para integrar as dinâmicas dos Centros nos processos de Educação Comunitária local. A ligação às associações, aos clubes, aos grupos de teatro, às escolas de dança e de música torna-se essencial. A título de exemplo podem ser co-construídas peças colectivas de Teatro Comunitário e serem dinamizadas iniciativas concretas relacionadas com o desenvolvimento sustentável como a produção de artesanato a partir de objectos reciclados. A paixão pela aprendizagem, pela leitura, pela cooperação, pela partilha e pelo sentido de comunidade tem que ser incentivada. Caso contrário os Centros tornam-se lugares tristes e acabam por imitar muitas das situações que os alunos mais jovens conhecem nas suas escolas “aborrecer-se de morte nas aulas” quando há tanto para aprender e viver, de forma entusiástica, na relação com o conhecimento.
600.000
600.000 até finais de 2020. Inscrições. Mas quantos processos de desenvolvimento pessoal e comunitário que acrescentam valor e que se inscrevem nas dinâmicas do desenvolvimento sustentável? Opção entre resultados sem (ou com pouco) impacto social ou impacto social através de resultados que importa atingir, para que o impacto seja efectivo.